RESUMO
Este relato situa-se no campo do protagonismo das mulheres Médicas de Família e Comunidade (mMFC) e em sua articulação nacional por meio do Grupo de Trabalho Mulheres na Medicina de Família e Comunidade (GT-MMF), fundado em 2016 no bojo da Sociedade de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), entidade científica que representa a especialidade no País. Descreve a organização do I Encontro do GT-MMFC, em 2019, intitulado ‘Liderança feminina em saúde’ e discute seus desdobramentos, com foco na equidade de gênero nos domínios: profissional, acadêmico, de gestão, de ensino e pesquisa; assim como na própria instituição, a SBMFC. O artigo se debruça, ainda, sobre questões relacionadas com as causas de mulheres no âmbito da especialidade e da medicina. O evento foi aberto a estudantes e profissionais de outras áreas e ofertou discussões contemporâneas, como: protagonismo feminino; autocuidado; interseccionalidades; maternidade e trabalho; inserção da mulher e diferenças de gênero na política. O Encontro reuniu mulheres de quatro regiões do Brasil, aprofundou as relações e o apoio interpares e permitiu a ampliação das pautas para o fortalecimento da consciência de gênero e sua influência no cotidiano das mMFC, na sua prática acadêmica, científica, assistencial e de gestão.
PALAVRAS-CHAVE
Atenção Primária à Saúde; Medicina de Família e Comunidade; Mulheres; Mulheres trabalhadoras; Iniquidade de gênero
Introdução
O Grupo de Trabalho Mulheres na Medicina de Família e Comunidade (GT-MMFC) foi fundado em 2016, durante a XXI Conferência Mundial da World Organization of Family Doctors (Wonca), realizada no Rio de Janeiro-RJ, quando mulheres Médicas de Família e Comunidade (mMFC), atuantes em associações estaduais e brasileira de Medicina de Família e Comunidade (MFC), articularam-se para participar das atividades do Wonca Working Party on Women & Family Medicine (WWPWFM)11 Oliveira DOPS, Chueiri PS, Albuquerque NP. Carta de Cuiabá - Mulheres, Médicas de Família e Comunidade, no Brasil - onde estamos e onde podemos chegar? Rev Bras Med Fam Comunidade. 2020; 15(42):1784.. Essas médicas consideravam que a sub-representação de mulheres nos espaços de decisão da profissão e da especialidade revela-se um problema histórico, político e de gênero. Apesar da crescente feminização da medicina22 Scheffer M, coordenador. Demografia Médica no Brasil 2018. São Paulo: Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP; Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo; Conselho Federal de Medicina; 2018. [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: https://cdn-flip3d.sflip.com.br/temp_site/edicao-97e48472142cfdd1cd5d5b5ca6831cf4.pdf
https://cdn-flip3d.sflip.com.br/temp_sit... e do debate contemporâneo sobre as iniquidades de gênero, prevalecem resquícios da dominação masculina nos campos material e simbólico, expostos por Beauvoir33 Beauvoir S. O segundo sexo: fatos e mitos. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; 2016. na metade do século XX.
A Conferência aproximou as mMFC e levou ao desejo coletivo de difundir o debate para âmbito nacional e ampliar seu protagonismo acadêmico e político, além da representatividade na direção e nos encontros científicos da MFC11 Oliveira DOPS, Chueiri PS, Albuquerque NP. Carta de Cuiabá - Mulheres, Médicas de Família e Comunidade, no Brasil - onde estamos e onde podemos chegar? Rev Bras Med Fam Comunidade. 2020; 15(42):1784.. É importante destacar a legitimidade desse movimento a partir da própria tradição histórica da medicina, que subjugou as mulheres na sua corporificação como paciente ou no seu exercício da medicina, relegando ao masculino o lugar de prestígio e domínio do saber científico44 Rohden F. Uma Ciência da Diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2001.. A construção institucional da medicina no Brasil, que marcou os séculos XIX e XX pela diferença entre os gêneros, deixa o desafio estrutural de debatê-la para subvertê-la.
O GT-MMFC, dentro da medicina e da especialidade, pretende operar na urgência de dar novos sentidos a discussões perenes. Objetiva discutir sobre a inserção das mulheres na MFC, trabalhando pela equidade de gênero nos campos de atuação profissional: academia, gestão, ensino e pesquisa; assim como na própria instituição técnico-científica da especialidade, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)55 Pontes N, Chueiri P, Ornelas P. Grupo de Trabalho Mulheres na MFC: Histórico e atividades Nov 2017 - Jul 2019. Cuiabá: CBMFC; 2019. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Historico-e-atividades-GT-Mulheres-2017-19.pdf
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Desde sua fundação, a atuação do GT-MMFC expande-se progressivamente em várias regiões do País, com ações capilarizadas pelas mMFC, a partir do exercício em docência, pesquisa, atividades científicas da especialidade (oficinas, seminários e congressos) e representações institucionais. Nesses espaços, são pautados temas relacionados com os direitos reprodutivos e com o aborto; representatividade e protagonismo femininos; violência contra a mulher e ações interseccionais em parceria com outros GT, como o de ‘Saúde da População Negra’ e o de ‘Sexualidade, Gênero, Diversidade e Direitos’, colocando em evidência a importância de discutir racismo e interseccionalidades, além de temas contemporâneos, como a sobrecarga feminina durante a pandemia da Covid-1955 Pontes N, Chueiri P, Ornelas P. Grupo de Trabalho Mulheres na MFC: Histórico e atividades Nov 2017 - Jul 2019. Cuiabá: CBMFC; 2019. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Historico-e-atividades-GT-Mulheres-2017-19.pdf
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Uma ação expressiva foi a discussão, dentro da SBMFC, das Gender Equity Standards for Wonca Scientific Meetings (GES)66 Wonca Working Party on Women and Family Medicine. Gender equity standards for Wonca Scientific Meetings. East Anglia: WWPWFM; 2009. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.globalfamilydoctor.com/GetFile.aspx?oid=C34EDB0E-B59C-4D4B-A518-09250FA34B7A
https://www.globalfamilydoctor.com/GetFi... , uma ferramenta desenvolvida pelo WWPWFM, que estabelece parâmetros para avaliação de quanto os eventos respeitam a equidade de gênero, e que passou a ser utilizada no planejamento e avaliação dos encontros científicos dessa sociedade. Trata-se de uma tarefa tão exigente quanto estranha às mulheres - as iniquidades de gênero parecem demandar comprovação precisa, em uma certa cientificidade do óbvio, demarcando legitimidade e equidade ainda não garantidas entre os pares.
Durante o XV Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, em julho de 2019, ocorreu a reunião ordinária do GT-MMFC. Nesta, surgiu a proposta do primeiro encontro nacional do GT, em espaço independente de outros eventos da SBMFC, e cujos propósitos estruturaram-se em: aprofundar o debate sobre temas como protagonismo feminino na saúde, ampliar a integração do grupo e identificar as questões prioritárias no planejamento do GT-MMFC. O encontro aconteceu ainda no mesmo ano, em Brasília (DF)77 Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Ata da Reunião Ordinária do Grupos de Trabalho Mulheres na MFC. Cuiabá: CBMFC; 2019. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Ata-Reuniao-Gt-Mulheres-15CBMFC.pdf
https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uplo... . Dessa forma, este artigo objetiva relatar e discutir a experiência de organização e os resultados do I Encontro do Grupo de Trabalho de Mulheres na Medicina de Família e Comunidade e sua repercussão no fortalecimento do GT-MMFC.
A organização do encontro
Inicialmente, foi estabelecida uma comissão organizadora do congresso, com mulheres de diferentes estados do Brasil. Foi proposto um formulário semiestruturado on-line para levantar os principais interesses das potenciais participantes do encontro às mMFC membras do GT-MMFC, de forma que a comissão priorizasse na proposta científica temas cotidianos e relevantes. Entre as 42 respostas recebidas, 18 manifestaram interesse por temas referentes à liderança feminina/síndrome da impostora; 10 levantaram o problema da violência de gênero e machismo nas consultas e nas relações de trabalho; 5 se preocupavam com a maternidade e o trabalho para as mMFC. As demais respostas complementaram com a pertinência das discussões sobre: feminismo negro, mulheres na pesquisa científica e em cargos de gestão, autocuidado e redes de colaboração entre mulheres e iniquidades de gênero nas políticas públicas. Apesar da envergadura do debate, são temas não priorizados nos eventos da SBMFC. Além disso, mais profundamente, proposições que dialogam com a luta feminista no Brasil, no enfrentamento às desigualdades na vida pública e privada, anunciando uma emancipação porventura inacabada88 Machado LZ. Feminismos brasileiros nas relações com o Estado: contextos e incertezas. Cadernos pagu. 2016; (47):e16471..
As Faculdades de Medicina e de Saúde da Universidade de Brasília (UnB) permitiram o uso de seu espaço físico, sendo disponibilizados durante três dias dois auditórios, duas salas de reunião e espaços coletivos como o jardim central e a copa. Por intermédio da Diretoria da Diversidade99 Universidade de Brasília. Diretoria da Diversidade. [acesso em 2020 jul 10]. Disponível em: http://diversidade.unb.br/index.php/noticias/177-video-institucional-da-div-dac-unb
http://diversidade.unb.br/index.php/noti... (DIV) - eixo universitário que tem como foco representatividade, reconhecimento e visibilidade de diversidades identitárias de gênero, orientação sexual, raça e etnia -, a UnB mediou o contato com pesquisadoras e referências do Distrito Federal em áreas afins ao evento.
Como palestrantes, foram convidadas mulheres da rede de mMFC que se destacavam pela atuação em pesquisa e discussão dos temas; pesquisadoras de outras áreas da saúde e ciências humanas; e ativistas dos coletivos ‘Me farei ouvir’ e ‘Elas na política’, ambos sobre a participação das mulheres na política, e da ‘Casa Frida’ (coletivo de cultura), ‘Escola de Almas Benzedeiras de Brasília’ (benzimento) e ‘Gira Cerrado’ (dança circular).
Não houve qualquer tipo de patrocínio ou financiamento externo para a realização do evento, respeitando a política de não financiamento por indústria farmacêutica da SBMFC. Todos os custos foram pagos com o repasse anual que o GT-MMFC recebe da SBMFC e com o valor das inscrições pagas pelas participantes graduadas e pós-graduadas. A maioria das palestrantes arcou com suas despesas de passagem e hospedagem por financiamento próprio. Estudantes da UnB não pagaram por sua inscrição, o que representou um pressuposto ético na construção do evento para as organizadoras.
A inscrição foi realizada on-line, por meio de um site para eventos, e a comunicação, feita pelo e-mail do GT-MMFC. A divulgação foi feita pela assessora de imprensa da SBMFC. A identidade visual foi criada, voluntariamente, por uma designer que apreciou o projeto do encontro.
Aos estudantes da UnB, foi ofertada a possibilidade de participarem como monitores e monitoras, com a devida certificação, e 15 estudantes contribuíram. Em cada sala de atividades, dois monitores ficaram responsáveis pela organização, teste multimídia, monitoramento do tempo, organização das perguntas e demandas relacionadas com a palestrante (recepção, certificado e agradecimentos). Os registros do evento foram realizados por uma fotógrafa local.
Torna-se substancial ressaltar o investimento da organização para possibilitar o ‘Espaço brincar’ e garantir a participação e inclusão das mulheres mães. Este contou com estrutura e brinquedos disponibilizados, em parte, pela comissão organizadora e, em parte, com o financiamento das inscrições, e cuidado das monitoras. O espaço público ainda carece de ambiência para que as mulheres possam utilizá-lo com ou sem os seus filhos, de forma articulada às suas atividades laborais ou acadêmicas. O enfrentamento das desigualdades de gênero na vida pública compõe a luta feminista em prol da democracia: trata-se de uma “revolução necessária no cotidiano das mulheres”88 Machado LZ. Feminismos brasileiros nas relações com o Estado: contextos e incertezas. Cadernos pagu. 2016; (47):e16471.(5). Outra preocupação nesse sentido foi a oferta voluntária de hospedagem solidária para mulheres vindas de outras cidades e estados, ação baseada na colaboração genuína entre mulheres.
Além das atividades científicas, o Encontro proporcionou área de exposição de produtoras locais, momentos culturais, lanches e confraternização, todos os serviços fornecidos por empresas de mulheres. Houve apresentação das ‘Filhas d’Oyá’, grupo percussivo de mulheres do Distrito Federal, de Martinha do Coco, mestra de coco do Paranoá; sarau com autoras do livro ‘Causos Clínicos - Histórias da Medicina de Família e Comunidade’; oficina de danças circulares ‘Gira Cerrado’ e bênçãos da ‘Escola de Almas Benzedeiras de Brasília’. Essas iniciativas, focadas na economia solidária, buscaram estimular a contribuição, a renda e a inclusão das mulheres, historicamente imersas na assimetria sexual do trabalho do sistema capitalista1010 Bonumá H. As mulheres e a economia solidária: a resistência no cotidiano tecendo uma vida melhor. [monografia]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2015..
A realização do encontro: participantes, atividades e discussões
O evento foi organizado e efetivado por mMFC, de 1º a 3 de novembro de 2019. Cento e trinta pessoas se inscreveram: apenas 6 eram do gênero masculino, 56 eram residentes ou estudantes da área da saúde. A média de idade das participantes foi de 33 anos. Grande parte das participantes era do Centro-Oeste (n=96), e o restante contemplou os estados do Sul, Sudeste e Nordeste. Destaca-se a ausência de mulheres da região Norte, o que o GT-MMFC identifica como um problema de representatividade e alcance da rede de mulheres, ainda sem uma solução estruturada. Apesar do enfoque na participação de mMFC, felizmente, profissionais de outras áreas participaram, como doulas, psicólogas, assistentes sociais e nutricionistas.
A grade de atividades é apresentada no quadro 1.
A partir do tema central, ‘liderança feminina’, as atividades realizadas podem ser divididas em três grandes ramos. No primeiro, estão aquelas voltadas para a reflexão e instrumentalização das participantes em assuntos relacionados com o desempenho da liderança em diferentes áreas, como as rodas de conversa ‘Mulheres na política’, ‘Políticas públicas pela equidade e integralidade de mulheres trans e lésbicas’, ‘Media training para mulheres’, ‘Como fazer pesquisa científica’ e ‘Comunicação, mulheres e assertividade’. O tema do protagonismo feminino foi o mais prevalente nas respostas ao formulário enviado. O interesse pelo tema nos parece ser fruto do trabalho do GT-MMFC, pela coordenação de oficinas sobre liderança feminina em eventos regionais e nacionais da SBMFC, que foram citadas como o gatilho reflexivo para algumas mMFC. Estas começaram a repensar sobre sua posição no trabalho, interessando-se por questões como: iniquidade de gênero em posições de liderança em suas atividades laborais (inclusive dentro da própria SBMFC); assertividade; e como reconhecer e lidar com a chamada ‘síndrome da impostora’.
Para a discussão sobre mulheres no exercício político, convidamos os coletivos ‘Elas na política’ e ‘Me farei ouvir’, que trabalham pela conscientização, motivação e capacitação de mulheres para a candidatura e protagonismo nos espaços de poder político. Segundo o mapa Mulheres na Política 20191111 Câmara dos Deputados. Política e administração pública: Baixa representatividade de brasileiras na política se reflete na Câmara. [acesso em 2020 jul 13]. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/554554-baixa-representatividade-de-brasileiras-na-politica-se-reflete-na-camara/
https://www.camara.leg.br/noticias/55455... , apesar de as mulheres comporem 52% da população, o Brasil tem uma das mais baixas representatividades femininas no governo, com apenas 15% de mulheres, com decréscimo para 9% a partir do governo de Jair Bolsonaro. Na SBMFC, no âmbito da história institucional, a iniquidade de gênero no conselho diretor e na presidência da sociedade era marcante. O GT-MMFC atua questionando essa baixa representatividade, assim como favorecendo a equidade de gênero na construção dos eventos científicos. O conselho diretor vigente tem 7 homens e 6 mulheres, e a paridade de gênero foi pauta da última eleição para diretoria da associação, o que nos parece efeito direto das ações do GT-MMFC.
Na mesa sobre políticas públicas para mulheres trans e lésbicas, tivemos a participação da Dra. Tatiana Lionço, que trouxe o caminho percorrido para construção de uma política nacional1212 Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais - LGBT. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2008. no âmbito da saúde, a relevância dos direitos conquistados e a necessidade de mantê-los; e Láris, homem transexual que, sob as linhas da narrativa cartográfica, apresentou seu processo de transexualização e afetos em meio às suas relações pessoais, família e trabalho.
Para a prática sobre media training, a assessora de imprensa da SBMFC, Ana Carolina D’Angelis, explicou e demonstrou como ter mais influência e visibilidade nas redes sociais - principal ferramenta midiática de divulgação na contemporaneidade.
Na roda de conversa sobre pesquisa científica, as doutoras Patrícia Chueiri e Magda Oliveira trouxeram dados nacionais e mundiais sobre diferenças relacionadas com o gênero dentro da pesquisa científica, como o prejuízo para mulheres no total de financiamentos recebidos, menor reconhecimento no meio e maior dificuldade em publicar artigos1313 Kellogg School of Management at Northwestern University. How Big Is the Gender Gap in Science Research Funding? [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: https://insight.kellogg.northwestern.edu/article/how-big-is-the-gender-gap-in-science-research-funding
https://insight.kellogg.northwestern.edu... . Na área da MFC, apenas 12% dos médicos de família e comunidade têm título de mestrado; e 2,7%, de doutorado. O recorte de gênero sobre essa análise revela que as mMFC têm menores chances de obtenção dos títulos, principalmente o doutorado1414 Fontenelle LF, Rossi SV, Oliveira MHM, et al. Postgraduate education among family and community physicians in Brazil: the Trajetórias MFC project. medRxiv preprint first posted online Oct 5, 2019. [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/19005744v2
https://www.medrxiv.org/content/10.1101/... , o que nos parece um sintoma a ser analisado, pois, no Brasil, especialmente na área da saúde, mulheres pesquisadoras são maioria (60%), e 49% das publicações têm mulheres como autoras1515 Prusa A, Picanço L, editores. A Snapshot of the Status of Women in Brazil: 2019. Brazil Institute. Washington, DC: Wilson Center; 2019. [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: https://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/media/documents/publication/status_of_women_in_brazil_2019_final.pdf
https://www.wilsoncenter.org/sites/defau... . Como encaminhamento, foi criado um grupo de e-mails específico para pensar a produção científica feminina e possibilitar apoio, troca de experiências e parcerias entre pesquisadoras.
Na roda de conversa sobre comunicação, Jéssica Leão trouxe a importância do exercício da assertividade e da comunicação não violenta como ferramentas para expor claramente ideias e opiniões, afastando-se da representação social de mulher assertiva e protagonista como violenta. Trouxe a discussão sobre o ‘machismo discursivo’, que, por meio da linguagem, perpetua o machismo cotidiano1616 Barros AT, Busanello E. Machismo discursivo: modos de interdição da voz das mulheres no parlamento brasileiro. Rev. Estud. Fem. 2019 [acesso em 2020 jul 20]; 27(2). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2019000200219&lng=pt&nrm=iso
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O segundo ramo temático abordou as dificuldades que mulheres encontram em diferentes ambientes de estudo e trabalho para o exercício do protagonismo. Neste, estão ‘Maternagens, trabalho e decolonialidade’ e ‘Lidando com machismo, racismo e assédio na universidade’.
Na mesa-redonda ‘Maternagens, trabalho e decolonialidade’, a antropóloga doutora Marianna Holanda, a nutricionista doutora Renata Monteiro e a MFC mestra Natália Albuquerque discutiram as dificuldades enfrentadas pelas mulheres no ambiente de trabalho durante o ciclo gravídico-puerperal e a amamentação de seus filhos. Marianna discorreu sobre decolonialidade e a necessidade de complementar o feminismo tradicional e produtivista, proeminentemente branco, com as lutas antirracistas e indígenas, uma vez que ainda temos uma cultura escravocrata e excludente. Renata trouxe como a visão da amamentação pelos profissionais de saúde é ainda extremamente técnica e até violenta com as mulheres, focando na criança em detrimento delas. Natália expôs como gênero e maternidade se interseccionam e impactam nas trajetórias profissionais de mMFC, discutindo os atravessamentos de questões sobre ética, responsabilização pelo cuidado, equilíbrio de vida pessoal, familiar e laboral1717 Albuquerque NP. Trajetórias de vida, marcadores de diferença e as escolhas, caminhos e permanência de médicas de família e comunidade na estratégia saúde da família. [dissertação]. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia; 2019. 158 p. [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.2222
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Na roda de conversa sobre machismo, racismo e assédio na universidade, a doutoranda Ana Paula Carrijo e as alunas de medicina da UnB Letícia Resende e Marina Moreira problematizaram sobre o assédio às mulheres em diversas instituições, como reconhecê-lo e medidas para proteção e enfrentamento.
No terceiro ramo temático, estão as atividades voltadas ao autocuidado e às possibilidades de cuidado entre mulheres, como as rodas de conversa ‘Como me cuido: estratégias e dificuldades’, em que a doutoranda Débora Teixeira trouxe teoria e vivência de mindfullness; ‘Interseccionalidade e rede de colaboração de mulheres’, em que as mestras Rita Helena Borret e Thamiris Oliveira trouxeram a necessidade do reconhecimento das diferentes opressões sofridas pelas mulheres negras, pobres, lésbicas, com embasamento teórico de autoras negras e lésbicas, reforçando o conceito de dororidade1818 Piedade V. Dororidade. São Paulo: Nós; 2017.. Os grupos ‘Gira Cerrado’, ‘Escola de Almas Benzedeiras de Brasília’ e ‘Coletivo Frida’ contribuíram, respectivamente, com reflexões e práticas sobre dança circular, benzimento e doulagem, em atividades muito elogiadas pelas participantes, que puderam vivenciar o potencial do cuidado.
Na mesa de abertura, estiveram as doutoras Maria Inez Padula Anderson e Valéria Mendonça e a mestra Natália Albuquerque. Maria Inez foi convidada por sua trajetória relevante como MFC, tendo desempenhado diferentes papéis de liderança - no Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na Confederação Iberoamericana de Medicina Familiar e na própria SBMFC -, e trouxe suas experiências e aprendizados. Valéria discutiu a conscientização sobre posturas e atitudes, em uma leitura intencional e coerente da realidade, como forma de buscar propósitos com a lucidez do espaço que ocupamos no meio social. Natália foi convidada com o intuito de partilhar a experiência de trajetória profissional de uma jovem médica, coordenadora de programa de residência médica e pesquisadora.
Já na mesa de encerramento, a doutora Valeska Zanello abordou a saúde mental das mulheres, os dispositivos de gênero1919 Zanello V. Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris; 2018. e a necessidade da conscientização de seu papel e atuação de mulheres, especialmente as profissionais de saúde. A mestra Mariana Paes refletiu sobre os lugares de fala e desafios da expressão de subjetividades relacionadas com as iniquidades de gênero2020 Paes MF. Mulheres gestoras e trabalhadoras no SUS: reflexões sobre seus lugares de fala e os desafios para expressão de subjetividades. In: Conceição HRM, Túlio Batista Franco, organizadores. Cartografias na saúde: ensaios da multiplicidade no cuidado. Porto Alegre: Rede UNIDA; 2018..
A mestra Denize Ornelas desvelou a feminização da medicina2121 Scheffer MC, Cassenote AJF. A feminização da medicina no Brasil. Rev Bioét. 2013 [acesso em 2020 jul 20]; 21(2):268-77. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1983-80422013000200010
http://dx.doi.org/10.1590/S1983-80422013... ,2222 Scheffer MC, coordenador. Departamento de Medicina Preventiva, Faculdade de Medicina da USP. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Demografia Médica no Brasil 2015. São Paulo: CFM; 2015. 284 p., os desdobramentos percebidos nas pesquisas quanto à (des)valorização social do trabalho médico com o avanço do número de mulheres médicas em outros países2323 Wallace AE, Weeks WB. Differences in income between male and female primary care physicians. J American Med Women’s Assoc. 2002; 57(4):180-4.,2424 Harden J. ‘Mother Russia’ at work: gender divisions in the medical profession. Europ. J. Women’s Studies. 2001; 8(2):181-99., a assimetria de gênero no poder e cargos de chefia, as diferenças na formação e na escolha pelas especialidades médicas e, consequentemente, a diferença de remuneração média, mais baixa entre as mulheres2525 Mainardi GM, Cassenote AJF, Guilloux AGA, et al. What explains wage differences between male and female Brazilian physicians? A cross-sectional nationwide study. BMJ Open. 2019; 9(4):e023811., mesmo quando corrigida a carga horária, mantendo-se um desafio a equidade no âmbito econômico da profissão. Essa mesa trouxe questões como incluir novas mMFC no debate dos temas aqui evidenciados e repensar o papel do GT-MMFC nessa articulação.
Avaliação do evento e desdobramentos
Durante a reunião do GT-MMFC, ocorrida no último dia do encontro, as integrantes avaliaram que o evento alcançou os objetivos iniciais de aprofundar discussões despontadas no congresso da SBMFC e reunir mulheres de diferentes partes do Brasil, divulgando o GT-MMFC2626 Ata Reunião Ordinária do Grupo de Trabalho Mulheres na MFC ocorrida no I Encontro do Grupo de Trabalho - Mulheres na Medicina de Família e Comunidade. Grupo de Trabalho - Mulheres na Medicina de Família e Comunidade. [acesso em 2020 jul 20]. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Ata-Reuniao-Gt-Mulheres-I-Encontro.docx.pdf
https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uplo... . Alguns encaminhamentos, como ampliar intervenções do GT-MMFC dentro e fora da SBMFC, estão sendo viabilizados com publicações de notas e vídeos sobre temas de interesse científico e político55 Pontes N, Chueiri P, Ornelas P. Grupo de Trabalho Mulheres na MFC: Histórico e atividades Nov 2017 - Jul 2019. Cuiabá: CBMFC; 2019. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.sbmfc.org.br/wp-content/uploads/2019/08/Historico-e-atividades-GT-Mulheres-2017-19.pdf
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O grupo avalia que, progressivamente, mais mulheres vêm participando das discussões científicas nos espaços providos pela SBMFC, o que potencializa transformações institucionais. Exemplificando, o GT-MMFC propôs a atualização da política editorial da ‘Revista da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade’ (RBMFC) para a inclusão de mulheres nos cargos de edição da revista, o que desencadeou a integração de duas mMFC desde setembro de 2020.
Em 2020, com as eleições para a diretoria da SBMFC, percebeu-se um movimento ativo das chapas em contemplar discussões trazidas pelo GT-MMFC, não só sobre paridade de gênero, mas também sobre aborto legal. Entendemos que tais desdobramentos têm ligação direta com a atuação do GT-MMFC em diferentes espaços, tanto operando sobre iniquidades de gênero, violência de gênero na prática clínica e no desempenho profissional de mMFC quanto por intermédio de mulheres líderes fomentando tal discussão. Esse encontro nos pareceu essencial para apontar as iniquidades e a urgência de ampliarmos as discussões do GT-MMFC nos espaços científicos da especialidade.
Outra fortaleza é a colaboração entre os GT da SBMFC, principalmente com o GT de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos e o GT de Saúde da População Negra, aprofundando temas relacionados não só com a interseccionalidade, mas construindo verdadeiras redes de colaboração, já que muitas pautas são transversais às discussões feitas nesses três GT, potencializando as exigências e aprofundando as discussões.
Entre os problemas percebidos, não houve a adesão de médicos de família e comunidade, de representantes da diretoria da SBMFC e da associação estadual ao Encontro. Ressalta-se que a participação de indivíduos do gênero masculino não estava vedada, porém a divulgação do evento dirigiu-se ao público usando artigos femininos, o que pode ter gerado dúvidas e incômodos sobre a participação masculina. Ademais, observou-se o escasso interesse dos homens nos temas abordados, com foco em questões relativas à saúde e atuação política das mulheres. Compreendemos que essa baixa adesão reflete o desinteresse dos homens sobre as pautas relacionadas com o posicionamento político das mulheres, para além de sua saúde biológica, mantendo-se afastados desse debate. Apesar de ressaltarmos o protagonismo feminino, consideramos estrutural a interlocução com os homens, para discutirmos e transformarmos juntos a sociedade científica e a prática clínica da MFC.
Alguns problemas organizacionais foram apontados, como a dificuldade de conseguir financiamento para o evento, a não divulgação prévia dos locais de confraternização; a falta de um canal de comunicação dinâmico durante a realização do Encontro (talvez um aplicativo do evento) e a quantidade de plástico utilizada nos lanches dos intervalos. Também foi levantada a pouca participação de mMFC da própria cidade, a ínfima participação da associação regional da especialidade e a presença de programação concorrente com a reunião final do GT-MMFC, que dividiu as participantes entre os espaços, deixando de oportunizar a ocasião como um momento de fortalecimento da rede de mMFC e do próprio GT-MMFC.
Como sugestões, trouxeram estimular o consumo consciente de plásticos; divulgar melhor o mapa das salas; incluir a possibilidade de exposição de trabalhos científicos de mulheres; aumentar as atividades em conjunto com outros GT e prezar pela participação de uma mMFC em todas as mesas do congresso, trazendo a visão da especialidade para a temática debatida.
Quanto às fortalezas percebidas no Encontro, citaram-se: a gratuidade para alunos da UnB; as atividades culturais; a diversidade de temas; a forma participativa de montar a programação; as monitoras e monitores; a valorização das palestrantes locais; as atividades de cuidado e autocuidado; e o ‘Espaço de brincar’. Esses e outros aspectos organizacionais foram buscados de forma intencional pela comissão de organização do Encontro, levando em conta a GES66 Wonca Working Party on Women and Family Medicine. Gender equity standards for Wonca Scientific Meetings. East Anglia: WWPWFM; 2009. [acesso em 2020 jul 6]. Disponível em: https://www.globalfamilydoctor.com/GetFile.aspx?oid=C34EDB0E-B59C-4D4B-A518-09250FA34B7A
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A GES orienta que os encontros científicos busquem: formas de apoiar a participação de mães, pais e cuidadores provendo, por exemplo, espaços de cuidado e suporte às crianças; o convite intencional de mulheres palestrantes; o estímulo e desenvolvimento de lideranças; a promoção de atividades sociais e a busca de patrocinadores que respeitem gênero, origem nacional e etnicidade; o uso de ‘bolsas’ para estímulo à participação dos encontros. A comissão considera que a maioria desses itens foi cumprida de forma integral e avalia ainda que propôs formas alternativas, diante das restrições financeiras enfrentadas, de se aproximar do ideal colocado, com a isenção de taxas de inscrição e a participação de monitores com certificação. Os únicos dois itens das GES que a comissão não buscou ativamente foi ter o equilíbrio de gênero no Encontro e na própria comissão de organização. A comissão avaliou que o momento histórico de organizar um primeiro encontro de mMFC, feito pelo esforço e colaboração das próprias mulheres, suplantou a orientação de haver uma paridade de gênero no evento. Porém, como já explicitado, é importante que um próximo passo seja dado nessa direção.
A pandemia da Covid-19 interrompeu alguns projetos programados e em desenvolvimento, como o II Encontro do GT-MMFC com realização prevista no Congresso Nordestino de MFC, que ocorreria em julho 2020; e uma campanha que vinha sendo desenvolvida, durante o mês de março, pelo protagonismo feminino em diversas áreas. Algumas campanhas, para aumento da consciência de gênero no cotidiano e sobre formas de apoio entre mulheres para aumento da pesquisa e publicação acadêmica, ainda não foram colocadas em prática.
Outra repercussão foi o fortalecimento do GT-MMFC ante os demais GT da sociedade científica, mas, principalmente, perante sua diretoria, que parece reconhecer o potencial de trabalho do grupo e o valor que ele agrega à SBMFC.
Conclusões
Nos últimos quatro anos, o GT-MMFC vem amadurecendo suas ações de forma propositiva, avançando com a inclusão crescente de mMFC e estudantes de medicina. Em junho de 2021, há aproximadamente 60 mulheres cadastradas e adimplentes participando ativamente das decisões e organização das atividades do GT, e 120 mulheres no grupo de acolhimento, no qual acontecem discussões mais amplas. Observamos que sua atuação vem preenchendo e problematizando a lacuna da consciência de gênero, com clara influência no cotidiano de médicas e médicos de família e comunidade, na prática ambulatorial, acadêmica, científica e da gestão.
O I Encontro do GT-MMFC consolidou a experiência acumulada e fortaleceu o grupo para progredir de forma abrangente, diversa e crítica. Nesse sentido, este relato tem importância histórica e documental para as mMFC e, de forma mais ampla, para os movimentos de mulheres na medicina e na saúde, no sentido de materializar a importância das pautas elegidas. Ainda existem amplos desafios, como a pouca representatividade no GT-MMFC de mulheres do Nordeste e do Norte, a ínfima participação de homens nas discussões levantadas e o enfrentamento do machismo e da assimetria de gênero na medicina. Espera-se que o grupo continue a advogar para que mais profissionais reconheçam a questão de gênero como um condicionante social de saúde e transformem sua práxis em prol do enfrentamento das iniquidades.
- Suporte financeiro: não houve
- *Orcid (Open Researcher and Contributor ID).
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Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
22 Nov 2021 - Data do Fascículo
Out 2021
Histórico
- Recebido
13 Ago 2020 - Aceito
07 Jul 2021