Sentidos da imagem corporal de adolescentes no ensino fundamental

Maria Lídia de Abreu Silva Stella Regina Taquette Evandro Silva Freire Coutinho Sobre os autores

Resumo

OBJETIVO

Compreender a percepção da imagem corporal entre adolescentes.

MÉTODOS

Estudo qualitativo conduzido com oito grupos focais com 96 estudantes no total, de ambos os sexos, do ensino fundamental de quatro escolas públicas no Rio de Janeiro, RJ, em 2013. Foi utilizado roteiro com questões sobre sentimentos dos adolescentes em relação a: corpo, padrão de beleza idealizado, prática de exercícios físicos e influência sociocultural sobre a autoimagem. Para análise dos dados, buscou-se compreender e interpretar os sentidos das narrativas e suas contradições, apreendendo o contexto, as razões dos sujeitos e a lógica interna do grupo.

RESULTADOS

Foram identificadas três categorias temáticas. Influência da mídia na imagem corporal expressou a dificuldade de se alcançar um corpo perfeito e a desconfiança diante dos padrões de beleza difundidos; a importância do corpo saudável foi observada à medida que o padrão de beleza e boa aparência apresentaram-se intimamente ligados à boa condição física e decorrentes de um corpo saudável; a relação entre padrão de beleza e preconceito quanto às pessoas que não são consideradas atraentes por apresentarem pequenas imperfeições corporais, podendo ser discriminadas, rejeitadas e até mesmo excluídas do convívio social.

CONCLUSÕES

O padrão de corpo perfeito propagado pela mídia influencia a autoimagem e, consequentemente, a autoestima dos adolescentes e é considerado objetivo inatingível por corresponder a padrão de beleza descrito como artificial e irreal. Entretanto, provoca grande sofrimento e discriminação naqueles que não se sentem atraentes, o que pode levar a problemas de saúde decorrentes da baixa autoestima.

Adolescente; Imagem Corporal; Autoimagem; Estigma Social; Midia Audiovisual; Pesquisa Qualitativa


INTRODUÇÃO

As questões relativas à imagem corporal estão cada vez mais presentes no campo da saúde e influenciam na construção da identidade do sujeito, assim como na percepção que se tem de seu próprio corpo ou do que se entende como saudável. Pesquisas sobre imagem corporal mostram sua relação com patologias, tais como depressão e distúrbios alimentares, as quais estão associadas ao componente negativo da imagem corporal, expressa pela insatisfação com o próprio corpo.5 Cash TF, Pruzinsky T. Future challenges for body image theory, research, and clinical practice. In: Cash TF, Pruzinsky T, editors. Body image: a handbook of theory, research, and clinical practice. New York: Guilford Press; 2002. p.509-16.,1717  Needham BL, Crosnoe R. Overweight status and depressive symptoms during adolescence. J Adolesc Health. 2005;36(1):48-55. DOI:10.1016/j.jadohealth.2003.12.015
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,2222  Ricciardelli LA, McCabe MP. Self-esteem and negative affect as moderators of sociocultural influences on body dissatisfaction, strategies to decrease weight, and strategies to increase muscles among adolescent boys and girls. Sex Roles. 2001;44(3-4):189-207. DOI:10.1023/A:1010955120359
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Ainda, influências socioculturais, tais como exposição a figuras idealizadas pela mídia, dieta de familiares, valorização da magreza e ofensas pessoais perpetradas pelos pares devido ao sobrepeso são reconhecidas como fatores de risco para o aumento da insatisfação corporal.2 Avalos LC, Tylka TL. Exploring a model of intuitive eating with college women. J Couns Psychol. 2006;53(4):486-97. DOI:10.1037/0022-0167.53.4.486
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,1313  Jones DC, Vigfusdottir TH, LeeY. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res. 2004;19(3):323-39. DOI:10.1177/0743558403258847
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A avaliação do desenvolvimento e expressão da imagem corporal possuem grande relevância para a saúde pública,5 Cash TF, Pruzinsky T. Future challenges for body image theory, research, and clinical practice. In: Cash TF, Pruzinsky T, editors. Body image: a handbook of theory, research, and clinical practice. New York: Guilford Press; 2002. p.509-16. especialmente no período da adolescência, quando a insatisfação corporal é bastante prevalente.9 Halliwell E, Dittmar H. A qualitative investigation of women’s and men’s body image concerns and their attitudes toward aging. Sex Roles. 2003;49(11-12):675-84. DOI:10.1023/B:SERS.0000003137.71080.97
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,2222  Ricciardelli LA, McCabe MP. Self-esteem and negative affect as moderators of sociocultural influences on body dissatisfaction, strategies to decrease weight, and strategies to increase muscles among adolescent boys and girls. Sex Roles. 2001;44(3-4):189-207. DOI:10.1023/A:1010955120359
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A adolescência caracteriza-se por um período da vida de transformações biopsicossociais significativas, potencialmente negativas quando os indivíduos estão “morbidamente preocupados em como eles aparecem aos olhos dos outros”.1111  Holmqvist K, Frisén A. “I bet they aren’t that perfect in reality:” appearance ideals viewed from the perspective of adolescent with a positive body image. Body Image. 2012;9(3):388-95. DOI:10.1016/j.bodyim.2012.03.007
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Entretanto, grande parte das investigações sobre a imagem corporal é feita com adultos e apresenta natureza quantitativa, não permitindo a compreensão do processo de construção das percepções, atitudes e representações sociais dos grupos estudados.2 Avalos LC, Tylka TL. Exploring a model of intuitive eating with college women. J Couns Psychol. 2006;53(4):486-97. DOI:10.1037/0022-0167.53.4.486
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,2626  Swami V, Hadji-Michael M, Furnham A. Personality and individual difference correlates of positive body image. Body Image. 2008;5(3):322-5. DOI:10.1016/j.bodyim.2008.03.007
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O objetivo deste estudo foi compreender a percepção da imagem corporal entre adolescentes.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Estudo qualitativo, realizado por meio de grupos focais com adolescentes de quatro instituições da rede pública de ensino do Rio de Janeiro, RJ, no primeiro semestre letivo de 2013. Participaram estudantes de ambos os sexos e do oitavo e nono anos do ensino fundamental.

Baseando-se no fato de pesquisas sugerirem que os adolescentes da Zona Sul carioca – região de maior poder aquisitivo – são os mais representados pela mídia,1818  Njaine K. Sentidos da violência ou a violência sem sentido: o olhar dos adolescentes sobre a mídia. Interface (Botucatu). 2006;10(20):381-92. DOI:10.1590/S1414-32832006000200008
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foram listadas escolas particulares e públicas localizadas nessa área geográfica. A equipe de pesquisa só obteve autorização para realização do estudo em escolas municipais, onde foram feitas as reuniões de grupo. As escolas localizadas nos bairros de Laranjeiras, Gávea e Vidigal foram selecionadas a partir de lista disponibilizada pela coordenadoria municipal de educação.

Foram constituídos dois grupos focais em cada escola após o horário de aula, um de adolescentes do sexo masculino e outro do feminino, perfazendo o total de oito grupos focais. A decisão em realizar os grupos de discussão separados por sexo baseou-se no fato de pesquisas anteriores sugerirem que normas e regras sobre imagem corporal são diferentes para mulheres e homens.1010  Hargreaves DA, Tiggemann M. ‘Body image is for girls’: a qualitative study of boys’ body image. J Health Psychol. 2006;11(4):567-76. DOI:10.1177/1359105306065017
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O número de grupos focais obedeceu ao critério de saturação dos assuntos abordados.7 Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Cad Saude Publica. 2008;24(1):17-27. DOI:10.1590/S0102-311X2008000100003
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As discussões, conduzidas por uma dupla de pesquisadores, seguiram um roteiro pré-estabelecido, com tópicos que forneceram a base para o debate, onde os adolescentes puderam expressar seus pensamentos. Discussões foram centralizadas em torno da imagem corporal e da sua importância no dia a dia; nos fatores que podem influenciar os sentimentos dos adolescentes em relação aos seus corpos (pais, pares, mídia...); no ideal de beleza apresentado pela mídia e pela sociedade; na prática de exercícios físicos e no padrão de beleza idealizado pelos adolescentes. As reuniões foram gravadas e posteriormente transcritas a fim de realizar a análise e classificação por temas. Os dados foram analisados de acordo com a proposta de Minayo,1616  Minayo MCS. Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Cienc Saude Coletiva. 2012;17(3):621-6. DOI:10.1590/S1413-81232012000300007
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com a elaboração de categorias, levando em conta a compreensão do texto e as contradições existentes nele, buscando compreender a lógica interna do grupo.

As escolas visitadas dispunham de boa estrutura física para o ensino, com instalações adequadas, equipamentos de informática e multimídia. As turmas eram compostas em média por 28 a 32 alunos. Participaram do estudo 96 adolescentes de 13 a 18 anos, sendo 51 do sexo masculino e 45 do feminino, com média de 12 componentes/grupo focal. A duração das reuniões variou de 50 minutos a uma hora, sendo todas realizadas em ambientes com privacidade. Dos 96 estudantes, 47 pertenciam ao oitavo ano (23 do sexo masculino e 24 do feminino) e 49 faziam parte do nono ano do ensino fundamental (28 do sexo masculino e 21 do feminino). Foram realizados dois grupos por escola, compostos por estudantes do mesmo ano e separados por sexo. O debate inicialmente foi tímido na maioria dos grupos e aos poucos tornou-se acalorado com o domínio de fala dos mais desinibidos, de modo que a equipe de pesquisa teve que intervir algumas vezes para evitar as conversas paralelas e também para garantir que todos participassem.

A preocupação com a autoimagem esteve presente nas narrativas da maioria dos estudantes entrevistados. Todavia, mesmo naqueles que negavam essa apreensão, foi possível observar que contraditoriamente apresentavam cuidados explícitos com a vestimenta, o cabelo e adereços, como tinturas, tênis coloridos, brincos grandes e exóticos, entre outros. Por outro lado, essa intranquilidade pode ser percebida também por meio dos comentários que faziam sobre sua própria aparência ou a dos outros participantes do grupo.

Ao término do estudo, os resultados obtidos foram apresentados aos participantes dos grupos focais buscando a validade e a confiança dos dados gerados na pesquisa.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CEP/HUPE: 2957/2011 – CAAE: 0106.0.228.000-11) e pela Coordenadoria de Educação da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (Processo 07/006499/2012). O consentimento informado foi assinado pelas citadas instituições e pelos pais dos adolescentes.

ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

A classificação e interpretação das narrativas dos alunos tiveram como base os pressupostos da pesquisa e produziram três principais categorias: influência do apelo midiático sobre a imagem corporal, importância do corpo saudável e relação entre o padrão de beleza e discriminação.

Influência do apelo midiático sobre a imagem corporal

Os participantes mostraram reconhecer a existência de um padrão de aparência física considerado ideal pela sociedade e o descreveram detalhadamente. Dessa forma, o corpo masculino perfeito foi relatado como sendo musculoso, alto, bronzeado, ombros largos, bíceps definidos e abdômen “tanquinho”. O corpo feminino idealizado foi o esbelto, ao mesmo tempo com curvas, e de estatura mediana. Observamos representações minuciosas sobre as características corporais mais valorizadas para as mulheres, principalmente nas falas das estudantes do sexo feminino, o que não foi observado em relação ao corpo dos homens. Essa constatação de que as adolescentes são geralmente mais detalhistas em suas críticas vai ao encontro de pesquisa desenvolvida por Manderson et al,1515  Manderson L, Bennett E, Andajani-Sutjahjo S. The social dynamics of the interview: age, class, and gender. Qual Health Res. 2006;16(10):1317-34. DOI:10.1177/1049732306294512
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que mostram que em situações de entrevista as mulheres tendem a responder de modo mais pormenorizado e estar mais entusiasmadas para “contar a sua história” do que os homens que tendem a ser mais sucintos e diretos em seus argumentos.

Por outro lado, adolescentes de ambos os sexos foram unânimes às críticas à obesidade e ao sobrepeso, julgados como incompatíveis com o modelo de beleza feminino ou masculino e considerados algo indesejável. A exigência maior de um corpo esbelto para o sexo feminino é em parte resultante da exposição e divulgação amplas, na mídia, de imagens de ideais de beleza de mulheres em relação às figuras masculinas. Esse acúmulo de mensagens pressiona subjetivamente as mulheres a se enquadrarem no padrão de beleza vigente1111  Holmqvist K, Frisén A. “I bet they aren’t that perfect in reality:” appearance ideals viewed from the perspective of adolescent with a positive body image. Body Image. 2012;9(3):388-95. DOI:10.1016/j.bodyim.2012.03.007
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,1313  Jones DC, Vigfusdottir TH, LeeY. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res. 2004;19(3):323-39. DOI:10.1177/0743558403258847
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que detém as características que foram relatadas detalhadamente pelos adolescentes. Além disso, o maior número de revistas com volume substancial de propagandas de dietas e exercícios é destinado mais às mulheres do que aos homens.1 Andersen AE, DiDomenico L. Diet vs. shape content of popular male and female magazines: a dose-response relationship to the incidence of eating disorders? Int J Eat Disord.1992;11(3):283-87. DOI:10.1002/1098-108X(199204)11:3<283::AID-EAT2260110313>3.0.CO;2-O
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Essas experiências podem contribuir para o aumento da preocupação das mulheres em alcançar os ideais de beleza.

Essa diferença segundo sexo foi verificada em pesquisa de Halliwell & Dittmar9 Halliwell E, Dittmar H. A qualitative investigation of women’s and men’s body image concerns and their attitudes toward aging. Sex Roles. 2003;49(11-12):675-84. DOI:10.1023/B:SERS.0000003137.71080.97
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em que mulheres tendem a ver seus corpos constituídos por muitas partes distintas enquanto os homens são propensos a ver suas estruturas físicas como uma entidade única e completa. Outro estudo, de Hargreaves & Tiggemann,1010  Hargreaves DA, Tiggemann M. ‘Body image is for girls’: a qualitative study of boys’ body image. J Health Psychol. 2006;11(4):567-76. DOI:10.1177/1359105306065017
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revelou que os homens podem considerar a aparência física como um tópico sobre o qual não deveriam falar, pois isso pode ser considerado um assunto “gay” ou “feminino”, e torná-los aparentemente mais sensíveis ou vulneráveis. Como consequência, os adolescentes do sexo masculino podem se sentir desconfortáveis e estar menos acostumados a descrever tão minuciosamente o padrão de beleza que eles consideram ideal para um homem.

Apesar do consenso no grupo sobre os ideais de beleza que desejam alcançar, os participantes mostraram ter consciência de que são inatingíveis e artificiais. Os adolescentes relataram ser muito difícil uma mesma mulher ter um rosto irretocável e um corpo perfeito, assim como é antinatural os músculos hipertrofiados de alguns homens. Semelhantemente, os estudantes relataram que tal forma física perfeita para as mulheres só é possível com cirurgias estéticas e para os homens, com o uso de esteroides anabolizantes, atitudes por eles repudiada.

Outra questão relevante foi a crítica à manipulação de imagens divulgadas pela mídia. A ideia predominante é que as imagens de corpos considerados perfeitos são retocadas nos computadores, não correspondendo ao que as pessoas são na vida real. Reconhecem a existência de intenção oculta, pois acreditam que o uso de ícones de beleza em comerciais e propagandas tem por objetivo a venda de produtos. Nos modelos veiculados em comerciais de roupas, a mensagem velada das empresas para seus compradores em potencial poderia ser interpretada como na fala abaixo de uma das participantes dos grupos:

“Compre esta roupa e você parecerá magra desta forma”.

Wood-Barcalow et al2828  Wood-Barcalow NL, Tylka TL, Augustus-Horvath CL. “But I like my body”: positive body image characteristics and a holistic model for young-adult women. Body Image. 2010;7(2):106-16. DOI:10.1016/j.bodyim.2010.01.001
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encontraram resultados muito semelhantes em pesquisa realizada com uma amostra de estudantes universitárias que expressaram críticas em relação aos ideais de mulheres exageradamente magras, aos retoques de fotos e, por último, a como a mídia transforma a mulher em objeto de consumo.

Em síntese, essa categoria mostra que a preocupação dos adolescentes com a autoimagem segue o padrão de socialização de gênero da sociedade, do qual faz parte o papel de a mulher cuidar mais da aparência do que os homens. Por outro lado, apesar de criticarem os padrões de beleza propagados pela mídia e de considerá-los manipulados e utópicos, se esforçam para segui-los, mostrando o poder da influência midiática sobre eles.

Importância do corpo saudável

O corpo saudável despontou nas narrativas dos estudantes como objetivo maior da prática de exercícios físicos. Apesar de o ideal de beleza concebido para o homem ser um corpo atlético e musculoso e para a mulher uma estrutura física magra, esbelta e com curvas, os estudantes relataram que não tinham como meta principal alcançar esse ideal ao praticarem exercícios físicos. A estética corporal valorizada é obtida como consequência de exercícios que proporcionam saúde física. O ideal de musculatura bem desenvolvida era aceito pelos adolescentes, quando significava masculinidade, boa condição física e atletismo, e era repudiado quando se tratava de um corpo demasiadamente musculoso, em consonância com os achados de Pope et al.2020  Pope HG, Phillips KA, Olivardia R. The Adonis complex: the secret crisis of male body obsession. New York: Free Press; 2000.

O tônus e a massa muscular foram considerados resultados importantes da prática de atividade física para os participantes do sexo masculino, que associaram a musculatura bem definida e enrijecida com estar em forma e saudável, além de também com a beleza masculina:

“... estar em forma, com tônus, saudável e atlético...”

A atividade física foi valorizada pelos rapazes principalmente para o alcance de um bom condicionamento físico e não pelo aspecto estético, inclusive nos casos em que o exercício se dirigia especificamente à perda de peso. Ao contrário das mulheres, os homens não referiram fazer dieta para emagrecimento. De acordo com as pesquisas de Brownmiller,4 Brownmiller S. Femininity. New York: Linden Books; 1984. a dieta é geralmente percebida como comportamento feminino, enquanto para os homens, a restrição alimentar como meio de perder peso não é um tema popular.

Outro dado relevante na prática de exercícios físicos foi a sua relação com atividades lúdicas e em grupo com outros adolescentes. Os estudantes se engajam com mais facilidade em esportes, jogos e ginástica na companhia de outros jovens. Mais especificamente, os participantes encontraram como fator principal de incentivo à prática de atividade física a diversão e a promoção da saúde compartilhadas com amigos e pares e, em segundo plano, melhora nas suas aparências. Esses achados são consistentes com outros estudos realizados com grupos focais.1212  Humbert ML, Chad KE, Spink KS, Muhajarine N, Anderson KD, Bruner MW, et al. Factors that influence physical activity participation among high- and low-SES youth. Qual Health Res. 2006;16(4):467-83. DOI:10.1177/1049732305286051
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,2727  Wilson DK, Williams J, Evans A, Mixon G, Rheaume C. A qualitative study of gender preferences and motivational factors for physical activity in underserved adolescents. J Pediatr Psychol. 2005;30(3):293-7. DOI:10.1093/jpepsy/jsi039
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De acordo com Prichard & Tiggemann,2121  Prichard I, Tiggemann M. Relations among exercise type, self-objectification, and body image in the fitness centre environment: the role of reasons for exercise. Psychol Sport Exerc. 2008;9(6):855-66. DOI:10.1016/j.psychsport.2007.10.005
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exercícios motivados somente pela busca de melhor aparência têm sido apontados como associados a uma imagem corporal mais pobre, sobretudo entre as mulheres.

A opinião dos pares sobre a prática de exercícios físicos para conquista de um corpo bonito e saudável exerce maior influência sobre os rapazes do que os modelos exibidos na mídia, ao contrário das estudantes que se espelham mais facilmente em celebridades midiáticas. Dessa forma, baseando-se nos crescentes achados de pesquisas qualitativas e quantitativas,1313  Jones DC, Vigfusdottir TH, LeeY. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res. 2004;19(3):323-39. DOI:10.1177/0743558403258847
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,2222  Ricciardelli LA, McCabe MP. Self-esteem and negative affect as moderators of sociocultural influences on body dissatisfaction, strategies to decrease weight, and strategies to increase muscles among adolescent boys and girls. Sex Roles. 2001;44(3-4):189-207. DOI:10.1023/A:1010955120359
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a mídia de massa parece influenciar menos na imagem corporal dos adolescentes do sexo masculino do que na imagem das do sexo feminino. A preferência dos rapazes, participantes desta pesquisa, por um corpo ideal magro e moderadamente musculoso, ao contrário das mulheres que buscam um corpo também magro, porém com curvas ao invés de músculos, foi consistente com estudos prévios de Grogan & Richards8 Grogan S, Richards H. Body image: focus groups with boys and men. Men Masc. 2002;4(3):219-32. DOI:10.1177/1097184X02004003001
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e Ridgeway & Tylka.2323  Ridgeway RT, Tylka TL. College men’s perceptions of ideal body compositions and shape. Psychol Men Masc. 2005;6(3):209-20. DOI:10.1037/1524-9220.6.3.209
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Existem variadas hipóteses explicativas para esses achados que requerem pesquisas posteriores para comprovação. Talvez não seja aceitável para os homens admitir que estejam recebendo influência de mensagens sobre seus corpos. Os adolescentes do sexo masculino não estariam percebendo as mensagens, poderiam estar relutantes em falar sobre seus corpos,1010  Hargreaves DA, Tiggemann M. ‘Body image is for girls’: a qualitative study of boys’ body image. J Health Psychol. 2006;11(4):567-76. DOI:10.1177/1359105306065017
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ou o volume de mensagens para os rapazes seria menor do que para as moças.1111  Holmqvist K, Frisén A. “I bet they aren’t that perfect in reality:” appearance ideals viewed from the perspective of adolescent with a positive body image. Body Image. 2012;9(3):388-95. DOI:10.1016/j.bodyim.2012.03.007
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,1313  Jones DC, Vigfusdottir TH, LeeY. Body image and the appearance culture among adolescent girls and boys: an examination of friend conversations, peer criticism, appearance magazines, and the internalization of appearance ideals. J Adolescent Res. 2004;19(3):323-39. DOI:10.1177/0743558403258847
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Algumas pesquisas1414  Kakeshita IS, Almeida SS. Relação entre índice de massa corporal e a percepção da auto-imagem em universitários. Rev Saude Publica. 2006;40(3):497-504. DOI:10.1590/S0034-89102006000300019
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,2222  Ricciardelli LA, McCabe MP. Self-esteem and negative affect as moderators of sociocultural influences on body dissatisfaction, strategies to decrease weight, and strategies to increase muscles among adolescent boys and girls. Sex Roles. 2001;44(3-4):189-207. DOI:10.1023/A:1010955120359
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têm indicado efeitos das influências socioculturais na imagem corporal das adolescentes do sexo feminino, sendo a perda de peso um dos objetivos principais nessa faixa etária. Entretanto, para nossos interlocutores, a busca exagerada pela magreza foi vista de maneira negativa e associada à doença, sendo alvo de reprovação geral por não fazer parte da cultura desse grupo. Para os adolescentes, especialmente as moças, a magreza está associada à preocupação excessiva e descontrolada com um padrão de corpo esguio e esbelto, incompatível com o que seria um padrão de beleza para eles, pois a magreza é apontada como algo negativo. Essa procura exaustiva acabaria culminando em descuido com a saúde e com o corpo, uma vez que ultrapassaria o limite do esteticamente bonito e saudável. A atividade física foi relatada como uma ferramenta para se atingir um corpo “normal”, “bonito” e com saúde. Muitas adolescentes relataram que para alcançar principalmente a beleza e a saúde, o corpo da mulher tem que ser “normal” ou “um padrão só”, definido por elas como sendo o corpo “nem gordo nem magro; não é acima do peso nem abaixo”, é a “média deles”.

Relação entre padrão de beleza e discriminação

Os temas que remetem a ações de preconceito foram abordados pelos participantes que reconheceram a existência em seu meio de discriminação contra indivíduos não atraentes ou que possuem um mínimo defeito corporal. Os adolescentes alegaram que essas pessoas seriam rejeitadas e até excluídas do grupo quando se percebe que não se esforçavam para melhorar suas aparências. Isso mostra a pressão que os adolescentes discriminados recebem do grupo para atingirem o padrão de beleza preconizado. A insatisfação com a imagem corporal faz com que o indivíduo não socialmente aceito busque alternativas (academias, cirurgias plásticas, uso de remédios, entre outros) para corrigir o que alguns consideram um defeito. Segundo Costa,6 Costa JS. Educação inclusiva e orientação sexual: dá para combinar? Psicol Cienc Prof. 2000;20(1):50-7. DOI:10.1590/S1414-98932000000100007
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para os adolescentes, a aparência física fora dos padrões passa a ser uma marca que a pessoa possui e que a distingue pejorativamente das outras. Fixa-se apenas num aspecto ou atributo da pessoa, tornando a diferença uma exceção e esses indivíduos passam a ser vistos, a princípio, por essa diferença negativa que poderá levar à segregação social.

A partir dessas concepções, percebe-se que aqueles jovens que não se enquadram ou não tentam se aproximar dos ideais de beleza são discriminados, marginalizados por colegas ou sumariamente excluídos do convívio social e, inclusive, violentados moral e fisicamente. O trecho da fala de uma das estudantes, reproduzido a seguir, ilustra esse comportamento:

“Se o cara é feio, mas se veste bem, usa um tênis legal, se perfuma... eu até tento esquecer a feiúra dele... eu tolero... se não, um abraço!”

O uso de apelidos é frequente e muitas vezes serve para enfatizar características negativas que os jovens gostariam de esconder. Segundo Silva,2424  Silva LM. O estranhamento causado pela deficiência: preconceito e experiência. Rev Bras Educ. 2006;11(33):424-34. DOI:10.1590/S1413-24782006000300004
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a condição das pessoas estigmatizadas é um terreno fértil para o preconceito, sobretudo na impossibilidade de se alcançar um padrão de beleza determinado. Muitos adolescentes com excesso de massa corporal são marginalizados socialmente2525  Strauss RS, Pollack HA. Social marginalization of overweight children. Arch Pediatr Adolesc Med. 2003;157(8):746-52. DOI:10.1001/archpedi.157.8.746
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e sintomas depressivos ligados à distorção da autoimagem são comumente encontrados em meninas em idade escolar.1717  Needham BL, Crosnoe R. Overweight status and depressive symptoms during adolescence. J Adolesc Health. 2005;36(1):48-55. DOI:10.1016/j.jadohealth.2003.12.015
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As narrativas dos jovens indicam que os modelos transmitidos culturalmente têm frequentemente atuado de forma negativa na percepção que os adolescentes possuem de si mesmos, mostrando que, para não se tornarem excluídos, vivem em função dessa imposição de padrões estéticos e se perdem na busca de sua própria identidade. Por acreditarem que melhorando seu aspecto físico ganharão autoestima e aceitação do grupo, os indivíduos discriminados frequentemente se engajam em iniciativas como tratamentos de beleza para a pele ou para o cabelo, redução de peso, tratamento dentário, cirurgia cosmética, ou outros procedimentos relacionados para melhorar seu aspecto defeituoso.1919  Pavan C, Simonato P, Marini M, Mazzoleni F, Pavan L, Vindigni V. Psychopathologic aspects of body dysmorphic disorder: a literature review. Aesthetic Plast Surg. 2008;32(3):473-84. DOI:10.1007/s00266-008-9113-2
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,2525  Strauss RS, Pollack HA. Social marginalization of overweight children. Arch Pediatr Adolesc Med. 2003;157(8):746-52. DOI:10.1001/archpedi.157.8.746
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Enquanto algum grau de insatisfação com a imagem corporal é comum entre muitos adolescentes, aqueles com extrema insatisfação com a aparência podem estar sofrendo de uma desordem psiquiátrica chamada de transtorno dismórfico corporal.5 Cash TF, Pruzinsky T. Future challenges for body image theory, research, and clinical practice. In: Cash TF, Pruzinsky T, editors. Body image: a handbook of theory, research, and clinical practice. New York: Guilford Press; 2002. p.509-16.,1919  Pavan C, Simonato P, Marini M, Mazzoleni F, Pavan L, Vindigni V. Psychopathologic aspects of body dysmorphic disorder: a literature review. Aesthetic Plast Surg. 2008;32(3):473-84. DOI:10.1007/s00266-008-9113-2
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,aa Silva MLA, Taquette SR, Aboudib JHC. Transtorno Dismórfico Corporal: contribuições para o cirurgião plástico. Rev Bras Cir Plast. No prelo 2014. Nesse caso, a cirurgia cosmética para a melhora da imagem corporal está fadada ao fracasso, pois não existe uma deformidade real e o procedimento cirúrgico não pode curar preocupações que sempre mudam com a aparência.1919  Pavan C, Simonato P, Marini M, Mazzoleni F, Pavan L, Vindigni V. Psychopathologic aspects of body dysmorphic disorder: a literature review. Aesthetic Plast Surg. 2008;32(3):473-84. DOI:10.1007/s00266-008-9113-2
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Ao final da pesquisa, foi elaborada uma síntese dos resultados do estudo, apresentada aos participantes. A análise reflexiva das percepções reveladas pelos estudantes mostrou que eles se reconheceram nos textos apresentados, mas foram politicamente corretos ao enfatizar que são contrários à discriminação e que não praticam o bullying contra pessoas com imperfeições corporais, na escola ou em qualquer outro local.

Nosso estudo aponta que os estudantes entrevistados têm a percepção de que a mídia constrói modelos de beleza difíceis de serem alcançados. E, apesar de tentarem segui-los, demonstraram opinião própria e moderação ao condenarem os excessos da busca do ideal de beleza. Reconhecem a existência de discriminação e preconceito contra aqueles que não são considerados atraentes. Esses resultados necessitam ser mais explorados para a construção de programas de prevenção e intervenção com adolescentes a fim de evitar o desenvolvimento de distúrbios com a imagem corporal e os comportamentos de risco associados à saúde.

Ressaltamos que, num estudo qualitativo, não se visa à representatividade numérica, mas sim ao aprofundamento da compreensão dos fatos, e destacamos que nossa pesquisa foi realizada com uma amostra de conveniência de estudantes adolescentes da rede pública de ensino, o que limita o alcance de seus resultados. Outra restrição do estudo foi a condução dos grupos focais por pesquisadoras do sexo feminino, tendo em vista que homens são mais propensos a discutir suas preocupações da imagem corporal com outros homens.3 Bottamini G, Ste-Marie DM. Male voices on body image. Int J Mens Health. 2006;5(2):109-32. DOI:10.3149/jmh.0502.109
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Apesar dessas limitações, o estudo permitiu a identificação dos construtos que compõem o conceito “padrão de beleza” e das suas repercussões nesse grupo social, o que contribui para o entendimento de problemas de saúde advindos desses construtos.

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  • Artigo baseado na tese de doutorado de Silva MLA, intitulada: “Diretrizes para identificação precoce de transtornos dismórficos corporais em adolescentes e adultos jovens candidatos a cirurgia plástica estética”, apresentada na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, em 2014.
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    Silva MLA, Taquette SR, Aboudib JHC. Transtorno Dismórfico Corporal: contribuições para o cirurgião plástico. Rev Bras Cir Plast. No prelo 2014.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    12 Ago 2013
  • Aceito
    26 Fev 2014
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br