Violência contra a mulher em Vitória, Espírito Santo, Brasil

Franciele Marabotti Costa Leite Maria Helena Costa Amorim Fernando C Wehrmeister Denise Petrucci Gigante Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Estimar a prevalência e os fatores associados às violências psicológica, física e sexual nas mulheres vítimas de violência perpetrada pelo parceiro íntimo atendidas nos serviços de atenção primária.

MÉTODOS

Estudo transversal, realizado em 26 unidades de saúde do município de Vitória, no Espírito Santo, de março a setembro de 2014. Foram entrevistadas 991 usuárias de 20 a 59 anos. Para classificar as violências psicológica, física e sexual foi utilizado o instrumento da Organização Mundial de Saúde sobre violência contra a mulher e um questionário foi elaborado para investigar as características sociodemográficas, comportamentais e de história familiar e de vida da mulher. As análises estatísticas utilizadas foram: regressão de Poisson, teste exato de Fisher e Qui-quadrado.

RESULTADOS

As prevalências observadas foram: psicológica 25,3% (IC95% 22,6–28,2); física 9,9% (IC95% 8,1–11,9) e sexual 5,7% (IC95% 4,3–7,3). A violência psicológica manteve-se associada à escolaridade, situação conjugal, histórico materno de violência por parceiro íntimo, violência sexual na infância e ter feito uso de drogas, enquanto a agressão física esteve relacionada à idade, escolaridade, situação conjugal e a história materna de violência por parceiro íntimo. A violência sexual foi mais frequente nas mulheres de menor renda e que sofreram abuso sexual na infância.

CONCLUSÕES

As violências psicológica, física e sexual apresentaram alta magnitude entre as mulheres usuárias dos serviços de atenção primária de saúde. Fatores sociodemográficos, comportamentais e experiências pessoal e materna de violência influenciam a ocorrência do fenômeno.

Mulheres Agredidas; Violência contra a Mulher; Maus-Tratos Conjugais; Violência por Parceiro Íntimo; Violência Doméstica; Relações Familiares; Fatores Socioeconômicos; Estudos Transversais

INTRODUÇÃO

A violência é um fenômeno complexo e multicausal. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define esse agravo como o uso intencional da força física ou do poder, real ou sob ameaça, contra si próprio, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade e que resulte, ou tenha grande possibilidade de resultar, em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento e privação2424. Waiselfisz JJ. Mapa da violência 2015: homicídio de mulheres no Brasil. Brasília (DF): FLACSO; 2015.. Reconhecida mundialmente como um problema de saúde pública, a violência quando cometida contra as mulheres, geralmente ocorre em âmbito privado e tem como principal agressor o parceiro íntimo. Assim, este fato remete à mulher a uma relação íntima acompanhada de agressões físicas, coerção sexual, abuso psicológico e comportamentos controladores1313. Organização Mundial da Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2002..

A violência pode acarretar danos importantes à vítima, até a morte em algumas situações. O Mapa da Violência mostra que o Brasil ocupou a quinta posição entre os países com maior taxa de homicídios por 100 mil mulheres em 2013. O Espírito Santo esteve na segunda posição dentre os estados brasileiros, e o município de Vitória possui o maior risco de morte de mulheres por homicídios em relação às capitais2323. Vieira EM, Perdona GSC, Santos MA. Fatores associados à violência física por parceiro íntimo em usuárias de serviços de saúde. Rev Saude Publica. 2011;45(4):730-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000034.
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A violência contra a mulher constitui-se em uma complexa rede de associação e pode apresentar variações em diferentes locais nos quais acontece66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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. Esse fenômeno envolve a interação de fatores individuais, relacionais, sociais, culturais e ambientais1212. Oliveira AR, D’Oliveira AFPL. Violência de gênero contra trabalhadoras de enfermagem em hospital geral de São Paulo (SP). Rev Saude Publica. 2008;42(5):868-76. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008000500012
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. Aspectos ligados às questões de gênero têm grande influência, uma vez que esse tipo de abuso está ligado à posição desigual das mulheres nos relacionamentos, e ao “direito” masculino ao controle sobre bens e comportamentos femininos, de modo que, quando a mulher desafia esse controle ou o homem não pode mantê-lo, se estabelece a violência99. Godbout N, Dutton DG, Lussier Y, Sabourin S. Early exposure to violence, domestic violence, attachment representations, and marital adjustment. Pers Relatsh. 2009;16(3):365-84. https://doi.org/10.1111/j.1475-6811.2009.01228.x
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Conforme estudo66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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realizado em vários países, intitulado WHO multi-country study on women’s health and domestic violence against women, entre 15% e 71% das mulheres já experimentaram algum tipo de violência física ou sexual, ou ambos, cometida pelo parceiro íntimo; as menores proporções foram encontradas no Japão e as maiores na Etiópia77. D’Oliveira AFPL, Schraiber LB, França-Junior I, Ludermir AB, Portella AP, Diniz CS, et al. Fatores associados à violência por parceiro íntimo em mulheres brasileiras. Rev Saude Publica. 2009;43(2):299-311. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000013
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. O Brasil participou desse estudo com a realização da pesquisa nas regiões de São Paulo, SP, e Zona da Mata, PE, com prevalência de violência 29% e 37% respectivamente66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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Grande parte das vítimas de violência conjugal física não procura nenhum tipo de ajuda e, quando o faz, recorre primeiro às pessoas mais próximas, seguido de instituições como polícia, serviços específicos para vítimas de violência doméstica e profissionais da saúde44. Blay EA. Violência contra a mulher e políticas públicas. Estud Av. 2003;17(49):87-98. https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300006
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. Neste contexto, as unidades de saúde constituem-se como espaço privilegiado para rastreamento dos casos de violência. Neste ambiente, ocorre acesso frequente, constante e legitimado às mulheres ao longo de toda a sua vida. A unidade de saúde enseja uma relação mais próxima com a comunidade, dirigindo-se aos problemas comuns de saúde que, muitas vezes, podem estar associados à violência contra a mulher2121. Silva LL, Coelho EBS, Caponi SNC. Violência silenciosa: violência psicológica como condição da violência física doméstica. Interface (Botucatu). 2007;11(21):93-103. https://doi.org/10.1590/S1414-32832007000100009
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Desse modo, o presente estudo teve o objetivo de estimar a prevalência e os fatores associados às violências psicológica, física e sexual nas mulheres vítimas de violência perpetrada pelo parceiro íntimo atendidas em serviços de atenção primária.

MÉTODOS

Estudo transversal, realizado em 26 Unidades de Saúde (US) do município de Vitória, ES. Participaram do estudo as usuárias de 20 a 59 anos, que possuíam parceiro íntimo nos 12 meses anteriores à data da entrevista. No início da entrevista, a mulher era questionada se tinha parceiro íntimo, do sexo masculino, ou teve nos últimos 12 meses. Definiu-se parceiro íntimo como o companheiro ou ex-companheiro, independente de união formal, e namorados atuais, desde que mantendo relações sexuais. A coleta de dados ocorreu de março a setembro de 2014. As mulheres elegíveis foram abordadas nas unidades de saúde, quando foi explicada a pesquisa. A entrevista ocorria em local privativo da unidade de saúde, com a presença apenas da entrevistada e da entrevistadora. Estas últimas, todas do sexo feminino, participaram de um treinamento para a padronização da entrevista e aplicação dos instrumentos. Além da equipe de entrevistadoras, a pesquisa contou com as supervisoras, que deram suporte ao trabalho de campo, com acompanhamento diário e a realização de controle da qualidade das entrevistas. Foram aplicados questionários utilizados na pesquisa em 10% das mulheres entrevistadas em cada unidade de saúde. Um folder detalhado, contendo os principais serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência, foi elaborado pela equipe da pesquisa e distribuído às participantes do estudo como material educativo e de suporte, independentemente de relatos de violência. Foi feita parceria com o núcleo de atendimento às vítimas de violência do município de Vitória para encaminhamento, quando necessário.

Considerando que o município de Vitória encontrava-se na primeira posição em óbitos femininos por homicídio em 20102323. Vieira EM, Perdona GSC, Santos MA. Fatores associados à violência física por parceiro íntimo em usuárias de serviços de saúde. Rev Saude Publica. 2011;45(4):730-7. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000034.
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, foram estimadas as maiores prevalências de violência contra a mulher identificadas na literatura (56%)1414. Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo contra a mulher: ação e produção de evidência. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2012. para o cálculo do tamanho da amostra. Assim, para o estudo da prevalência de violência contra a mulher, o cálculo do tamanho da amostra considerou aceitável uma margem de erro de cinco pontos percentuais e nível de 95% de confiança. Para estudar a associação com os fatores de risco, considerou-se um nível de 95% de confiança, poder de 80% e razão exposto/não exposto de 1:1. Foram acrescidos 10% para possíveis perdas e 30% para análises ajustadas. Assim, deveriam ser incluídas no estudo 998 mulheres selecionadas em cada uma das 26 unidades de saúde de Vitória, por meio de amostragem proporcional ao número de mulheres, de 20 a 59 anos, cadastradas em cada unidade. Participaram 991 mulheres (99,3% da amostra). Sete mulheres recusaram-se a participar do estudo, totalizando uma amostra de 991 mulheres.

Os três tipos de violência contra a mulher (psicológica, sexual ou física) foram as variáveis dependentes neste estudo. Cada uma foi considerada presente quando a mulher respondeu sim a um dos itens do instrumento. Para identificação dos desfechos, foi utilizada a versão reduzida do questionário original da OMS sobre violência contra a mulher. Esse questionário é validado para uso no Brasil e tem por objetivo discriminar as diferentes formas de violência contra mulheres em seus domínios psicológico, físico e sexual. Esse instrumento possui 13 questões relacionadas à violência com capacidade de discriminar as diferentes formas em contextos sociais diversos, é abrangente e relativamente curto. Esse instrumento possui elevada consistência interna, apresentada pelos coeficientes de Cronbach (média de 0,88)1818. Schraiber LB, D’Oliveira AFPL, Couto MT, Hanada H, Kiss LB, Durand JG, et al. Violência contra mulheres entre usuárias de serviços públicos de saúde da Grande São Paulo. Rev Saude Publica. 2007;41(3):359-67. https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000300006
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Foi elaborado um instrumento contendo as características sociodemográficas para a obtenção das variáveis independentes: idade (em anos completos e categorizada por décadas); cor da pele autorreferida (conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]): branca, preta e parda. Foram excluídas as mulheres que se declararam indígenas ou amarelas por constituírem um grupo pouco representado não sendo possível qualquer inferência dos resultados; escolaridade (em anos completos de estudo: até oito anos; nove anos ou mais); situação conjugal (casada; solteira; divorciada ou separada; e em união consensual, ou seja, vive com o parceiro, mas não é legalmente casada); religião (católica ou evangélica – sim; não) e renda familiar (a soma da renda mensal em reais de cada um dos moradores do domicílio que foi posteriormente distribuída em tercis). No que tange à experiência familiar e de vida, a mulher foi questionada com as seguintes perguntas, respectivamente: “Sua mãe já sofreu alguma violência por parte do parceiro íntimo?” e “A senhora sofreu violência sexual na infância?”, cada variável apresentada de forma dicotômica (sim; não). Em relação às variáveis comportamentais da mulher foram analisadas: dose de bebida alcoólica ingerida (nenhuma; até duas; ou mais de duas doses). Uma dose correspondeu, em média, a uma lata de cerveja ou chope de 350 ml, uma taça de vinho de 90 ml, uma dose de destilado de 30 ml, uma lata ou uma garrafa pequena de qualquer bebida “ice”, tabagismo (distribuído em duas categorias: fumantes – fumavam pelo menos um cigarro por dia – não-fumantes, que incluiu ex-fumantes) e histórico de uso drogas (uso de drogas alguma vez na vida – sim; não).

Os testes Qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, para tabelas de contingência com pequeno número de observações foram utilizados nas análises descritivas para obtenção das frequências e seus intervalos de confiança. De acordo com o modelo hierárquico (Figura), foi realizada a análise ajustada, controlando para os possíveis fatores de confusão. Para a inclusão no modelo múltiplo, não se limitou um valor de p para evitar a exclusão de variáveis potencialmente confundidoras, e foram mantidas no modelo as variáveis que apresentavam significância estatística (p < 0,05). Tais análises foram conduzidas por meio de regressão de Poisson. Utilizou-se razão de prevalência como medida de efeito. As análises foram realizadas com o pacote estatístico Stata 13.0.

Figura
Modelo hierárquico das relações entre os fatores de risco para o desfecho das violências contra a mulher praticada pelo parceiro íntimo.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Parecer 470.744/2013). Foi assinado termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

A violência psicológica foi a mais frequente, com prevalência de 25,3% (IC95% 22,6–28,2), seguida pela violência física (9,9%; IC95% 8,1–11,9). Violência sexual teve a menor prevalência (5,7%; IC95% 4,3–7,3).

A maioria das mulheres tinha menos de 40 anos no momento da entrevista, declarou-se parda e tinha nove ou mais anos de estudo. Quase 35% das mulheres tinham renda familiar até R$1.500,00, inclusive. Cerca de metade das entrevistadas referiu ter religião católica ou evangélica e 30% relataram que a mãe já apanhou de algum parceiro íntimo, enquanto 10% vivenciaram violência sexual na infância. A maioria relatou consumir menos de duas doses de bebida alcoólica e negou ser fumante ou ter histórico de uso de drogas. Por outro lado, cerca de uma de cada 10 mulheres relatou o consumo de cinco ou mais doses de bebida alcoólica, ser fumante e ter histórico de uso de drogas (Tabela 1).

Tabela 1
Prevalência das violências contra a mulher praticada pelo parceiro íntimo nos últimos 12 meses, de acordo com características sociodemográficas, comportamentais, experiência familiar e de vida. Vitória, ES, março a setembro de 2014.

A maior frequência de violência psicológica foi entre mulheres com até oito anos de estudo, pertencentes ao grupo de menor renda, separadas ou divorciadas e evangélicas (Tabela 1). Maiores prevalências de violência psicológica foram observadas naquelas com experiência de violência familiar ou na infância e com histórico de uso de drogas. As maiores prevalências de violência física foram observadas nas mulheres autodeclaradas pretas, com menor escolaridade e renda familiar, separadas ou divorciadas e frequentando a religião evangélica. Foi também mais frequente nas mulheres com história materna de violência por parceiro íntimo, com uso de drogas e consumo de bebida alcoólica. Maiores prevalências de violência sexual ocorreram naquelas com menor escolaridade e renda e que sofreram violência sexual na infância (Tabela 1).

A violência psicológica manteve-se associada à escolaridade, situação conjugal, histórico materno de violência por parceiro íntimo, violência sexual na infância e ter feito uso de drogas na análise ajustada. A violência psicológica foi, em média, 45% mais frequente entre as que possuem menor escolaridade, quando comparadas àquelas com nove anos ou mais de escolaridade e cerca de duas vezes maior nas divorciadas ou separadas, quando comparadas às casadas. A prevalência de violência psicológica foi 70% maior nas mulheres cuja a mãe sofreu algum tipo de violência por parceiro íntimo ou que foram abusadas sexualmente na infância. O histórico de uso de drogas esteve associado à violência psicológica, com uma razão de prevalência de 1,35 (Tabela 2).

Tabela 2
Análise bruta e ajustada dos efeitos das variáveis sociodemográficas, comportamentais e experiência familiar e de vida sobre a violência psicológica perpetrada pelo parceiro íntimo nos últimos 12 meses. Vitória, ES, março a setembro de 2014.

Para a violência física (Tabela 3), idade, escolaridade e situação conjugal mantiveram-se significativamente associadas com violência física no modelo ajustado. As mulheres mais velhas (40 a 59 anos) sofreram menos violência física, quando comparadas àquelas de 20 a 29 anos, enquanto maior prevalência de vitimização de violência física foi observada, em média, nas mulheres com menor escolaridade, que se declararam divorciadas ou separadas ou cuja mãe foi vítima de violência. Mulheres com histórico de uso de drogas apresentaram prevalência 2,4 vezes maior de violência física pelo parceiro íntimo (Tabela 3).

Tabela 3
Análise bruta e ajustada dos efeitos das variáveis sociodemográficas, comportamentais, experiência familiar e de vida sobre a violência física perpetrada pelo parceiro íntimo nos últimos 12 meses. Vitória, ES, março a setembro de 2014.

Somente a renda familiar manteve-se associada com a violência sexual praticada pelo parceiro íntimo, desparecendo o efeito bruto da escolaridade (Tabela 4). As mulheres do menor tercil de renda familiar (até R$1.500,00/mês) foram vítimas de violência sexual por parte do companheiro cerca de três vezes mais do que as mulheres do maior tercil. Embora a idade da mulher não tenha se associado significativamente com esse tipo de violência, o grupo de 50 a 59 anos apresentou, em média, prevalência 2,5 vezes maior do que aquela do grupo de 20 a 29 anos. Violência sexual foi cerca de duas vezes mais prevalente no grupo que sofreu violência sexual na infância.

Tabela 4
Análise bruta e ajustada dos efeitos das variáveis sociodemográficas, comportamentais, experiência familiar e de vida sobre a violência sexual perpetrada pelo parceiro íntimo nos últimos 12 meses. Vitória, ES, março a setembro de 2014.

DISCUSSÃO

Os resultados desse estudo mostram maiores prevalências de violência psicológica entre as mulheres usuárias dos serviços de atenção primária de saúde, seguida da violência física e sexual. Observa-se que a violência psicológica e física estiveram associadas, mesmo após o ajuste, à escolaridade, situação conjugal, histórico materno de violência por parceiro íntimo e ter feito uso de drogas. Já a violência sexual somente manteve-se associada à renda familiar.

A violência contra a mulher acontece ao longo da história em praticamente todos os países com os mais diferentes regimes econômicos e políticos. A magnitude da violência é diferente e é mais comum em países com cultura predominantemente masculina, e menos frequente em culturas que procuram soluções igualitárias para as diferenças de gênero33. Black DS, Sussman S, Unger JB. A further look at the intergenerational transmission of violence: Witnessing interparental violence in emerging adulthood. Journal of Interpersonal Violence. 2010;25(6):1022-42. https://doi.org/10.1177/0886260509340539
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O panorama econômico do Brasil mudou profundamente desde a metade do século XIX até depois da Primeira Guerra Mundial. Isso trouxe o contato com comportamentos e valores de outros países, que passaram a ser confrontados com os costumes patriarcais ainda vigentes, embora enfraquecidos. Entretanto, mesmo após 30 anos de luta por igualdade de direitos entre homens e mulheres, ocorrem inúmeros e cruéis episódios de violência contra a mulher. Sugere-se a cultura de subordinação da mulher ao homem de quem ela é considerada uma propriedade inalienável e eterna33. Black DS, Sussman S, Unger JB. A further look at the intergenerational transmission of violence: Witnessing interparental violence in emerging adulthood. Journal of Interpersonal Violence. 2010;25(6):1022-42. https://doi.org/10.1177/0886260509340539
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A violência psicológica no município de Vitória apresentou maiores prevalências, quando comparada aos outros tipos de violência, em consonância com a literatura1414. Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo contra a mulher: ação e produção de evidência. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2012.,1717. Rabello PM, Caldas Júnior AF. Violência contra a mulher, coesão familiar e drogas. Rev Saude Publica. 2007;41(6):970-8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000600012
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. O abuso psicológico também costuma ser a violência mais negligenciada e raramente reconhecida. Contudo, deve-se registrar a sua importância. O agressor, em suas primeiras manifestações, não lança mão de violência física, mas parte para a restrição da liberdade individual da vítima, avançando para o constrangimento e humilhação2020. Silva IV. Violência contra as mulheres: a experiências de usuárias de um serviço de urgência e emergência de Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saude Publica. 2003;19 Suppl 2:S263-72. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000800008
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A violência física envolve atos de agressão corporal à vítima e é a mais evidente2020. Silva IV. Violência contra as mulheres: a experiências de usuárias de um serviço de urgência e emergência de Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saude Publica. 2003;19 Suppl 2:S263-72. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000800008
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. A prevalência encontrada no presente estudo foi semelhante àquela encontrada em São Paulo, o que também foi observado para a violência sexual1414. Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo contra a mulher: ação e produção de evidência. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2012.. Esta última, marcada pela invisibilidade por seu pouco reconhecimento como violência. Estudo realizado com usuárias do serviço de urgência e emergência em Salvador em 2001 mostrou que mulheres que vivenciaram situações de estupro pelo companheiro não consideraram o ato como motivo suficiente para punição do agressor, em especial, se ocorreu sem a prática da violência física1919. Schraiber LB, Latorre MRDO, França Jr I, Segri NJ, D’Oliveira AFPL. Validade do instrumento WHO VAW STUDY para estimar violência de gênero contra a mulher. Rev Saude Publica. 2010;44(4):658-66. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400009
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A violência contra a mulher é motivada pelas expressões de desigualdades fundamentadas na condição de sexo, a qual inicia no universo familiar, em que as relações de gênero estabelecem-se no modelo de relações hierárquicas. Há situações em que quem domina e quem é dominado pode receber marcas de raça, idade, classe, dentre outras, modificando sua posição em relação àquela do núcleo familiar11. Bandeira LM. Violência de gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. Soc Estado. 2014;29(2):449-69. DOI:10.1590/S0102-69922014000200008
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Ao analisar a ocorrência de violência de acordo com a idade das mulheres, chamam atenção as menores prevalências de violência física entre as mulheres pertencentes ao grupo de 50 a 59 anos, quando comparadas às mulheres mais jovens. Agressões mais antigas seriam menos valorizadas no relato, de modo que as frequências de violência nas mulheres mais velhas estariam subestimadas, ou ainda que a violência se inicia precocemente na maioria das vezes66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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A violência sexual seria mais frequente entre as mulheres de 50 a 59 anos do que entre as mais jovens no presente estudo. Há situações de violência sexual cometida por parceiro íntimo consideradas comuns em nossa sociedade e, consequentemente, aceitáveis e não reconhecidas como violência1919. Schraiber LB, Latorre MRDO, França Jr I, Segri NJ, D’Oliveira AFPL. Validade do instrumento WHO VAW STUDY para estimar violência de gênero contra a mulher. Rev Saude Publica. 2010;44(4):658-66. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400009
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. As mulheres costumam ceder ao desejo do parceiro para não contrariá-lo ou por vezes por entender que se trata de uma obrigação na relação marido e mulher1919. Schraiber LB, Latorre MRDO, França Jr I, Segri NJ, D’Oliveira AFPL. Validade do instrumento WHO VAW STUDY para estimar violência de gênero contra a mulher. Rev Saude Publica. 2010;44(4):658-66. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400009
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A ocorrência da violência em mulheres com menor escolaridade e renda foi observada no presente estudo. Essas variáveis são importantes no estudo da violência cometida pelo parceiro íntimo. O menor suporte social representa maior risco, por uma tendência da mulher submeter-se mais frequentemente ao perpetrador pela falta de oportunidade de lutar e enfrentar a violência1919. Schraiber LB, Latorre MRDO, França Jr I, Segri NJ, D’Oliveira AFPL. Validade do instrumento WHO VAW STUDY para estimar violência de gênero contra a mulher. Rev Saude Publica. 2010;44(4):658-66. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400009
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. Por outro lado, não houve associação de qualquer tipo de violência com a cor da pele ou a religião da mulher, como em outros estudos1919. Schraiber LB, Latorre MRDO, França Jr I, Segri NJ, D’Oliveira AFPL. Validade do instrumento WHO VAW STUDY para estimar violência de gênero contra a mulher. Rev Saude Publica. 2010;44(4):658-66. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400009
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,2222. Vale SLL, Medeiros CMR, Cavalcanti CO, Junqueira CCS, Sousa LC. Repercussões psicoemocionais da violência doméstica: perfil de mulheres na atenção básica. Rev RENE. 2013;14(4):683-93. https://doi.org/10.15253/rev%20rene.v14i4.3523
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Mulheres divorciadas ou separadas tiveram maiores prevalências de vivência de violência psicológica e física pelo companheiro nos últimos 12 meses do que as casadas e solteiras. Esse achado assemelha-se ao de outros estudos66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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,2222. Vale SLL, Medeiros CMR, Cavalcanti CO, Junqueira CCS, Sousa LC. Repercussões psicoemocionais da violência doméstica: perfil de mulheres na atenção básica. Rev RENE. 2013;14(4):683-93. https://doi.org/10.15253/rev%20rene.v14i4.3523
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, e sugere que essas mulheres vivenciaram anteriormente relações violentas e conseguiram se libertar dessa situação, rompendo com o ciclo da violência66. Crane CA, Hawes SW, Weinberger AH. Intimate partner violence victimization and cigarette smoking: a meta-analytic review. Trauma Violence Abuse. 2013;14(4):305-15. https://doi.org/10.1177/1524838013495962
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Embora a literatura aponte que as vítimas de violência estão mais propensas ao uso de cigarro55. Bruschi A, Paula CS, Bordin IAS. Prevalência e procura de ajuda na violência conjugal física ao longo da vida. Rev Saude Publica. 2006;40(2):256-64. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000200011
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e ao maior consumo de álcool e drogas1616. Paradis AD, Reinherz HZ, Giaconia RM, Beardslee WR, Ward K, Fitzmaurice GM. Long-term impact of family arguments and physical violence on adult functioning at age 30 years: findings from the Simmons Longitudinal Study. J Am Acad Child Adolesc Psychiatry. 2009;48(3):290-8. https://doi.org/10.1097/CHI.0b013e3181948fdd
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, somente o histórico de uso de drogas esteve associado à violência psicológica e física no presente estudo, como apresentado em outro estudo2222. Vale SLL, Medeiros CMR, Cavalcanti CO, Junqueira CCS, Sousa LC. Repercussões psicoemocionais da violência doméstica: perfil de mulheres na atenção básica. Rev RENE. 2013;14(4):683-93. https://doi.org/10.15253/rev%20rene.v14i4.3523
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A associação entre o relato de que a mãe sofreu algum tipo de violência com as violências psicológica e física levam à reflexão acerca da transmissão transgeracional da violência, na qual o fenômeno é perpetuado de geração em geração como uma situação naturalizada no seio da família22. Black DS, Sussman S, Unger JB. A further look at the intergenerational transmission of violence: witnessing interparental violence in emerging adulthood. J Interpers Violence. 2010;25(6):1022-42. https://doi.org/10.1177/0886260509340539
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. O envolvimento em contextos de violência familiar, como vítima ou como testemunha, possibilita o estabelecimento de uma relação conjugal violenta na vida adulta88. Garcia-Moreno C, Jansen HAFM, Ellsberg M, Heise L, Watts CH. Prevalence of intimate partner violence: findings from the WHO multi-country study on women’s health and domestic violence. Lancet. 2006;368(9543):1260-9. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(06)69523-8
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. E ainda, ter sido vítima de violência sexual na infância relacionou-se à violência sexual praticada pelo companheiro sugerindo que crianças inseridas em contextos de violência podem ter mais chance de levarem, para seus relacionamentos futuros a tendência de repetição dos padrões vivenciados1515. Osis MJD, Duarte GA, Faúndes A. Violência entre usuárias de unidades de saúde: prevalência, perspectiva e conduta de gestores e profissionais. Rev Saude Publica. 2012;46(2):351-8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102012005000019
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Situações de violência vivenciada acarretam graves danos à saúde das vítimas, no que se refere ao bem-estar físico, sexual, reprodutivo, emocional, mental e social do indivíduo e da família. Desfechos imediatos e a longo prazo na saúde, associados a esses tipos de violência incluem: traumatismos físicos, gravidez indesejada, aborto, complicações ginecológicas, infecções sexualmente transmissíveis, transtorno de estresse pós-traumático, entre outros1313. Organização Mundial da Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2002.. Neste contexto, considerando a magnitude das violências entre as usuárias, a pesquisa foi importante. Constitui um dispositivo para fomentar novas práticas nas unidades de saúde como a discussão do tema da violência e a criação de espaço de escuta, acolhimento e assistência à mulher, para melhor compreender e enfrentar este fenômeno1010. Jewkes R. Intimate partner violence: causes and prevention. Lancet. 2002;359(9315):1423-9. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)08357-5
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Não apenas as mulheres, mas também os profissionais de saúde possuem dificuldade em falar e tratar da violência. As mulheres tendem a silenciar sobre a violência vivenciada e geralmente não fazem queixas espontâneas durante as consultas na rede básica de saúde1414. Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo contra a mulher: ação e produção de evidência. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2012., a não ser que se dê a elas condições de acolhimento e escuta1010. Jewkes R. Intimate partner violence: causes and prevention. Lancet. 2002;359(9315):1423-9. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)08357-5
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. Os profissionais de saúde, por outro lado, não se sentem capacitados para lidar com essas situações1414. Organização Mundial da Saúde. Prevenção da violência sexual e da violência pelo parceiro íntimo contra a mulher: ação e produção de evidência. Brasília (DF): OMS/OPAS; 2012.. É necessária a instrumentalização da equipe por meio da elaboração e implementação de protocolos que visem um atendimento integral, interdisciplinar e de qualidade à mulher vitimada1111. Kronbauer JFD, Meneghel SN. Perfil da violência de gênero perpetrada por companheiro. Rev Saude Publica. 2005;39(5):695-701. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000500001
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Possíveis limitações devem ser consideradas. É provável a subestimativa das prevalências devido ao viés de informação. Entretanto, a realização de entrevista face a face por mulheres, em ambiente privado, na unidade de saúde pode ter minimizado este viés. Como os resultados referem-se às usuárias das unidades de saúde, é possível que mulheres que sofreram violência tenham sido inibidas a frequentar o serviço de saúde. Entretanto, os resultados mostram prevalências elevadas para os três tipos de violência. Caso tenham sido subestimadas, é possível que maiores forças de associação poderiam ser encontradas com algumas exposições e os desfechos. Ainda, a causalidade reversa, pode estar presente nas associações com as variáveis comportamentais e socioeconômicas. Porém, as fortes associações encontradas com variáveis comportamentais apontam para a necessidade de propor medidas que influenciem as exposições e os desfechos.

Além disso, é importante identificar mulheres que já tenham sofrido algum tipo de violência para que se possa propor medidas específicas para a prevenção e o enfrentamento da violência praticada pelo parceiro íntimo. Apesar do delineamento transversal, foi possível detectar no estudo o efeito das experiências prévias e familiares de violência, considerando que precederam a ocorrência da violência praticada pelo parceiro.

Os dados apresentados mostram a elevada prevalência de usuárias vitimadas, e que fatores sociodemográficos, comportamentais ou de experiência de vida e pessoal podem tornar a mulher mais vulnerável à violência cometida pelo parceiro íntimo. Espera-se que os resultados aqui apresentados contribuam para a ampliação dos debates e na formulação de estratégias de promoção, prevenção, detecção e monitoramento das violências.

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  • Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES – Processo 60530812/12).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Abr 2017

Histórico

  • Recebido
    9 Nov 2015
  • Aceito
    7 Mar 2016
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br