Tabagismo e estressores ocupacionais em bombeiros, 2011

Tabaquismo y estresores ocupacionales en bomberos, 2011

Eduardo de Paula Lima Ada Ávila Assunção Sandhi Maria Barreto

Resumos

OBJETIVO

Analisar a prevalência de hábito tabagista em bombeiros e os fatores associados.

MÉTODOS

Estudo transversal com 711 bombeiros de Belo Horizonte, MG, em 2011. As informações foram obtidas por meio de questionário estruturado autoaplicado, incluindo características sociodemográficas, estressores de origem ocupacional, situação de saúde e eventos adversos na vida. O tabagismo foi analisado como variável dicotômica (regressão logística múltipla).

RESULTADOS

A prevalência de tabagismo entre bombeiros foi de 7,6%. O hábito atual de fumar foi positivamente associado à baixa escolaridade, faixa intermediária de renda mensal, presença de problemas psiquiátricos no passado, alta exposição a eventos traumáticos na vida, discriminação social, estressores operacionais e baixa demanda de trabalho.

CONCLUSÕES

A baixa prevalência de tabagismo indica a relevância das condições de emprego na explicação de hábitos nocivos e saúde. Estressores organizacionais e operacionais contribuem independentemente para explicar o hábito de fumar na população estudada.

Bombeiros; Hábito de Fumar; Condições de Trabalho; Satisfação no Emprego; Estudos Transversais


OBJETIVO

Analizar la prevalencia de hábito de fumar en bomberos y los factores asociados.

MÉTODOS

Estudio transversal con 711 bomberos de Belo Horizonte, MG, Brasil, 2011. Las informaciones fueron obtenidas utilizando cuestionario estructurado auto aplicado, incluyendo características sociodemográficas, estresores de origen ocupacional, situación de salud y eventos adversos en la vida. El tabaquismo fue analizado como variable dicotómica (regresión logística múltiple).

RESULTADOS

La prevalencia de tabaquismo entre bomberos fue de 7,6%. El hábito actual de fumar estuvo positivamente asociado a la baja escolaridad, grupo intermedio de renta mensual, presencia de problemas psiquiátricos en el pasado, alta exposición a eventos traumáticos en la vida, discriminación social, estresores operativos y baja demanda de trabajo.

CONCLUSIONES

La baja prevalencia de tabaquismo indica la relevancia de las condiciones de empleo en la explicación de hábitos nocivos y salud. Estresores organizativos y operativos contribuyen independientemente en la explicación del hábito de fumar en la población estudiada.

Bomberos; Hábito de Fumar; Condiciones de Trabajo; Satisfacción en el Trabajo; Estudios Transversales


INTRODUÇÃO

Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de morbimortalidade e comprometimento funcional no Brasil e no mundo. 3. Alwan A, MacLean DR, Riley LM, d’Espaignet ET, Mathers CD, Stevens GA, et al. Monitoring and surveillance of chronic non-communicable diseases: progress and capacity in high-burden countries. Lancet . 2010;376(9755):1861-8. DOI:10.1016/S0140-6736(10)61853-3
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)61...
,1717 . Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60...
Houve diminuição da mortalidade atribuível às DNCT no País, nos últimos anos, mas com variações de acordo com as características socioeconômicas e étnicas dos grupos estudados. 9. Giatti L, Barreto SM. Tabagismo, situação no mercado de trabalho e gênero: análise da PNAD 2008. Cad Saude Publica. 2011;27(6):1132-42. DOI:10.1590/S0102-311X2011000600010
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
Esses resultados indicam o êxito das políticas de saúde, mas também são claras as desigualdades de acesso aos serviços e às informações. 1717 . Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60...

O tabagismo é um fator de risco importante para DCNT cujas taxas de mortalidade são as mais elevadas, incluindo cânceres, doenças respiratórias crônicas e cardiovasculares. 7. Danaei G, Hoom SV, Lopez AD, Murray CJL, Ezzati M, Comparative Risk Assessment Collaborating Group (Cancers). Causes of cancer in the world: comparative risk assessment of nine behavioural and environmental risk factors. Lancet . 2005;366(9499):1784-93. DOI:10.1016/S0140-6736(05)67725-2
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67...
As medidas de prevenção antifumo ocorrem em diferentes níveis, 2121 . World Health Organization. 2008-2013 Action plan for the global strategy for prevention and control of noncommunicable diseases. Geneva; 2008.,2222 . World Health Organization. Healthy workplaces: a model for action for employers, workers, policy-makers and practitioners. Geneva; 2010. entre as quais são reconhecidas as vantagens das ações desenvolvidas no lócus do trabalho. 1010 . Ham DC, Przybeck T, Strickland JR, Luke DA, Bierut LJ, Evanoff BA. Occupational and workplace policies predict smoking behaviors – analysis of national data from the current population survey. J Occup Environ Med. 2011;53(11):1337-45. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182337778
https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e318233...

Há evidências de associação entre estressores de origem ocupacional e tabagismo. 1. Albertsen K, Borg V, Oldenburg B. A systematic review of the impact of work environment on smoking cessation, relapse and amount smoked. Prev Med. 2006;43(4):291-305. DOI:10.1016/j.ypmed.2006.05.001
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2006.05....
,2. Allard KO, Thomsen JF, Mikkelsen S, Rugulies R, Mors O, Koergaard A, et al. Effects of psychosocial work factors on lifestyle changes – a cohort study. J Occup Environ Med. 2011;53(12):1364-71. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182363bda
https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e318236...
,8. Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.00...
,1111 . Heikkillä K, Nyberg ST, Fransson EI, Alfredsson L, De Bacquer D, Bjorner JB, et al. Job strain and tobacco smoking: an individual-participant data meta-analysis of 166 130 in 15 European studies. PLoS ONE. 2012;7(7):e35463. DOI:10.1371/journal.pone.0035463
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003...
No caso do setor de emergências, está registrada dupla exposição: 2222 . World Health Organization. Healthy workplaces: a model for action for employers, workers, policy-makers and practitioners. Geneva; 2010. fatores psicossociais negativos (alta demanda, baixo controle, tarefas conflitantes, entre outros) e estressores operacionais (natureza das tarefas). A exposição a esses estressores no ambiente de trabalho tem consequências negativas para a saúde 6. Chen YS, Chen MC, Chou FHC, Sun FC, Chen PC, Tsai KY, et al. The relationship between quality of life and posttraumatic stress disorder or major depression for firefighters in Kaohsiung, Taiwan. Qual Life Res. 2007;16(8):1289-97. DOI:10.1007/s11136-007-9248-7
https://doi.org/10.1007/s11136-007-9248-...
e provavelmente contribui para o hábito tabagista, pois são conhecidas as relações entre estresse ocupacional e consumo de substâncias. 5. Bacharach SB, Bamberger PA, Doveh E. Firefighters, critical incidents, and drinking to cope: the adequacy of unit-level performance resources as a source of vulnerability and protection. J Appl Psychol. 2008;93(1):155-69. DOI:10.1037/0021-9010.93.1.155
https://doi.org/10.1037/0021-9010.93.1.1...

O objetivo do presente artigo foi analisar a prevalência de hábito tabagista em bombeiros e os fatores associados.

MÉTODOS

Estudo de corte transversal (de fevereiro a agosto de 2011), com todos os 794 bombeiros militares da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, que estavam em atividade nos três batalhões da cidade, e com pelo menos um ano de serviço na instituição. Foram considerados inelegíveis os bombeiros do sexo feminino e aqueles ausentes por motivo de deslocamento para outras unidades, em férias ou licença médica, e os participantes do estudo piloto. Taxa de resposta de pelo menos 80% para cada batalhão (Primeiro e Terceiro Batalhões e Batalhão de Operações Aéreas) e subunidades de vários bairros (Barreiro, Caiçara, Carlos Prates, Centro, Ipiranga, Pampulha, Sabará, Santa Lúcia, Saudade, Venda Nova e Vespasiano) foi estabelecido como critério para cálculo amostral.

A variável dependente fumante foi elaborada com a combinação das respostas às seguintes questões: “Você é ou já foi fumante de cigarros, ou seja, já fumou, ao longo da vida, pelo menos 100 cigarros (cinco maços)?” e “Você fuma cigarros atualmente?”. Participantes que responderam afirmativamente as duas perguntas foram classificados como “fumantes”; os que responderam não a uma das duas foram classificados como “não fumantes”.

Dois tipos de estressores foram abordados: estressores operacionais (dizem respeito à natureza da tarefa) e estressores organizacionais, originados das demandas psicossociais (derivadas do modelo e funcionamento da organização do trabalho) 2020 . van der Velden PG, Kleber RJ, Grievink L, Yzermans JC. Confrontations with aggression and mental health problems in police officers: the role of organizational stressors, life-events and previous mental health problems. Psychol Trauma (DNLM). 2010;2(2):135-44. DOI:10.1037/a0019158
https://doi.org/10.1037/a0019158...
e das condições ambientais sob as quais os bombeiros realizam as suas atividades.

A exposição a estressores operacionais foi avaliada pela Posttraumatic Diagnostic Scale (PDS), adaptada para profissionais de emergências em hospitais, 1515 . Laposa JM, Alden LE. Posttraumatic stress disorder in the emergency room: exploration of a cognitive model. Behav Res Ther. 2003;41(1):49-65. DOI:10.1016/S0005-7967(01)00123-1
https://doi.org/10.1016/S0005-7967(01)00...
que consta de uma lista de 15 eventos potencialmente traumáticos típicos em serviços de emergências. O respondente é indagado sobre a frequência de tais episódios nos últimos 12 meses e indica o mais perturbador segundo a sua percepção. a a Lima EP, Barreto SM, Assunção AA. Mensuração da exposição a eventos traumáticos ocupacionais em profissionais de emergências urbanas. In: VIII Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 2011 Novembro 12-16; São Paulo, Brasil. A PDS foi incluída nas análises como variável dicotômica. O valor 1 (alta exposição a estressores operacionais) foi atribuído aos participantes com escores acima do quarto quintil na escala.

Os resultados obtidos da escala Job Content Questionnaire (JCQ) 4. Araújo TM, Karasek R. Validity and reliability of the job content questionnaire in formal and informal jobs in Brazil. Scand J Work Environ Health Suppl. 2008;6:52-9. foram utilizados para categorizar os estressores organizacionais. O JCQ foi construído para operacionalizar o modelo Demanda-Controle-Suporte (DCS) e inclui as dimensões demanda física, demanda psicológica, controle sobre o trabalho e suporte social. Foram analisados apenas os efeitos principais do modelo DCS (efeitos aditivos). As três dimensões foram analisadas como variáveis dicotômicas. O valor 1 foi atribuído para os participantes com escores acima do quarto quintil na dimensão demanda (alta demanda física/psicológica). Nas dimensões controle e suporte social, o valor 1 foi atribuído aos respondentes com escores abaixo do primeiro quintil (baixo controle sobre o trabalho e suporte social escasso, respectivamente). Essa estratégia buscou contornar resultados controversos em estudos prévios que utilizaram os quadrantes originais propostos por Karasek. 1414 . De Lange AH, Taris TW, Kompier MAJ, Houtman ILD, Bongers PM. “The very best of the millennium”: longitudinal research and the Demand-Control-(Support) Model. J Occup Health Psychol. 2003;8(4):282-305. DOI:10.1037/1076-8998.8.4.282
https://doi.org/10.1037/1076-8998.8.4.28...

A variável condição de trabalho englobou quatro perguntas relacionadas a disponibilidade de equipamentos de proteção individual, ruído no local de trabalho, ruído originado fora do local de trabalho e disponibilidade de recursos materiais suficientes para executar as tarefas. As respostas foram somadas para a construção de um escore composto e analisadas como variável ordinal.

Foram solicitadas respostas aos itens: gênero, idade, escolaridade, estado civil, número de filhos, raça/cor da pele autodeclarada, renda mensal, atividades sociais e tempo de serviço na instituição. Situação de saúde mental foi explorada indagando-se sobre a ocorrência, nos últimos 12 meses, de tratamento psicológico e/ou psiquiátrico, uso de medicação psiquiátrica e diagnóstico médico de depressão e transtorno de ansiedade. A variável transtornos mentais foi construída de acordo com a confirmação de pelo menos um dos eventos interrogados. Sobre a situação de saúde geral, foram explorados: absenteísmo-doença, acidente de trabalho, doenças crônicas (hipertensão, diabetes, asma/bronquite, infarto do miocárdio, enfisema e distúrbios musculoesqueléticos) e uso problemático de álcool (aferido por meio da escala CAGE 1616 . Masur J, Monteiro MG. Validation of the “CAGE” alcoholism screening test in a Brazilian psychiatric inpatient hospital setting. Braz J Med Biol Res. 1983;16(3):215-8.Cut Down, Annoyed, Guilty, and Eye-opener ).

Os eventos adversos na vida focalizados nos últimos 12 meses foram eventos estressantes (problemas gerais de saúde, problemas financeiros graves, abandono involuntário de residência e rompimento de relacionamento amoroso ou falecimento de familiares próximos), traumáticos (internação hospitalar por problema grave de saúde ou acidente, assalto e agressão física) e discriminação social (gênero, orientação sexual, religião, deficiência física, idade e condição socioeconômica na elaboração da categoria discriminação social). As três dimensões foram analisadas como variáveis ordinais, calculadas como o número de eventos vividos.

As análises foram realizadas no programa Stata, versão 11.0, em quatro etapas: 1) descritiva, que incluiu o cálculo de médias, desvios-padrões para variáveis contínuas e discretas, e percentagens para variáveis ordinais e nominais; 2) regressão logística univariável; 3) regressão logística multivariável por blocos (sociodemográficas, ocupacionais, saúde e eventos de vida) incluindo as variáveis associadas ao desfecho (p ≤ 0,20) nas análises univariáveis; e 4) regressão logística multivariável incluindo as variáveis associadas ao tabagismo nas análises multivariáveis por blocos (p ≤ 0,05).

O projeto foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (ETIC nº 0387.0.203.000-10). Os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido após serem informados quanto aos objetivos e ao caráter confidencial e voluntário da pesquisa.

RESULTADOS

Foram considerados elegíveis 794 sujeitos de um universo de 954 bombeiros. Obteve-se 89,5% (n = 711) de taxa de resposta, satisfazendo os critérios estabelecidos de quotas por batalhão e subunidade (80,0% a 96,9%). A comparação entre respondentes e não respondentes indicou similaridades quanto a idade (p = 0,106), escolaridade (p = 309), estado civil (p = 0,677), posto hierárquico (p = 0,113), unidade de trabalho (p = 0,218) e tempo de serviço no Corpo de Bombeiros (p = 0,117).

A maior parte tinha menos de 30 anos de idade (72,1%), nível médio de escolaridade (66,0%), era casada ou em um relacionamento estável (55,4%), com filhos (53,1%), cor da pele parda (51,8%) e renda familiar entre R$ 2.501,00 e R$ 4.000,00 (41,6%); 5,4% dos participantes não relataram práticas sociais. O tempo de serviço da maioria na Instituição foi três anos (64,7%) e quase metade dos entrevistados ocupavam o posto de soldado (45,3%).

Relataram exposição a dois ou mais tipos de situações precárias 50,5% dos bombeiros. A análise descritiva dos estressores ocupacionais indicou: alta demanda (n = 135), baixo controle (n = 148), baixo suporte social (n = 184) e alta exposição a estressores operacionais (n = 161).

Um quarto dos bombeiros relatou diagnóstico clínico de pelo menos uma doença crônica, 16,0%, problemas psiquiátricos no passado e 9,6% indicaram uso problemático de álcool. A taxa de absenteísmo nos últimos 12 meses foi 44,1%. A maioria relatou praticar atividades físicas uma ou duas vezes por semana (50,2%); 59,5%, 14,4% e 24,8% dos bombeiros foram expostos, respectivamente, a pelo menos um evento estressante, um evento traumático e uma situação de discriminação social.

A prevalência de tabagismo foi de 7,6% e 9,8% declararam-se ex-fumantes. Os mais velhos, menos escolarizados e com filhos apresentaram taxas mais altas de tabagismo atual. Observou-se relação não linear entre renda e o desfecho: associação negativa entre R$ 4.001,00 e R$ 5.000,00 e positiva entre R$ 5.501,00 e R$ 7.000,00 (Tabela 1).

Tabela 1
. Características sociodemográficas e hábitos de vida de bombeiros de Belo Horizonte, MG, 2011.

A análise univariável indicou associações positivas entre tabagismo e exposição mais frequente a estressores operacionais e maior tempo de serviço na Instituição. A demanda de trabalho foi associada ao desfecho entre os fatores psicossociais, indicando relação negativa com tabagismo (Tabela 2).

Tabela 2
. Informações sobre o emprego, estressores ocupacionais em bombeiros de Belo Horizonte, MG, 2011.

O uso problemático de álcool no último ano, a presença de problemas psiquiátricos no passado, absenteísmo e pouca ou nenhuma prática de atividade física foram positivamente associados ao tabagismo. A exposição a um ou mais eventos estressantes, dois ou mais eventos traumáticos e uma ou mais situações de discriminação social foi positivamente associada ao tabagismo em bombeiros (Tabela 3).

Tabela 3
. Situação de saúde e exposição a eventos adversos na vida em bombeiros de Belo Horizonte, MG, 2011.

Quanto aos modelos intermediários, a escolaridade formal foi negativamente associada ao desfecho; a relação entre renda mensal (de R$ 5.501,00 a R$ 7.000,00) e tabagismo foi positiva. Encontrou-se associação positiva com exposição mais frequente a estressores operacionais; porém, houve associação inversa significativa com alta demanda de trabalho. Nula ou baixa frequência de atividades físicas e problemas psiquiátricos no passado foram associados positivamente ao tabagismo atual. Eventos adversos na vida foram positivamente associados ao tabagismo em bombeiros (exposição a um ou mais eventos estressantes, dois ou mais eventos traumáticos e um ou mais situações de discriminação social).

O modelo final multivariável incluiu variáveis sociodemográficas, ocupacionais, situação de saúde e exposição a eventos adversos na vida. A escolaridade foi mantida no modelo final, indicando que maior nível de escolarização está negativamente associado ao hábito de fumar. Em relação ao salário mensal, apenas a faixa entre R$ 5.500,00 e R$ 7.000,00 (equivalente a US$ 2,558.00 e US$ 3,256.00) foi positivamente associada ao desfecho. Duas variáveis ocupacionais permaneceram no modelo: associação positiva com estressores operacionais e associação inversa com demanda de trabalho. A presença de problemas psiquiátricos no passado e a exposição a dois ou mais eventos traumáticos na vida no último ano foram positivamente associados ao tabagismo. A exposição a situações de discriminação social obteve relação não linear com o desfecho: a faixa intermediária (exposição a uma situação no último ano) esteve associada positiva e significativamente com tabagismo (Tabela 4).

Tabela 4
. Regressão logística múltipla para tabagismo como variável dependente. Bombeiros de Belo Horizonte, MG, 2011.

DISCUSSÃO

A prevalência de tabagismo (7,6%) entre bombeiros foi inferior à da população geral de homens empregados sem proteção social no Brasil em 2008 (26,4%) 9. Giatti L, Barreto SM. Tabagismo, situação no mercado de trabalho e gênero: análise da PNAD 2008. Cad Saude Publica. 2011;27(6):1132-42. DOI:10.1590/S0102-311X2011000600010
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
e à obtida no inquérito de Belo Horizonte em 2010 (15%). b b Lima-Costa MF, Turci M, Macinko J. Saúde dos adultos em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento da Fiocruz, Universidade Federal de Minas Gerais; 2012. O desemprego e condições precárias de emprego estão fortemente associados a taxas mais altas de morbidades. 1212 . Kim SS, Subramanian SV, Sorensen G, Perry MJ, Christiani DC. Association between change in employment status and new-onset depressive symptoms in South Korea – a gender analysis. Scand J Work Health. 2012;38(6):537-45. DOI:10.5271/sjweh.3286
https://doi.org/10.5271/sjweh.3286...
,1313 . Idris MA, Dollard MF, Winefield AH. The effect of globalization on employee psychological health and job satisfaction in malaysian workplaces. J Occup Health. 2011;53(6):447-54. DOI:10.1539/joh.11-0035-FS
https://doi.org/10.1539/joh.11-0035-FS...
Baixos salários, insegurança no emprego e fracos vínculos interpessoais são características presentes em empregos informais e temporários 1919 . Strazdins L, D’Souza RM, Clements M, Broom DH, Rodgers B, Berry HL. Could better jobs improve mental health? A prospective study of change in work conditions and mental health in mid-aged adults. J Epidemiol Community Health. 2011;65(6):529-34. DOI:10.1136/jech.2009.093732
https://doi.org/10.1136/jech.2009.093732...
e associadas a maior vulnerabilidade a comportamentos nocivos como o tabagismo. 1010 . Ham DC, Przybeck T, Strickland JR, Luke DA, Bierut LJ, Evanoff BA. Occupational and workplace policies predict smoking behaviors – analysis of national data from the current population survey. J Occup Environ Med. 2011;53(11):1337-45. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182337778
https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e318233...
É provável que as características ocupacionais do grupo analisado (entrada por concurso público, estabilidade no emprego, garantia de assistência à saúde e previdência, regulação interna de consumo de tabaco e prática de atividades físicas) expliquem a menor prevalência de tabagismo encontrada, quando comparada aos inquéritos populacionais.

Se, de um lado, o ambiente militar impõe regras de comportamentos saudáveis e a natureza da atividade profissional exige disposição e desempenho físico (quase atlético), os bombeiros estão expostos, de outro lado, a situações extremas. Estudos identificaram o peso dos estressores organizacionais e operacionais na adesão aos hábitos nocivos. 2. Allard KO, Thomsen JF, Mikkelsen S, Rugulies R, Mors O, Koergaard A, et al. Effects of psychosocial work factors on lifestyle changes – a cohort study. J Occup Environ Med. 2011;53(12):1364-71. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182363bda
https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e318236...
,5. Bacharach SB, Bamberger PA, Doveh E. Firefighters, critical incidents, and drinking to cope: the adequacy of unit-level performance resources as a source of vulnerability and protection. J Appl Psychol. 2008;93(1):155-69. DOI:10.1037/0021-9010.93.1.155
https://doi.org/10.1037/0021-9010.93.1.1...
A demanda por serviços de emergência em grandes centros urbanos é crescente e o atendimento oferecido às vítimas deve ser imediato, o que gera ritmo intenso e sobrecarga de trabalho.

Aspectos físicos e psicossociais do trabalho podem influenciar o hábito e a intensidade de fumar, com destaque para os fatores psicossociais abordados pelo modelo DCS. 1111 . Heikkillä K, Nyberg ST, Fransson EI, Alfredsson L, De Bacquer D, Bjorner JB, et al. Job strain and tobacco smoking: an individual-participant data meta-analysis of 166 130 in 15 European studies. PLoS ONE. 2012;7(7):e35463. DOI:10.1371/journal.pone.0035463
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003...
,2323 . Yasin SM, Retneswari M, Moy FM, Darus A, Koh D. Job stressors and smoking cessation among Malaysian male employees. Occup Med (Lond). 2012;62(3):174-81. DOI:10.1093/occmed/kqs005
https://doi.org/10.1093/occmed/kqs005...
Alta demanda psicossocial foi inversamente associada ao tabagismo. É provável que a forma de mensuração da variável estudada tenha influenciado os resultados. A relação entre demanda psicossocial e tabagismo é paradoxal. 1. Albertsen K, Borg V, Oldenburg B. A systematic review of the impact of work environment on smoking cessation, relapse and amount smoked. Prev Med. 2006;43(4):291-305. DOI:10.1016/j.ypmed.2006.05.001
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2006.05....
O número de cigarros consumidos e as recaídas após tentativas de abandono do hábito, por um lado, são positivamente associados à alta demanda; as tentativas de interromper, por outro lado, também são associadas na mesma direção. Segundo Albertsen et al 1. Albertsen K, Borg V, Oldenburg B. A systematic review of the impact of work environment on smoking cessation, relapse and amount smoked. Prev Med. 2006;43(4):291-305. DOI:10.1016/j.ypmed.2006.05.001
https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2006.05....
(2006), a relação entre fumar e demanda de trabalho pode não ser linear. Indivíduos expostos a uma moderada demanda de trabalho podem estar mais animados a abandonar o tabaco; mas, se expostos aos constrangimentos de tarefas árduas, teriam como válvula de escape o recurso ao uso de substâncias. Bombeiros submetidos a demandas irrisórias estariam mais vulneráveis porque menos motivados ou engajados. Porém, existem bombeiros submetidos a altas demandas. Tal reflexão não é permitida se considerado o delineamento deste estudo epidemiológico ocupacional.

Os estressores operacionais predizem diferentes desfechos em saúde mental, incluindo sintomas de estresse pós-traumático, 1515 . Laposa JM, Alden LE. Posttraumatic stress disorder in the emergency room: exploration of a cognitive model. Behav Res Ther. 2003;41(1):49-65. DOI:10.1016/S0005-7967(01)00123-1
https://doi.org/10.1016/S0005-7967(01)00...
depressão 6. Chen YS, Chen MC, Chou FHC, Sun FC, Chen PC, Tsai KY, et al. The relationship between quality of life and posttraumatic stress disorder or major depression for firefighters in Kaohsiung, Taiwan. Qual Life Res. 2007;16(8):1289-97. DOI:10.1007/s11136-007-9248-7
https://doi.org/10.1007/s11136-007-9248-...
e uso de álcool. 5. Bacharach SB, Bamberger PA, Doveh E. Firefighters, critical incidents, and drinking to cope: the adequacy of unit-level performance resources as a source of vulnerability and protection. J Appl Psychol. 2008;93(1):155-69. DOI:10.1037/0021-9010.93.1.155
https://doi.org/10.1037/0021-9010.93.1.1...
Entretanto, não há sustentação na literatura para analisar as relações com o tabagismo em profissionais do setor de emergências. A exposição a eventos traumáticos (vítimas de desastres, acidentes automobilísticos, combate, e outros) em contextos não ocupacionais está associada ao tabagismo, 8. Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.00...
incluindo hábito atual, quantidade de tabaco consumido e dependência de nicotina. Tal relação é direta; contudo, também mediada pela presença de sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). 8. Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.00...
Entre adultos expostos a eventos traumáticos, a prevalência de tabagismo chega a 36,0%, taxa consideravelmente superior à encontrada na população geral, incluindo o Brasil. 9. Giatti L, Barreto SM. Tabagismo, situação no mercado de trabalho e gênero: análise da PNAD 2008. Cad Saude Publica. 2011;27(6):1132-42. DOI:10.1590/S0102-311X2011000600010
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
,1717 . Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60...
Os mecanismos que ligam o hábito de fumar ao trauma não são bem compreendidos, mas duas hipóteses são discutidas: 1) o comportamento tabagista seria uma forma de lidar com afetos negativos decorrentes da exposição aos eventos traumáticos, e 2) a lembrança do trauma seria um incentivador do hábito porque funcionaria como uma estratégia de enfrentamento para sintomas de TEPT 8. Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.00...
ou outros transtornos mentais ligados aos traumas. As hipóteses não são excludentes e carecem de elucidações.

Fumar pode ser uma estratégia de enfrentamento para lidar com afetos negativos da discriminação social e eventos traumáticos na vida. O hábito de fumar pode ser consequência da exposição a estressores não relacionados ao trabalho. 1111 . Heikkillä K, Nyberg ST, Fransson EI, Alfredsson L, De Bacquer D, Bjorner JB, et al. Job strain and tobacco smoking: an individual-participant data meta-analysis of 166 130 in 15 European studies. PLoS ONE. 2012;7(7):e35463. DOI:10.1371/journal.pone.0035463
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003...
Transtornos mentais no passado foram associados ao desfecho em foco. Esse resultado está de acordo com a literatura 8. Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.00...
e sugere que a relação entre saúde mental e tabagismo pode ser independente da exposição a eventos adversos (ocupacionais e não ocupacionais). Transtornos de humor e ansiedade, ambos abordados no presente inquérito, compartilham sintomas de afeto negativo 1818 . Simms LJ, Watson D, Doebbeling BN. Confirmatory factor analysis of posttraumatic stress symptoms in deployed and nondeployed veterans of the Gulf War. J Abnorm Psychol. 2002;111(4):637-47. DOI:10.1037/0021-843X.111.4.637
https://doi.org/10.1037/0021-843X.111.4....
que são agravados diante de eventos traumáticos ou estressantes na vida e poderiam sustentar a manutenção do hábito de fumar em bombeiros.

A escolaridade permaneceu no modelo final multivariável de maneira consistente, 1919 . Strazdins L, D’Souza RM, Clements M, Broom DH, Rodgers B, Berry HL. Could better jobs improve mental health? A prospective study of change in work conditions and mental health in mid-aged adults. J Epidemiol Community Health. 2011;65(6):529-34. DOI:10.1136/jech.2009.093732
https://doi.org/10.1136/jech.2009.093732...
indicando que níveis mais altos de educação formal estão associados a menor taxa de tabagismo no presente. A relação com a renda mensal apresentou padrão não linear, com resultados significativos e positivos para uma faixa intermediária da variável. Esse resultado é semelhante ao encontrado na população brasileira 9. Giatti L, Barreto SM. Tabagismo, situação no mercado de trabalho e gênero: análise da PNAD 2008. Cad Saude Publica. 2011;27(6):1132-42. DOI:10.1590/S0102-311X2011000600010
https://doi.org/10.1590/S0102-311X201100...
e indica que as relações entre escolaridade, renda e mercado de trabalho envolvem mecanismos complexos de interpretação.

A frequência da atividade física não permaneceu no modelo final, possivelmente devido à regulamentação da prática de atividade física no grupo alvo e consequente diminuição do sedentarismo na população estudada.

A ausência de associação com doenças crônicas pode ser explicada pelo desenho do estudo. Essas morbidades foram mais prevalentes em fumantes, mas os resultados não foram significativos, possivelmente devido à falta de poder estatístico (Tabela 4). O efeito da causalidade reversa é plausível: bombeiros para os quais os diagnósticos citados foram confirmados pararam de fumar para evitar complicações e agravos à saúde. Também concorre para tal ausência de associação estatística o viés do trabalhador sadio, já que aqueles mais doentes possivelmente se aposentaram ou estão em licença para tratamento.

Entre as limitações do presente estudo, está o uso exclusivo de instrumentos de autorrelato e a ausência de informações complementares sobre o comportamento de fumar, incluindo idade do início do hábito, duração (em anos) do hábito, quantidade de cigarros consumidos e tentativas de abandono. Estudos futuros devem buscar compreender as relações entre estressores ocupacionais e tabagismo em bombeiros.

Em conclusão, a baixa prevalência de tabagismo em bombeiros de Belo Horizonte, comparada às taxas de estudos populacionais, indica a relevância do vínculo de emprego com proteção social na explicação de hábitos nocivos e saúde. Estressores organizacionais e operacionais contribuíram independentemente para explicar o hábito de fumar na amostra estudada. Variáveis sociodemográficas e eventos adversos na vida mostraram-se relevantes. Outros estudos poderão considerar intensidade do consumo e tentativas de interromper o hábito tabagista.

REFERÊNCIAS

  • 1
    Albertsen K, Borg V, Oldenburg B. A systematic review of the impact of work environment on smoking cessation, relapse and amount smoked. Prev Med. 2006;43(4):291-305. DOI:10.1016/j.ypmed.2006.05.001
    » https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2006.05.001
  • 2
    Allard KO, Thomsen JF, Mikkelsen S, Rugulies R, Mors O, Koergaard A, et al. Effects of psychosocial work factors on lifestyle changes – a cohort study. J Occup Environ Med. 2011;53(12):1364-71. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182363bda
    » https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e3182363bda
  • 3
    Alwan A, MacLean DR, Riley LM, d’Espaignet ET, Mathers CD, Stevens GA, et al. Monitoring and surveillance of chronic non-communicable diseases: progress and capacity in high-burden countries. Lancet . 2010;376(9755):1861-8. DOI:10.1016/S0140-6736(10)61853-3
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(10)61853-3
  • 4
    Araújo TM, Karasek R. Validity and reliability of the job content questionnaire in formal and informal jobs in Brazil. Scand J Work Environ Health Suppl. 2008;6:52-9.
  • 5
    Bacharach SB, Bamberger PA, Doveh E. Firefighters, critical incidents, and drinking to cope: the adequacy of unit-level performance resources as a source of vulnerability and protection. J Appl Psychol. 2008;93(1):155-69. DOI:10.1037/0021-9010.93.1.155
    » https://doi.org/10.1037/0021-9010.93.1.155
  • 6
    Chen YS, Chen MC, Chou FHC, Sun FC, Chen PC, Tsai KY, et al. The relationship between quality of life and posttraumatic stress disorder or major depression for firefighters in Kaohsiung, Taiwan. Qual Life Res. 2007;16(8):1289-97. DOI:10.1007/s11136-007-9248-7
    » https://doi.org/10.1007/s11136-007-9248-7
  • 7
    Danaei G, Hoom SV, Lopez AD, Murray CJL, Ezzati M, Comparative Risk Assessment Collaborating Group (Cancers). Causes of cancer in the world: comparative risk assessment of nine behavioural and environmental risk factors. Lancet . 2005;366(9499):1784-93. DOI:10.1016/S0140-6736(05)67725-2
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(05)67725-2
  • 8
    Feldner MT, Babson KA, Zvolensky MJ. Smoking, traumatic event exposure and post-traumatic stress: a critical review of the empirical literature. Clinical Psychol Rev. 2007;27(1):14-45. DOI:10.1016/j.cpr.2006.08.004
    » https://doi.org/10.1016/j.cpr.2006.08.004
  • 9
    Giatti L, Barreto SM. Tabagismo, situação no mercado de trabalho e gênero: análise da PNAD 2008. Cad Saude Publica. 2011;27(6):1132-42. DOI:10.1590/S0102-311X2011000600010
    » https://doi.org/10.1590/S0102-311X2011000600010
  • 10
    Ham DC, Przybeck T, Strickland JR, Luke DA, Bierut LJ, Evanoff BA. Occupational and workplace policies predict smoking behaviors – analysis of national data from the current population survey. J Occup Environ Med. 2011;53(11):1337-45. DOI:10.1097/JOM.0b013e3182337778
    » https://doi.org/10.1097/JOM.0b013e3182337778
  • 11
    Heikkillä K, Nyberg ST, Fransson EI, Alfredsson L, De Bacquer D, Bjorner JB, et al. Job strain and tobacco smoking: an individual-participant data meta-analysis of 166 130 in 15 European studies. PLoS ONE. 2012;7(7):e35463. DOI:10.1371/journal.pone.0035463
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0035463
  • 12
    Kim SS, Subramanian SV, Sorensen G, Perry MJ, Christiani DC. Association between change in employment status and new-onset depressive symptoms in South Korea – a gender analysis. Scand J Work Health. 2012;38(6):537-45. DOI:10.5271/sjweh.3286
    » https://doi.org/10.5271/sjweh.3286
  • 13
    Idris MA, Dollard MF, Winefield AH. The effect of globalization on employee psychological health and job satisfaction in malaysian workplaces. J Occup Health. 2011;53(6):447-54. DOI:10.1539/joh.11-0035-FS
    » https://doi.org/10.1539/joh.11-0035-FS
  • 14
    De Lange AH, Taris TW, Kompier MAJ, Houtman ILD, Bongers PM. “The very best of the millennium”: longitudinal research and the Demand-Control-(Support) Model. J Occup Health Psychol. 2003;8(4):282-305. DOI:10.1037/1076-8998.8.4.282
    » https://doi.org/10.1037/1076-8998.8.4.282
  • 15
    Laposa JM, Alden LE. Posttraumatic stress disorder in the emergency room: exploration of a cognitive model. Behav Res Ther. 2003;41(1):49-65. DOI:10.1016/S0005-7967(01)00123-1
    » https://doi.org/10.1016/S0005-7967(01)00123-1
  • 16
    Masur J, Monteiro MG. Validation of the “CAGE” alcoholism screening test in a Brazilian psychiatric inpatient hospital setting. Braz J Med Biol Res. 1983;16(3):215-8.
  • 17
    Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and current challenges. Lancet. 2011;377(9781):1949-61. DOI:10.1016/S0140-6736(11)60135-9
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(11)60135-9
  • 18
    Simms LJ, Watson D, Doebbeling BN. Confirmatory factor analysis of posttraumatic stress symptoms in deployed and nondeployed veterans of the Gulf War. J Abnorm Psychol. 2002;111(4):637-47. DOI:10.1037/0021-843X.111.4.637
    » https://doi.org/10.1037/0021-843X.111.4.637
  • 19
    Strazdins L, D’Souza RM, Clements M, Broom DH, Rodgers B, Berry HL. Could better jobs improve mental health? A prospective study of change in work conditions and mental health in mid-aged adults. J Epidemiol Community Health. 2011;65(6):529-34. DOI:10.1136/jech.2009.093732
    » https://doi.org/10.1136/jech.2009.093732
  • 20
    van der Velden PG, Kleber RJ, Grievink L, Yzermans JC. Confrontations with aggression and mental health problems in police officers: the role of organizational stressors, life-events and previous mental health problems. Psychol Trauma (DNLM). 2010;2(2):135-44. DOI:10.1037/a0019158
    » https://doi.org/10.1037/a0019158
  • 21
    World Health Organization. 2008-2013 Action plan for the global strategy for prevention and control of noncommunicable diseases. Geneva; 2008.
  • 22
    World Health Organization. Healthy workplaces: a model for action for employers, workers, policy-makers and practitioners. Geneva; 2010.
  • 23
    Yasin SM, Retneswari M, Moy FM, Darus A, Koh D. Job stressors and smoking cessation among Malaysian male employees. Occup Med (Lond). 2012;62(3):174-81. DOI:10.1093/occmed/kqs005
    » https://doi.org/10.1093/occmed/kqs005

  • a
    Lima EP, Barreto SM, Assunção AA. Mensuração da exposição a eventos traumáticos ocupacionais em profissionais de emergências urbanas. In: VIII Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 2011 Novembro 12-16; São Paulo, Brasil.
  • b
    Lima-Costa MF, Turci M, Macinko J. Saúde dos adultos em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Núcleo de Estudos em Saúde Pública e Envelhecimento da Fiocruz, Universidade Federal de Minas Gerais; 2012.
  • Estudo baseado na tese de doutorado de Lima E.P., intitulada: “Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em bombeiros de Belo Horizonte”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, em 2013.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Out 2013

Histórico

  • Recebido
    4 Dez 2012
  • Aceito
    28 Maio 2013
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br