Gestão em rede no atendimento ao acidente vascular cerebral: revisão integrativa de literatura

Network management in acute stroke care: integrative literature review

Paloma de Castro Brandão Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni Isabela Cardoso de Matos Pinto Sobre os autores

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar as publicações científicas sobre a gestão em rede no atendimento ao paciente com acidente vascular cerebral agudo, considerando as tecnologias implantadas e suas consequências para a atuação da equipe. Foi feita uma revisão integrativa de literatura, operacionalizada nas seguintes bases de dados: PubMed/Medline, Scopus, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e no Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde, de 2008 a 2022, com sintaxe de palavras-chave para cada base. A análise dos dados foi realizada por meio da similaridade de conteúdo, sendo posteriormente elaboradas as categorias. Foram selecionados 46 artigos para análise, um nacional e os demais publicados em periódicos estrangeiros. Ressaltam-se as tecnologias empregadas para ampliar a gestão em rede na atenção ao paciente com Acidente Vascular Cerebral isquêmico agudo, como a conexão entre serviços por fluxos e protocolos, por meio da regionalização, da telemedicina e de plataforma de smartphone, com a ampliação das funções da equipe intervencionista móvel, ou por elementos integradores, como a pré-notificação hospitalar.

Palavras-chave:
Acidente Vascular Cerebral; Enfermagem em Emergência; Serviços Médicos de Emergência; Integralidade em Saúde; Transferência de Pacientes

Abstract

This article aims to analyze the scientific publications on network management in the care of patients with acute stroke, considering the technologies implemented and their consequences for the team’s performance. An integrative literature review was carried out, operationalized in the databases: PubMed/MEDLINE, Scopus, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences, and Spanish Bibliographical Index of Health Sciences, from 2008 to 2022, with keyword syntax keys for each base. Data analysis was carried out by similarity of content, and categories were subsequently elaborated. A total of 46 articles were selected for analysis, one national and the others published in foreign journals. The technologies employed to expand network management in the care of patients with acute ischemic stroke are highlighted, such as the connection between services by flows and protocols, by regionalization, telemedicine, and smartphone platform, with the expansion of functions of the mobile interventional team or by integrating elements, such as hospital pre-notification.

Keywords:
Stroke; Emergency Nursing; Emergency Medical Services; Integrality in Health; Patient Transfer

Introdução

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das patologias prioritárias da Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), uma vez que gera constante preocupação entre gestores e profissionais de saúde, devido às características incapacitantes da doença (Correia et al., 2018CORREIA, J. P. et al. Investigação etiológica do acidente vascular cerebral no adulto jovem Medicina Interna, Lisboa, v. 25, n. 3, p. 213-223, 2018. DOI: 10.24950/rspmi/revisao/200/3/2018
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) e por sua alta taxa de morbimortalidade (Alabdali et al., 2020ALABDALI, A. et al. Can Emergency Medical Services (EMS) Shorten the time to stroke team activation, Computed Tomography (CT), and the time to receiving antithrombotic therapy? A prospective cohort study. Prehospital and Disaster Medicine, Washington, DC, v. 35, n. 2, p. 148-151, 2020. DOI: 10.1017/S1049023X20000126
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).11Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/the-top-10-causes-of-death>. Acesso em: 19 out. 2023. Quarta causa de morte no Brasil (Mamed et al., 2019MAMED, S. N. et al. Perfil dos óbitos por acidente vascular cerebral não especificado após investigação de códigos garbage em 60 cidades do Brasil, 2017. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 22, n. 3, 2019. DOI: 10.1590/1980-549720190013.supl.3
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) e terceira maior causa da perda de anos de vida no mundo, o AVC pode ser do tipo isquêmico ou hemorrágico, sendo o isquêmico responsável por cerca de 87% dos casos (Martins, 2020MARTINS, H. Abordagem do paciente com acidente vascular cerebral isquêmico agudo. In: VELASCO, I. et al. (ed.). Medicina de emergência: abordagem prática. Barueri: Manole, 2020. p. 824-850.).

Um dos tratamentos empregados para o AVC isquêmico é o trombolítico, o qual envolve o uso de medicação de custo elevado, disponível em apenas alguns centros ou unidades de AVC que funcionam dentro de hospitais, principalmente nas capitais dos estados brasileiros.22Disponível em: <https://www.redebrasilavc.org.br/pacientes/>. Acesso em: 19 out. 2023. Esse tratamento, que só é realizado em até quatro horas e meia a partir do início dos sintomas, é acessado apenas por uma parcela da população. Tendo em vista que, a cada minuto, cerca de 1,9 milhão de neurônios são perdidos, é imprescindível que a avaliação do paciente seja feita em tempo hábil (Martins, 2020MARTINS, H. Abordagem do paciente com acidente vascular cerebral isquêmico agudo. In: VELASCO, I. et al. (ed.). Medicina de emergência: abordagem prática. Barueri: Manole, 2020. p. 824-850.). Pacientes que chegam após esse período não são submetidos à trombólise, mas devem receber tratamento direcionado à doença, com vistas à redução de danos e à prevenção de novos AVCs.

Desinstruída, a população demora em perceber os sintomas, em suspeitar da doença e em pedir ajuda (Soto-Cámara et al., 2019SOTO-CÁMARA, R. et al. Factors associated with shortening of prehospital delay among patients with acute ischemic stroke. Journal of Clinical Medicine, Washington, DC, v. 8, n. 10, p. 1712, 2019. DOI: 10.3390/jcm8101712
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), peregrina pelos serviços de saúde e perde tempo (Brandão; Ferraz; Sampaio, 2020BRANDÃO, P. C.; FERRAZ, M. O. A.; SAMPAIO, E. E. S. Retardo na chegada da pessoa com acidente vascular cerebral a um serviço hospitalar de referência. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 23, n. 271, p. 4979-4990, 2020. DOI: 10.37689/acta-ape/2023AO00061
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), fator fundamental para a adequada realização do tratamento, que pode reverter déficits ocasionados pela doença, e, com isso, possibilitar melhor qualidade de vida.

O aprimoramento da gestão em rede no atendimento ao paciente com AVC, seguindo a Linha de Cuidado (Mourao et al., 2017MOURAO, A. M. et al. Perfil dos pacientes com diagnóstico de AVC atendidos em um hospital de Minas Gerais credenciado na linha de cuidados. Revista Brasileira de Neurologia, Rio de Janeiro, v. 53, n. 4, p. 12-16, 2017. DOI: 10.46979/rbn.v53i4.14634
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), torna-se cada vez mais urgente e apresenta necessidade de atualizações, frente ao crescente número de pacientes acometidos pela doença.33Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/the-top-10-causes-of-death>. Acesso em: 19 out. 2023.

As portas de entrada da RUE, no entanto, estão cada vez mais estreitas, tendo em vista a sobrecarga do sistema. Houve piora da capacidade de atendimento com o surgimento da inesperada pandemia causada pelo Coronavírus, que superlota os serviços e ocupa leitos dantes preenchidos por pacientes com doenças agudas e crônicas (CONASEMS; CONASS, 2020CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde; CONASENS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Guia orientador para o enfrentamento da pandemia covid-19 na Rede de Atenção à Saúde. 2. ed. Brasília, DF, 2020. Disponível em: <Disponível em: https://www.conass.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Instrumento-Orientador-Conass-Conasems-2-ed-com-anexos.pdf >. Acesso em: 30 set. 2022.
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). Esse fato foi agravado, ainda, pela redução de recursos direcionados para o SUS e para pesquisas em saúde (Lana et al., 2020LANA, R. M. et al. Emergência do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e o papel de uma vigilância nacional em saúde oportuna e efetiva. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 3, 2020. DOI: 10.1590/0102-311X00019620
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).

Além disso, o paciente depara-se com uma RUE fragmentada que, muitas vezes, não se comunica e que não possui um fluxo definido para atendê-lo com a brevidade necessária (Fausto et al., 2017FAUSTO, M. C. R. et al. Therapeutic itineraries for patients with cerebrovascular accident: fragmentation of care in a regionalized health network. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil, Recife, v. 17, 2017. DOI: 10.1590/1806-9304201700S100004
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), carecendo, ademais, de uma coordenação do cuidado bem estruturada (Bousquat et al., 2017BOUSQUAT, A. et al. Atenção primária à saúde e coordenação do cuidado nas regiões de saúde: perspectiva de gestores e usuários. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 4, p. 1141-1154, 2017. DOI: 10.1590/1413-81232017224.28632016
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).

Apesar de seus esforços estarem ainda aquém do necessário, vários países aprimoram processos e protocolos para que haja cada vez mais eficiência nos atendimentos (Leibinger et al., 2019LEIBINGER, F. et al. Which patients require physician-led inter-hospital transport in view of endovascular therapy? Cerebrovascular Diseases, Basel, v. 48, n. 3-6, p. 171-178, 2019. DOI: 10.1159/000504314
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). Ademais, outros tratamentos, que podem ser realizados com um tempo maior do início dos sintomas, têm começado a ser implementados, como a chamada trombectomia (Klingner et al., 2018KLINGNER, C. M. et al. Transfer of patients in a telestroke network: what are the relevant factors for making this decision? Telemedicine and e-Health, Washington, DC, v. 24, n. 2, p. 116-120, 2018. DOI: 10.1089/tmj.2017.0087
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). Ferramentas, como os protocolos já citados, a Educação Permanente e outras estratégias que facilitem o funcionamento da rede são fundamentais para aprimorar o atendimento de pacientes com suspeição de patologias tempo-dependentes, como o AVC (Brandão, Lanzoni, Pinto, 2023BRANDÃO, P. C.; LANZONI, G. M. M.; PINTO, I. C. M. Emergency care network: stroke care. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 36, eAPE00061, 2023. DOI: 10.37689/acta-ape/2023AO000611
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).

Diante do exposto e considerando as dificuldades e lacunas assistenciais que evidenciam a necessidade de qualificar a gestão do atendimento realizado na RUE, este estudo tem como objetivo analisar as publicações científicas sobre a gestão em rede no atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral agudo, considerando as tecnologias implantadas e suas consequências para a atuação da equipe.

Material e métodos

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura que visa sintetizar e analisar o conhecimento científico a partir de outros estudos. Dessa maneira, utilizou-se seis etapas para operacionalização da revisão: (1) seleção de hipótese e perguntas com estabelecimento do problema de revisão; (2) seleção da amostra; (3) descrição dos dados; (4) análise; (5) interpretação dos dados; e (6) apresentação dos resultados da revisão (Ganong, 1987GANONG, L. H. Integrative reviews of nursing research. Research in Nursing & Health, Washington, DC, v. 10, n. 1, p. 1-11, 1987. DOI: 10.1002/nur.4770100103
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).

Para construção da questão norteadora, foi utilizado o acrônimo PIO, no qual: “P- População” - Pacientes com Acidente Vascular Cerebral; “I: intervenção” - Gestão da Rede e o “O: desfecho/ resultado (Outcome )” - tecnologias implantadas e suas consequências para a atuação da equipe. Dessa maneira, a questão norteadora ficou assim definida: como tem sido abordada a gestão em rede do atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral agudo nas publicações científicas de saúde?

Foram incluídos todos os artigos originais, nos idiomas português, inglês e espanhol, publicados entre os anos de 2008 e 2022, e os artigos duplicados foram contabilizados apenas uma vez. O início da busca dos artigos científicos em 2008 justifica-se por ser este o marco temporal de expansão do prazo para administração do trombolítico de três horas para quatro horas e meia, sendo essa medicação reconhecida pela capacidade de restaurar o fluxo sanguíneo encefálico. Os estudos selecionados são provenientes de periódicos indexados nas bases de dados eletrônicas PubMed/Medline, Scopus, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde (Ibecs).

O protocolo da Revisão Integrativa de Literatura foi validado por bibliotecária da Biblioteca Universitária de Saúde Prof. Álvaro Rubim de Pinho e por docente da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, sendo utilizados descritores em ciências da saúde (Decs) organizados com a seguinte estratégia de busca para todas as bases de dados: (“Stroke”) AND (“Emergency Medical Services” OR “Emergencies” OR “Emergency Treatment” OR “Emergency Nursing” OR “Emergency Medical System”) AND (“Healthcare Models” OR “Patient Transfer” OR “Organization and Administration” OR “Institutional Organization” OR “Intersectoral Collaboration” OR “National Health Systems” OR “Integrality in Health” OR “Health Services Administration” OR “Health Management”).A utilização desses descritores visa circunscrever o tema “redes”, por este não estar configurado como Descritor em Ciências da Saúde.

Assim, no mês de abril de 2023, foram identificados 1204 artigos e, na sequência, iniciou-se o processo de análise, com a participação de duas pesquisadoras que trabalharam de forma independente e cegada considerando os critérios de inclusão e exclusão. O fluxograma Prisma foi utilizado para direcionar o processo de identificação, triagem, seleção e inclusão dos artigos.

Dessa maneira, foram excluídos 69 artigos duplicados e, após análise dos critérios de inclusão e exclusão, frente ao objetivo proposto, quanto aos 1135 restantes, foi procedida leitura minuciosa de cada título e resumo, sendo excluídos 1.069 por não corresponderem ao escopo do estudo (911), por apresentarem outro tipo de publicação (153) ou por terem outro recorte temporal (cinco), tendo sido selecionados, por fim, 66 artigos. Para auxílio nesta etapa da pesquisa, foi utilizado o gerenciador de referências desenvolvido pelo QCRI (Qatar Computing Research Institute) denominado Rayyan QCRI. Num segundo momento, após leitura do artigo na íntegra, foram excluídos sete artigos por não atenderem ao escopo do estudo, 11 por serem artigos de recomendação e dois por serem artigos de reflexão, resultando em 46 artigos, os quais são referenciados no presente texto (Figura 1).

Figura 1
Identificação, seleção e inclusão dos artigos na amostra da revisão integrativa. Salvador, BA, Brasil, 2023

Para a organização e tabulação dos dados, houve elaboração de instrumento de coleta de dados com as seguintes informações: título, autor(es), ano de publicação, estado/país, idioma, objetivos, desenho metodológico, tecnologias implantadas para a gestão em rede, obstáculos ao atendimento em Rede, características profissionais, características institucionais, consequências para os atendimentos.

Com a organização dos dados, foi possível extrair os conceitos abordados em cada artigo e as informações de interesse para o estudo. As informações foram agrupadas e comparadas por similaridade de conteúdo, sendo, posteriormente, elaboradas categorias empíricas apontadas nos resultados.

Resultados

Nesta revisão, os estudos são publicações com origem em países diversos, publicados em língua inglesa, sendo 16 estudos (34,78%) realizados nos Estados Unidos da América (EUA), sete (15,22%) na Espanha, cinco (10,87%) no Canadá, três (6,53%) na Austrália, três (6,53%) na Alemanha, três (6,53%) na China, dois (4,35%) na Inglaterra e um (2,17%) nos seguintes países: Brasil, Itália, Portugal, Reino Unido, Irlanda, Malásia e República Tcheca.

A distribuição das publicações no período pesquisado tem destaque nos anos de 2012 e 2018, sendo exposta na Figura 2:

Figura 2
Distribuição dos estudos conforme ano de publicação

Quanto ao desenho metodológico adotado nos trabalhos analisados, 22 (47,83%) estudos foram quantitativos, 13 (28,26%) foram qualitativos, nove (19,56%) avaliativos e dois (4,35%) quantitativo/qualitativo. Nos artigos qualitativos, não foi encontrado arcabouço teórico, elemento que auxilia a análise dos dados à luz de teoria científica.

Os resultados estão expostos por meio de três categorias empíricas: tecnologias implantadas para a abordagem em Rede; qualificação dos profissionais de saúde envolvidos; e obstáculos ao atendimento em Rede.

Tecnologias implantadas para a abordagem em rede

Na Tabela 1, são apontadas informações dos artigos a respeito do país onde as informações foram coletadas, tecnologias implantadas para a gestão em rede e consequências para os atendimentos, conforme autores e ano de publicação.

Tabela 1
Caracterização dos estudos primários, segundo país de publicação, tecnologias implantadas para abordagem em rede e consequências para os atendimentos (n=46). Salvador, BA, Brasil, 2023

A maioria dos artigos apresenta abordagens em rede referentes a processos de conexão entre serviços denominados protocolo, rede, códigos, vias, sistema regionalizado, plano regional, matrizes e similares, que indicam organização do atendimento para o paciente com AVC isquêmico agudo. A telemedicina é uma alternativa de vinculação de serviços que aparece nos estudos com o objetivo de aprimorar o atendimento a esse paciente e a pré-notificação é definida como estratégia que otimiza a conexão em Rede em seu atendimento.

As publicações, quer sejam referentes à implantação de fluxos e protocolos, telemedicina ou da pré-notificação hospitalar, trazem como pontos em comum o aumento do número de pacientes com AVC elegíveis para trombólise, com condutas mais seguras e eficazes e redução dos tempos dos atendimentos, como o tempo porta-agulha ou tempo porta-tomografia.

Quanto à integração em Rede, a instituição de fluxos e protocolos aponta para a consequente sincronia no fluxo de informações entre serviços; a utilização da telemedicina para a colaboração entre níveis de saúde e integração de tecnologias e procedimentos; enquanto a pré-notificação proporciona melhor organização das atividades multidisciplinares. Essas tecnologias não são independentes, podendo ser utilizadas, inclusive, de forma concomitante, tendo em vista, por exemplo, que a pré-notificação hospitalar pode estar presente em protocolos elaborados para o adequado funcionamento da Rede e pode se beneficiar com o funcionamento da telemedicina, uma vez que esta pode auxiliar a equipe do pré-hospitalar na identificação dos pacientes e na indicação do tratamento adequado. Ademais, a otimização do funcionamento das emergências hospitalares, pela redução das intervenções e das transferências desnecessárias, é uma consequência positiva dos três tipos de abordagem em Rede, com efeitos na diminuição da utilização de leitos e da superlotação hospitalar.

Qualificação dos profissionais de saúde envolvidos

Dentre os achados, a qualificação dos profissionais aparece, com muita ênfase, como aspecto fundamental para o funcionamento da programação estratégica de forma sincronizada (Brandão et al., 2022BRANDÃO, P. C.; LANZONI, G. M. M.; PINTO, I. C. M. Network professional interaction in the care of patients with stroke. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 75, n. 5, 2022. DOI: 10.1590/0034-7167-2021-0533
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; Demaerschalk; Bobrow; Paulsen, 2008DEMAERSCHALK, B. M.; BOBROW, B. J.; PAULSEN, M. Development of a metropolitan matrix of primary stroke centers. Stroke, Washington, DC, v. 39, n. 4, p. 1246-1253, 2008. DOI: 10.1161/STROKEAHA.107.500678
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; Kapral et al., 2013KAPRAL, M. K. et al. Effect of a provincial system of stroke care delivery on stroke care and outcomes. Canadian Medical Association Journal, Washington, DC, v. 185, n. 10, 2013. DOI: 10.1503/cmaj.121418
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; Kodankandath et al., 2017KODANKANDATH, T. V. et al. Improving transfer times for acute ischemic stroke patients to a comprehensive stroke center. Journal of Stroke and Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 26, n. 1, p. 192-195, 2017. DOI: 10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2016.09.008
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; López-Cancio et al., 2018LÓPEZ-CANCIO, E. et al. Telestroke in Catalonia: increasing thrombolysis rate and avoiding interhospital transfers. Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 46, n. 1-2, p. 66-71, 2018. DOI: 10.1159/000492124
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; Majersik et al., 2012MAJERSIK, J. J. et al. Observational study of telephone consults by stroke experts supporting community tissue plasminogen activator delivery. Academic Emergency Medicine, Washington, DC, v. 19, n. 9, 2012. DOI: 10.1111/j.1553-2712.2012.01438.x
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; Polivka; Polivka; Rohan, 2018POLIVKA, J.; POLIVKA, J.; ROHAN, V. Predictive and individualized management of stroke: success story in Czech Republic. EPMA Journal, Washington, DC, v. 9, n. 4, p. 393-401, 2018. DOI: 10.1007/s13167-018-0150-x
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; Sanossian et al., 2015SANOSSIAN, N. et al. Routing ambulances to designated centers increases access to stroke center care and enrollment in prehospital research. Stroke, Washington, DC, v. 46, n. 10, p. 2886-2890, 2015.; Whetten et al., 2018WHETTEN, J. et al. Cost-effectiveness of Access to Critical Cerebral Emergency Support Services (ACCESS): a neuro-emergent telemedicine consultation program. Journal of Medical Economics, Washington, DC, v. 21, n. 4, p. 398-405, 2018. DOI: 10.1080/13696998.2018.1426591
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).

O funcionamento ideal dos ditos “Códigos de AVC”, por exemplo, depende do nível de conhecimento dos profissionais envolvidos (Herrero, 2008HERRERO, P. D. N. Early access to stroke referral centres offers clinical benefits: the stroke code. Revista de Neurología, Barcelona, v. 47, n. 8, p. 427-433, 2008.). Os conhecimentos necessários relacionam-se a reconhecer os sinais e sintomas do AVC, ter capacidade de aplicar as escalas neurológicas básicas (Kansagra et al., 2018KANSAGRA, A. P. et al. Streamlined triage and transfer protocols improve door-to-puncture time for endovascular thrombectomy in acute ischemic stroke. Clinical Neurology and Neurosurgery, Washington, DC, v. 166, p. 71-75, 2018. DOI: 10.1016/j.clineuro.2018.01.026
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), ter conhecimento sobre os critérios de ativação do código e dos fluxos estabelecidos (Herrero, 2008HERRERO, P. D. N. Early access to stroke referral centres offers clinical benefits: the stroke code. Revista de Neurología, Barcelona, v. 47, n. 8, p. 427-433, 2008.) e desenvolver habilidade em questionar o tempo de início dos sintomas (Ren et al., 2019REN, L. et al. Fast-tracking acute stroke care in China: Shenzhen stroke emergency map. Postgraduate Medical Journal, Washington, DC, v. 95, n. 1119, p. 46-47, 2019. DOI: 10.1136/postgradmedj-2018-136192
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). Ademais, os protocolos são apontados como integradores e fatores de melhora da cadeia de cuidados (Williams et al., 2009WILLIAMS, I. et al. An emergency medical services toolkit for improving systems of care for stroke in North Carolina. Preventing Chronic Disease, Washington, DC, v. 6, n. 2, 2009.).

Treinamento para os profissionais do Atendimento Pré-hospitalar (Clua-Espuny et al., 2012CLUA-ESPUNY, J. L. et al. La atención sanitaria del ictus en el área Terres de l’Ebre desde la implantación del Código Ictus: Estudio Ebrictus. Medicina Clínica, Amsterdam, v. 138, n. 14, p. 609-611, 2012. DOI: 10.1016/j.medcli.2011.10.004
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; Seah et al., 2019SEAH, H. M. et al. Code Stroke Alert: concept and development of a novel open-source platform to streamline acute stroke management. Frontiers in Neurology, Washington, DC, v. 10, 2019. DOI: 10.3389/fneur.2019.00725
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) pode encorajar maior aderência aos critérios e protocolos de AVC, diminuindo a triagem de pacientes falso-positivos (López-Cancio et al., 2018LÓPEZ-CANCIO, E. et al. Telestroke in Catalonia: increasing thrombolysis rate and avoiding interhospital transfers. Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 46, n. 1-2, p. 66-71, 2018. DOI: 10.1159/000492124
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). Os enfermeiros treinados para o atendimento ao AVC agudo são elementos-chave dentro de um sistema regional de atenção ao AVC (Joyce; Amlani, 2009JOYCE, A.; AMLANI, S. Integrated stroke care across a province: is it possible? Healthcare Quarterly, Washington, DC, v. 13, p. 80-84, 2009. DOI: 10.12927/hcq.2009.21103
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), sendo que a Educação Continuada para a Enfermagem confere especialização no gerenciamento de pacientes no departamento de emergência (Pedragosa et al., 2009PEDRAGOSA, A. et al. Impact of a telemedicine system on acute stroke care in a community hospital. Journal of Telemedicine and Telecare, Washington, DC, v. 15, n. 5, p. 260-263, 2009. DOI: 10.1258/jtt.2009.090102
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) ou como integrante da equipe de AVC disponível por 24 horas (Seah et al., 2019SEAH, H. M. et al. Code Stroke Alert: concept and development of a novel open-source platform to streamline acute stroke management. Frontiers in Neurology, Washington, DC, v. 10, 2019. DOI: 10.3389/fneur.2019.00725
https://doi.org/10.3389/fneur.2019.00725...
).

A criação de equipes dedicadas ao paciente com AVC, disponíveis 24 horas por dia nas unidades, é condição indispensável ao sucesso de sistemas regionais direcionados a esse atendimento (Clua-Espuny et al., 2012CLUA-ESPUNY, J. L. et al. La atención sanitaria del ictus en el área Terres de l’Ebre desde la implantación del Código Ictus: Estudio Ebrictus. Medicina Clínica, Amsterdam, v. 138, n. 14, p. 609-611, 2012. DOI: 10.1016/j.medcli.2011.10.004
https://doi.org/10.1016/j.medcli.2011.10...
). Em contrapartida, a ausência do neurologista em horários não contemplados pelo expediente configura fator limitante nesse sentido (Bergrath et al., 2012BERGRATH, S. et al. Feasibility of prehospital teleconsultation in acute stroke: a pilot study in clinical routine. PLoS ONE, San Francisco, v. 7, n. 5, 2012. DOI: 10.1371/journal.pone.0036796
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003...
).

É importante ressaltar a necessidade de que aconteçam programas educacionais também direcionados à população (Vidale et al., 2012VIDALE, S. et al. Stroke management in Northern Lombardy: organization of an emergency-urgency network and development of a connection between prehospital and in-hospital settings. International Journal of Stroke, Washington, DC, v. 7, n. 6, p. 527-533, 2012. DOI: 10.1111/j.1747-4949.2012.00792.x
https://doi.org/10.1111/j.1747-4949.2012...
), tendo em vista que pacientes e acompanhantes são os primeiros a identificar sinais e sintomas da doença e acionar o serviço médico de emergência. Conteúdos devem incluir sinais e sintomas de alerta, conscientização sobre o AVC e ênfase na necessidade daquele acionamento (Kapral et al., 2013KAPRAL, M. K. et al. Effect of a provincial system of stroke care delivery on stroke care and outcomes. Canadian Medical Association Journal, Washington, DC, v. 185, n. 10, 2013. DOI: 10.1503/cmaj.121418
https://doi.org/10.1503/cmaj.121418...
; Vidale et al., 2012VIDALE, S. et al. Stroke management in Northern Lombardy: organization of an emergency-urgency network and development of a connection between prehospital and in-hospital settings. International Journal of Stroke, Washington, DC, v. 7, n. 6, p. 527-533, 2012. DOI: 10.1111/j.1747-4949.2012.00792.x
https://doi.org/10.1111/j.1747-4949.2012...
).

Como iniciativa para melhoria do sistema de AVC, estudos apontam grupos de trabalho de apoio para garantia do acesso dos pacientes aos serviços (Bergrath et al., 2012BERGRATH, S. et al. Feasibility of prehospital teleconsultation in acute stroke: a pilot study in clinical routine. PLoS ONE, San Francisco, v. 7, n. 5, 2012. DOI: 10.1371/journal.pone.0036796
https://doi.org/10.1371/journal.pone.003...
; Kapral et al., 2013KAPRAL, M. K. et al. Effect of a provincial system of stroke care delivery on stroke care and outcomes. Canadian Medical Association Journal, Washington, DC, v. 185, n. 10, 2013. DOI: 10.1503/cmaj.121418
https://doi.org/10.1503/cmaj.121418...
). Sua atuação se dá, inclusive, na organização dos serviços no atendimento ao paciente, indicando o acesso aos hospitais com disponibilidade de leitos.

Ademais, o desenvolvimento de tecnologias como plataformas de comunicação eletrônica para facilitar o atendimento deve ter envolvimento multidisciplinar, a fim de que estejam ali representadas as prioridades de cada especialista (Singh et al., 2014SINGH, R. et al. Assimilation of web-based urgent stroke evaluation: a qualitative study of two networks. JMIR Medical Informatics, Washington, DC, v. 2, n. 1, 2014. DOI: 10.2196/medinform.3028
https://doi.org/10.2196/medinform.3028...
).

Obstáculos ao atendimento em rede

As características que dificultam o atendimento são a rotatividade de pessoal nos serviços de saúde (Demaerschalk; Bobrow; Paulsen, 2008DEMAERSCHALK, B. M.; BOBROW, B. J.; PAULSEN, M. Development of a metropolitan matrix of primary stroke centers. Stroke, Washington, DC, v. 39, n. 4, p. 1246-1253, 2008. DOI: 10.1161/STROKEAHA.107.500678
https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.107.50...
; López-Cancio et al., 2018LÓPEZ-CANCIO, E. et al. Telestroke in Catalonia: increasing thrombolysis rate and avoiding interhospital transfers. Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 46, n. 1-2, p. 66-71, 2018. DOI: 10.1159/000492124
https://doi.org/10.1159/000492124...
; Sanossian et al., 2015SANOSSIAN, N. et al. Routing ambulances to designated centers increases access to stroke center care and enrollment in prehospital research. Stroke, Washington, DC, v. 46, n. 10, p. 2886-2890, 2015.) e o treinamento de grande número de profissionais (López-Cancio et al., 2018LÓPEZ-CANCIO, E. et al. Telestroke in Catalonia: increasing thrombolysis rate and avoiding interhospital transfers. Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 46, n. 1-2, p. 66-71, 2018. DOI: 10.1159/000492124
https://doi.org/10.1159/000492124...
).

A falta de suporte do neurologista especializado em AVC é apontada como uma importante limitação (Dimitrov et al., 2015DIMITROV, N. et al. Variability in criteria for emergency medical services routing of acute stroke patients to designated stroke center hospitals. Western Journal of Emergency Medicine, Washington, DC, v. 16, n. 5, p. 743-746, 2015. DOI: 10.5811/westjem.2015.7.26179
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), especialmente nos serviços em que estes trabalham apenas em horário administrativo (Polivka; Polivka; Rohan, 2018POLIVKA, J.; POLIVKA, J.; ROHAN, V. Predictive and individualized management of stroke: success story in Czech Republic. EPMA Journal, Washington, DC, v. 9, n. 4, p. 393-401, 2018. DOI: 10.1007/s13167-018-0150-x
https://doi.org/10.1007/s13167-018-0150-...
).

A respeito das tecnologias, problemas com a telemedicina envolveram atrasos no envio da imagem tomográfica e dificuldades com áudio e vídeo que aumentaram o tempo resposta, mas não impediram o tratamento em tempo hábil (Sheppard et al., 2015SHEPPARD, J. P. et al. The association between prehospital care and in-hospital treatment decisions in acute stroke: a cohort study. Emergency Medicine Journal, Washington, DC, v. 32, n. 2, p. 93-99, 2015. DOI: 10.1136/emermed-2013-203026
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). O entendimento e a percepção dos profissionais médicos sobre a telemedicina, a partir de aspectos que envolvam a complexidade e o valor agregado por essa tecnologia, podem ser fatores dificultadores para sua utilização (Uscher-Pines et al., 2020USCHER-PINES, L. et al. What drives greater assimilation of telestroke in emergency departments? Journal of Stroke and Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 29, n. 12, 2020. DOI: 10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2020.105310
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). Nessa mesma direção, problemas com a plataforma de smartphone podem também dificultar o atendimento, quando essas são as ferramentas utilizadas (Wu et al., 2021WU, Y. et al. Use of a smartphone platform to help with emergency management of acute ischemic stroke: observational study. JMIR mHealth and uHealth, Washington, DC, v. 9, n. 2, 2021. DOI: 10.2196/25488.
https://doi.org/10.2196/25488...
)

É fator limitante o desconhecimento dos profissionais sobre os sinais de alerta de AVC, sobre a necessidade de acionamento do protocolo para que o paciente chegue ao hospital em tempo de realização da terapêutica (Brandão et al., 2022BRANDÃO, P. C.; LANZONI, G. M. M.; PINTO, I. C. M. Network professional interaction in the care of patients with stroke. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 75, n. 5, 2022. DOI: 10.1590/0034-7167-2021-0533
https://doi.org/10.1590/0034-7167-2021-0...
; Geffner-Sclarsky et al., 2011GEFFNER-SCLARSKY, D. et al. Provincial stroke code: characteristics and impact on health care. Revista de Neurología, Barcelona, v. 52, n. 8, p. 457-464, 2011. DOI: 10.33588/rn.5208.2010768
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), bem como a desinformação, as barreiras de linguagem (Glober et al.., 2022GLOBER, N. et al. A novel emergency medical services protocol to improve treatment time for large vessel occlusion strokes. PLoS One, San Francisco, v. 17, n. 2, 2022. DOI: 10.1371/journal.pone.0264539
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) e a inabilidade em aplicar escalas (Kansagra et al., 2018KANSAGRA, A. P. et al. Streamlined triage and transfer protocols improve door-to-puncture time for endovascular thrombectomy in acute ischemic stroke. Clinical Neurology and Neurosurgery, Washington, DC, v. 166, p. 71-75, 2018. DOI: 10.1016/j.clineuro.2018.01.026
https://doi.org/10.1016/j.clineuro.2018....
).

Em regiões escassamente povoadas (Majersik et al., 2012MAJERSIK, J. J. et al. Observational study of telephone consults by stroke experts supporting community tissue plasminogen activator delivery. Academic Emergency Medicine, Washington, DC, v. 19, n. 9, 2012. DOI: 10.1111/j.1553-2712.2012.01438.x
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) ou em zonas rurais (Klingner et al., 2018KLINGNER, C. M. et al. Transfer of patients in a telestroke network: what are the relevant factors for making this decision? Telemedicine and e-Health, Washington, DC, v. 24, n. 2, p. 116-120, 2018. DOI: 10.1089/tmj.2017.0087
https://doi.org/10.1089/tmj.2017.0087...
; Majersik et al., 2012MAJERSIK, J. J. et al. Observational study of telephone consults by stroke experts supporting community tissue plasminogen activator delivery. Academic Emergency Medicine, Washington, DC, v. 19, n. 9, 2012. DOI: 10.1111/j.1553-2712.2012.01438.x
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), há maior dificuldade em levar tecnologias como protocolos de roteamento, por exemplo.

No âmbito das relações, é importante ressaltar que o tempo de início da terapia trombolítica é também afetado pela comunicação entre médicos e pacientes ou familiares e pela velocidade em que as decisões são tomadas por estes (Ren et al., 2019REN, L. et al. Fast-tracking acute stroke care in China: Shenzhen stroke emergency map. Postgraduate Medical Journal, Washington, DC, v. 95, n. 1119, p. 46-47, 2019. DOI: 10.1136/postgradmedj-2018-136192
https://doi.org/10.1136/postgradmedj-201...
). São percebidos atrasos na comunicação entre médicos dos hospitais locais e médicos dos centros de AVC para discutir os casos (Bergrath et al., 2012BERGRATH, S. et al. Feasibility of prehospital teleconsultation in acute stroke: a pilot study in clinical routine. PLoS ONE, San Francisco, v. 7, n. 5, 2012. DOI: 10.1371/journal.pone.0036796
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).

Outros entraves foram a ausência de apoio financeiro (Jewett et al., 2017JEWETT, L. et al. Use of geospatial modeling to evaluate the impact of telestroke on access to stroke thrombolysis in Ontario. Journal of Stroke and Cerebrovascular Diseases, Washington, DC, v. 26, n. 7, p. 1400-1406, 2017. DOI: 10.1016/j.jstrokecerebrovasdis.2017.03.023
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), o tempo gasto para criar um sistema confiável de atendimento ao paciente com AVC agudo bem-sucedido (Seah et al., 2019SEAH, H. M. et al. Code Stroke Alert: concept and development of a novel open-source platform to streamline acute stroke management. Frontiers in Neurology, Washington, DC, v. 10, 2019. DOI: 10.3389/fneur.2019.00725
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) e a necessidade de melhoria em toda a rede para que o paciente chegue em tempo hábil para o tratamento, visto que melhorias em só um ponto de atenção podem não resolver o problema (Evans et al., 2022EVANS, N. R. et al. Hyperacute stroke thrombolysis via telemedicine: a multicentre study of performance, safety and clinical efficacy. BMJ Open, London, v. 12, n. 1, 2022. DOI: 10.1136/bmjopen-2021-057372
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).

Discussão

Discutir as estratégias empregadas na gestão em rede no atendimento ao paciente com Acidente Vascular Cerebral isquêmico (AVCi) agudo possibilita a realização de comparações com a realidade vivenciada, além da elaboração e proposição de articulações similares que efetivem o cuidado a esses pacientes. Apesar de o cenário internacional, muitas vezes, não utilizar a palavra rede, propriamente dita, foram consideradas redes, para este estudo, articulações entre mais de um serviço de saúde.

As publicações científicas, nos anos pesquisados, apontam para seis articulações em Rede, formas de estabelecimento de fluxos e protocolos a serem seguidos por todos: a telemedicina, que conecta longas distâncias e/ou pessoas com maior ou menor expertise no atendimento; a pré-notificação hospitalar como estratégia que visa à agilidade e eficiência no tratamento; a utilização de plataforma de smartphone; a equipe de AVC intervencionista móvel disponível durante avaliação neurológica; e, finalmente, a regionalização.

Os protocolos entre serviços apareceram em muitos artigos, não necessariamente denominados dessa forma. Mesmo com as mais variadas denominações (matriz, código de AVC, kit de ferramenta, plano de serviço, rede de emergência, sistema de alerta, sistema de roteamento, via verde do AVC, programa de resgate, modelo de atendimento ou similares), foram inseridas as estratégias que se referiram a organizações entre os serviços, com estabelecimento da função de cada um e com as atividades desenvolvidas para aprimorar o atendimento. Nota-se que a reorganização do fluxo reflete em redução do tempo de tratamento e maior probabilidade de desfecho favorável (Janssen; Venema; Dippel, 2019JANSSEN, P. M.; VENEMA, E.; DIPPEL, D. W. J. Effect of workflow improvements in endovascular stroke treatment. Stroke, Washington, DC, v. 50, n. 3, p. 665-674, 2019. DOI: 10.1161/STROKEAHA.118.021633
https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.118.02...
), incluindo maior número de pacientes que receberam tratamento, redução nos tempos de atendimento (Gu et al., 2019GU, H.-Q. et al. Use of emergency medical services and timely treatment among ischemic stroke. Stroke, Washington, DC, v. 50, n. 4, p. 1013-1016, 2019. DOI: 10.1161/STROKEAHA.118.024232
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), redução da taxa de sangramento e dos óbitos, havendo maior acesso às Unidades de AVC (De Belvis et al., 2019DE BELVIS, A. G. et al. Ischemic stroke: clinical pathway impact. International Journal of Health Care Quality Assurance, Washington, DC, v. 32, n. 3, p. 588-598, 2019. DOI: 10.1108/IJHCQA-05-2018-0111
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), e, consequentemente, maior cobertura da população. Em contrapartida, a carência de protocolos que integrem os profissionais de saúde é fator de atraso no atendimento, sendo evento que justifica baixas taxas de trombólise (Nascimento et al., 2016NASCIMENTO, K. G. et al. Desfechos clínicos de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico após terapia trombolítica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 29, n. 6, p. 650-657, 2016. DOI: 10.1590/1982-0194201600091
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), não havendo, dessa forma, estratégias que favoreçam a cooperação entre serviços.

A telemedicina, por sua vez, proporcionou aos pacientes maior acesso à opinião de um especialista, garantindo segurança e confiabilidade na tomada de decisão, melhoria do acesso ao exame de tomografia e à terapêutica, diminuição dos custos, maior acesso ao tratamento para os pacientes de áreas isoladas, redução de internações em centros com carga excessiva de trabalho e melhor colaboração entre níveis de saúde e entre profissionais na integração de capital humano e de tecnologia. Seu potencial está em ser um vetor de transformação com impacto sobre a segurança e a qualidade assistencial, sobretudo em relação à trombólise (Steinman et al., 2015STEINMAN, M.et al. Impact of telemedicine in hospital culture and its consequences on quality of care and safety. Einstein, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 580-586, 2015. DOI: 10.1590/S1679-45082015GS2893
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), facilitando a avaliação neurológica na fase aguda e reduzindo transferências e custos (Medeiros de Bustos et al., 2018MEDEIROS DE BUSTOS, E. et al. Evaluation of a French regional telemedicine network dedicated to neurological emergencies: a 14-year study. Telemedicine and e-Health, Washington, DC, v. 24, n. 2, p. 155-160, 2018. DOI: 10.1089/tmj.2017.0035
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).

Alguns dos resultados da pré-notificação hospitalar se assemelham aos da ativação de um protocolo, como o aumento do número de pacientes que acessam uma Unidade de AVC e que recebem o tratamento, redução de tempo porta-agulha44Tempo entre a admissão hospitalar e a administração da trombólise endovenosa., redução no uso de leitos nas emergências, além da possibilidade de serem atendidos mais rapidamente na unidade hospitalar com melhor organização de atividades multidisciplinares. A comunicação entre os profissionais do atendimento pré-hospitalar desde o recebimento do chamado até os desdobramentos na emergência hospitalar é um dos componentes que assegura a integralidade do atendimento (Cunha et al., 2019), havendo colaboração entre os serviços.

Nesse sentido, destaca-se que o uso de plataformas digitais vem auxiliando na prevenção e identificação de sinais e sintomas tanto por leigos quanto por profissionais de saúde (Feigin et al., 2022FEIGIN, V. et al. Digital health in primordial and primary stroke prevention: a systematic review. Stroke, Washington, DC, v. 53, p. 1008-1019, 2022. DOI: 10.1161/STROKEAHA.121.036400
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). Ainda, a inteligência artificial tem se mostrado promissora no diagnóstico e triagem de pacientes com AVC agudo (Shlobin et al., 2022SHLOBIN, N. A. et al. Artificial intelligence for large-vessel occlusion stroke: a systematic review. World Neurosurgery, Washington, DC, v. 159, p. 207-220, 2022. DOI: 10.1016/j.wneu.2021.12.004
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). Contudo, recomenda-se que ferramentas digitais sejam implementadas em conjunto com estratégias de prevenção primária de AVC e de doenças não transmissíveis em toda a população, de maneira combinada e integrada (Feigin et al., 2022FEIGIN, V. et al. Digital health in primordial and primary stroke prevention: a systematic review. Stroke, Washington, DC, v. 53, p. 1008-1019, 2022. DOI: 10.1161/STROKEAHA.121.036400
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).

A implementação da regionalização dos cuidados intensivos apresenta desafios logísticos complexos que incluem intervenções altamente independentes em financiamento, governança, informática, recursos humanos, prestação de serviços, medicina e tecnologias. No entanto, os sistemas de saúde que alinham estratégias para ajudar os hospitais de referência com a implementação da regionalização estarão mais bem posicionados para prover os cuidados intensivos de forma eficaz (Leung et al., 2022LEUNG, S. et al. Regionalization of critical care in the United States: current state and proposed framework from the academic leaders in Critical Care Medicine Task Force of the Society of Critical Care Medicine. Critical Care Medicine, Washington, DC, v. 50, n. 1, p. 37-49, 2022. DOI: 10.1097/CCM.0000000000005147
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).

Em contrapartida, dificuldades relacionais e de comunicação são apontadas nos estudos envolvendo problemas do pré-hospitalar em estabelecer contato com a emergência fixa, dificultando a pré-notificação hospitalar (Li et al., 2019LI, T. et al. Emergency medical services providers’ knowledge, practices, and barriers to stroke management. Open Access Emergency Medicine, Washington, DC, v. 11, p. 297-303, 2019. DOI: 10.2147/OAEM.S228240
https://doi.org/10.2147/OAEM.S228240...
), fator este crucial para que seja ativado o código de AVC e para que os pacientes cheguem ao hospital mais cedo (Soto-Cámara et al., 2019SOTO-CÁMARA, R. et al. Factors associated with shortening of prehospital delay among patients with acute ischemic stroke. Journal of Clinical Medicine, Washington, DC, v. 8, n. 10, p. 1712, 2019. DOI: 10.3390/jcm8101712
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).

Treinamentos são apontados como fundamentais frente à necessidade de identificação, triagem, ativação de códigos de AVC e precisão no estabelecimento do início dos sintomas. A aplicação de escalas, por exemplo, de forma segura, rápida e confiável, dá-se por meio de treinamento e escolha de escalas de simples execução (Stead; Banerjee; Ganti, 2019STEAD, T. G.; BANERJEE, P. R.; GANTI, L. Large vessel occlusion identification through prehospital administration of stroke scales: a county-wide emergency medical services prospective research protocol. Cureus, Washington, DC, v. 11, n. 10, 2019. DOI: 10.7759/cureus.5931
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). Treinamento específico deve ser direcionado a profissionais do atendimento pré-hospitalar (Nascimento et al., 2016NASCIMENTO, K. G. et al. Desfechos clínicos de pacientes com acidente vascular cerebral isquêmico após terapia trombolítica. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 29, n. 6, p. 650-657, 2016. DOI: 10.1590/1982-0194201600091
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) e para os enfermeiros da emergência hospitalar, permitindo construção de estratégias, sensibilização profissional sobre a especificidade e prontidão para o atendimento do paciente com AVC, sendo instrumento capaz de promover transformações (Moura et al., 2018MOURA, L. V. C. et al. Management of elderly people with Stroke: strategies based on action research. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 71, n. 6, p. 3054-3062, 2018. DOI: 10.1590/0034-7167-2017-0915
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).

Ainda, o conhecimento e a capacitação específicos são determinantes para que haja preparo profissional direcionado ao atendimento (Santos et al., 2019SANTOS, A. S. et al. Percepção de enfermeiros emergencistas acerca da atuação e preparo profissional. Revista de Enfermagem UFPE, Recife, v. 13, n. 5, p. 1387-1393, 2019.). No estudo em voga, enfermeiros na linha de frente possuem a função de otimizar o atendimento (Moura et al., 2018MOURA, L. V. C. et al. Management of elderly people with Stroke: strategies based on action research. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 71, n. 6, p. 3054-3062, 2018. DOI: 10.1590/0034-7167-2017-0915
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), recebendo a equipe pré-hospitalar na porta do hospital e/ou compondo a equipe da Unidade de AVC que acompanha o atendimento, associando-se a fim de oferecer melhor tratamento ao paciente.

Quanto às características profissionais, é importante destacar como pontos que fazem diferença na assistência: a prontidão das equipes nas Unidades de AVC 24h (Moodley; Nitkunan; Pereira, 2018MOODLEY, K. K.; NITKUNAN, A.; PEREIRA, A. C. Acute neurology: a suggested approach. Clinical Medicine, Washington, DC, v. 18, n. 5, p. 418-421, 2018. DOI: 10.7861/clinmedicine.18-5-418
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) e a existência de equipes de apoio que são responsáveis por gerenciar o atendimento, indicando, inclusive, onde há vagas na rede.

Por se tratar de uma corrida contra o tempo, o reconhecimento precoce do AVCi permite que muitos pacientes tenham acesso ao tratamento. Dessa forma, como apontam os estudos, a informação precisa chegar à população, tanto no que diz respeito ao reconhecimento dos sinais e sintomas, quanto no que tange às instruções do que fazer (Soto-Cámara et al., 2019SOTO-CÁMARA, R. et al. Factors associated with shortening of prehospital delay among patients with acute ischemic stroke. Journal of Clinical Medicine, Washington, DC, v. 8, n. 10, p. 1712, 2019. DOI: 10.3390/jcm8101712
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), pois a maioria das pessoas não tem conhecimento satisfatório sobre a doença (Machado et al., 2020MACHADO, V. S. et al. Conhecimento da população sobre acidente vascular cerebral em Torres RS. Revista Brasileira de Neurologia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 3, p. 11-14, 2020.). Isso pode ser feito também por meio da implementação de políticas públicas (Machado et al., 2020MACHADO, V. S. et al. Conhecimento da população sobre acidente vascular cerebral em Torres RS. Revista Brasileira de Neurologia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 3, p. 11-14, 2020.).

O desconhecimento é apontado como limite ao atendimento relacionado ao tempo de janela e à determinação de para onde encaminhar o paciente com AVC (Li et al., 2019LI, T. et al. Emergency medical services providers’ knowledge, practices, and barriers to stroke management. Open Access Emergency Medicine, Washington, DC, v. 11, p. 297-303, 2019. DOI: 10.2147/OAEM.S228240
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). Já a falta de suporte de um neurologista especialista faz com que haja dificuldade em avaliar e tratar adequadamente os pacientes. Portanto, a presença do neurologista permite estreita relação com o departamento de emergência, além de proatividade no gerenciamento da reperfusão, evitando admissões desnecessárias e tornando o atendimento mais eficiente (Moodley; Nitkunan; Pereira, 2018MOODLEY, K. K.; NITKUNAN, A.; PEREIRA, A. C. Acute neurology: a suggested approach. Clinical Medicine, Washington, DC, v. 18, n. 5, p. 418-421, 2018. DOI: 10.7861/clinmedicine.18-5-418
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).

As limitações do estudo, é importante ressaltar, referem-se à ausência de publicações nacionais relacionadas aos descritores propostos.

Este trabalho possibilita discussão sobre o que tem sido empregado no mundo para melhorias relacionadas ao atendimento ao paciente com suspeita ou confirmação de AVC. Nesse sentido, aponta linhas que podem ser seguidas no cenário nacional para aprimoramento ou implantação de novos fluxos de trabalho que objetivem captação de maior número de pacientes elegíveis ao tratamento, por intermédio de melhorias na relação de cooperação entre os profissionais envolvidos no atendimento.

Considerações finais

A síntese do conhecimento obtido por meio do presente estudo pode auxiliar na tomada de decisão e no planejamento da gestão e de profissionais de saúde sobre a organização da gestão em Rede no atendimento ao paciente com AVC. São implantadas tecnologias para abordagem em rede no aprimoramento de protocolos e fluxos intra e interinstitucionais, através da regionalização, da telemedicina, de plataforma de smartphone, com a ampliação das funções da equipe intervencionista móvel ou por elementos integradores, como a pré-notificação hospitalar.

É perceptível que a organização do atendimento entre os serviços, mediante a associação entre profissionais, em que cada um faz a sua parte, com limite de quando começa e de quando termina a função do outro, faz com que haja maior efetividade e eficiência dos serviços de saúde, resultando no tratamento de um maior número de pacientes.

Estratégias que otimizam o tempo, como a gestão da disponibilidade de leito, realizada por uma equipe de retaguarda ou por aplicativos que indicam o melhor lugar para transporte do paciente, têm apresentado resultados promissores.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    26 Maio 2023
  • Revisado
    26 Maio 2023
  • Aceito
    24 Jul 2023
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. SP - Brazil
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