Trabalho dos agentes comunitários de saúde na Estratégia Saúde da Família: metassíntese

Carolina Maria do Carmo Alonso Pascal Daniel Béguin Francisco José de Castro Moura Duarte Sobre os autores

RESUMO

OBJETIVO

Sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa que abordam a percepção do ACS sobre seu trabalho.

MÉTODOS

Revisão sistemática, tipo metassíntese, sobre o trabalho dos agentes comunitários de saúde, realizada a partir da Biblioteca Virtual em Saúde utilizando os descritores “Agente Comunitário de Saúde” e “Trabalho”. A estratégia foi construída cruzando descritores, usando o operador booleano “AND”, e filtrando artigos brasileiros, publicados de 2004 a 2014, resultando em 129 artigos identificados. Foram excluídos artigos de pesquisas quantitativas ou quanti-qualitativas, ensaios, debates, revisões da literatura, relatos de experiências e pesquisas que não incluíram os ACS como sujeitos. Aplicando esses critérios, foram selecionados e analisados 33 estudos que possibilitaram: identificação de temas comuns e diferenças entre eles; agrupamento de principais conclusões; classificação de temas e interpretação de conteúdo.

RESULTADOS

A análise resultou em três unidades temáticas: Características do trabalho dos agentes comunitários de saúde; Problemas relacionados ao trabalho dos agentes comunitários de saúde; Aspectos positivos do trabalho dos agentes comunitários de saúde. Sobre as características, evidenciou-se que o trabalho dos agentes comunitários de saúde é permeado pelas dimensões política e social do trabalho em saúde com uso predominante de tecnologias leves, tendo como principal insumo o conhecimento que esse profissional obtém junto às famílias, sendo a visita domiciliar o palco para o desenvolvimento desse contato. Sobre os problemas no trabalho dos agentes comunitários de saúde, foram identificados: falta de limites em suas atribuições; condições precárias; obstáculos na relação com a comunidade e equipes; fragilidade na formação profissional e burocratização. Os aspectos positivos identificados foram: reconhecimento do trabalho pelas famílias e resolutividade, formação de vínculo, trabalho junto aos pares e perto da residência.

CONCLUSÕES

Essa revisão teceu um panorama sobre as dificuldades e aspectos positivos que se apresentam no cotidiano de trabalho dos agentes comunitários de saúde. Frente a isso, levantou dois desafios. O primeiro se refere à necessidade de apropriação dos resultados das pesquisas pelos formuladores de políticas públicas e, o segundo, à necessidade de investimento em estudos que se voltem para engendrar soluções para as dificuldades enfrentadas pelos agentes comunitários de saúde no seu trabalho.

Agentes Comunitários de Saúde; Estratégia Saúde da Família; Condições de Trabalho; Avaliação de Recursos Humanos em Saúde; Revisão

INTRODUÇÃO

De acordo com Tomaz3838. Tomaz JBC. O agente comunitário de saúde não deve ser um “super-herói”. Interface (Botucatu). 2002;6(10):84-7. https://10.1590/S1414-32832002000100008
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, as atribuições do agente comunitário de saúde (ACS) podem ser sintetizadas nas atividades de identificação de situações de risco; orientação das famílias e comunidade; e encaminhamento dos casos e situações de risco identificados aos outros membros das equipes de saúde.

Com isso, o trabalho do ACS auxilia o planejamento e implementação das ações de saúde tanto localmente, ao encaminhar informações do território de abrangência para as ESF, quanto nacionalmente, alimentando dados dos sistemas de informação do Ministério da Saúde2929. Rodrigues AAAO, Santos AM, Assis MMA. Agente comunitário de saúde: sujeito da prática em saúde bucal em Alagoinhas, Bahia. Cienc Saude Coletiva. 2010;15(3):907-15. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000300034
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.

Isso demonstra que os ACS têm papel importante na expansão e consolidação da atenção primária à saúde (APS), sendo alvo de estudos, dentre os quais se destacam, neste artigo, aqueles voltados à investigação de como percebem seu trabalho.

A relevância em estudar a perspectiva dos trabalhadores relaciona-se ao fato de que serviços são concebidos em uma esfera em que os atores são pensados de maneira abstrata, com características genéricas, elaboradas a partir de concepções teóricas. Até que o serviço entre em funcionamento, trabalhadores e usuários terão poucas oportunidades de se posicionarem sobre as regras e experimentarem o processo para verificar dificuldades ou problemas em sua operação88. Derani C. Privatizações e serviços públicos: as ações do Estado na produção econômica. São Paulo: Max Limonad; 2002.,1616. Gomes RS. O trabalho no Programa Saúde da Família do ponto de vista da atividade: a potência, os dilemas e os riscos de ser responsável pela transformação do modelo assistencial [tese]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; 2009.,3434. Silva MT, Salomão S, Alonso CMC, Matsubara S, Silva TM, Freitas ET, et. al. Transformação do modelo de atenção em saúde mental e seus efeitos no processo de trabalho. In: Lancman S, organizadora. Políticas públicas e processos de trabalho em saúde mental. Brasília (DF): Paralelo15; 2008. p. 87-128..

No caso de serviços públicos de saúde, como os da Estratégia Saúde da Família (ESF), essa situação é agravada pelo distanciamento entre a linha de frente e o órgão regulamentador das ações. Essa distância acaba dificultando a identificação de problemas que ocorrem na operação do serviço por quem poderia resolvê-los, ao mesmo tempo em que trabalhadores desconhecem o que gestores esperam das ações na linha de frente. Tal quadro resulta em uma incompreensão mútua que, por sua vez, diminui as chances de correções de eventuais falhas do projeto do serviço88. Derani C. Privatizações e serviços públicos: as ações do Estado na produção econômica. São Paulo: Max Limonad; 2002.,3434. Silva MT, Salomão S, Alonso CMC, Matsubara S, Silva TM, Freitas ET, et. al. Transformação do modelo de atenção em saúde mental e seus efeitos no processo de trabalho. In: Lancman S, organizadora. Políticas públicas e processos de trabalho em saúde mental. Brasília (DF): Paralelo15; 2008. p. 87-128..

Assim, pesquisas que exploraram a percepção dos trabalhadores de linha de frente, como os ACS, expõem os problemas de inadequação do trabalho causados por projetos de sistemas de produção, processos, organização do trabalho e tarefas feitos a partir de estereótipos simplificadores2727. Pizo CA, Menegon NL. Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico do conhecimento gerado. Produçao. 2010;20(4):657-68. https://doi.org/10.1590/S0103-65132010005000058
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.

Nessa perspectiva, este artigo tem como objetivo sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa, realizados no período de 2004 a 2014, que abordam a percepção do ACS sobre seu trabalho, oferecendo evidências que sirvam de subsídios para o aprimoramento do processo de trabalho desse ator.

MÉTODOS

Este artigo apresenta uma revisão do tipo metassíntese sobre o trabalho dos ACS brasileiros vinculados à ESF, publicados entre 2004 e 2014, e selecionados a partir da Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme) que reúne bases de dados em Ciências da Saúde, como: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (Medline). A escolha desse modelo se deu porque a metassíntese é uma abordagem metodológica utilizada para o estudo rigoroso de conclusões qualitativas, cujas interpretações e redefinições resultam em (re)conceptualizações das conclusões originais1111. Finfgeld DL. Meta-synthesis: the state of the art - so far. Qual Health Res. 2003;13(7):893-904. https://doi.org/10.1177/1049732303253462
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, indo ao encontro do objetivo deste artigo.

A questão norteadora desta revisão foi: quais são as evidências levantadas por estudos qualitativos sobre o trabalho dos ACS brasileiros que atuam na ESF no período de 2004 a 2014? Para tanto, foi feita busca na Bireme em março de 2015 usando os descritores “Agente Comunitário de Saúde” e “Trabalho”, cruzados a partir do operador booleano AND e filtrando artigos de afiliação brasileira publicados entre 2004 e 2014. Assim, foram recuperados 129 artigos, 124 indexados na base Lilacs e cinco na Medline.

Esse resultado foi exportado para o gerenciador de referências Mendeley, que detectou seis documentos duplicados. A seguir, iniciou-se o processo de rastreamento – realizado pela autora principal com a supervisão dos coautores, visando a minimizar vieses decorrentes de realização desse processo por apenas um avaliador – que apresentassem resultados originais de cunho qualitativo e tratassem do trabalho de ACS atuantes na ESF.

Os critérios de exclusão consideraram: tipo de abordagem metodológica utilizada nas pesquisas, sujeitos do estudo e natureza do artigo. Nessa direção, foram excluídos artigos de pesquisas quantitativas ou quanti-qualitativas, ensaios, debates, revisões da literatura, relatos de experiências, bem como os que não incluíram os ACS como sujeitos da pesquisa.

Obedecendo a esses critérios, o processo de seleção dos artigos se deu em três etapas: análise dos títulos, análise dos resumos e análise dos textos completos. Assim, foram excluídos 46 artigos pela análise do título, 34 pela análise do resumo, restando 44 para análise integral. Nessa última fase, ainda foram excluídos 11 artigos. A Figura demonstra o fluxo de seleção de artigos, cujo resultado se constituiu no corpus desta metassíntese.

Figura
Fluxo do processo de seleção dos artigos nas diferentes fases da metassíntese da percepção do ACS sobre seu trabalho.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

O Quadro apresenta o resumo com os 33 artigos selecionados e seus principais resultados. Verificou-se a seguinte distribuição desses estudos entre as regiões brasileiras: 20 no Sudeste, sete no Nordeste, três no Sul, dois no Centro-Oeste e um que abrangeu Norte, Centro-Oeste e Sudeste conjuntamente. Quanto a esse aspecto, destaca-se uma discrepância entre o número de estudos realizados no Sudeste em comparação com as demais regiões, o que coaduna com artigo que mostrou que as pesquisas em saúde no Brasil concentram-se na região Sudeste1414. Guimarães R. Pesquisa em saúde no Brasil: contexto e desafios. Rev Saude Publica. 2006;40 No Espec:3-10. https://doi.org/10.1590/S0034-89102006000400002
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.

Quadro
Resumo das informações dos estudos selecionados para metassíntese da percepção do ACS sobre seu trabalho.

O resultado da análise do conteúdo dos resultados dos artigos elencou três categorias temáticas, apresentadas a seguir, que se constituíram como eixo para apreensão da problemática explorada nesta metassíntese.

Características do Trabalho do ACS

O trabalho dos ACS é mais permeado pelas dimensões política e social do trabalho em saúde66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
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, com uso predominante de tecnologias leves, como: comunicação66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
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, acolhimento e vínculo11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,55. Carli R, Costa MC, Silva EB, Resta DG, Colomé ICS. Acolhimento e vínculo nas concepções e práticas dos agentes comunitários de saúde. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):626-32. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001200013
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,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
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,99. Ferreira VSC, Andrade CS, Franco TB, Merhy EE. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad Saude Publica. 2009;25(4):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400021
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,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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, diálogo44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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e escuta11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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,2626. Pinheiro RL, Guanaes-Lorenzi C. Funções do agente comunitário de saúde no trabalho com redes sociais. Estud Psicol (Natal). 2014;19(1):48-57. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2014000100007
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.

Alguns estudos44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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,99. Ferreira VSC, Andrade CS, Franco TB, Merhy EE. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad Saude Publica. 2009;25(4):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400021
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apontam que o principal insumo do trabalho dos ACS é o conhecimento obtido no contato com as famílias e, no que concerne a esse contato, pesquisas afirmam que a visita domiciliar é palco privilegiado para o seu desenvolvimento11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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,55. Carli R, Costa MC, Silva EB, Resta DG, Colomé ICS. Acolhimento e vínculo nas concepções e práticas dos agentes comunitários de saúde. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):626-32. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001200013
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,1010. Filgueiras AS, Silva ALA. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde do Brasil. Physis. 2011;21(3):899-916. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000300008
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.

Vilela et al.4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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afirmam que as visitas domiciliares são atividades primordiais para construção das relações entre ACS e usuários, representando, também, o meio principal que dispõem para promoção da saúde da comunidade atendida. Do ponto de vista gerencial, as visitas domiciliares são operações valorizadas que contam como produção da unidade.

Um estudo1212. Fonseca AF, Machado FRS, Bornstein VJ, Pinheiro R. Avaliação em saúde e repercussões no trabalho do agente comunitário de saúde. Texto Contexto Enferm. 2012;21(3):519-27. https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000300005
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tratou especificamente da avaliação do trabalho do ACS, evidenciando que essa avaliação é pautada por um viés quantitativo baseado no alcance de metas que abarcam, predominantemente, tarefas ligadas ao campo biomédico.

Problemas Relacionados ao Trabalho dos ACS

As principais dificuldades relacionadas ao trabalho dos ACS evidenciadas nos estudos desta revisão estão descritas a seguir.

Falta de limites no trabalho do ACS

Treze artigos trataram da falta de limites das ações dos ACS sintetizada em duas questões: idealização do trabalho e falta de dimensionamento das atribuições desse profissional.

No que tange à idealização do trabalho, estudos evidenciaram que os ACS percebem, como missão, resolver todas as questões das famílias e comunidade que atendem, denotando uma idealização das suas práticas e desconsiderando a importância de outros recursos para realização das ações que lhes cabem11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,2121. Martines WRV, Chaves EC. Vulnerabilidade e sofrimento no trabalho do agente comunitário de saúde no Programa de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2007;41(3):426-33. https://doi.org/10.1590/S0080-62342007000300012
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. Estudos mostram que os ACS entendem seu trabalho como uma vocação baseada em valores de amizade, solidariedade, voluntariedade e caridade, que se fundem na percepção sobre suas atribuições como elementos que contribuem para a dificuldade de delimitação do papel desse profissional11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,22. Barbosa RHS, Menezes CAF, David HMSL, Bornstein VJ. Gênero e trabalho em saúde: um olhar crítico sobre o trabalho de agentes comunitárias/os de saúde. Interface (Botucatu). 2012;16(42):751-65. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300013
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,2121. Martines WRV, Chaves EC. Vulnerabilidade e sofrimento no trabalho do agente comunitário de saúde no Programa de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2007;41(3):426-33. https://doi.org/10.1590/S0080-62342007000300012
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,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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.

A temática da falta de dimensionamento do trabalho dos ACS pôde ser apreendida tanto em estudos que destacam a pouca clareza das suas atribuições2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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,2121. Martines WRV, Chaves EC. Vulnerabilidade e sofrimento no trabalho do agente comunitário de saúde no Programa de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2007;41(3):426-33. https://doi.org/10.1590/S0080-62342007000300012
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, como em pesquisas que ressaltam o excesso de funções previstas66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16...
,1515. Gomes AL, Lima Neto PJ, Silva VLA, Silva EF. O elo entre o processo e a organização do trabalho e a saúde mental do agente comunitário de saúde na Estratégia Saúde da Família no município de João Pessoa – Paraíba- Brasil. Rev Bras Cienc Saude. 2011;15(3):265-76. https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03.02
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,2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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,2222. Nascimento GM, David HMSL. Avaliação de riscos no trabalho dos agentes comunitários de saúde: um processo participativo. Rev Enferm UERJ. 2008 [citado 19 out 2017];16(4):550-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v16n4/v16n4a16.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v16n4/v16n4a16...
,2323. Oliveira AR, Chaves AEP, Nogueira JA, Sá LD, Collet N. Satisfação e limitação no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde. Rev Eletr Enferm. 2010;12(1):28-36. https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511
https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511...
,3030. Rosa AJ, Bonfanti AL, Carvalho CS. O sofrimento psíquico de agentes comunitários de saúde e suas relações com o trabalho. Saude Soc. 2012;21(1):141-52. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000100014
https://doi.org/http://dx.doi.org/10.159...
. Quanto ao excesso de funções, os ACS realizam tarefas que não lhes concernem, como: trabalho na recepção2828. Queirós AAL, Lima LP. A institucionalização do trabalho do agente comunitário de saúde. Trab Educ Saude. 2012;10(2):257-81. https://doi.org/10.1590/S1981-77462012000200005
https://doi.org/10.1590/S1981-7746201200...
,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v...
,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
https://doi.org/10.1590/S0303-7657201000...
; agendamento de consultas11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,1515. Gomes AL, Lima Neto PJ, Silva VLA, Silva EF. O elo entre o processo e a organização do trabalho e a saúde mental do agente comunitário de saúde na Estratégia Saúde da Família no município de João Pessoa – Paraíba- Brasil. Rev Bras Cienc Saude. 2011;15(3):265-76. https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03.02
https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03....
,2828. Queirós AAL, Lima LP. A institucionalização do trabalho do agente comunitário de saúde. Trab Educ Saude. 2012;10(2):257-81. https://doi.org/10.1590/S1981-77462012000200005
https://doi.org/10.1590/S1981-7746201200...
,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v...
; organização de pastas e prontuários3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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; controle de materiais e almoxarifado e serviço de limpeza3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v...
; entrega de encaminhamentos para especialistas1515. Gomes AL, Lima Neto PJ, Silva VLA, Silva EF. O elo entre o processo e a organização do trabalho e a saúde mental do agente comunitário de saúde na Estratégia Saúde da Família no município de João Pessoa – Paraíba- Brasil. Rev Bras Cienc Saude. 2011;15(3):265-76. https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03.02
https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03....
,3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
; envio de recados do serviço de saúde para usuários3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
; e alimentação de crianças na ausência dos pais4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535...
.

Além das tarefas que não são da competência dos ACS, outras são paulatinamente incorporadas no rol de atribuições, de forma oficial, como a pesagem das famílias para recadastramento do bolsa família e ações de prevenção e combate à dengue1515. Gomes AL, Lima Neto PJ, Silva VLA, Silva EF. O elo entre o processo e a organização do trabalho e a saúde mental do agente comunitário de saúde na Estratégia Saúde da Família no município de João Pessoa – Paraíba- Brasil. Rev Bras Cienc Saude. 2011;15(3):265-76. https://doi.org/10.4034/RBCS.2011.15.03.02
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.

Esse quadro reforça que o ACS é visto como um trabalhador polivalente que, por conta da indefinição das margens das suas atribuições profissionais e da idealização do seu papel, tem o escopo de atuação constantemente alargado.

Condições precárias de trabalho

Outro problema relativo às atividades dos ACS são as condições precárias de trabalho, identificadas em 13 artigos: explicitação da fragilidade do vínculo empregatício11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,33. Binda JB, Bianco MF, Sousa EM. O trabalho dos agentes comunitários de saúde em evidência: uma análise com foco na atividade. Saude Soc. 2013;22(2):389-402. https://doi.org/10.1590/S0104-12902013000200011
https://doi.org/10.1590/S0104-1290201300...
,3333. Schmidt MLS, Neves TFS. O trabalho do agente comunitário de saúde e a política de atenção básica em São Paulo, Brasil. Cad Psicol Soc Trab. 2010;13(2):225-40. https://doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v13i2p225-240
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; exposição a jornadas que extrapolam o horário de funcionamento da unidade de saúde e invade a vida privada11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16...
,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
https://doi.org/10.1590/S1983-1447201200...
,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
https://doi.org/10.1590/S1414-3283200900...
,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
https://doi.org/10.1590/S0303-7657201000...
,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
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; atendimento de um número de famílias maior do que o preconizado3535. Silva TL, Dias EC, Ribeiro ECO. Saberes e práticas do agente comunitário de saúde na atenção à saúde do trabalhador. Interface (Botucatu). 2011;15(38):859-70. https://doi.org/10.1590/S1414-32832011005000035
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201100...
; exposição a condições de trabalho insalubres3030. Rosa AJ, Bonfanti AL, Carvalho CS. O sofrimento psíquico de agentes comunitários de saúde e suas relações com o trabalho. Saude Soc. 2012;21(1):141-52. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000100014
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,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19...
; baixa remuneração e ausência de proteção social11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
https://doi.org/10.1590/S1983-1447201200...
,3030. Rosa AJ, Bonfanti AL, Carvalho CS. O sofrimento psíquico de agentes comunitários de saúde e suas relações com o trabalho. Saude Soc. 2012;21(1):141-52. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000100014
https://doi.org/http://dx.doi.org/10.159...
; pouco reconhecimento do trabalho pelos gestores, pares e usuários22. Barbosa RHS, Menezes CAF, David HMSL, Bornstein VJ. Gênero e trabalho em saúde: um olhar crítico sobre o trabalho de agentes comunitárias/os de saúde. Interface (Botucatu). 2012;16(42):751-65. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300013
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201200...
,1212. Fonseca AF, Machado FRS, Bornstein VJ, Pinheiro R. Avaliação em saúde e repercussões no trabalho do agente comunitário de saúde. Texto Contexto Enferm. 2012;21(3):519-27. https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000300005
https://doi.org/10.1590/S0104-0707201200...
,2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
,2424. Oliveira DT, Ferreira PJO, Mendonça LBA, Oliveira HS. Percepções do agente comunitário de saúde sobre sua atuação na Estratégia Saúde da Família. Cogitare Enferm. 2012;17(1):132-7. https://doi.org/10.5380/ce.v17i1.26386
https://doi.org/10.5380/ce.v17i1.26386...
,2626. Pinheiro RL, Guanaes-Lorenzi C. Funções do agente comunitário de saúde no trabalho com redes sociais. Estud Psicol (Natal). 2014;19(1):48-57. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2014000100007
https://doi.org/10.1590/S1413-294X201400...
,3232. Santos LFB, David HMSL. Percepções do estresse no trabalho pelos agentes comunitários de saúde. Rev Enferm UERJ. 2011 [citado 19 out 2017];19(1):52-7. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a09.pdf
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; e precariedade do sistema1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
https://doi.org/10.1590/S1414-3283200900...
,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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.

Como consequência dessas precarizações, dois estudos demonstraram que os ACS encaram a profissão como uma atividade temporária, visto que não há perspectiva de transformação das situações de trabalho nem plano de carreira previsto2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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,3030. Rosa AJ, Bonfanti AL, Carvalho CS. O sofrimento psíquico de agentes comunitários de saúde e suas relações com o trabalho. Saude Soc. 2012;21(1):141-52. https://doi.org/http://dx.doi.org/10.1590/S0104-12902012000100014
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A precariedade no trabalho dos ACS passa, também, pela fragilidade do sistema de saúde, que não consegue atender de forma adequada a demanda dos usuários, observando-se a falta de vagas para consultas e exames, insumos e medicamentos. Essa situação tem repercussões na relação entre os ACS e a comunidade que atendem, já que muitos usuários atribuem a eles a função de administração da falta de recursos da unidade de saúde e de todo sistema, tendo em vista sua responsabilidade pela linha de frente no atendimento à população1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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Relação com a comunidade

Quanto à relação dos ACS com a comunidade, os problemas mais reportados foram: obrigatoriedade de morar na comunidade onde trabalha; convivência com os problemas da comunidade; exposição à violência; e relacionamento com usuários.

A obrigatoriedade de os ACS morarem na comunidade que atendem caracteriza um problema, uma vez que esses trabalhadores têm a vida privada exposta, pois são procurados fora do horário de trabalho, finais de semana e em espaços de convivência do bairro, como igreja e feira, sobrecarregando o trabalhador66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,1010. Filgueiras AS, Silva ALA. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde do Brasil. Physis. 2011;21(3):899-916. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000300008
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,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
https://doi.org/10.1590/S1414-3283200900...
,2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
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. Desse modo, esses atores passam a ter envolvimento ininterrupto com os usuários do serviço de saúde. Jardim e Lancman1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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ressaltam que, assim como os ACS entram no mundo privado dos usuários, o mundo privado desses profissionais também é invadido pela comunidade e seus problemas, pois encontram-se literalmente impossibilitados de manter distância da população pela qual é responsável.

A segunda temática dessa categoria trata de estudos que apontam para o fato dos ACS trabalharem, geralmente, com populações carentes que moram em regiões de periferia. Nessas regiões, os problemas sociais são mais agudos, aumentando a carga emocional relacionada ao trabalho, tanto pela dificuldade no manejo dessas questões, como pelo fato de que, muitas vezes, os ACS compartilham dos mesmos problemas, pois também são moradores dessas comunidades44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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,66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
https://doi.org/10.1590/S1414-3283200900...
,2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
,2323. Oliveira AR, Chaves AEP, Nogueira JA, Sá LD, Collet N. Satisfação e limitação no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde. Rev Eletr Enferm. 2010;12(1):28-36. https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511
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,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
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A terceira temática relacionada à relação do ACS com a comunidade refere-se à exposição desses trabalhadores à violência. Estudos realizados em grandes centros urbanos evidenciaram que esses profissionais trabalham em regiões onde a violência, especialmente a relacionada ao crime organizado e ao tráfico de drogas, é pronunciada3232. Santos LFB, David HMSL. Percepções do estresse no trabalho pelos agentes comunitários de saúde. Rev Enferm UERJ. 2011 [citado 19 out 2017];19(1):52-7. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a09.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a09...
,3737. Souza LJR, Freitas MCS. O agente comunitário de saúde: violência e sofrimento no trabalho a céu aberto. Rev Baiana Saude Publica. 2011 [citado 19 out 2017];35(1):96-109. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2011/v35n1/a2100.pdf
http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2...
,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535...
.

Logo, como trabalham e habitam no mesmo território, os ACS ficam mais vulneráveis em situações de conflitos se comparados aos demais trabalhadores da ESF que não circulam tanto. Nesse sentido, estudos66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,3737. Souza LJR, Freitas MCS. O agente comunitário de saúde: violência e sofrimento no trabalho a céu aberto. Rev Baiana Saude Publica. 2011 [citado 19 out 2017];35(1):96-109. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2011/v35n1/a2100.pdf
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afirmam que os ACS geralmente precisam construir estratégias para enfrentamento dessas situações, corroborando os achados de Jardim e Lancman1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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, que relatam que os ACS evitam fazer denúncias à polícia ou ao conselho tutelar por temerem por sua segurança.

Em consonância com essa questão, emerge a problemática da relação dos ACS com os usuários. Segundo Bornstein e Stotz44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
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, os ACS percebem que os usuários esperam um acesso mais viável aos serviços de saúde, indo ao encontro do resultado de outros estudos1010. Filgueiras AS, Silva ALA. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde do Brasil. Physis. 2011;21(3):899-916. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000300008
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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. Contudo, quando esses profissionais não conseguem dar resposta às demandas dos usuários quanto às consultas, medicamentos, exames ou acesso a outros serviços, o usuário perde a confiança no ACS sem considerar que a falta de acesso é uma questão do funcionamento do sistema1–5,7,22,23,30,32,33,40,41. Jardim e Lancman1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
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encontraram que a credibilidade do ACS junto à comunidade está diretamente associada à resolução das demandas dos usuários e que a manutenção dessa credibilidade é dificultada por aspectos relacionados à estruturação do serviço e à inoperância do sistema de saúde.

Assim, outra dimensão que se relaciona com essa questão foi identificada por Santos e David3232. Santos LFB, David HMSL. Percepções do estresse no trabalho pelos agentes comunitários de saúde. Rev Enferm UERJ. 2011 [citado 19 out 2017];19(1):52-7. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a09.pdf
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e diz respeito à violência presente no trabalho do ACS que emerge de relacionamento desses profissionais com a comunidade. Esses autores observaram que a frustração dos usuários quando suas demandas não são resolvidas podem resultar, também, em agressões de ordem verbal ou pressão psicológica intensa.

Fragilidade na formação profissional do ACS

Os ACS consideram sua formação profissional insuficiente e as principais falhas percebidas foram: excesso de padronização de conteúdos que abordam temas predominantemente técnico-científicos e que não incluem dados da realidade local; enfoque insuficiente em aspectos teóricos e práticos que poderiam auxiliá-los no enfrentamento de questões da realidade cotidiana de trabalho, como o manejo de problemas familiares e de ordem social; e, por fim, restrição da carga horária oferecida para tal atividade11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,44. Bornstein VJ, Stotz EN. O trabalho dos agentes comunitários de saúde: entre a mediação convencedora e a transformadora. Trab Educ Saude. 2008;6(3):457-80. https://doi.org/10.1590/S1981-77462008000300004
https://doi.org/10.1590/S1981-7746200800...
,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
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,1010. Filgueiras AS, Silva ALA. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde do Brasil. Physis. 2011;21(3):899-916. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000300008
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,1919. Lima AP, Corrêa ACP, Oliveira QC. Conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre os instrumentos de coleta de dados do SIAB. Rev Bras Enferm. 2012;65(1):121-7. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000100018
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,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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,3939. Trapé CA, Soares CB. A prática educativa dos agentes comunitários de saúde à luz da categoria práxis. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15(1):142-9. https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000100021
https://doi.org/10.1590/S0104-1169200700...
.

Burocratização do trabalho

A burocratização do trabalho do ACS, outra evidência destacada nos estudos incluídos nesta metassíntese, relaciona-se, na percepção desses trabalhadores, com as tarefas de coleta de dados sobre a população adscrita, especialmente aquelas ligadas à alimentação e uso do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB)1919. Lima AP, Corrêa ACP, Oliveira QC. Conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre os instrumentos de coleta de dados do SIAB. Rev Bras Enferm. 2012;65(1):121-7. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000100018
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.

A esse respeito, autores1919. Lima AP, Corrêa ACP, Oliveira QC. Conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre os instrumentos de coleta de dados do SIAB. Rev Bras Enferm. 2012;65(1):121-7. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000100018
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afirmam que os ACS, além de encontrarem dificuldades para identificar, nomear e descrever as fichas que precisam preencher para alimentar o SIAB, também não conseguem compreender variáveis, termos e patologias que compõem esses instrumentos. Como consequência, tarefas ligadas à vigilância em saúde, apesar de sua importância para a ESF, incidem no trabalho dos ACS como meras atividades de coleta de dados estatísticos, com pouco sentido para esses trabalhadores11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
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,3232. Santos LFB, David HMSL. Percepções do estresse no trabalho pelos agentes comunitários de saúde. Rev Enferm UERJ. 2011 [citado 19 out 2017];19(1):52-7. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a09.pdf
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,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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.

Outros aspectos relativos à percepção da burocratização, pelos ACS, foram elencados no estudo de Nascimento e David2222. Nascimento GM, David HMSL. Avaliação de riscos no trabalho dos agentes comunitários de saúde: um processo participativo. Rev Enferm UERJ. 2008 [citado 19 out 2017];16(4):550-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v16n4/v16n4a16.pdf
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, indicando a presença das seguintes características no processo de trabalho desses profissionais: normatização; grande número de prescrições; e organização segundo uma lógica de divisões de processos e hierarquização.

Nessa perspectiva, a burocratização passa a permear inclusive as tarefas dos ACS que não são administrativas, devido ao predomínio da lógica da contagem de procedimentos, em detrimento da avaliação da qualidade da assistência prestada99. Ferreira VSC, Andrade CS, Franco TB, Merhy EE. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad Saude Publica. 2009;25(4):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400021
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,1212. Fonseca AF, Machado FRS, Bornstein VJ, Pinheiro R. Avaliação em saúde e repercussões no trabalho do agente comunitário de saúde. Texto Contexto Enferm. 2012;21(3):519-27. https://doi.org/10.1590/S0104-07072012000300005
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,1919. Lima AP, Corrêa ACP, Oliveira QC. Conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre os instrumentos de coleta de dados do SIAB. Rev Bras Enferm. 2012;65(1):121-7. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000100018
https://doi.org/10.1590/S0034-7167201200...
.

Problemas na relação com a equipe

O trabalho em equipe foi identificado como um limitador do trabalho dos ACS, quando falta articulação das suas ações com a de outros profissionais e, ainda, pelo engessamento das relações, produzido pela organização do trabalho que dificulta a troca entre os atores fora de espaços instituídos para isso77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
https://doi.org/10.1590/S1983-1447201200...
,1313. Galavote HS, Franco TB, Lima RCD, Belizário AM. Alegrias e tristezas no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde: cenários de paixões e afetamentos. Interface (Botucatu). 2013;17(46):575-86. https://doi.org/10.1590/S1414-32832013005000015
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,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
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,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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.

Peres et al.2525. Peres CRFB, Caldas Júnior AL, Silva RF, Marin MJS. O agente comunitário de saúde frente ao processo de trabalho em equipe: facilidades e dificuldades. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(4):905-11. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400016
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, ao analisarem as percepções dos ACS sobre o trabalho em equipe, indicam que esses trabalhadores se sentem como o elo mais fraco da relação com os demais profissionais da ESF. Tal quadro vai ao encontro dos achados de outros autores33. Binda JB, Bianco MF, Sousa EM. O trabalho dos agentes comunitários de saúde em evidência: uma análise com foco na atividade. Saude Soc. 2013;22(2):389-402. https://doi.org/10.1590/S0104-12902013000200011
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,99. Ferreira VSC, Andrade CS, Franco TB, Merhy EE. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad Saude Publica. 2009;25(4):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400021
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,4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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que, em suas pesquisas, identificaram uma hierarquia de saberes na ESF que lega aos ACS um papel desigual no planejamento e na tomada de decisões das intervenções.

Ao analisar o trabalho dos ACS na interface com as equipes, foi encontrada disfunção na relação entre os ACS e as equipes, decorrente das diferentes formas de abordagem dos problemas dos usuários. Nessa direção, é comum as equipes não valorizarem o que os ACS levantam como prioridade no atendimento das necessidades dos usuários4040. Vilela RAG, Silva RC, Jackson Filho JM. Poder de agir e sofrimento: estudo de caso sobre agentes comunitários de saúde. Rev Bras Saude Ocup. 2010;35(122):289-302. https://doi.org/10.1590/S0303-76572010000200011
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.

Além disso, a própria organização do trabalho na ESF, pautada pelo alcance de metas, excesso de atividades e pouca disponibilidade de tempo para troca entre os profissionais, acaba dificultando o estabelecimento do trabalho em equipe; e isso reflete negativamente no trabalho dos ACS3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
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,4141. Wai MFP, Carvalho AMP. O trabalho do agente comunitário de saúde: fatores de sobrecarga e estratégias de enfrentamento. Rev Enferm UERJ. 2009 [citado 19 out 2017];17(4):563-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19.pdf
http://www.facenf.uerj.br/v17n4/v17n4a19...
,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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Outras dificuldades percebidas são originadas por “diferenças pessoais; dificuldade de visualizar a totalidade das ações; falta de flexibilidade, de comunicação, de cooperação, de responsabilidade e de horizontalização das ações” (Peres et al.2525. Peres CRFB, Caldas Júnior AL, Silva RF, Marin MJS. O agente comunitário de saúde frente ao processo de trabalho em equipe: facilidades e dificuldades. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(4):905-11. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400016
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, p.908).

Aspectos Facilitadores do Trabalho dos ACS

Os aspectos positivos que funcionam como facilitadores do trabalho dos ACS identificados pelos estudos selecionados estão descritos a seguir:

Reconhecimento do trabalho pelas famílias/comunidade e resolutividade

O aspecto positivo mais recorrente nesta metassíntese foi o reconhecimento do trabalho do ACS pelas famílias que ele atende. Assim, vários autores11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,66. Coriolano MWL, Lima LS. Grupos focais com agentes comunitários de saúde: subsídios para entendimento destes atores sociais. Rev Enferm UERJ. 2010 [citado 19 out 2017];18(1):92-6. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v18n1/v18n1a16.pdf
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,77. Costa MC, Silva EB, Jahn AC, Resta, DG, Colom ICS, Carli R. Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Rev. Gaucha Enferm. 2012;33(3):134-40. https://doi.org/10.1590/S1983-14472012000300018
https://doi.org/10.1590/S1983-1447201200...
,1313. Galavote HS, Franco TB, Lima RCD, Belizário AM. Alegrias e tristezas no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde: cenários de paixões e afetamentos. Interface (Botucatu). 2013;17(46):575-86. https://doi.org/10.1590/S1414-32832013005000015
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,2323. Oliveira AR, Chaves AEP, Nogueira JA, Sá LD, Collet N. Satisfação e limitação no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde. Rev Eletr Enferm. 2010;12(1):28-36. https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511
https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511...
,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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apontaram que os ACS se sentem satisfeitos com seu trabalho quando percebem que são úteis à comunidade, que houve mudança nas condições de saúde dos usuários ou quando as famílias reconhecem sua competência e comprometimento. Dois estudos22. Barbosa RHS, Menezes CAF, David HMSL, Bornstein VJ. Gênero e trabalho em saúde: um olhar crítico sobre o trabalho de agentes comunitárias/os de saúde. Interface (Botucatu). 2012;16(42):751-65. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300013
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,2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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reforçam esses achados acrescendo que o reconhecimento da população assistida é fator de motivação dos ACS, fortalecendo a autoestima e contribuindo para conformação da identidade desse trabalhador.

A resolutividade dos ACS foi identificada no estudo de Lopes et al.2020. Lopes DMQ, Beck CLC, Prestes FC, Weiller TH, Colomé JS, Silva GM. Agentes comunitários de saúde e as vivências de prazer – sofrimento no trabalho: estudo qualitativo. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):633-40. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300015
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como “possibilidade de resolver os problemas dos usuários e em constatar que o trabalho realizado está repercutindo na melhoria das condições de saúde da comunidade” (p.635). Nesse enquadre, ser resolutivo é identificado como aspecto positivo relacionado ao trabalho dos ACS, visto que essa característica é ligada ao sentimento de gratificação e utilidade, contribuindo, assim, para a satisfação profissional desses trabalhadores2323. Oliveira AR, Chaves AEP, Nogueira JA, Sá LD, Collet N. Satisfação e limitação no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde. Rev Eletr Enferm. 2010;12(1):28-36. https://doi.org/10.5216/ree.v12i1.9511
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,3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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.

Vínculo com as famílias e a comunidade

Sete estudos incluídos nesta metassíntese apontam que os ACS percebem o vínculo com o usuário como uma condição necessária para que seu trabalho aconteça, pois, segundo alguns autores11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,55. Carli R, Costa MC, Silva EB, Resta DG, Colomé ICS. Acolhimento e vínculo nas concepções e práticas dos agentes comunitários de saúde. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):626-32. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001200013
https://doi.org/10.1590/0104-07072014001...
,1313. Galavote HS, Franco TB, Lima RCD, Belizário AM. Alegrias e tristezas no cotidiano de trabalho do agente comunitário de saúde: cenários de paixões e afetamentos. Interface (Botucatu). 2013;17(46):575-86. https://doi.org/10.1590/S1414-32832013005000015
https://doi.org/10.1590/S1414-3283201300...
,3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201200...
,4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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, esse vínculo está relacionado intimamente com o mandato de ser o elo entre os profissionais de saúde e a comunidade. A construção da confiança e da credibilidade dos ACS junto aos usuários atendidos foi identificada, em cinco estudos11. Baralhas M, Pereira MAO. Concepções dos agentes comunitários de saúde sobre suas práticas assistenciais. Physis. 2011;21(1):31-46. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000100003
https://doi.org/10.1590/S0103-7331201100...
,55. Carli R, Costa MC, Silva EB, Resta DG, Colomé ICS. Acolhimento e vínculo nas concepções e práticas dos agentes comunitários de saúde. Texto Contexto Enferm. 2014;23(3):626-32. https://doi.org/10.1590/0104-07072014001200013
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,1717. Jardim TA, Lancman S. Aspectos subjetivos do morar e trabalhar na mesma comunidade: a realidade vivenciada pelo agente comunitário de saúde. Interface (Botucatu). 2009;13(28):123-35. https://doi.org/10.1590/S1414-32832009000100011
https://doi.org/10.1590/S1414-3283200900...
,1818. Lara MO, Brito MJM, Rezende LC. Aspectos culturais das práticas dos agentes comunitários de saúde em áreas rurais. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):673-80. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300020
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,3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
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, como dimensões que favorecem o estabelecimento do vínculo. Isso ocorre porque possibilitam que o trabalhador se aproxime de problemas que, apesar de compor o processo saúde-doença, extrapolam a dimensão biológica, como nas situações de: conflito familiar ou comunitário; violência doméstica; pobreza; abuso sexual; negligência infantil; maus tratos a idosos; tráfico e uso de drogas. Tais situações guardam uma complexidade que nem sempre pode ser acessada sem que haja a construção de uma relação de confiança entre os usuários e o ACS.

Trabalhar junto aos pares

As atividades junto aos pares foram identificadas como facilitadoras quando são estabelecidas por meio da construção de relações positivas entre os ACS e os demais profissionais da equipe, permitindo a discussão dos problemas cotidianos de forma horizontalizada e possibilitando o compartilhamento das estratégias de trabalho99. Ferreira VSC, Andrade CS, Franco TB, Merhy EE. Processo de trabalho do agente comunitário de saúde e a reestruturação produtiva. Cad Saude Publica. 2009;25(4):898-906. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2009000400021
https://doi.org/10.1590/S0102-311X200900...
,2525. Peres CRFB, Caldas Júnior AL, Silva RF, Marin MJS. O agente comunitário de saúde frente ao processo de trabalho em equipe: facilidades e dificuldades. Rev Esc Enferm USP. 2011;45(4):905-11. https://doi.org/10.1590/S0080-62342011000400016
https://doi.org/10.1590/S0080-6234201100...
,3131. Sakata KN, Mishima SM. Articulação das ações e interação dos agentes comunitários de saúde na equipe de Saúde da Família. Rev Esc Enferm USP. 2012;46(3):665-72. https://doi.org/10.1590/S0080-62342012000300019
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. Tal construção, na perspectiva dos ACS, é favorecida nas reuniões de equipe2424. Oliveira DT, Ferreira PJO, Mendonça LBA, Oliveira HS. Percepções do agente comunitário de saúde sobre sua atuação na Estratégia Saúde da Família. Cogitare Enferm. 2012;17(1):132-7. https://doi.org/10.5380/ce.v17i1.26386
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.

De fato, segundo Filgueiras e Silva1010. Filgueiras AS, Silva ALA. Agente Comunitário de Saúde: um novo ator no cenário da saúde do Brasil. Physis. 2011;21(3):899-916. https://doi.org/10.1590/S0103-73312011000300008
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, os aspectos positivos de trabalhar em equipe são apoio para as ações dos ACS, tendo em vista que a integração com os demais profissionais possibilita a construção coletiva de enfrentamento dos problemas identificados.

Trabalho formal perto da residência

A última característica positiva no trabalho do ACS identificada nos estudos analisados diz respeito ao vínculo empregatício formal. Tal situação foi evidenciada na pesquisa de Sossai et al.3636. Sossai LCF, Pinto IC, Mello DF. O agente comunitário de saúde (ACS) e a comunidade: percepções acerca do trabalho do ACS. Cienc Cuid Saude. 2010;9(2):228-237. https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v9i2.11234
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, ao mostrar que, na região onde o estudo foi realizado, vagas de emprego que respeitam as normas da Consolidação das Leis Trabalhistas são raras. Isso distingue o trabalho dos ACS dos demais trabalhadores, pois os ACS conseguem aliar emprego formal próximo da residência, indo ao encontro dos achados de Zanchetta et al.4242. Zanchetta MS, Leite LS, Perreault M, Lefebvre H. Educação, crescimento e fortalecimento profissional do agente comunitário de saúde: estudo etnográfico. Online Braz J Nurs. 2005;4(3). https://doi.org/10.5935/1676-4285.200535
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Além disso, dois outros estudos22. Barbosa RHS, Menezes CAF, David HMSL, Bornstein VJ. Gênero e trabalho em saúde: um olhar crítico sobre o trabalho de agentes comunitárias/os de saúde. Interface (Botucatu). 2012;16(42):751-65. https://doi.org/10.1590/S1414-32832012000300013
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,33. Binda JB, Bianco MF, Sousa EM. O trabalho dos agentes comunitários de saúde em evidência: uma análise com foco na atividade. Saude Soc. 2013;22(2):389-402. https://doi.org/10.1590/S0104-12902013000200011
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mostraram que o trabalho perto de casa é percebido como vantajoso, principalmente para as mulheres, que representam a maioria dos ACS. Essa situação possibilita conjugar o cuidado da família com as atribuições profissionais.

DISCUSSÃO

O objetivo desta metassíntese foi levantar e analisar evidências sobre o processo de trabalho dos ACS. Foram analisados 33 artigos, que permitiram apreender, predominantemente, sob a perspectiva desses trabalhadores, as características de sua profissão, bem como problemas e aspectos positivos relacionados ao cotidiano profissional. Nesse sentido, destaca-se que a produção acadêmica que trata da temática do trabalho dos ACS é profícua no apontamento dessas evidências.

A prescrição das atribuições dos ACS precisa ser revista para que se defina melhor o papel desse trabalhador e dimensione suas ações de acordo com os recursos disponibilizados, evitando, sobretudo, o desvio de funções.

Torna-se imprescindível superar a precariedade relativa ao trabalho dos ACS por meio da construção de um plano de carreira que valorize não só o conhecimento acumulado ao longo do tempo de exercício da profissão, mas também o papel estratégico que exercem na consolidação da ESF.

Outra questão importante levantada nesta metassíntese refere-se à necessidade de repensar a organização do trabalho no âmbito da ESF, incorporando demandas relativas às especificidades do trabalho do ACS. Nesse sentido, a organização do trabalho das equipes da ESF deve ser revista de forma a permitir que o ACS tenha um espaço de diálogo fortalecido com os demais integrantes da equipe. De fato, quando o trabalho em equipe ocorre de forma mais horizontalizada, com integração entre seus membros, isso se reflete, positivamente, no trabalho do ACS.

Ainda no que tange à questão da organização do trabalho, observa-se a necessidade de repensar as tarefas burocráticas legadas ao ACS. Isso se daria, por um lado, ressignificando o preenchimento dos formulários usados na coleta de dados sobre a população, pois como observaram Lima et al.1919. Lima AP, Corrêa ACP, Oliveira QC. Conhecimento de agentes comunitários de saúde sobre os instrumentos de coleta de dados do SIAB. Rev Bras Enferm. 2012;65(1):121-7. https://doi.org/10.1590/S0034-71672012000100018
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os ACS têm dificuldade de reconhecer a utilidade desses instrumentos. Por outro lado, questiona-se que, embora o trabalho na ESF e, em especial, o trabalho do ACS seja calcado em um conceito ampliado de saúde, nos princípios da APS que é parametrizado de forma qualitativa, observa-se a prevalência da lógica normativa que organiza o trabalho de forma hierarquizada e por meio de processos.

Tal fato se reflete, inclusive, na forma de avaliação do trabalho prestado, que se dá pela contagem de procedimentos e não pela qualidade do atendimento. Diante desse quadro, fica explícita a urgência de repensar modelos de avaliação do trabalho do ACS que sejam alinhados às ferramentas e aos valores preconizados para a ESF contemplando, ainda, as especificidades da profissão.

Quanto à questão da convivência com os problemas da comunidade, o fato de o ACS habitar no mesmo território onde trabalha é um desafio. Embora isso exponha o trabalhador à violência e, ainda, invada sua vida privada, é no contato com a comunidade que se estrutura o conjunto de saberes mais significativos do ACS. Ademais, observou-se que trabalhar perto de casa também apresenta benefícios para esses trabalhadores.

A respeito da fragilidade na formação do ACS, recentemente, por meio da Portaria 253, de 25 de setembro de 2015, foi instituído o Curso Introdutório para o ACS, padronizando a carga horária mínima para essa formação, bem como definindo componentes curriculares básicos.

Em conclusão, quanto à distribuição das pesquisas no Brasil, verificamos uma predominância de estudos realizados na região Sudeste e em grandes centros urbanos. Nesse sentido, novos estudos podem ser desenvolvidos em regiões brasileiras com realidades distintas, como aquelas que fazem atendimento de populações ribeirinhas ou rurais, onde o trabalho do ACS assume outras características. No que se refere à metassíntese realizada, foi tecido um panorama sobre as dificuldades e aspectos positivos que se apresentam no cotidiano de trabalho dos ACS. Frente a isso, essa revisão levantou dois desafios para pesquisas futuras. O primeiro se refere à necessidade de apropriação dos resultados das pesquisas pelos formuladores de políticas públicas e, o segundo, à necessidade de investimento em estudos que se voltem para engendramento de soluções para as dificuldades enfrentadas pelo ACS no seu trabalho.

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  • Financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes – Processo BEX 5217/2014-08 programa CAPES-COFECUB 702/11).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Fev 2018

Histórico

  • Recebido
    2 Dez 2016
  • Aceito
    9 Mar 2017
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revsp@org.usp.br