Avaliação das condições alimentares de catadores de materiais recicláveis em uma região no município de Piraquara, Paraná

Evaluation of food security of solid waste segregators in a region of the municipality of Piraquara, Paraná

Leandra Ulbricht Márcia Oliveira Lopes Amanda Cristina de Oliveira Taís Milene Calvetti Sobre os autores

RESUMO

Os catadores de materiais recicláveis realizam atividades fisicamente pesadas e em condições precárias, o que torna importante garantir uma alimentação adequada. Assim, este estudo avaliou as condições alimentares desses trabalhadores, em Piraquara, Paraná. A pesquisa foi realizada com base no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Foram identificados e entrevistados 56 catadores. A maioria (68%) gastava mais da metade da renda com a aquisição de alimentos, mas 29% relataram passar fome, sendo 13% todos os dias. Ao analisar a frequência alimentar, observou-se alta ingestão de feijão (94%) e arroz (92%), baixa ingestão de frutas, legumes e verduras (16%) e consumo regular de refrigerantes (20%). Essa situação demonstra que é preciso garantir o direito a uma alimentação adequada a esses trabalhadores.

PALAVRAS-CHAVE:
Catadores; Segurança alimentar e nutricional; Alimentação

ABSTRACT

The solid waste segregators of recyclable materials perform their hard work in poor conditions, what make important to assure an adequate diet. So, this study evaluated the feeding conditions of these workers in Piraquara, Paraná. The research was developed based on System for Food and Nutrition Surveillance (SISVAN) and Brazilian Food Insecurity Scale. Fifty-six workers were identified and interviewed. The majority (68%) spent more than half of their income on food purchases, but 29% reported going hungry, being 13% every day. When food intake frequency was analyzed, there was a high intake of beans (94%) and rice (92%), low intake of fruits and vegetables (16%) and regular consumption of soft drinks (20%). This shows that it is necessary to guarantee the right to adequate food among these workers.

KEYWORDS:
Solid waste segregators; Food security; Feeding

Introdução

A partir da Revolução Industrial, o mundo vem passando por um processo de concentração da população nas áreas urbanas, gerando impactos tanto no nível ambiental, como no social, ressaltando-se a questão da produção de resíduos e o seu destino (MENDONÇA, 2004MENDONÇA, F. Impactos socioambientais urbanos. Curitiba: UFPR, 2004.), A partir da década de 1970, iniciou-se a valorização da reciclagem de materiais (MONETTI 2004MONETTI, S.M. et al. Levantamento de riscos ocupacionais nos trabalhadores de uma cooperativa de catadores de lixo reciclável. In: Anais eletrônicos APAMT. Maringá, 2004.).

Nesse contexto, emerge-se uma nova forma de ocupação, os catadores de materiais recicláveis que, na maioria das vezes, não recebem nenhum valor pecuniário do Poder Público Municipal, nem apoio através de políticas públicas municipais (GONÇALVES, 2003GONÇALVES, P. A reciclagem integradora dos aspectos ambientais, sociais e econômicos. Rio de Janeiro: DP&A Lamparina, 2003.).

A implantação de políticas públicas relacionadas ao destino do lixo e à reciclagem se faz necessária, tanto para a valorização do catador, quanto para a qualidade de vida da sociedade, A precariedade das condições de habitação e saúde, a utilização da própria residência para depósito de lixo, assim como a dependência do catador para com os donos de depósitos de lixo em troca de moradia e alimento têm sido relatadas na literatura. Em Curitiba, no ano de 2007, houve a implantação de um projeto voltado aos catadores de materiais recicláveis, o Ecocidadão, com o objetivo de incentivar a separação de materiais para a reciclagem e melhorar o reconhecimento e a inclusão dos catadores através da possibilidade de aumentar a renda, proteção e melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores (BARANHUK, 2010BARANHUK, T.E.S. Avaliação da evolução da renda e qualidade de vida dos catadores de materiais recicláveis de Curitiba, após a implantação do Projeto Ecocidadão da Prefeitura de Curitiba. 2010. 17 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduaçâo em Gestão, Educação e Planejamento Ambiental) - Sociedade Paranaense de Ensino e Informática (SPEI), Curitiba, 2010.).

Com a criação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, em 2001, o trabalho dos catadores adquiriu visibilidade, culminando, em 2002, com a inclusão da profissão de catador de material reciclável na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sendo descrita como os profissionais que

catam, selecionam e vendem materiais recicláveis como papel papelão e vidro, bem como materiais ferrosos e não ferrosos e outros materiais reaproveitáveis, (BRASIL, 2009BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 397 de 9 de outubro de 2002. Classificação Brasileira De Ocupações – CBO. Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/legislacao.jsf>. Acesso em: 9 abr. 2009.
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).

Contudo, o trabalho desenvolvido pelos catadores, apesar de atender às demandas ambientais de preservação através da reciclagem, é realizado em condições precárias do ponto de vista da saúde e segurança, como do ponto de vista da alimentação, que muitas vezes se origina do próprio lixo.

A alimentação adequada (tanto na qualidade, como na quantidade) deveria estar presente no dia a dia de todos os brasileiros; contudo, o último relatório sobre insegurança alimentar, publicado em 2010, destaca que a mesma diminuiu, mas ainda está presente em 30,2% dos domicílios brasileiros, sendo que, na região sul, foi encontrada a menor proporção (18,7%). Entre os estados do sul, o Paraná possui o menor percentual de segurança alimentar 79,6% (contra 85,2% de Santa Catarina e 80,8% do Rio Grande do Sul), segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2009INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNAD 2009: rendimento e número de trabalhadores com carteira assinada sobem e desocupação aumenta In: IBGE. Sala de imprensa - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1708>. Acesso em: 19 dez. 2010.
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).

Dessa maneira, o presente estudo procurou avaliar as condições alimentares dos catadores de materiais recicláveis, no município de Piraquara, Paraná.

Acesso à alimentação

O conceito de ‘insegurança alimentar’ é bastante amplo, pois tende a englobar desde percepções, como, por exemplo, a preocupação e angústia frente à incerteza do acesso regular aos alimentos, até a própria vivência de fome, onde a pessoa não tem o que comer diariamente, Essa situação, além de desumana, gera também uma perda da qualidade nutritiva, por diminuir a variabilidade da dieta, e da quantidade de alimentos (MARIN-LEON 2005MARIN-LEON, L et al. A percepção de insegurança alimentar em famílias com idosos em Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 21, n. 5, set./out 2005, p. 1433-1440.).

Contudo, além da fome, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional indica que as situações de insegurança alimentar e nutricional podem ser detectadas a partir de diferentes tipos de problemas, como o consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudiciais à saúde, doenças associadas à má alimentação e até mesmo a obesidade, uma vez que os preços abusivos de alimentos nutritivos (carnes, frutas, verduras) e a imposição de padrões alimentares, que não respeitem a diversidade cultural (como por exemplo, alimentos altamente processados com alto teor de açúcar e/ou gordura), também são provocadores de insegurança alimentar (BRASIL, 2003BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Série B. Textos Básicos de Saúde. 2. ed, Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: <http://nutricao.saude.gov.br/docs/geral/pnan.pdf>, Acesso em: 15 fev. 2011.
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).

Em grupos mais vulneráveis, como o abordado neste estudo, os catadores de materiais recicláveis, as repercussões da insegurança alimentar podem ser observadas (SALLES-COSTA 2008SALLES-COSTA, R. et al. Associação entre fatores socioeconômicos e insegurança alimentar: estudo de base populacional na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil Revista de Nutrição, Campinas, v. 21, Suppl., ago, 2008, p. 99-109. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732008000700009>. Acesso em: 10 fev. 2011.
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), Um estudo realizado no Rio de Janeiro, com 218 catadores do aterro do Gramacho, verificou que 42,3% dos mesmos relataram encontrar no lixo uma oportunidade para se alimentar, sendo que esses trabalhadores acabam consumindo alimentos do próprio aterro, provenientes de redes de supermercados e que, geralmente, estão com a validade vencida (PORTO 2004PORTO, M.F.S. et al. Lixo, trabalho e saúde: um estudo de caso com catadores em um aterro metropolitano no Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, dez. 2004, p. 1503-1514. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n6/07.pdf>, Acesso em: 10 fev. 2011.
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). Outro estudo realizado em Curitiba, com 22 catadores, investigou a prevalência de sinais e sintomas indicativos de sobrecarga no trabalho e verificou que 45,5% apresentam indigestão e 36,4% apresentam gastrite, sintomas esses que podem estar relacionados à alimentação inadequada desses trabalhadores (ALENCAR 2009ALENCAR, M.C.B. et al. Condições de trabalho e sintomas relacionados à saúde de catadores de materiais recicláveis em Curitiba. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 20, n. 1, jan./abr. 2009, p.36-42. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rto/v20n1/07.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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).

Em 2010, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD (IBGE, 2009INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNAD 2009: rendimento e número de trabalhadores com carteira assinada sobem e desocupação aumenta In: IBGE. Sala de imprensa - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1708>. Acesso em: 19 dez. 2010.
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) demonstrou que a insegurança alimentar no país diminuiu, uma vez que o número de domicílios brasileiros que se encontrava em algum grau de insegurança alimentar caiu de 34,9 para 30,2%, entre 2004 e 2009, Contudo, em um país gigante como o Brasil, esse percentual demonstra que 65,6 milhões de pessoas, residentes em 17,7 milhões de domicílios, apresentavam alguma preocupação de faltar recursos para a aquisição de alimentos ou mesmo alguma restrição alimentar.

Segundo Belik (2003)BELIK, W. Perspectivas para segurança alimentar e nutricional no Brasil. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 12, n. 1, jun. 2003, p. 12-20. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v12n1/04.pdf> Acesso em: 10 fev. 2011.
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, a fome pode possuir muitos significados, desde o técnico, denominado de desnutrição energicoproteica (DES), causada pela feita de calorias e proteínas, até a fome oculta, causada pela carência de vitaminas e/ou minerais (vitamina A, ferro, etc.).

A deficiência no acesso à alimentação leva a forma de carência mais difícil de ser identificada, a fome crônica. Nessa situação, a pessoa, para melhorar a aplicação de seus recursos financeiros, começa a trocar a qualidade dos alimentos. Em seguida, caso esses recursos continuem diminuindo, a repercussão pode ser visualizada na diminuição da quantidade de alimentos adquirida, Essa fome, que não consegue ser saciada, acaba por criar vulnerabilidades e gerar doenças; um exemplo é a dieta rica em gorduras e açúcares simples e pobre em carboidratos complexos, que está associada à obesidade e a outras doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2, levando à perda da qualidade de vida e o aumento do risco de morbimortalidade por doenças cardiovasculares (PANIGASSI 2008PANIGASSI, G. et al. Insegurança alimentar intrafamiliar e perfil de consumo de alimentos. Revista de Nutrição, Campinas, v. 21, Suppl., 2008, p. 135-144. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v21s0/12.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2011.
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).

Segundo Monteiro (2003)MONTEIRO, C.A.A Dimensão da pobreza, da fome e da desnutrição no Brasil Estudos Avançados, Sâo Paulo, v. 17, n. 48, mai./ago. 2003, p. 195-207. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142003000200002>. Acesso em: 10 fev. 2011.
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, deve existir uma preocupação para tratar os eventos: pobreza, fome e desnutrição com os seus corretos significados, pois apesar de muitos os utilizarem como sinônimos devido a forte relação entre eles, seus conceitos são diferentes. Assim, segundo o autor, quando a alimentação diária não supre a energia requerida para o exercício das atividades normais e para a manutenção do organismo, ocorre a fome. Já a desnutrição é consequência do aparecimento de sintomas cuja origem é a inadequação da dieta, seja do ponto de vista qualitativo (nutrientes) ou quantitativo (energia), ou, também, de doenças que provocam o mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos. Por isso, é possível que mesmo em sociedades muito pobres, que possuem dificuldade de acesso a determinadas necessidades (como saúde, educação, moradia), não exista fome. Também é possível a alimentação inadequada ocorrer entre pessoas que tenham renda suficiente para se alimentar e viver dignamente. Assim, toda fome que ocorra como um fenômeno que não seja pontual acaba por levar à desnutrição, mas o inverso não é verdadeiro, nem toda desnutrição é causada pela fome (ou pela deficiência energética).

O Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1996, inclui a alimentação como um direito humano, sendo que o mesmo foi incorporado à legislação brasileira em 1992. A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) inclui a realização do direito humano à alimentação adequada (DHAA), O principal responsável por assegurar esse direito é o Estado, o qual tem a obrigação de intervir por meio da implementação de políticas públicas que contribuam para melhorar a produção, aquisição e acesso aos alimentos para a população (PINHEIRO; CARVALHO, 2010PINHEIRO, A.R.O,; CARVALHO; M.F.C.C Transformando o problema da fome em questão alimentar e nutricional: uma crônica desigualdade social. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1,jan. 2010, p. 121-130. Disponível em: <http://www,scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232010000100018&script=sci_arttext>. Acesso em: 7 fev. 2011.
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).

Materiais e métodos

Foi realizada uma pesquisa exploratória-descritiva, em Piraquara, um dos municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Essa escolha se deve ao fato desse município estar localizado em área de preservação ambiental, responsável pelo suprimento de 50% do abastecimento de água para três milhões de habitantes da RMC, o que aumenta a relevância da deposição do lixo.

Dentro desse município foi escolhida a região do Guarituba porque se trata da maior e mais complexa área de ocupação irregular da RMC e onde se concentram inúmeras famílias que vivem dos recursos oriundos da atividade da coleta de material reciclável.

O município não possuía dados sobre a população de catadores, assim para a coleta dos dados foram realizados contatos prévios com as Unidades Básicas de Saúde da região, para a cooperação das agentes comunitárias de saúde na realização de um georreferenciamento, para a identificação das moradias dos catadores de materiais recicláveis, Foram, então, localizados 56 catadores de materiais recicláveis na região estudada que participaram na sua totalidade deste estudo, uma vez que todos consentiram em participar da pesquisa, que tomou todos os cuidados necessários conforme as recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Paraná, quando da aptovação do projeto sob número 8611960912.

Foi elaborado o instrumento de pesquisa com base no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) que incluía também dados sobre o perfil desses trabalhadores, como sexo, idade, escolaridade, rendimentos, participação em programas sociais do governo, entre outras questões, Esse instrumento foi previamente testado com um grupo de 12 catadores c, devido a baixa escolaridade da população pesquisada, a técnica de coleta de dados utilizada foi a entrevista individual.

Quanto aos dados coletados para os estudos de prevalência, foram realizadas as análises descritiva e exploratória, A análise descritiva buscou evidenciar informações relevantes por meio da utilização da distribuição de frequências que, segundo Barbetta (1999, p, 10)BARBETTA, P.A. Estatística aplicada às ciências sociais. 3a ed. Florianópolis: UFSC, 1999., “compreende a organização dos dados de acordo com as ocorrências dos diferentes resultados observados”. Outra medida descritiva utilizada foi a de posição (média) que, segundo Costa Neto (1977, p, 20)COSTA NETO, P.L.O. Estatística. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1977., “serve para localizar a distribuição de frequências sobre o eixo de variação” do evento em questão,

Resultados e discussão

Foram identificados e entrevistados, na região selecionada, 56 catadores de materiais recicláveis, sendo que a maior parte, 36, era do sexo feminino (64%) e 20 (36%) do sexo masculino.

Quanto ao perfil da amostra, a média de idade era de 39 anos (38 anos, para as mulheres, e 40 anos, para os homens), 79% trabalhavam na região do Guarituba e somente 21% estavam alocados em cooperativas.

Com relação à escolaridade, a maior parte dos catadores possui ensino fundamental incompleto (64%), sendo ainda significativo o percentual de analfabetos (20%).

Em Goiânia, um estudo mostrou que dos 10 catadores entrevistados, 7 (70%) não completaram o ensino fundamental. Segundo o autor, a baixa escolaridade desses trabalhadores está relacionada à maneira como os mesmos enxergam a sua profissão e posição social, pois a maioria associa a falta de estudos às condições de trabalho em meio ao lixo, que para muitos deles é motivo para sentir vergonha e humilhação (MEDEIROS; MACÊDO, 2006MEDEIROS, L.F.R.; MACÊDO, K.B. Catador de material reciclável: uma profissão para além da sobrevivência? Revista Psicologia & Sociedade, Goiânia, v. 18, n. 2, ago. 2006, p. 62-71. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/psoc/v18n2/08.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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). Em Cruz Alta, município do Rio Grande do Sul, um projeto de extensão universitária chamado Autogestão para geração de trabalho e renda com catadores de materiais recicláveis (Agetrec) observou que, dos 105 catadores analisados, 80% não concluíram o ensino fundamental e apenas 2% concluíram o ensino médio (BORTOLI, 2009BORTOLI, M.A. Catadores de materiais recicláveis: a construção de novos sujeitos políticos. Revista Katálysis. Florianópolis, v. 12, n. 1, jun. 2009, p. 105-114. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rk/v12n1/13.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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).

Em Governador Valadares (MG), um estudo realizado com 67 catadores mostrou que 16,6% dos catadores mais jovens sentem vergonha do trabalho que realizam, 50% relataram que gostariam de ter um trabalho mais seguro, com melhor remuneração e carteira assinada e 33,3% relataram que gostariam de se alimentar melhor e ter a possibilidade de adquirir algumas coisas para a casa (ALMEIDA 2009ALMEIDA, J.R. et al. Efeito da idade sobre a qualidade de vida e saúde dos catadores de materiais recicláveis de uma associação em Governador Valadares, Minas Gerais, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 6, dez. 2009, p. 2169-2180. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-81232009000600024&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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), Mas, se faz necessário ressaltar que, para obter melhores oportunidades de trabalho e remuneração, o nível de escolaridade é requisito fundamental. No entanto, como demonstram os estudos citados anteriormente, os catadores de materiais recicláveis, por apresentarem baixa escolaridade, têm poucas chances de conseguir um emprego com remuneração suficiente que satisfaça suas necessidades.

Entre os 43 entrevistados que nasceram no Estado do Paraná (77%), somente 2 (4%) referiram seu local de nascimento como sendo Piraquara; os demais catadores vieram de diferentes cidades paranaenses e de outros estados e regiões do Brasil, Esse dado confirma que a cidade de Piraquara, que compõe a região metropolitana de Curitiba, está recebendo diversos migrantes, sendo que a média de tempo que essas pessoas estão morando em Piraquara é de 13 anos.

Essas mudanças significativas nos processos de urbanização por que passam vários municípios brasileiros, vêm causando um impacto no conjunto de programas, ações e gerenciamento dos recursos destinados à, por exemplo, assistência social ou de acesso à alimentação. Assim, embora os municípios sejam uma construção coletiva, apenas alguns têm acesso aos serviços que ele oferece à sociedade (COSTA, 2003COSTA, A.A. Crescimento urbano e problemas socioespaciais: um estudo da periferia de Natal. Mercator. Revista de Geografia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, n. 4, nov. 2003, p. 57-61. Disponível em: <http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/viewFile/150/119>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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). Além disso, segundo o autor, os municípios se encontram estruturados de forma desigual, então acaba sendo criada uma distribuição desigual, onde, de um lado, a população com melhor poder aquisitivo se instala em regiões privilegiadas e detentoras de melhores serviços e infraestrutura e, do outro lado, vão acontecendo invasões e assentamentos da população de renda mais baixa, como os que acontecem na região pesquisada.

Quanto às condições de alimentação, primeiramente identificou-se que a maior parte dos catadores realizava suas refeições em casa (89,7%), seguida pelas creches e escolas (14,2%), no caso das crianças, Como a área de coleta é a região de moradia, essa situação oportunizou o retorno à residência para a realização das refeições.

Quanto ao gasto com a alimentação, os catadores parecem atribuir elevado grau de importância a mesma, uma vez que 68% gastam mais do que metade da renda para a alimentação da família. Quanto aos demais: 18% gastam menos da metade da renda e 13% gastam metade da renda com a alimentação.

Verificou-se que 43% dos catadores recebiam benefícios do Programa Bolsa Família, o que pode impactar de forma positiva na quantidade e na qualidade da dieta. Contudo, 70% dos catadores relataram preocupação com relação ao término dos alimentos antes que tivessem dinheiro para comprar mais e 50% relataram que isso efetivamente ocorreu. Entre esses, 30% relataram que isso ocorreu em alguns dias e 13% que isso ocorria quase todos os dias, Esses dados demonstram que a insegurança alimentar está presente no dia a dia desses trabalhadores.

Levando em consideração o acesso aos benefícios sociais do governo, em um estudo realizado com 120 catadores de material reciclável de Uberlândia (MG), foi observado que apenas 2,5% recebiam Bolsa Família, sendo que 62,5% não recebiam nenhum benefício (SILVA; LIMA, 2007SILVA, D.B.; LIMA, S.C. Catadores de materiais recicláveis em Uberlândia - MG, Brasil: estudo e recenseamento. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 8, n. 21, jun. 2007, p. 82-98. Disponível em: <http://www.ig.ufu.br/revista/caminhos.html>. Acesso em: 10 fev. 2011.
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). O acesso a benefícios sociais do governo é importante para aumentar a renda desses trabalhadores e, consequentemente, melhorar a oportunidade de adquirir alimentos em quantidade e qualidade suficientes, No entanto, muitos catadores não possuem acesso aos programas de transferência de renda, isso pode estar relacionada à falta de conhecimento em relação a seus direitos ou, até mesmo, por falta de iniciativa dos mesmos em fazer valer esses direitos.

Com relação à aquisição de uma alimentação variada, 75% consideravam sua alimentação adequada com relação a esse quesito.

Considerando a percepção da fome, 70% dos catadores responderam que não tinham sentido fome; 29% responderam que sim e 1 catador não soube responder. Chama a atenção entre esses que responderam afirmativamente que 7, ou seja, 13%, afirmaram sentir fome quase todos os dias. A fome vem sendo considerada uma manifestação de insegurança alimentar e nutricional que pode acometer qualquer grupo da sociedade, A falta de acesso aos alimentos nada mais é do que a violação a um direito humano, o qual inclui o acesso a alimentos em quantidade e qualidade suficientes que satisfaçam as necessidades biológicas, culturais e sociais dos indivíduos conforme o curso da vida (PINHEIRO; CARVALHO, 2010PINHEIRO, A.R.O,; CARVALHO; M.F.C.C Transformando o problema da fome em questão alimentar e nutricional: uma crônica desigualdade social. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1,jan. 2010, p. 121-130. Disponível em: <http://www,scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-81232010000100018&script=sci_arttext>. Acesso em: 7 fev. 2011.
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).

Quando questionados sobre o conceito de uma boa alimentação, a grande maioria dos catadores de Piraquara relacionou o mesmo com os alimentos que consideravam saudáveis, como o arroz (55%) e o feijão (52%), seguido pela carne (45%), salada (23%), verduras (21%) e frutas (18%).

Outros estudos obtiveram resultados semelhantes, como o realizado entre mulheres da favela da Rocinha, onde o almoço dos pesquisados compreendia o trinômio ‘arroz, feijão e carne’ (FERREIRA; MAGALHÃES, 2005FERREIRA, V.A.; MAGALHÃES, R. Obesidade e pobreza: o aparente paradoxo. Um estudo com mulheres da Favela da Rocinha, Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, nov./dez. 2005, p. 1792-1800. Disponivel em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n6/17.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2011.
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).

O Ministério da Saúde (BRASIL, 2003BRASIL Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Série B. Textos Básicos de Saúde. 2. ed, Brasília: Ministério da Saúde, 2003. Disponível em: <http://nutricao.saude.gov.br/docs/geral/pnan.pdf>, Acesso em: 15 fev. 2011.
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), nos dez passos para uma alimentação saudável, preconiza a ingestão de feijão com arroz, de preferência diariamente ou pelo menos cinco vezes por semana, Quando falavam sobre alimentação, os catadores citavam: “Carne tem muita proteína”; “Quando não tem carne, como ovo ; rouco óleo”.

Assim, apesar da baixa escolaridade, os catadores demonstraram possuir uma boa noção do que seria uma alimentação saudável, incluindo até mesmo algumas substituições (como a carne pelos ovos), para a obtenção de proteína animal.

Para esses trabalhadores, que realizam um trabalho fisicamente pesado, a alimentação ganha ainda mais importância, uma vez que é esse conjunto de alimentos que vai garantir a sustentação e a força para a execução desse trabalho.

Apesar das noções que demonstram, quando perguntados sobre a alimentação da sua família, menos da metade, 46%, relataram possuir uma ‘boa alimentação’ e justificaram como: “Falta dinheiro para comprar frutas e verduras”; “Nem sempre tem carne e salada”; “Às vezes falta”

Essa situação ocorre porque mesmo os catadores gastando a maior parte da renda em alimentação, a mesma ainda é muito baixa para garantir a alimentação ideal, Esses resultados vêm ao encontro da PNAD (IBGE, 2009INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). PNAD 2009: rendimento e número de trabalhadores com carteira assinada sobem e desocupação aumenta In: IBGE. Sala de imprensa - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1708>. Acesso em: 19 dez. 2010.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/...
), que demonstrou a relação entre a baixa renda e a insegurança alimentar, uma vez que 55% dos domicílios em condições de insegurança alimentar possuíam rendimento mensal domiciliar per capita de até meio salário mínimo. Com relação à gravidade do quadro, viviam em domicílios em condição de insegurança alimentar moderada ou grave cerca de 25,4 milhões de pessoas, sendo que dessas, 33,2% possuíam rendimento mensal domiciliar per capita de até 1/4 de salário-mínimo.

Quando investigada a frequência alimentar nos últimos 7 dias, verificou-se uma alta ingestão de feijão (94%) e arroz (92%), juntamente com uma baixa ingestão de frutas, legumes e verduras (16%), como apresentado na Tabela 1.

Tabela 1
Ingestão de alimentos na última semana

Pode-se verificar o consumo regular de carne pela maioria dos catadores (55%). Chama também atenção o alto consumo de pão (70%) e de refrigerantes (20%) todos os dias. O refrigerante ainda representa um símbolo de poder econômico, uma vez que a alimentação também pode ser encarada como uma forma de demonstrar ou obter status social.

Em um estudo realizado com 253 catadores de material reciclável em Santos (SP), com relação aos hábitos alimentares, verificou-se que 75,6% consumiam feijão e arroz diariamente; 25 e 32%, respectivamente, praticamente não consumiam vegetais e frutas durante a semana; 34,5 e 12% consumiam leite e ovo todos os dias, respectivamente; e 22,3% consumiam bebidas alcoólicas diariamente (ROZMAN 2010ROZMAN, MA et al. Anemia em catadores de material reciclável que utilizam carrinho de propulsão humana no município de Santos. Revista Brasileira de Epidemiologia, Sâo Paulo, v. 13, n. 2, jun. 2010, p. 326-336. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-790X2010000200014&script=sci_arttext>. Acesso em: 10 fev. 2011.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141...
).

Esses dados demonstram que o típico prato brasileiro, arroz e feijão, está presente nos hábitos alimentares dos catadores, o que é muito significativo visto a qualidade nutricional desses alimentos, No entanto, o baixo consumo de frutas, legumes e verduras é preocupante, pois esses alimentos contêm vitaminas e minerais necessários para a manutenção do organismo e a deficiência no consumo dos mesmos pode aumentar o risco do desenvolvimento de doenças.

É importante ressaltar que uma alimentação nutricionalmente adequada se faz necessária, principalmente para os catadores de materiais recicláveis, os quais realizam trabalho pesado, muitas vezes em ambientes não favoráveis, em condições precárias, o que já favorece riscos à saúde. Portanto, esses trabalhadores devem diminuir esses riscos fortalecendo o organismo por meio de uma alimentação adequada em quantidade e qualidade.

Conclusão

Este estudo demonstrou, não somente a presença da insegurança alimentar nesse grupo da sociedade, mas também a constância com que isso ocorre, o que a torna ainda mais grave.

Os trabalhadores demonstraram conhecimento em relação à alimentação saudável; no entanto, justificaram a falta de consumo de alimentos saudáveis, principalmente, devido às dificuldades financeiras. Assim, a alimentação do grupo em estudo encontra-se qualitativamente inadequada, devida à baixa ingestão de frutas, legumes e verduras e ao consumo regular de refrigerantes. Contudo, o consumo diário de arroz, feijão e carne, torna menos problemática a rotina alimentar dos catadores.

A pesquisa realizada demonstra que o grupo pesquisado possui dificuldade na aquisição de alimentos (tanto considerando a quantidade, como a qualidade dos mesmos) e vivem em situação de insegurança alimentar. É preciso avançar em nosso país para garantir o direito a uma alimentação digna a esse seguimento da população. Tornam-se importantes tanto a realização de açóes voltadas ao acesso à alimentação saudável, como também atividades educativas de caráter permanente voltadas às especificidades culturais e sociais dos catadores de materiais recicláveis.

  • Suporte financeiro: Não houve

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Ago 2023
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2012

Histórico

  • Recebido
    Maio 2011
  • Aceito
    Fev 2012
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