Aspectos sociodemográficos e clínicos da qualidade de vida relacionada à saúde bucal em adolescentes

Aspectos sociodemográgicos y clínicos de la calidad de vida relacionada con la salud bucal en adolescentes

Karen Glazer Peres Andreia Morales Cascaes Anna Thereza Thomé Leão Maria Ilma de Souza Côrtes Mario Vianna Vettore Sobre os autores

Resumos

OBJETIVO:

Estimar a prevalência e identificar fatores sociodemográficos e parâmetros bucais associados ao impacto negativo da condição bucal na qualidade de vida de adolescentes.

MÉTODOS:

Foram analisados dados de 5.445 adolescentes entre 15 e 19 anos que participaram do inquérito nacional de saúde bucal (SBBrasil 2010), considerando a complexidade do desenho amostral. O desfecho foi a qualidade de vida relacionada à saúde bucal, avaliada por meio do questionário Oral Impacts on Daily Performance e analisada de forma discreta. As variáveis de exposição foram sexo, cor da pele, escolaridade, renda familiar, idade, cárie não tratada, perda dentária, dor de dente, oclusopatias, sangramento gengival, cálculo dentário e bolsa periodontal. Foram conduzidas análises de regressão de Poisson e apresentadas as razões de médias (RM), com respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%).

RESULTADOS:

Dos pesquisados, 39,4% relataram pelo menos um impacto negativo na qualidade de vida. Após o ajuste, a média do impacto negativo foi de 1,52 (IC95%1,16;2,00) vez maior no sexo feminino e 1,42 (IC95% 1,01;1,99), 2,66 (IC95% 1,40;5,07) e 3,32 (IC95% 1,68;6,56) vezes maior nos pardos, amarelos e indígenas, respectivamente, em relação aos brancos. Quanto menor a escolaridade, maior a média de impacto negativo (RM 2,11, IC95% 1,30;3,41), assim como em indivíduos com renda familiar até R$ 500,00 (RM 1,84, IC95% 1,06;3,17) comparados aos de maior renda. Encontrou-se maior impacto na qualidade de vida entre adolescentes com quatro ou mais lesões de cáries não tratadas (RM 1,53, IC95% 1,12;2,10), uma ou mais perdas dentárias (RM 1,44, IC95%1,16;1,80), com dor de dente (RM 3,62, IC95% 2,93;4,46) e com oclusopatia grave (RM 1,52, IC95% 1,04;2,23) e muito grave (RM 1,32, IC95% 1,01;1,72).

CONCLUSÕES:

Os adolescentes brasileiros relataram alto impacto negativo da saúde bucal na sua qualidade de vida. A iniquidade em sua distribuição deve ser considerada ao planejar medidas de prevenção, monitoramento e tratamento dos agravos bucais nos grupos com maior impacto na qualidade de vida.

Adolescente; Saúde Bucal; Qualidade de Vida; Fatores Socioeconômicos; Desigualdades em Saúde; Inquéritos de Saúde Bucal


OBJETIVO:

Estimar la prevalencia e identificar factores sociodemográgicos y parámetros bucales asociados con el impacto negativo de la condición bucal en la calidad de vida de adolescentes.

MÉTODOS:

Se analizaron datos de 5.445 adolescentes entre 15 y 19 años que participaron de la pesquisa nacional de salud bucal (SBBrasil 2010), considerando la complejidad del diseño de muestreo. El resultado fue la calidad de vida relacionada con la salud bucal, evaluada por medio de cuestionario Oral Impacts on Daily Performance y analizada de forma discreta. Las variables de exposición fueron sexo, color de la piel, escolaridad, renta familiar, edad, caries no tratada, pérdida dentaria, dolor de diente, maloclusiones, sangramiento de encías, cálculo dentario y bolsa periodontal. Se efectuaron análisis de regresión de Poisson y se presentaron los cocientes de promedios (RM), con sus respectivos intervalos de 95% de confianza (IC95%),

RESULTADOS:

Entre los investigados, 39,4% relataron por lo menos un impacto negativo en la calidad de vida. Posterior al ajuste, el promedio del impacto negativo fue de 1,52 (IC95% 1,16;2,00) veces mayor en el sexo femenino y 1,42 (IC95% 1,01;1,99), 2,66 (IC95%1,40;5,07) y 3,32 (IC95%1,68;6,56) veces mayor en los pardos, amarillos e indígenas, respectivamente, con relación a los blancos. En la medida que disminuye la escolaridad, mayor el promedio del impacto negativo (RM 2,11, IC95%1,30;3,41), así como en individuos con renta familiar hasta R$ 500,00 (RM 1,84, IC95%1,06;3,17) en comparación con los de mayor renta. Se encontró mayor impacto en la calidad de vida entre adolescentes con cuatro o más lesiones de caries no tratadas (RM1,53, IC95%1,12;2,10), una o más pérdidas dentarias (RM1,44, IC95%1,16;1,80), con dolor de diente (RM3,62, IC95%2,93;4,46), y con maloclusión grave (RM1,52, IC95%1,04;2,23) y muy grave (RM1,32, IC95%1,01;1,72).

CONCLUSIONES:

Los adolescentes brasileños relataron alto impacto negativo de la salud bucal en su calidad de vida. La inequidad en su distribución debe ser considerada al planificar medidas de prevención, monitoreo y tratamiento de los agravios bucales en los grupos con mayor impacto en la calidad de vida.

Adolescente; Salud Bucal; Calidad de Vida; Factores Socioeconómicos; Desigualdades en la Salud; Encuestas de Salud Bucal


INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem se empenhado nos últimos dez anos em enfatizar a importância das condições de saúde bucal como parte importante e indissociável da saúde geral e da qualidade de vida das pessoas. 2020 . Petersen PE. The World Oral Health Report 2003: continuous improvement of oral health in the 21st century-the approach of the WHO Global Oral Health Programme. Community Dent Oral Epidemiol. 2003;31Suppl1:3-23. DOI: 10.1046/j..2003.com122.x
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Pesquisas têm evidenciado o papel dos agravos bucais como a dor e a perda dentária, além de graves problemas de oclusão, no absenteísmo escolar 1616 . Moure-Leite FR, Ramos-Jorge J, Ramos-Jorge ML, Paiva SM, Vale MP, Pordeus IA. Impact of dental pain on daily living of five-year-old Brazilian preschool children: prevalence and associated factors. Eur Arch Paediatr Dent. 2011;12(6):293-7. DOI: 10.1007/BF03262826
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e no trabalho. 2222 . Reisine S, Miller J. A longitudinal study of work loss related to dental diseases. Soc Sci Med. 1985;21(12):1309-14. DOI: 10.1016/0277-9536(85)90433-2
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Além disso, problemas relacionados à aparência bucal foram associados a manifestações de bullying em escolares. 2424 . Seehra J, Newton JT, DiBiase AT. Bullying in schoolchildren - its relationship to dental appearance and psychosocial implications: an update for GDPs. Br Dent J. 2011;210(9):411-5. DOI: 10.1038/sj.bdj.2011.339
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Para estimar o impacto dos agravos bucais na qualidade de vida das pessoas, pesquisas epidemiológicas têm utilizado, além de medidas clínicas, medidas relacionadas à autopercepção dos indivíduos sobre sua saúde e sobre o impacto que os agravos bucais causam no seu cotidiano. 2. Adulyanon S, Vourapukjaru J, Sheiham A. Oral impacts affecting daily performance in a low dental disease Thai population. Community Dent Oral Epidemiol. 1996;24(6):385-9. DOI: 10.1111/j.1600-0528.1996.tb00884.x
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Instrumentos específicos para esse fim, como questionários estruturados e validados para a população brasileira e de outros países, fornecem subsídios que auxiliam na decisão sobre a definição de prioridades na alocação de recursos para promoção de saúde, tratamento odontológico e na avaliação e no acompanhamento de indivíduos doentes. 1313 . Leao A, Sheiham A. Relation between clinical dental status and subjective impacts on daily living. J Dent Res. 1995;74(7):1408-13. DOI: 10.1177/00220345950740071301
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No que diz respeito aos agravos bucais, a dor de dente, 1616 . Moure-Leite FR, Ramos-Jorge J, Ramos-Jorge ML, Paiva SM, Vale MP, Pordeus IA. Impact of dental pain on daily living of five-year-old Brazilian preschool children: prevalence and associated factors. Eur Arch Paediatr Dent. 2011;12(6):293-7. DOI: 10.1007/BF03262826
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a presença de cárie não tratada, 1212 . Leal SC, Bronkhorst EM, Fan M, Frencken JE. Untreated cavitated dentine lesions: impact on children’s quality of life. Caries Res. 2012;46(2):102-6. DOI: http://dx.doi.org/10.1159/000336387
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o sangramento gengival 1919 . Peres KG, Peres MA, Araujo CL, Menezes AM, Hallal PC. Social and dental status along the life course and oral health impacts in adolescents: a population-based birth cohort. Health Qual Life Outcomes. 2009;7:95. DOI: 10.1186/1477-7525-7-95
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e o apinhamento dentário na região anterior 1. Abanto J, Carvalho TS, Mendes FM, Wanderley MT, Bonecker M, Raggio DP. Impact of oral diseases and disorders on oral health-related quality of life of preschool children. Community Dent Oral Epidemiol. 2011;39(2):105-14. DOI: 10.1111/j.1600-0528.2010.00580.x
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têm sido associados ao impacto negativo na qualidade de vida em crianças e adolescentes. O efeito adverso desses agravos pode ser percebido por meio de diferentes dimensões, como: dificuldade para comer, para falar, para se relacionar com outras pessoas, além de outras limitações funcionais, sociais e psicológicas. 7. Castro RA, Portela MC, Leao AT, Vasconcellos MT. Oral health-related quality of life of 11- and 12-year-old public school children in Rio de Janeiro. Community Dent Oral Epidemiol. 2011;39(4):336-44. DOI: 10.1111/j.1600-0528.2010.00601.x
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, 1919 . Peres KG, Peres MA, Araujo CL, Menezes AM, Hallal PC. Social and dental status along the life course and oral health impacts in adolescents: a population-based birth cohort. Health Qual Life Outcomes. 2009;7:95. DOI: 10.1186/1477-7525-7-95
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Apesar de um significativo aumento no número de investigações sobre o impacto das condições bucais na qualidade de vida em adolescentes, em geral esses estudos são restritos a populações específicas, como escolares, e são raros aqueles relativos ao contexto brasileiro. A maioria das pesquisas analisou as propriedades psicométricas dos questionários sobre qualidade de vida relacionada à saúde bucal e a sua correlação com parâmetros clínicos bucais; poucas investigaram o possível papel de características demográficas e socioeconômicas nos escores da qualidade de vida relacionada à saúde bucal.

A Vigilância em Saúde Bucal do Ministério da Saúde, por meio da Pesquisa Nacional de Saúde Bucal (SBBrasil 2010), incorporou de forma pioneira no País a coleta de informações que permitirão analisar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida dos brasileiros. Esses dados, associados aos dados socioeconômicos coletados, possibilitarão um conjunto de análises das desigualdades sociais relacionadas ao tema. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência e identificar fatores sociodemográficos e agravos bucais associados ao impacto negativo da condição bucal na qualidade de vida de adolescentes brasileiros.

MÉTODOS

No SBBrasil 2010, uma amostra representativa da população brasileira foi entrevistada e examinada em seus domicílios para se investigarem os principais agravos bucais, além de características demográficas e socioeconômicas. No presente estudo foi incluída a amostra de adolescentes de 15 a 19 anos no projeto.

Todas as capitais (estados e Distrito Federal) e uma amostra (n = 30) de municípios do interior de cada macrorregião (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) foram consideradas domínios da pesquisa. O tipo de seleção amostral do SBBrasil 2010 foi probabilística por conglomerado, estruturada em dois estágios para as capitais dos 26 estados e o Distrito Federal e em três estágios para os municípios do interior das cinco regiões brasileiras. As unidades primárias de amostragem foram: (a) município, para o interior das regiões, e (b) setor censitário, para as capitais. O sorteio dos indivíduos foi feito de acordo com o número de domicílios particulares permanentes urbanos de cada setor censitário, dado disponibilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no censo de 2007 e pela contagem rápida dos domicílios realizada para o SBBrasil 2010, dos setores com dados de 2000, além da proporção de pessoas dentro de cada faixa etária na pirâmide etária brasileira. Esse processo gerou um valor de intervalo amostral e a partir desse valor sorteou-se um número de indivíduos a serem examinados em cada faixa etária pesquisada. Foram entrevistados e examinados 5.445 indivíduos de 15 a 19 anos de idade. Informações detalhadas sobre o procedimento amostral podem ser obtidas em outra publicação. 2323 . Roncalli AG, da Silva NN, Nascimento AC, Freitas CHSM, Casotti E, Peres KG, et al. Aspectos metodológicos do projeto SB Brasil 2010 de interesse para Inquéritos Nacionais de Saúde. Cad Saude Publica. 2012;28Suppl:40-57. DOI: 10.1590/S0102-311X2012001300006
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Foram realizados exames clínicos odontológicos e entrevistas na forma de questionário estruturado. O questionário foi elaborado para a pesquisa e digitalizado no computador de mão, Personal Digital Assistant , modelo P550, cedido pelo IBGE. Previamente ao trabalho de campo foram realizados dois estudos piloto, um em Florianópolis, SC, e outro em João Pessoa, PB, para a verificação da coerência, logística do campo e exequibilidade dos instrumentos e da metodologia prevista para o estudo. A técnica de calibração adotada foi a do consenso. 1010 . Frias AC, Antunes JLF, Narvai PC. Precisão e validade de levantamentos epidemiológicos em saúde bucal: cárie dentária na cidade de São Paulo, 2002. Rev Bras Epidemiol. 2004;7(2):144-54. DOI: 10.1590/S1415-790X2004000200004
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A estimativa de concordância foi aferida entre cada examinador e os resultados obtidos pelo consenso da equipe calculando-se o coeficiente kappa ponderado. O valor mínimo aceitável para cada examinador, grupo etário e agravo estudado foi kappa igual a 0,65.

As equipes de campo foram formadas por um examinador (cirurgião-dentista) e um anotador, ambos do serviço de saúde do Sistema Único de Saúde, totalizando dez equipes para cada capital e de duas a seis equipes de campo para os municípios do interior, de acordo com o porte populacional do município. O treinamento das equipes ocorreu em oficinas regionais com duração de 40 horas. Todos os procedimentos de biossegurança foram devidamente aplicados, com a utilização de equipamentos de proteção individual, esterilização dos instrumentais e descarte adequado dos materiais descartáveis.

A qualidade de vida foi investigada com o instrumento Oral Impacts on Daily Performance (OIDP). 2. Adulyanon S, Vourapukjaru J, Sheiham A. Oral impacts affecting daily performance in a low dental disease Thai population. Community Dent Oral Epidemiol. 1996;24(6):385-9. DOI: 10.1111/j.1600-0528.1996.tb00884.x
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O OIDP é composto por nove itens relacionados às atividades diárias que podem ser afetadas pelas condições bucais e incluem aspectos físicos, psicológicos e sociais, dimensões de se alimentar, sorrir, estudar, falar, fazer esportes, limpar a boca, dormir, aspectos emocionais e de contato social. Cada item foi precedido da pergunta “ Algumas pessoas têm problemas que podem ter sido causados pelos dentes. Das situações abaixo, quais se aplicam a(o) sr(a), nos últimos seis meses?”. As opções de respostas foram: não (código 0), sim (código 1) e não sabe ou não quis responder (código 9). O código 9 foi tratado como informação faltante para cada pergunta do OIDP. A contagem simples dos escores foi por meio de nove variáveis dummys (sim/não). O OIDP (variável dependente) foi analisado como uma variável discreta que foi de zero (nenhum impacto) a nove (impacto nas nove dimensões).

As variáveis independentes foram características demográficas, socioeconômicas, condições clínicas bucais e dor de dente. Dados demográficos incluíram informações referentes a sexo, raça/cor da pele e os dados socioeconômicos, escolaridade e renda familiar do adolescente. A raça/cor da pele seguiu a classificação proposta pelo IBGE (brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas). A escolaridade dos participantes foi investigada segundo o número de anos concluídos com sucesso na escola e categorizada em até quatro anos de estudo, entre cinco e oito anos, entre nove e onze anos e 12 anos ou mais. A renda familiar, informada pelo responsável no domicílio, foi categorizada em ≤ R$ 500,00, R$ 501,00 a R$ 2.500,00 e ≥ R$ 2.501,00. Os agravos bucais cárie dentária, oclusopatia, perda dentária e condições periodontais foram avaliados de acordo com a sua prevalência a partir dos índices propostos pela OMS para inquéritos em saúde bucal. 2727 . World Health Organization. Oral Health Surveys: basic methods. Genebra; 1997. A cárie dentária foi avaliada pelo componente cariado do índice de dentes cariados, perdidos e restaurados (CPOD) categorizado em nenhum, 1 a 3 e ≥ 4, e as oclusopatias pelo índice de estética dental (DAI) categorizado segundo a necessidade de tratamento (nenhuma, definida, grave e muito grave). 9. Cons NC, Jenny J, Kohout FJ. DAI: the dental aesthetic index. Iowa: Iowa College of Dentistry; 1986. O componente perdido do índice CPOD, dicotômico 0 e ≥ 1, foi empregado para avaliar a perda dentária. A presença de sangramento gengival à sondagem (sim/não), cálculo dentário (sim/não) e algum grau de bolsa periodontal (sim/não) foi obtido a partir do exame de seis pontos nos dentes índices do índice periodontal comunitário (CPI). 2727 . World Health Organization. Oral Health Surveys: basic methods. Genebra; 1997. A dor de dente foi registrada por meio da pergunta “ Sentiu dor de dente nos últimos 6 meses? ” (sim/não).

A análise de dados foi conduzida no programa estatístico Stata 11.0, utilizando o comando svyset para definir os pesos amostrais e conglomerados e o prefixo svy para todas as análises realizadas tendo em vista a complexidade do desenho amostral. A análise estatística incluiu a distribuição amostral de acordo com os níveis do índice OIDP (0, 1 e ≥ 2 impactos) e as categorias das variáveis independentes. A associação entre as variáveis independentes e o índice OIDP (desfecho), analisado como variável discreta, foi testada empregando-se regressão de Poisson proporcionando as estimativas das razões de médias (RM), brutas e ajustadas e os respectivos intervalos de 95% de confiança. Para analisar os potenciais fatores preditores para o OIDP, um modelo hierarquizado foi adotado na análise múltipla. 2626 . Victora CG, Huttly SR, Fuchs SC, Olinto MT. The role of conceptual frameworks in epidemiological analysis: a hierarchical approach. Int J Epidemiol. 1997;26(1):224-7. DOI: 10.1093/ije/26.1.224
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As variáveis independentes foram introduzidas na modelagem a partir das mais distais até as mais proximais segundo o modelo de análise adotado ( Figura 1 ). O primeiro nível do modelo incluiu as variáveis demográficas (sexo, raça/cor da pele e idade), o segundo nível as variáveis socioeconômicas (renda familiar e escolaridade do adolescente) e o terceiro nível os agravos bucais ( Figura 1 ). Todas as variáveis com valor de p ≤ 0,20 (estatística Wald) na análise bruta foram incluídas no modelo múltiplo. O ponto de corte do valor de p ≤ 0,20 foi utilizado para garantir que os potenciais fatores de confusão fossem mantidos no modelo. No modelo final foram consideradas estatisticamente significativas aquelas variáveis com valor de p < 0,05, após o ajuste pelas variáveis do mesmo nível e dos níveis acima.

Figura 1
. Modelo teórico de análise hierárquica.

O Projeto SBBrasil 2010 foi conduzido dentro dos padrões exigidos pela Declaração de Helsinque e aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, sob o registro n° 15.498, em 7 de janeiro de 2010.

RESULTADOS

Participaram do inquérito nacional 5.445 adolescentes entre 15 e 19 anos de idade, o que corresponde a uma taxa de resposta de 92,5%.

A Tabela 1 apresenta a distribuição da amostra e do OIDP, em três categorias, segundo as variáveis de exposição estudadas. Pouco mais da metade dos participantes eram do sexo feminino (51,4%), a maioria classificou-se como branca (46,1%) ou parda (40,5%) e a idade mais frequente foi 15 anos (26,6%), havendo equilíbrio percentual entre as demais. A maior parte dos responsáveis pelos domicílios (71,5%) declarou renda familiar entre R$ 501,00 e R$ 2.500,00, e cerca de 80% estudaram oito ou mais anos. Em relação aos agravos bucais investigados, pouco mais da metade dos adolescentes (53,4%) não possuía cárie, ao passo que 15,2% apresentavam quatro ou mais cavidades de cárie sem tratamento. Pelo menos 17,4% dos pesquisados já havia perdido algum dente devido à cárie, e dor de dente nos últimos seis meses foi relatada por 25,0%. A presença de oclusopatia grave ou muito grave foi detectada em 15,0% dos adolescentes. Entre as condições periodontais investigadas, a presença de sangramento à sondagem e cálculo foi observada em 35,0%; pelo menos 10,0% dos adolescentes apresentaram bolsa periodontal com profundidade igual ou maior a quatro milímetros.

Tabela 1.
Distribuição da amostra e da qualidade de vida segundo variáveis estudadas em adolescentes brasileiros. SBBrasil 2010. (n = 5.445)

A prevalência de impacto negativo na saúde bucal foi aproximadamente 40,0% e 22,5% dos adolescentes relataram a presença de dois ou mais impactos negativos na qualidade de vida relacionada à saúde bucal ( Tabela 1 ). Essa prevalência variou de acordo com as características estudadas, sendo maior no sexo feminino em relação ao masculino; entre aqueles referidos como pardos, amarelos e indígenas comparados com brancos; entre adolescentes de menor renda familiar e com menor escolaridade comparados com os de maior renda e escolaridade. Entre os adolescentes com presença de agravos bucais, a prevalência de OIDP negativo também foi maior em comparação aos adolescentes sem agravos.

A Figura 2 apresenta, em ordem decrescente, a frequência de distribuição dos nove itens do OIDP. Os três impactos negativos na qualidade de vida mais relatados foram: dificuldade para comer (20,9%), incômodo para escovar os dentes (16,1%) e nervosismo ou irritação devido a problema com os dentes (14,7%). Os impactos relatados com menor frequência foram dificuldade para estudar (4,7%) e influência na prática de esportes (4,4%).

Figura 2
. Frequência e respectivo intervalo de 95% de confiança segundo questões do Oral Impacts on Daily Performance , em adolescentes brasileiros. SBBrasil 2010. (n = 5.445)

A Figura 3 apresenta a frequência do OIDP por domínio, no geral e segundo as condições de saúde bucal investigadas. O domínio com maior impacto negativo, no geral e por condições bucais investigadas, foi o físico, seguido do psicológico e social. Maior prevalência de impacto negativo foi encontrada em adolescentes que relataram dor de dente – 65,8%, 57,0% e 24,7% para os domínios físico, psicológico e social, respectivamente.

Figura 3
. Frequência de impacto em cada domínio do Oral Impacts on Daily Performance , segundo condições de saúde bucal e no geral, em adolescentes brasileiros. SBBrasil 2010. (n = 5.445)

Na Tabela 2 estão apresentados os resultados das regressões de Poisson bruta e ajustada. Na análise bruta, todas as variáveis, com exceção da idade, foram associadas com maior escore do OIDP e foram incluídas no modelo ajustado. Após a análise ajustada, permaneceram associadas de maneira independente todas as variáveis, exceto a presença de cálculo e de bolsa periodontal, as quais perderam sua significância após o ajuste (valor p > 0,2). Entre as variáveis do bloco 1, sexo e raça/cor da pele, houve pouca mudança na magnitude de associação após a análise ajustada – o escore do OIDP foi em média 1,52 (IC95% 1,16;2,00) vez maior entre as do sexo feminino comparado ao masculino. O impacto negativo na qualidade de vida foi maior entre pardos (1,42, IC95% 1,01;1,99), amarelos (RM 2,66, IC95% 1,40;5,07) e indígenas (RM 3,32, IC95% 1,68;6,56) em relação aos brancos. Para as variáveis do bloco 2, renda familiar e escolaridade, houve maior mudança na medida de efeito após análise ajustada: 1,84 (IC95% 1,06;3,17) em adolescente com menor renda familiar e 2,11 (IC95% 1,30;3,41) naqueles com menor escolaridade em comparação com as respectivas categorias de referência. Entre os agravos bucais inseridos no terceiro nível de análise, maiores impactos na qualidade de vida, foram encontrados entre adolescentes com quatro ou mais lesões de cáries não tratadas (RM 1,53, IC95% 1,12;2,10), uma ou mais perdas dentárias (RM 1,44, IC95% 1,16;1,80), com dor de dente (RM 3,62, IC95% 2,93;4,46) e com oclusopatia grave (RM 1,52, IC95% 1,04;2,23) ou muito grave (RM 1,32, IC95%1,01;1,72).

Tabela 2.
Modelos de Regressão de Poisson bruta e ajustada entre variáveis de exposição e qualidade de vida. SBBrasil 2010.

DISCUSSÃO

Na pesquisa SBBrasil 2010, 39,4% dos adolescentes de 15 a 19 anos de idade apresentaram ao menos um impacto negativo em sua qualidade de vida devido às condições bucais. Os do sexo feminino, os pretos, pardos, amarelos e indígenas, os menos escolarizados e em desvantagem econômica relataram, expressivamente, pior qualidade de vida do que aqueles em situação mais favorecida, caracterizando um quadro de iniquidade social. Adicionalmente, os indivíduos com presença de cárie dentária não tratada, perda dentária, dor de dente, problemas de oclusão e sangramento à sondagem apresentaram maior impacto negativo na qualidade de vida do que indivíduos sem esses agravos.

O SBBrasil 2010 é o primeiro estudo nacional representativo a incluir aspectos sobre a qualidade de vida relacionada à saúde bucal dos indivíduos, juntamente com diversas condições clínicas e autorreferidas de saúde bucal. Além disso, o impacto das condições de saúde bucal e sua distribuição na população de adolescentes é pouco conhecido na literatura. Estudar o impacto da saúde bucal na qualidade de vida de jovens é particularmente importante. Essa faixa etária é mais sensível a diferentes impactos como, por exemplo, a percepção da aparência e da dor do que os indivíduos adultos, podendo afetar não somente a qualidade de vida, mas, também, o desenvolvimento psicológico e as interações sociais desses indivíduos. 8. Chen MS, Hunter P. Oral health and quality of life in New Zealand: a social perspective. Soc Sci Med. 1996;43(8):1213-22. DOI: 10.1016/0277-9536(95)00407-6
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Resultados semelhantes relacionados à prevalência de impacto negativo na qualidade de vida em adolescentes foram observados em outros estudos nacionais. 6. Biazevic MG, Rissotto RR, Michel-Crosato E, Mendes LA, Mendes MO. Relationship between oral health and its impact on quality of life among adolescents. Braz Oral Res. 2008;22(1):36-42. DOI: 10.1590/S1806-83242008000100007 , 1919 . Peres KG, Peres MA, Araujo CL, Menezes AM, Hallal PC. Social and dental status along the life course and oral health impacts in adolescents: a population-based birth cohort. Health Qual Life Outcomes. 2009;7:95. DOI: 10.1186/1477-7525-7-95
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Mas prevalências maiores foram encontradas entre escolares de 11 a 12 anos de idade do Rio de Janeiro (88,7%) 7. Castro RA, Portela MC, Leao AT, Vasconcellos MT. Oral health-related quality of life of 11- and 12-year-old public school children in Rio de Janeiro. Community Dent Oral Epidemiol. 2011;39(4):336-44. DOI: 10.1111/j.1600-0528.2010.00601.x
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e, em estudos de outros países, com crianças de 12 anos de idade no Sudão 1717 . Nurelhuda NM, Ahmed MF, Trovik TA, Astrom AN. Evaluation of oral health-related quality of life among Sudanese schoolchildren using Child-OIDP inventory. Health Qual Life Outcomes. 2010;8(1):152. DOI: 10.1186/1477-7525-8-152
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(54,6%) e em escolares entre 11 e 16 anos de Catanzaro, na Itália (66,8%). 5. Bianco A, Fortunato L, Nobile CG, Pavia M. Prevalence and determinants of oral impacts on daily performance: results from a survey among school children in Italy. Eur J Public Health. 2010;20(5):595-600. DOI: 10.1093/eurpub/ckp179
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Os achados do presente estudo corroboram os de outras pesquisas no que se refere aos domínios que retrataram maiores impactos. O domínio físico representado pela dificuldade de comer e escovar os dentes, este último com padrão muito semelhante ao quesito nervosismo ou irritação e vergonha para sorrir, também foram os desempenhos diários mais afetados. Achados similares foram observados em adolescentes em Uganda, 3. Astrom AN, Okullo I. Validity and reliability of the Oral Impacts on Daily Performance (OIDP) frequency scale: a cross-sectional study of adolescents in Uganda. BMC Oral Health. 2003;3(1):5. DOI: 10.1186/1472-6831-3-5
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escolares com idade de 11 a 12 anos no Rio de Janeiro (comer), 7. Castro RA, Portela MC, Leao AT, Vasconcellos MT. Oral health-related quality of life of 11- and 12-year-old public school children in Rio de Janeiro. Community Dent Oral Epidemiol. 2011;39(4):336-44. DOI: 10.1111/j.1600-0528.2010.00601.x
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adultos na Tailândia 2. Adulyanon S, Vourapukjaru J, Sheiham A. Oral impacts affecting daily performance in a low dental disease Thai population. Community Dent Oral Epidemiol. 1996;24(6):385-9. DOI: 10.1111/j.1600-0528.1996.tb00884.x
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e crianças no Sudão (comer e escovar os dentes). 1717 . Nurelhuda NM, Ahmed MF, Trovik TA, Astrom AN. Evaluation of oral health-related quality of life among Sudanese schoolchildren using Child-OIDP inventory. Health Qual Life Outcomes. 2010;8(1):152. DOI: 10.1186/1477-7525-8-152
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Adicionalmente, o perfil epidemiológico dos agravos bucais pode influenciar de maneira significativa o padrão desses impactos.

No presente estudo, dentre os indivíduos com presença de dor de dente, perda dentária e cárie não tratada, os domínios mais afetados foram o físico e o psicológico sem diferença significativa entre ambos. Cerca de um quarto dos adolescentes manifestou dor de dente, quase 20% perda de algum dente e quase a metade deles algum dente com cárie não tratada, caracterizando uma população que apresentou alta prevalência desses agravos. Portanto, é compreensível que os maiores impactos sejam dificuldade para comer e escovar os dentes, além da irritabilidade. Em contraste, estudos realizados em países reconhecidamente de baixa prevalência de agravos bucais, o domínio psicológico, representado por dificuldade para sorrir, apareceu dentre os mais prevalentes. 5. Bianco A, Fortunato L, Nobile CG, Pavia M. Prevalence and determinants of oral impacts on daily performance: results from a survey among school children in Italy. Eur J Public Health. 2010;20(5):595-600. DOI: 10.1093/eurpub/ckp179
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O presente estudo considerou a renda familiar e a escolaridade do adolescente como medida proxy de condição socioeconômica, com maior impacto quanto menor a renda e mais baixa a escolaridade. Pessoas com menor renda também apresentaram maior chance de relatar problemas de mastigação e alterações psicossociais na vida diária quando comparadas com as de alta renda, mesmo após considerar a presença de agravos bucais como a cárie dentária, a doença periodontal e a perda dentária. 1414 . Locker D. The burden of oral disorders in a population of older adults. Community Dent Health. 1992;9(2):109-24. Esse achado reforça os resultados do presente estudo relacionados às desigualdades sociais em saúde bucal. Estudos sobre iniquidade social e medidas não normativas de saúde bucal vêm ganhando espaço na literatura nacional 2121 . Piovesan C, Antunes JL, Guedes RS, Ardenghi TM. Impact of socioeconomic and clinical factors on child oral health-related quality of life (COHRQoL). Qual Life Res. 2010;19(9):1359-66. DOI: 10.1007/s11136-010-9692-7
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e internacional, 2525 . Tsakos G, Sheiham A, Iliffe S, Kharicha K, Harari D, Swift CG, et al. The impact of educational level on oral health-related quality of life in older people in London. Eur J Oral Sci. 2009;117(3):286-92. DOI: 10.1111/j.1600-0722.2009.00619.x
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reforçando a necessidade de incorporar novas abordagens a esse campo do conhecimento. Escolaridade é um importante marcador de posição social. Alta escolaridade está associada à obtenção de melhores empregos, maior renda e melhor moradia, que, por sua vez, influenciam melhores atitudes em relação à saúde, maior acesso a alimentos mais saudáveis e a consumo de produtos para higiene bucal. 1515 . Marmot M, Bell R. Social determinants and dental health. Adv Dent Res. 2011;23(2):201-6. DOI: 10.1177/0022034511402079
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Esta pesquisa também identificou a maioria dos agravos associados ao maior impacto negativo na qualidade de vida dos adolescentes. Destacam-se problemas com alto grau de sofrimento, como a dor de dente, corroborando achados de outro estudo 1818 . Pau A, Khan SS, Babar MG, Croucher R. Dental pain and care-seeking in 11-14-yr-old adolescents in a low-income country. Eur J Oral Sci. 2008;116(5):451-7. DOI: 10.1111/j.1600-0722.2008.00563.x
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e características mais relacionadas aos aspectos estéticos, como as oclusopatias graves, resultado encontrado em outras pesquisas nacionais 1919 . Peres KG, Peres MA, Araujo CL, Menezes AM, Hallal PC. Social and dental status along the life course and oral health impacts in adolescents: a population-based birth cohort. Health Qual Life Outcomes. 2009;7:95. DOI: 10.1186/1477-7525-7-95
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, 2121 . Piovesan C, Antunes JL, Guedes RS, Ardenghi TM. Impact of socioeconomic and clinical factors on child oral health-related quality of life (COHRQoL). Qual Life Res. 2010;19(9):1359-66. DOI: 10.1007/s11136-010-9692-7
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e também internacionais. 4. Bernabe E, Sheiham A, Oliveira CM. Impacts on daily performances attributed to malocclusions by British adolescents. J Oral Rehabil. 2009;36(1):26-31. DOI: 10.1111/j.1365-2842.2008.01899.x
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, 1111 . Johal A, Cheung MY, Marcene W. The impact of two different malocclusion traits on quality of life. Br Dent J. 2007;202(2):E2. DOI: 10.1038/bdj.2007.33
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Embora o SBBrasil 2010 tenha grande abrangência e metodologia cuidadosa, análises provenientes de seus resultados não estão isentas de limitações. O caráter transversal de seu delineamento não permite inferir causalidade às associações encontradas no presente estudo. A variabilidade de metodologias empregadas em outros estudos, incluindo os questionários para aferição da qualidade de vida, bem como as faixas etárias estudadas, limitam comparações diretas com esta pesquisa. Tanto a natureza do impacto quanto sua magnitude podem variar de acordo com as diferentes origens culturais existentes entre os países e dentro de um mesmo país.

Pesquisas com a magnitude do SBBrasil podem contribuir de maneira significativa para a compreensão dos problemas de saúde bucal coletiva no Brasil ao disponibilizarem informações que possam subsidiar a formulação de políticas públicas. Adicionalmente, pesquisas nacionais de abrangência amostral e periodicidade do SBBrasil e com dados socioeconômicos detalhados possibilitam incorporar estratégias que considerem o gradiente social na distribuição desse fenômeno, além de medidas de prevenção, monitoramento e tratamento dos agravos bucais de maior impacto na qualidade de vida. A distribuição das iniquidades deve ser considerada ao planejar medidas de prevenção, monitoramento e tratamento dos agravos bucais nos grupos com maior impacto na qualidade de vida.

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  • Artigo submetido ao processo de julgamento por pares adotado para qualquer outro manuscrito submetido a este periódico, com anonimato garantido entre autores e revisores.
  • Editores e revisores declaram não haver conflito de interesses que pudesse afetar o processo de julgamento do artigo.
    Os autores declaram não haver conflito de interesses.
  • Artigo disponível em português e inglês em: www.scielo.br/rsp

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Dez 2013

Histórico

  • Recebido
    16 Maio 2012
  • Aceito
    20 Mar 2013
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
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