Fatores associados aos sintomas depressivos em idosos: estudo EpiFloripa

Factores asociados a los síntomas depresivos en ancianos: estudio EpiFloripa

Lucélia Justino Borges Tânia R Bertoldo Benedetti André Junqueira Xavier Eleonora d'Orsi Sobre os autores

Resumos

OBJETIVO

Analisar a prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em idosos.

MÉTODOS

Estudo epidemiológico transversal e de base domiciliar (inquérito EpiFloripa Idoso) com 1.656 idosos, realizado por conglomerados em dois estágios, setores censitários e domicílios, em Florianópolis, SC. A prevalência de sintomas depressivos (desfecho) foi obtida por meio da Geriatric Depression Scale (GDS-15), e testadas associações segundo variáveis sociodemográficas, de saúde, comportamentais e sociais. Foram calculadas razões de prevalências brutas e ajustadas com intervalo de 95% de confiança por regressão de Poisson.

RESULTADOS

A prevalência de sintomas depressivos foi de 23,9% (IC95% 21,84;26,01). Os fatores de risco associados no modelo final foram: escolaridade de cinco a oito anos (RP = 1,50; IC95% 1,08; 2,08), um a quatro anos (RP = 1,62; IC95% 1,18; 2,23) e nenhum ano de estudo (RP = 2,11; IC95% 1,46;3,05); situação econômica pior quando comparada com a que tinha aos 50 anos (RP = 1,33; IC95% 1,02;1,74); déficit cognitivo (RP = 1,45; IC95% 1,21;1,75); percepção de saúde regular (RP = 1,95; IC95% 1,47;2,60) e ruim (RP = 2,64; IC95% 1,82;3,83); dependência funcional (RP = 1,83; IC95% 1,43; 2,33); e dor crônica (RP = 1,35; IC95% 1,10;1,67). Grupo etário de 70 a 79 anos (RP = 0,77; IC95% 0,64;0,93); atividade física de lazer (RP = 0,75; IC95% 0,59;0,94); participação em grupos de convivência ou religiosos (RP = 0,80; IC95% 0,64;0,99); e ter relação sexual (RP = 0,70; IC95% 0,53;0,94) mostraram-se fatores protetores ao aparecimento dos sintomas depressivos.

CONCLUSÕES

Situação clínica adversa, desvantagem socioeconômica e pouca atividade social e sexual mostraram-se associadas aos sintomas depressivos em idosos.

Idoso; Depressão, epidemiologia; Fatores de Risco; Fatores Socioeconômicos; Envelhecimento; Saúde Mental; Estudos Transversais


OBJETIVO

Analizar la prevalencia y factores asociados a síntomas depresivos en ancianos.

MÉTODOS

Estudio epidemiológico transversal y de base domiciliar (pesquisa EpiFloripa Anciano ) con 1.656 ancianos, realizado por conglomerados en dos fases, sectores censitarios y domicilios, en Florianópolis, SC, Brasil. La prevalencia de síntomas depresivos (resultado) fue obtenida por medio de la Geriatric Depression Scale (GDS-15), y evaluadas asociaciones según variables sociodemográficas, de salud, comportamiento y sociales. Se calcularon tasas de prevalencia brutas y ajustadas con intervalo de 95% de confianza por regresión de Poisson.

RESULTADOS

La prevalencia de síntomas depresivos fue de 23,9% (IC95% 21,84;26,01). Los factores de riesgo asociados en el modelo final fueron: escolaridad de cinco a ocho años (RP = 1,50; IC95% 1,08; 2,08), uno a cuatro años (RP = 1,62; IC95% 1,18; 2,23) y ningún año de estudio (RP = 2,11; IC95% 1,46;3,05); situación económica peor al compararse con la que tenía a los 50 años (RP = 1,33; IC95% 1,02;1,74); déficit cognitivo (RP = 1,45; IC95% 1,21;1,75); percepción de salud regular (RP = 1,95; IC95% 1,47;2,60) y mala (RP = 2,64; IC95% 1,82;3,83); dependencia funcional (RP = 1,83; IC95% 1,43; 2,33) y dolor crónico (RP = 1,35; IC95% 1,10;1,67). Grupo etario de 70 a 79 años (RP = 0,77; IC95% 0,64;0,93); actividad física de placer (RP = 0,75; IC95% 0,59;0,94); participación en grupos de convivencia o religiosos (RP = 0,80; IC95% 0,64;0,99) y tener relación sexual (RP = 0,70; IC95% 0,53;0,94) se mostraron como factores protectores de la aparición de los síntomas depresivos.

CONCLUSIONES

Situación clínica adversa, desventaja socioeconómica y poca actividad social y sexual se mostraron asociados a los síntomas depresivos en ancianos.

Anciano; Depresión, epidemiología; Factores de Riesgo; Factores Socioeconómicos; Envejecimiento; Salud Mental; Estudios Transversales


INTRODUÇÃO

A depressão é frequente no idoso e é apontada como um dos problemas psiquiátricos mais comuns e importantes. 2. Almeida OP, Almeida SA. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuro-Psiquiatr. 1999;57(2B):421-6. DOI:10.1590/S0004-282X1999000300013
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, 8. Djernes JK. Prevalence and predictors of depression in populations of elderly: a review. Acta Psychiatr Scand . 2006;113(5):372-87. DOI:10.1111/j.1600-0447.2006.00770.x
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Segundo revisão sistemática, a prevalência mundial varia de 0,9% a 9,4% em idosos vivendo na comunidade e de 14% a 42% em institucionalizados. 8. Djernes JK. Prevalence and predictors of depression in populations of elderly: a review. Acta Psychiatr Scand . 2006;113(5):372-87. DOI:10.1111/j.1600-0447.2006.00770.x
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Estudos epidemiológicos brasileiros conduzidos com a população idosa evidenciam que a prevalência de sintomas depressivos varia entre 19% e 34% nas diferentes regiões do País. 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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, 5. Benedetti TRB, Borges LJ, Petroski EL, Gonçalves LHT. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev Saude Publica . 2008;42(2):302-7. DOI:10.1590/S0034-89102008005000007
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, 1010 . Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr . 2010;59(3):190-7. DOI:10.1590/S0047-20852010000300004
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, 1515 . Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr . 2009;58(1):1-7. DOI:10.1590/S0047-20852009000100001
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A alta prevalência de depressão requer atenção dos profissionais e de gestores públicos da área da saúde, uma vez que essa doença eleva a probabilidade de incapacidade funcional nos idosos 1616 . Motl RW, Konopack JF, McAuley E, Elavsky S, Jerome GJ, Márquez DX. Depressive symptoms among older adults: long-term reduction after physical activity intervention. J Behav Med . 2005;28(4):385-94. DOI:10.1007/s10865-005-9005-5
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e desencadeia importante problema de saúde pública.

Dentre os fatores associados à sintomatologia depressiva em idosos, destacam-se o sexo feminino, 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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, 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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a idade avançada, 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 9. Gazalle FK, Lima MS, Tavares BF, Hallal PC. Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no Sul do Brasil. Rev Saude Publica . 2004;38(3):365-71. DOI:10.1590/S0034-89102004000300005
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, 1212 . Kaneko Y, Motohashi Y, Sasaki H, Yamaji M. Prevalence of depressive symptoms and related risk factors for depressive symptoms among elderly persons living in a rural Japanese community: a cross-sectional study. Community Ment Health J. 2007;43(6):583-90. DOI:10.1007/s10597-007-9096-5
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a baixa escolaridade 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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, 9. Gazalle FK, Lima MS, Tavares BF, Hallal PC. Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no Sul do Brasil. Rev Saude Publica . 2004;38(3):365-71. DOI:10.1590/S0034-89102004000300005
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e viver sozinho. 1212 . Kaneko Y, Motohashi Y, Sasaki H, Yamaji M. Prevalence of depressive symptoms and related risk factors for depressive symptoms among elderly persons living in a rural Japanese community: a cross-sectional study. Community Ment Health J. 2007;43(6):583-90. DOI:10.1007/s10597-007-9096-5
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Além das características sociodemográficas, bem estabelecidas pela literatura, outros fatores mostram-se associados, como: tabagismo, 9. Gazalle FK, Lima MS, Tavares BF, Hallal PC. Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no Sul do Brasil. Rev Saude Publica . 2004;38(3):365-71. DOI:10.1590/S0034-89102004000300005
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comorbidades (doenças cardiovasculares, endócrinas, neurológicas, oncológicas), 2424 . Teng CT, Humes EC, Demetrio FN. Depressão e comorbidades clínicas. Rev Psiquiatr Clin . 2005;32(3):149-59. DOI:10.1590/S0101-60832005000300007
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maior utilização de medicamentos, 1515 . Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr . 2009;58(1):1-7. DOI:10.1590/S0047-20852009000100001
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incapacidade funcional, 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 1010 . Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr . 2010;59(3):190-7. DOI:10.1590/S0047-20852010000300004
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percepção negativa da saúde, 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 1212 . Kaneko Y, Motohashi Y, Sasaki H, Yamaji M. Prevalence of depressive symptoms and related risk factors for depressive symptoms among elderly persons living in a rural Japanese community: a cross-sectional study. Community Ment Health J. 2007;43(6):583-90. DOI:10.1007/s10597-007-9096-5
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baixo nível de atividade física, 5. Benedetti TRB, Borges LJ, Petroski EL, Gonçalves LHT. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev Saude Publica . 2008;42(2):302-7. DOI:10.1590/S0034-89102008005000007
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, 1818 . Reichert CL, Diogo CL, Vieira JL, Dalacorte RR. Physical activity and depressive symptoms in community-dwelling elders from southern Brazil. Rev Bras Psiquiatr. 2011;33(2):165-70. DOI:10.1590/S1516-44462011005000006
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, 2222 . Smith TL, Masaki KH, Fong K, Abbott RD, Ross GW, Petrovitch H, et al. Effect of walking distance on 8-year incident depressive symptoms in elderly men with and without chronic disease: the Honolulu-Asia Aging Study. J Am Geriatr Soc . 2010;58(8):1447-52.DOI:10.1111/j.1532-5415.2010.02981.x
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pensamentos suicidas, 1212 . Kaneko Y, Motohashi Y, Sasaki H, Yamaji M. Prevalence of depressive symptoms and related risk factors for depressive symptoms among elderly persons living in a rural Japanese community: a cross-sectional study. Community Ment Health J. 2007;43(6):583-90. DOI:10.1007/s10597-007-9096-5
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insônia, 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 1010 . Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr . 2010;59(3):190-7. DOI:10.1590/S0047-20852010000300004
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predomínio de trocas negativas no relacionamento com parentes e amigos. 2323 . Stafford M, McMunn A, Zaninotto P, Nazroo J. Positive and negative exchanges in social relationships as predictors of depression: evidence from the English Longitudinal Study of Aging. J Aging Health . 2011;23(4):607-28. DOI:10.1177/0898264310392992
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Fatores, em especial os modificáveis, precisam ser mais explorados, considerando as diferenças culturais entre países e as regionais observadas no mesmo país, como o Brasil.

Identificar os fatores relacionados à presença da sintomatologia depressiva pode auxiliar na prevenção da depressão entre os idosos 3. Araujo AB, Durante R, Feldman HA, Goldstein I, McKinlay JB. The relationship between depressive symptoms and male erectile dysfunction: cross-sectional results from the Massachusetts Male Aging Study. Psychosom Med. 1998;60(4):458-65. e dar oportunidade à oferta de estratégias não farmacológicas de tratamento.

O objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em idosos.

MÉTODOS

Estudo transversal populacional e de base domiciliar é parte do inquérito EpiFloripa Idoso, realizado entre setembro de 2009 e junho de 2010 em Florianópolis, SC, Brasil. aaUniversidade Federal de Santa Catarina. EpiFloripa: condições de saúde de adultos e idosos de Florianópolis. Florianópolis; 2009 [citado 2013 ago 30]. Disponível em: http://www.epifloripa.ufsc.br/ A população estimada desse município era de 408.163 habitantes em 2009, sendo que 10,8% tinha 60 anos ou mais. bbInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para o TCU. Estimativas da população para 1º de julho de 2009, segundo os municípios . Brasília; 2009. [citado 2010 ago 8]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/POP2009_DOU.pdf Florianópolis apresentou melhor índice de desenvolvimento humano municipal no ranking das regiões metropolitanas do Brasil (IDH-M 0,86) ccPrograma das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas de desenvolvimento humano no Brasil (PNUD). Brasília (DF): 2003. [citado 2010 ago 8]. Disponível em: http://www.pnud.org.br/IDH/Atlas2003.aspx?indiceAccordion=1&li=li_Atlas2003 e a esperança de vida ao nascer era de 75,8 anos, em 2009. ddInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese dos indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira - 2010 . Rio de Janeiro; 2010. [citado 2010 ago 8]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf

Utilizou-se o tamanho da população igual a 44.460, bbInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas populacionais para o TCU. Estimativas da população para 1º de julho de 2009, segundo os municípios . Brasília; 2009. [citado 2010 ago 8]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2009/POP2009_DOU.pdf prevalência para o desfecho desconhecida (50%), erro amostral igual a quatro pontos percentuais, nível de 95% de confiança e efeito de delineamento igual a dois para o cálculo da amostra geral do EpiFloripa Idoso. Foram acrescidos 20% para perdas previstas e 15% para controle de fatores de confusão em estudos de associação, resultando em amostra desejável mínima de 1.599 pessoas.

O processo de seleção da amostra foi por conglomerados em dois estágios. No primeiro estágio, 80 dos 420 setores censitários foram sorteados sistematicamente de acordo com a renda média mensal do chefe da família (oito setores em cada decil de renda). No segundo estágio, as unidades foram os domicílios, os setores com menos de 150 domicílios foram agrupados e aqueles com mais de 500 domicílios (respeitando o decil de renda correspondente) foram divididos, originando 83 setores censitários.

Para a coleta de dados, entrevistadoras devidamente treinadas aplicaram questionário padronizado e pré-testado, utilizando o Personal Digital Assistants (PDA) em entrevista face a face. A consistência dos dados foi verificada semanalmente e o controle de qualidade via telefone foi feito por meio da aplicação de um questionário reduzido em 10% das entrevistas selecionadas aleatoriamente.

O desfecho foi sintoma depressivo, obtido por meio da aplicação da Geriatric Depression Scale (GDS) com 15 questões. O ponto de corte utilizado foi cinco/seis (não caso/caso). 2. Almeida OP, Almeida SA. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq Neuro-Psiquiatr. 1999;57(2B):421-6. DOI:10.1590/S0004-282X1999000300013
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As variáveis independentes foram: grupo etário (60 a 69 anos; 70 a 79 anos; 80 anos ou mais); sexo; situação conjugal (casado/com companheiro(a); solteiro(a); divorciado(a)/separado(a); viúvo(a)); cor da pele/raça autorreferida (branca; parda; negra ou preta; amarela; indígena); escolaridade (analfabeto; um a quatro anos; cinco a oito anos; nove a 11 anos; 12 anos ou mais); situação econômica atual comparada com a que tinha aos 50 anos (igual; pior); renda familiar per capita (1º quartil: ≤ R$ 327,50; 2º quartil: > R$ 327,50 e ≤ R$ 700,00; 3º quartil: > R$ 700,00 e ≤ R$ 1.500,00; 4º quartil: > R$ 1.500,00); estado cognitivo avaliado por meio do Miniexame do Estado Mental, considerando o nível de escolaridade (ausência de déficit cognitivo; provável déficit cognitivo); uso de álcool, segundo o Alcohol Use Disorders Identification Test (Audit) (não usa; uso moderado; uso excessivo); tabagismo (nunca fumou; fumou e parou; fuma atualmente); nível de atividade física, avaliado por meio do International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) (fisicamente ativo: pratica 150 minutos ou mais de exercícios físicos por semana; insuficientemente ativo: pratica exercício físico menos de 150 minutos por semana); 1717 . Nelson ME, Rejeski WJ, Blair SN, Duncan PW, Judge JO, King AC, et al. Physical activity and public health in older adults: recommendation from the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Circulation . 2007;116(9):1094-105. DOI:10.1161/CIRCULATIONAHA.107.185650
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estado nutricional, avaliado pelo Índice de Massa Corporal (baixo peso; eutrófico; sobrepeso), eeMinistério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN na assistência à saúde. Brasília (DF); 2008. (Série B. Textos Básicos de Saúde). a estatura foi mensurada por estadiômetro portátil e a massa corporal por balança digital com resolução de 100 g; participação em grupo de convivência ou religioso no último ano (sim; não); frequência de relacionamento mensal com amigos e com parentes (sim [mais de uma vez por mês]; não [uma vez por mês ou menos]); capacidade de troca de mensagens pela Internet, definida como a capacidade autorreferida em usar um computador para envio e recebimento de mensagens (sim; não); dependência funcional, avaliada por meio da escala de atividades básicas e instrumentais da vida diária (incapacidade/dificuldade para realizar até três atividades; incapacidade/dificuldade para realizar 4-15 atividades); 2020 . Rosa TEC, Benício MHDA, Latorre MRDO, Ramos LR. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Rev Saude Publica . 2003;37(1):40-8. DOI:10.1590/S0034-89102003000100008
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autopercepção da saúde (muito boa/boa; regular; ruim/muito ruim); dor crônica autorreferida na maioria dos dias (sim; não).

Foram testadas as seguintes doenças crônicas não transmissíveis referidas pelos idosos: doença de coluna ou costas, câncer, fibromialgia, bronquite ou asma, artrite/reumatismo, diabetes, hipertensão, doença cardiovascular diferente de hipertensão, acidente vascular ou isquemia cerebral.

Utilizou-se a Regressão de Poisson para avaliar as associações entre os sintomas depressivos e as variáveis independentes. Foi utilizado o critério de p < 0,20 para entrada no modelo multivariável e p ≤ 0,05 no teste de Wald para manutenção da variável no modelo. Iniciou-se a entrada pelas variáveis sociodemográficas, seguida pelas variáveis de saúde, comportamentais e sociais na análise ajustada. As análises multivariáveis consideraram o efeito do desenho amostral incorporando os pesos por meio do comando svy do Stata, projetado para a análise de dados provenientes de amostras complexas. Foi utilizado o pacote estatístico Stata versão 11.0 (Stata Corp. College Station, EUA) para realização das análises estatísticas.

Esta pesquisa atendeu preceitos éticos e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (Processo nº 352/2008). Foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes do estudo.

RESULTADOS

As entrevistadoras identificaram 1.911 domicílios elegíveis e foram entrevistados 1.705 idosos, com taxa de resposta de 89,2%. Foram excluídas 49 entrevistas respondidas por cuidadores e utilizadas 1.656. A maioria das variáveis testadas apresentou concordância boa a excelente no controle de qualidade (valores de kappa variando entre 0,6 a 0,9).

A amostra foi composta principalmente por mulheres (63.9%); 51,1% tinha entre 60 a 69 anos; 58,8% era casada; 34,5% tinha até quatro anos de estudo e a renda per capita média foi de R$ 1.347,97.

As mulheres, os idosos mais velhos (80 anos ou mais) e os analfabetos ou com baixa escolaridade apresentaram maior presença de sintomas depressivos na análise univariada. Com exceção da cor da pele, as demais variáveis sociodemográficas mostraram-se associadas aos sintomas depressivos na análise bruta ( Tabela 1 ).

Tabela 1
Análise univariada dos sintomas depressivos em idosos, segundo as variáveis sociodemográficas. Inquérito EpiFloripa Idoso. Florianópolis, SC, 2010.

A presença de sintomas depressivos foi maior em indivíduos com déficit cognitivo, com maior dependência funcional, que sofreram queda no último ano, que sentiam dor na maioria dos dias e que tinham percepção ruim da saúde. As variáveis relacionadas à saúde foram associadas aos sintomas depressivos na análise bruta, exceto fibromialgia e câncer ( Tabela 2 ).

Tabela 2
Análise univariada dos sintomas depressivos em idosos, segundo as variáveis de saúde. Inquérito EpiFloripa Idoso. Florianópolis, SC, 2010.

Menor prevalência de sintomas depressivos foi observada em idosos que relataram ter relação sexual, que trocavam mensagens pela internet, que referiram consumo alto ou moderado de álcool, que participavam de grupos de convivência ou religiosos, que eram ativos no lazer e que tinham relacionamento mensal com amigos ou parentes. Somente o tabagismo e o índice de massa corporal não foram associados aos sintomas depressivos na análise bruta ( Tabela 3 ).

Tabela 3
Análise univariada dos sintomas depressivos em idosos, segundo as variáveis comportamentais e sociais. Inquérito EpiFloripa Idoso. Florianópolis, SC, 2010.

Maior prevalência de sintomas depressivos foi associada à baixa escolaridade, à pior situação econômica quando comparada à que tinha aos 50 anos, à presença de déficit cognitivo, à percepção negativa da saúde, à maior dependência funcional e sentir dor na maioria dos dias no modelo final da análise multivariável. Ser ativo no lazer, participar de grupos de convivência ou religiosos e ter relação sexual foi associado à menor prevalência de sintomas depressivos. A idade foi associada inversamente aos sintomas depressivos ( Tabela 4 ).

Tabela 4
Análise multivariada ajustada dos sintomas depressivos em idosos, segundo as variáveis sociodemográficas, de saúde, comportamentais e sociais. Inquérito EpiFloripa Idoso. Florianópolis, SC, 2010.

DISCUSSÃO

A prevalência de sintomas depressivos (23,9%; IC95% 21,84;26,01) foi elevada, assemelhando-se aos valores obtidos em outros estudos 1010 . Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr . 2010;59(3):190-7. DOI:10.1590/S0047-20852010000300004
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, 1515 . Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr . 2009;58(1):1-7. DOI:10.1590/S0047-20852009000100001
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e superior à investigação epidemiológica realizada em Florianópolis em 2002, que detectou 19,7% de depressão entre os idosos do município. 5. Benedetti TRB, Borges LJ, Petroski EL, Gonçalves LHT. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev Saude Publica . 2008;42(2):302-7. DOI:10.1590/S0034-89102008005000007
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Foram observadas importantes associações da sintomatologia depressiva com as variáveis sociodemográficas, de saúde, comportamentais e sociais. A literatura destaca a associação dos sintomas depressivos com as variáveis sociodemográficas, 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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indicando que as desigualdades sociais influenciam as condições de vida e de saúde e podem contribuir para o aparecimento desses sintomas. Baixa escolaridade, idade e perda econômica foram as variáveis sociodemográficas associadas aos sintomas depressivos.

Indivíduos com baixa escolaridade têm maior risco à sintomatologia depressiva, 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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sinalizando que a alta escolaridade é um fator protetor para o não surgimento desses sintomas. 9. Gazalle FK, Lima MS, Tavares BF, Hallal PC. Sintomas depressivos e fatores associados em população idosa no Sul do Brasil. Rev Saude Publica . 2004;38(3):365-71. DOI:10.1590/S0034-89102004000300005
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O nível educacional possibilita que o indivíduo amplie os recursos de enfrentamento às situações estressantes da vida. 4. Batistoni SST, Neri AL, Cupertino APFB. Medidas prospectivas de sintomas depressivos entre idosos residentes na comunidade. Rev Saude Publica . 2010;44(6):1137-43. DOI:10.1590/S0034-89102010000600020
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A idade como fator protetor no modelo final pode ser explicada pela inclusão da variável dependência funcional, sugerindo que pode modificar o efeito da idade sobre a depressão. Considera-se que o aumento da idade está vinculado à vivência de diferentes episódios psicossociais (morte de parentes e amigos, término de relações conjugais), bem como à maior exposição às doenças crônicas. 1919 . Rombaldi AJ, Silva MC, Gazalle FK, Azevedo MR, Hallal PC. Prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em adultos do sul do Brasil: estudo transversal de base populacional. Rev Bras Epidemiol. 2010;13(4):620-9. DOI:10.1590/S1415-790X2010000400007
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Outra explicação é que pode ocorrer redução na suscetibilidade para depressão e ansiedade com o envelhecimento. Soma-se a isso a resposta emocional reduzida e maior resiliência às experiências estressantes. 1111 . Jorm AF. Does old age reduce the risk of anxiety and depression? A review of epidemiological studies across the adult life span. Psychol Med . 2000;30(1):11-22.

A desvantagem socioeconômica aumenta o risco de depressão, conforme destacado pela literatura. 1. Almeida OP, Pirkis J, Kerse N, Sim M, Flicker L, Snowdon J, et al. Socioeconomic disadvantage increases risk of prevalent and persistent depression in later life. J Affect Disord . 2012;138(3):322-31. DOI:10.1016/j.jad.2012.01.021
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A perda econômica associou-se aos sintomas depressivos. Não é possível afirmar se o indivíduo ficou deprimido porque perdeu a boa situação econômica (estabilidade financeira) ou se a incapacidade gerada pela depressão ao longo da vida ocasionou essa perda, pois a pessoa tornou-se incapaz de lidar com a situação financeira e ocupacional. A posição social pode relacionar-se inversamente com alguns sintomas depressivos como tristeza, pensar no passado e preferir ficar em casa, indicando que a condição socioeconômica pode contribuir para o aparecimento desses sintomas. 1919 . Rombaldi AJ, Silva MC, Gazalle FK, Azevedo MR, Hallal PC. Prevalência e fatores associados a sintomas depressivos em adultos do sul do Brasil: estudo transversal de base populacional. Rev Bras Epidemiol. 2010;13(4):620-9. DOI:10.1590/S1415-790X2010000400007
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Por outro lado, a perda econômica pode ser desencadeada pela depressão, pois esta se relaciona com a cognição e com a realização das atividades diárias. A realização das atividades do dia a dia pode ficar comprometida, uma vez que a depressão eleva a probabilidade de incapacidade funcional entre os idosos e pode levar à dependência, 1616 . Motl RW, Konopack JF, McAuley E, Elavsky S, Jerome GJ, Márquez DX. Depressive symptoms among older adults: long-term reduction after physical activity intervention. J Behav Med . 2005;28(4):385-94. DOI:10.1007/s10865-005-9005-5
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criando-se um ciclo.

Déficit cognitivo e sintomas depressivos estiveram associados e são fatores interrelacionados. A depressão pode levar a quadros clínicos de demência ou a demência pode cursar com sintomas de depressão. 1515 . Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr . 2009;58(1):1-7. DOI:10.1590/S0047-20852009000100001
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Os déficits cognitivos podem melhorar quando o paciente é tratado da depressão.

A associação do desfecho com a dor crônica pode ser compreendida pela existência de um modelo de depressão no idoso que é principalmente relacionado a esse tipo de dor. Isso indica que a pessoa não era deprimida antes e passou a apresentar a sintomatologia depressiva por causa da dor crônica. No caso da osteoartrite, a maior causa de dor em idosos, espera-se a coexistência da depressão em dois sintomas articulares importantes: dor e incapacidade física. 1414 . Leite AA, Costa AJG, Lima BAM, Padilha AVL, Albuquerque EC, Marques CDL. Comorbidades em pacientes com osteoartrite: frequência e impacto na dor e na função física. Rev Bras Reumatol . 2011;51(2):118-23. DOI:10.1590/S0482-50042011000200002
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A sintomatologia depressiva associou-se à autopercepção de saúde, como em outras investigações. 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 1212 . Kaneko Y, Motohashi Y, Sasaki H, Yamaji M. Prevalence of depressive symptoms and related risk factors for depressive symptoms among elderly persons living in a rural Japanese community: a cross-sectional study. Community Ment Health J. 2007;43(6):583-90. DOI:10.1007/s10597-007-9096-5
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O relato ruim/muito ruim sobre a própria saúde pode ser entendido como sintoma depressivo em alguns casos. A depressão é importante marcador de incapacidade do idoso, pois afeta a saúde de modo geral e, consequentemente, a capacidade funcional. 6. Castro-Costa E, Lima-Costa MF, Carvalhais S, Firmo JOA, Uchoa E. Factors associated with depressive symptoms measured by the 12-item General Health Questionnaire in Community-Dwelling Older Adults (The Bambuí Health Aging Study). Rev Bras Psiquiatr . 2008;30(2):104-9. DOI:10.1590/S1516-44462008005000007
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, 1010 . Hoffmann EJ, Ribeiro F, Farnese JM, Lima EWB. Sintomas depressivos e fatores associados entre idosos residentes em uma comunidade no norte de Minas Gerais, Brasil. J Bras Psiquiatr . 2010;59(3):190-7. DOI:10.1590/S0047-20852010000300004
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, 1515 . Lima MTR, Silva RS, Ramos LR. Fatores associados à sintomatologia depressiva numa coorte urbana de idosos. J Bras Psiquiatr . 2009;58(1):1-7. DOI:10.1590/S0047-20852009000100001
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A disfunção sexual pode ser identificada como um marcador de saúde, observada nos idosos que iniciam processos de perda funcional, enquanto a manutenção da vida sexual ativa envolve saúde física, mental, emocional, afetiva, fatores internos e externos. Os distúrbios na ereção causados por doenças vasculares periféricas, cirurgias de próstata e diabetes podem comprometer a sexualidade ou o ato sexual propriamente dito. 2121 . Silva RMO. A sexualidade no envelhecer: um estudo com idosos em reabilitação. Acta Fisiatrica . 2003;10(3):107-12. Os distúrbios de ereção estão fortemente associados a sintomas depressivos 3. Araujo AB, Durante R, Feldman HA, Goldstein I, McKinlay JB. The relationship between depressive symptoms and male erectile dysfunction: cross-sectional results from the Massachusetts Male Aging Study. Psychosom Med. 1998;60(4):458-65. e afetam a qualidade de vida dos idosos. A melhora desses distúrbios pode gerar sentimentos de alegria, resultando na melhora da autoestima, da interação social, do sentimento de confiança e competência. 2121 . Silva RMO. A sexualidade no envelhecer: um estudo com idosos em reabilitação. Acta Fisiatrica . 2003;10(3):107-12. A melhora desses aspectos por meio da atividade sexual e a percepção da vitalidade sexual pode contribuir para o afastamento dos sintomas depressivos entre os homens. Os sentimentos de amor, carinho e companheirismo são os principais aspectos inerentes à atividade sexual na velhice feminina, 2121 . Silva RMO. A sexualidade no envelhecer: um estudo com idosos em reabilitação. Acta Fisiatrica . 2003;10(3):107-12. e a percepção desses sentimentos pode contribuir para o não aparecimento ou para a redução dos sintomas depressivos.

A depressão pode ser explicada quimicamente pela diminuição do número de neurotransmissores liberados, os quais são responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e a endorfina. A atividade sexual e a atividade física 7. Cunha GS, Ribeiro JL, Oliveira AR. Níveis de beta-endorfina em resposta ao exercício e no sobretreinamento. Arq Bras Endocrinol Metab . 2008;52(4):589-98. DOI:10.1590/S0004-27302008000400004
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têm efeitos benéficos para a saúde devido à liberação desses hormônios e proporcionam sensação de bem-estar e prazer; por isso, o efeito protetor em relação ao desenvolvimento de sintomas depressivos para ambos os sexos. Destacam-se ainda os benefícios psicossociais da prática de atividade física, por meio da interação social. 1818 . Reichert CL, Diogo CL, Vieira JL, Dalacorte RR. Physical activity and depressive symptoms in community-dwelling elders from southern Brazil. Rev Bras Psiquiatr. 2011;33(2):165-70. DOI:10.1590/S1516-44462011005000006
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Houve menor prevalência de sintomas depressivos em idosos ativos no lazer, corroborando outras investigações. 1313 . Ku PW, Fox KR, Chen LJ. Physical activity and depressive symptoms in Taiwanese older adults: a seven-year follow-up study. Prev Med. 2009;48(3):250-5. DOI:10.1016/j.ypmed.2009.01.006
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, 1818 . Reichert CL, Diogo CL, Vieira JL, Dalacorte RR. Physical activity and depressive symptoms in community-dwelling elders from southern Brazil. Rev Bras Psiquiatr. 2011;33(2):165-70. DOI:10.1590/S1516-44462011005000006
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, 2222 . Smith TL, Masaki KH, Fong K, Abbott RD, Ross GW, Petrovitch H, et al. Effect of walking distance on 8-year incident depressive symptoms in elderly men with and without chronic disease: the Honolulu-Asia Aging Study. J Am Geriatr Soc . 2010;58(8):1447-52.DOI:10.1111/j.1532-5415.2010.02981.x
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Em estudo conduzido no Sul do Brasil, os idosos ativos fisicamente tiveram probabilidade 68% menor de apresentar sintomas depressivos quando comparados àqueles insuficientemente ativos. 1818 . Reichert CL, Diogo CL, Vieira JL, Dalacorte RR. Physical activity and depressive symptoms in community-dwelling elders from southern Brazil. Rev Bras Psiquiatr. 2011;33(2):165-70. DOI:10.1590/S1516-44462011005000006
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Investigação proveniente do Honolulu-Asia Aging Study (HAAS), que teve oito anos de seguimento, detectou que os idosos que caminharam mais que 0,25 milha por dia (aproximadamente 402 metros) tiveram menor risco de sintomas depressivos. 2222 . Smith TL, Masaki KH, Fong K, Abbott RD, Ross GW, Petrovitch H, et al. Effect of walking distance on 8-year incident depressive symptoms in elderly men with and without chronic disease: the Honolulu-Asia Aging Study. J Am Geriatr Soc . 2010;58(8):1447-52.DOI:10.1111/j.1532-5415.2010.02981.x
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Considerando somente as atividades físicas de lazer, idosos de Taiwan apresentaram redução do risco de sintomas depressivos após sete anos de acompanhamento. 1313 . Ku PW, Fox KR, Chen LJ. Physical activity and depressive symptoms in Taiwanese older adults: a seven-year follow-up study. Prev Med. 2009;48(3):250-5. DOI:10.1016/j.ypmed.2009.01.006
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A participação em grupos de convivência mostrou-se como efeito protetor, sinalizando a importância da rede social na manutenção da saúde e na prevenção e/ou tratamento da depressão entre pessoas idosas. Entretanto, não é possível inferir se a participação em grupos de convivência contribuiu para o não aparecimento dos sintomas depressivos ou se o fato de não apresentar esses sintomas contribuiu para a participação nos grupos. Neste caso, a participação em grupos seria um marcador de que a pessoa não tem depressão, i.e., os idosos que não participam de grupos podem estar expostos ao maior risco de desenvolvimento de sintomas depressivos, o que os impede de participar deles. Seria importante incentivar os idosos que não estão frequentando grupos a fazê-lo e avaliar as razões pelas quais isso não está ocorrendo.

A limitação do presente estudo refere-se ao delineamento transversal, que não permite definir relações de causalidade e efeito. Por outro lado, a elevada taxa de resposta contribuiu para a validade interna do estudo, diminuindo a chance de ocorrência de erros sistemáticos, e a reprodutibilidade foi satisfatória. A utilização de amostra ampla e representativa do município permite a extrapolação dos resultados para a população como um todo.

A identificação dos fatores associados aos sintomas depressivos mostra-se importante, uma vez que poderá subsidiar políticas de atenção à saúde do idoso de Florianópolis (prevenção e tratamento da depressão, em especial, estratégias não farmacológicas, como programas de atividade física), além de contribuir para discussão e entendimento da depressão na população idosa do Brasil e de outros países. Sugere-se a realização de estudos longitudinais visando melhor compreensão dos fatores associados, bem como a realização de pesquisas experimentais que analisem o comportamento de fatores modificáveis e sua relação com sintomas depressivos na população idosa.

AGRADECIMENTOS

Aos técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis pelo auxílio na operacionalização do inquérito EpiFloripa Idoso 2009/2010.

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  • Pesquisa subvencionada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq – Processo nº 569834/2008-2).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Ago 2013

Histórico

  • Recebido
    16 Out 2011
  • Aceito
    4 Mar 2013
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
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