Cadernos de Saúde Públicahttps://scielosp.org/feed/csp/2001.v17n2/2017-01-28T00:11:00ZVol. 17 No. 2 - 2001WerkzeugSaúde dos povos indígenas no Brasil: perspectivas atuaisS0102-311X20010002000012017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZSantos, Ricardo VenturaEscobar, Ana Lúcia
<em>Santos, Ricardo Ventura</em>;
<em>Escobar, Ana Lúcia</em>;
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Organização e qualidade da assistência à saúde dos índios Kaingáng do Rio Grande do Sul, BrasilS0102-311X20010002000022017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZHökerberg, Yara Hahr MarquesDuchiade, Milena PiracciniBarcellos, Christovam
<em>Hökerberg, Yara Hahr Marques</em>;
<em>Duchiade, Milena Piraccini</em>;
<em>Barcellos, Christovam</em>;
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Este estudo pretende avaliar o atendimento à saúde prestado aos índios Kaingáng do Rio Grande do Sul. Os óbitos evitáveis por assistência básica de saúde dos indígenas, ocorridos entre 1985 e 1995, foram comparados aos óbitos do Estado do Rio Grande do Sul. Os dados secundários relativos aos serviços de saúde foram complementados por entrevistas realizadas em campo com lideranças indígenas e com funcionários das instituições envolvidas na assistência à saúde do índio. Foi utilizado o Sistema de Informações Geográficas, visando relacionar a distribuição dos óbitos ao grau de acesso aos serviços de saúde. As áreas indígenas Kaingáng estão ligadas por estradas pavimentadas a municípios que contam com, pelo menos, um centro de saúde, ou ainda, hospitais de pequeno porte. O segundo nível de atenção situa-se em Palmeiras das Missões e Frederico Westphallen e o terceiro nível, em Passo Fundo. O que diferencia estas áreas indígenas do restante do Estado do Rio Grande do Sul é a quantidade de óbitos evitáveis pela assistência básica de saúde, tais como as causas mal definidas, a desnutrição, a tuberculose e o câncer cérvico-uterino.Doença, cura e serviços de saúde. Representações, práticas e demandas BaníwaS0102-311X20010002000032017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZGarnelo, LuizaWright, Robin
<em>Garnelo, Luiza</em>;
<em>Wright, Robin</em>;
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A pesquisa foi realizada no Município de São Gabriel da Cachoeira, noroeste amazônico, junto ao povo indígena Baníwa, em parceria com as organizações indígenas, visando compreender a correlação entre a cosmologia do grupo, seu sistema de representações de doença e práticas de cura e sua dinâmica de transformação em situação de contato interétnico. O levantamento dos mitos explicativos da origem da doenças demonstrou a existência de diversas categorias tradicionais de doença que orientam as práticas tradicionais de cura e a incorporação dos saberes biomédicos. A cosmologia Baníwa opera como sistema de acolhimento das informações de biomedicina, que são apropriadas e ressignificadas segundo a lógica do pensamento mítico; estratégias cognitivas similares são utilizadas para a geração das demandas que as lideranças indígenas encaminham aos Conselhos de Saúde e Serviços de Saúde.Tuberculose em populações indígenas de Rondônia, Amazônia, BrasilS0102-311X20010002000042017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZEscobar, Ana LúciaCoimbra Jr., Carlos E. A.Camacho, Luiz A.Portela, Margareth C.
<em>Escobar, Ana Lúcia</em>;
<em>Coimbra Jr., Carlos E. A.</em>;
<em>Camacho, Luiz A.</em>;
<em>Portela, Margareth C.</em>;
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A tuberculose permanece como grave problema de saúde pública no Brasil. Atinge níveis preocupantes em certos segmentos sociais, como é o caso dos povos indígenas. O objetivo deste artigo é proceder a uma análise epidemiológica dos registros constantes do banco de dados do Programa Estadual de Controle da Tuberculose em Rondônia, buscando resgatar o perfil da doença entre grupos indígenas, os quais são socialmente mais vulneráveis e exibem problemáticas distintas quanto ao controle da doença. É conduzida análise estatística descritiva e multivariada multinomial dos casos notificados em 1992 e entre 1994 e 1998, buscando identificar fatores relacionados à ocorrência de óbito, abandono do tratamento e ausência de informação. Foram identificadas associações entre variáveis relativas à doença, ao serviço de saúde e aos resultados do tratamento. Há indícios de que as populações indígenas de Rondônia apresentam riscos de adoecer e morrer superiores aos dos demais habitantes do Estado. Chama-se a atenção para a necessidade de implementação de medidas de prevenção e controle voltados especificamente para a realidade dos povos indígenas.O suicídio Tikúna no Alto Solimões: uma expressão de conflitosS0102-311X20010002000052017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZErthal, Regina M. de Carvalho
<em>Erthal, Regina M. De Carvalho</em>;
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O objetivo deste trabalho é buscar um entendimento a respeito da ocorrência de suicídios entre os índios Tikúna do Alto Solimões (Amazonas), um objeto de difícil aproximação e que aponta para a necessidade de abordagem interdisciplinar. A etnografia realizada preocupou-se em captar a vinculação entre os eventos de suicídio da última década com a exacerbação dos confrontos entre diferentes grupos faccionais que atualizam, em outro contexto histórico, os mecanismos de resolução de conflitos próprios das antigas malocas. Na base desses confrontos está o abandono a que tal população tem sido submetida pelos órgãos responsáveis pela definição e implementação das políticas públicas para as populações indígenas, com especial destaque para a falência do modelo de assistência proposto para a área do Alto Solimões.Ecologia humana e antropometria nutricional de adultos Xavánte, Mato Grosso, BrasilS0102-311X20010002000062017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZGugelmin, Sílvia A.Santos, Ricardo Ventura
<em>Gugelmin, Sílvia A.</em>;
<em>Santos, Ricardo Ventura</em>;
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Este estudo visa analisar comparativamente o perfil ecológico-humano e o antropométrico de duas comunidades indígenas Xavánte - Etéñitépa (ou Pimentel Barbosa) e São José - de Mato Grosso, Brasil. Os dados foram coletados respectivamente em 1994 e 1998/1999. A pesquisa envolveu caracterização dos padrões de alocação de tempo e de antropometria de adultos acima de 20 anos de idade. Os Xavánte de Etéñitépa despendem mais tempo em atividades ligadas à horticultura, pesca, caça e coleta; os de São José exercem mais funções remuneradas e extra-aldeia, em que há, em geral, menor atividade física. Os valores médios de estatura das duas comunidades são próximos, mas há diferenças marcantes quanto à massa corporal e ao IMC (Índice de Massa Corporal). O grupo de São José exibiu valores de IMC superiores aos de Etéñitépa em quase todas as faixas etárias. Em São José há prevalência de obesidade em homens (24,6%) e mulheres (41,3%); em Etéñitépa, os valores foram respectivamente de 2,5% e 4,8%. Sugere-se que o perfil nutricional diferenciado resulta, em muito, de diferentes trajetórias de interação social, política e econômica com a sociedade nacional envolvente.Nutrição e saúde infantil em uma comunidade indígena Teréna, Mato Grosso do Sul, BrasilS0102-311X20010002000072017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZRibas, Dulce Lopes BarbozaSganzerla, AlfredoZorzatto, José RobertoPhilippi, Sonia Tucunduva
<em>Ribas, Dulce Lopes Barboza</em>;
<em>Sganzerla, Alfredo</em>;
<em>Zorzatto, José Roberto</em>;
<em>Philippi, Sonia Tucunduva</em>;
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O trabalho descreve as condições de saúde e nutrição de crianças indígenas Teréna, caracterizando o estado nutricional infantil, o consumo de alimentos, as condições sócio-econômicas e ambientais. Foi estudada uma amostra de 100 crianças de 0 a 59 meses, residentes na Aldeia Córrego do Meio, Mato Grosso do Sul, Brasil. As prevalências de déficits nutricionais determinadas foram de 8,0% para o índice peso-para-idade, de 16% para o índice estatura-para-idade e, para obesidade, de 5%. A proporção de retardo do crescimento observada é superior à encontrada na população brasileira como um todo, provavelmente por refletir as precárias condições sócio-econômicas, ambientais e de saúde em que vive esta comunidade Teréna. A análise da adequação percentual média dos nutrientes que compõem a dieta infantil indicou o não atendimento às recomendações nutricionais nas diferentes faixas etárias. Novos estudos de caráter multidisciplinar e longitudinal são necessários para melhor entendimento dos processos identificados.O sistema médico Yawanáwa e seus especialistas: cura, poder e iniciação xamânicaS0102-311X20010002000082017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZPérez-Gil, Laura
<em>Pérez-Gil, Laura</em>;
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Uma das particularidades do xamanismo Yawanáwa é a multiplicidade de termos existentes para designar seus especialistas, bem como a associação com diversas técnicas de cura e agressão, característica que lhe dá aparência heterogênea e complexa. Contudo, uma unidade subjaz a esse aspecto, já que todas essas técnicas compartilham concepções idênticas a respeito da realidade e baseiam sua eficiência nos mesmos conceitos de poder e de conhecimento. Para pesquisar a forma como o poder e o conhecimento - alicerces das práticas relacionadas com a cura - são concebidos entre os Yawanáwa, o artigo explora e analisa o processo por meio do qual o especialista os adquire: a iniciação xamânica.Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares na população Guaraní-Mbyá do Estado do Rio de JaneiroS0102-311X20010002000092017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZCardoso, Andrey M.Mattos, Inês E.Koifman, Rosalina J.
<em>Cardoso, Andrey M.</em>;
<em>Mattos, Inês E.</em>;
<em>Koifman, Rosalina J.</em>;
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A distribuição desigual das doenças crônico-degenerativas tem sido atribuída aos diferentes graus de transformação social em diversas populações. Estudos internacionais em populações indígenas submetidas a mudanças em seus estilos de vida têm mostrado prevalências elevadas de hipertensão arterial e de outros fatores de risco cardiovasculares. Foi feito um estudo de prevalência desses fatores de risco na população adulta das aldeias indígenas Sapukai, Paraty-Mirim e Araponga no Rio de Janeiro. Após recenseamento, a população teve os dados coletados através de entrevista e de avaliações clínicas e bioquímicas. O universo estudado foi de 80 homens e 71 mulheres. As prevalências em toda a amostra foram respectivamente para: hipertensão arterial (4,8%, 2,6% e 7,4%); sobrepeso (26,7%, 19,5% e 34,8%) e obesidade (4,8%, 3,9% e 5,8%); alterações lipídicas do colesterol total (2,8%, 2,7% e 2,9%) e dos triglicerídios (12,6%, 9,5% e 15,9%). Todas as prevalências foram superiores no sexo feminino e maiores nas idades mais avançadas. Os resultados sugerem que a população avaliada encontra-se sob risco intermediário para as doenças crônicas, mostrando que devem ser empreendidos esforços para controlar os fatores de risco.Perfil demográfico da população indígena Xavánte de Sangradouro-Volta Grande, Mato Grosso (1993-1997), BrasilS0102-311X20010002000102017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZSouza, Luciene Guimarães deSantos, Ricardo Ventura
<em>Souza, Luciene Guimarães De</em>;
<em>Santos, Ricardo Ventura</em>;
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Neste artigo, analisa-se o perfil demográfico da população Xavánte da Terra Indígena Sangradouro-Volta Grande, Mato Grosso, Brasil, no período 1993-97. O levantamento demográfico incluiu censos anuais e registros de eventos vitais da população de sete aldeias Xavánte. O contato permanente com a sociedade nacional, estabelecido nas décadas de 1940 e 50, deu origem à depopulação por epidemias e confrontos. Em 1995, existiam 825 indivíduos na comunidade. Verificaram-se taxas brutas de natalidade (57,7/1.000) e de mortalidade (9,1/1.000) superiores às médias nacionais. Na população, predominam (56%) os menores de 15 anos de idade (mediana: 13 anos) e há elevada taxa de mortalidade infantil (87,1 por mil), decorrente provavelmente das precárias condições sanitárias das aldeias. Outros resultados: persistência da poliginia; baixos níveis de migração; dinâmica de cisão e formação de aldeias; padrões tradicionais de residência mantidos nas aldeias antigas e abandonado nas novas. Há semelhança entre a recente recuperação demográfica do conjunto de dados populacionais de Sangradouro-Volta Grande e a da comunidade Pimentel Barbosa. Destaca-se a importância da coleta e da análise sistemáticas de dados demográficos para as populações indígenas.Fatores de risco para poliparasitismo intestinal em uma comunidade indígena de Pernambuco, BrasilS0102-311X20010002000112017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZFontbonne, AnnickFreese-de-Carvalho, EduardoAcioli, Moab DuarteSá, Geisa Amorim deCesse, Eduarda Angela Pessoa
<em>Fontbonne, Annick</em>;
<em>Freese-De-Carvalho, Eduardo</em>;
<em>Acioli, Moab Duarte</em>;
<em>Sá, Geisa Amorim De</em>;
<em>Cesse, Eduarda Angela Pessoa</em>;
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No perfil etnoepidemiológico da comunidade dos Índios Pankararus - interior do Estado de Pernambuco -, as parasitoses intestinais representam importante problema de saúde pública, por atingir a quase totalidade da população. A fim de conhecer possíveis fatores de risco ambientais deste quadro, utilizou-se parte da base de dados do inquérito original para relacionar as condições de moradia ao número de parasitas diferentes verificado entre seus moradores. Com base na seleção da quantidade de exames coprológicos efetuados entre as pessoas da família, a amostra para análise contou 84 famílias dentre as 112 da amostra aleatória original. Para o número médio de 6,1 pessoas por família, constatou-se que o de parasitas diferentes presentes no lar era 5,0, número crescente quando a casa era de taipa (6,0 contra 4,9 para as de alvenaria; p < 0,03), ou a água usada na moradia não era tratada (5,1 contra 4,5 para água tratada; p < 0,05). Outros fatores que caracterizam a moradia e sua higiene não parecem influenciar o número médio de parasitas na casa. Conclui-se que o poliparasitismo nos Índios Pankararus de Pernambuco chega a representar a regra e está referido sobretudo às fontes de água de beber e ao seu tratamento.Saúde bucal na população indígena Xavánte de Pimentel Barbosa, Mato Grosso, BrasilS0102-311X20010002000122017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZArantes, RuiSantos, Ricardo VenturaCoimbra Jr., Carlos E. A.
<em>Arantes, Rui</em>;
<em>Santos, Ricardo Ventura</em>;
<em>Coimbra Jr., Carlos E. A.</em>;
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Em 1997, foi realizado um levantamento epidemiológico em saúde bucal na comunidade indígena Xavánte de Etéñitépa (ou Pimentel Barbosa), Mato Grosso, Brasil. Foram seguidos os critérios preconizados pela OMS. Aproximadamente metade da amostra (N = 228) apresentou CPOD inferior a 2. Em crianças de 12 a 14 anos, observou-se um CPOD de 3,7. O índice CEO foi mais elevado aos seis anos (5,6). A freqüência de dentes obturados é bastante reduzida, apontando para o pouco acesso a serviços odontológicos. As má-oclusões (classificação de Angle) apresentam baixa ocorrência, assim como a doença periodontal em estado avançado (avaliada pelo ICNTP). A comparação dos resultados do inquérito realizado em 1997 com levantamentos conduzidos em 1962 e 1991 revelou uma tendência de deterioração das condições de saúde bucal. Argumenta-se que mudanças na dieta (notadamente consumo de açúcar e de outros produtos industrializados), relacionadas a alterações sócio-econômicas e ambientais advindas da interação com a sociedade nacional envolvente, aliadas à falta de programas preventivos, estão entre as principais causas da deterioração nas condições de saúde bucal dos Xavánte.O impacto da infecção por Chlamydia em populações indígenas da Amazônia brasileiraS0102-311X20010002000132017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZIshak, Marluísa de Oliveira GuimarãesIshak, Ricardo
<em>Ishak, Marluísa De Oliveira Guimarães</em>;
<em>Ishak, Ricardo</em>;
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A disseminação das bactérias do gênero Chlamydia no Brasil, inclusive na região Amazônica, é pouco conhecida. Este estudo soroepidemiológico incluiu 2.086 amostras de soro de populações indígenas da Amazônia brasileira, empregando metodologia de triagem pela imunofluorescência indireta para pesquisa de anticorpos. Usou-se o sorotipo L2 da C. trachomatis como substrato; a seguir, para os quinze sorotipos de C. trachomatis e para a C. pneumoniae, discriminou-se a sororreatividade pela microimunofluorescência específica. A prevalência média de anticorpos para Chlamydia foi de 48,6%. Sua variação entre as comunidades indicou as que não tiveram contato com as bactérias e aquelas em que quase todos os testados tiveram. Por meio da titulação dos anticorpos IgG e a presença de IgM específica nas amostras com títulos altos viu-se que 6,1% dos infectados persistiam com a infecção, servindo de reservatórios à disseminação das espécies de Chlamydia. Pela resposta à C. trachomatis, evidenciou-se a circulação dos sorotipos A, B, Ba, D, E, G, H, I e L1. Ademais, constatou-se que há C. pneumoniae na região. As duas espécies causariam impacto significativo no hospedeiro humano.Contato, epidemias e corpo como agentes de transformação: um estudo sobre a AIDS entre os Índios Xokléng de Santa Catarina, BrasilS0102-311X20010002000142017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZWiik, Flávio Braune
<em>Wiik, Flávio Braune</em>;
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A partir da análise dos episódios de AIDS que acometeram os Índios Xokléng em 1988, o presente artigo visa referir fenômenos de doença a rupturas e transformações socioculturais ocorridas nesse universo com base na história de contato com a sociedade abrangente. A interpretação e a análise da relação estabelecida são feitas à luz de teorias antropológicas acerca da centralidade que corpo, corporalidade e processos corporais degenerativos ocupam nas sociedades indígenas brasileiras. Propõe-se que corpo, sociedade e agentes macroconjunturais são articulados pela práxis; por isso, devem ser relacionados nos estudos socio-antropológicos concernentes aos fenômenos de doença. O artigo traz a descrição sucinta das epidemias advindas com o contato, tentando vinculá-las aos contextos históricos específicos que o marcaram. Categorias da etnomedicina, cosmologia e corporalidade Xokléng são associadas à organização social e aos casos de AIDS. Estes são apresentados tendo, como enfoque principal, a ligação estabelecida entre seu advento e as transformações no universo Xokléng em função da construção da Barragem Norte junto a sua Terra.Saúde e doença em índios Panará (Kreen-Akarôre) após vinte e cinco anos de contato com o nosso mundo, com ênfase na ocorrência de tuberculose (Brasil Central)S0102-311X20010002000152017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZBaruzzi, Roberto GeraldoBarros, Vera Lucia deRodrigues, DouglasSouza, Ana Lucia Medeiros dePagliaro, Heloisa
<em>Baruzzi, Roberto Geraldo</em>;
<em>Barros, Vera Lucia De</em>;
<em>Rodrigues, Douglas</em>;
<em>Souza, Ana Lucia Medeiros De</em>;
<em>Pagliaro, Heloisa</em>;
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Em 1973, houve a quebra do estado de isolamento dos Panará (Kren-Akarore) no interior da floresta amazônica. Dois anos após estavam reduzidos a 82 indivíduos, de uma população estimada em 400 a 500 em meados dos anos 60. Em 1998, o exame dos Panará, nas cabeceiras do rio Iriri, sul do Pará, levou ao diagnóstico presuntivo de tuberculose em 15 indivíduos, dos quais 10 foram confirmados na cidade de Colider com base em dados clínicos e radiológicos. Desses 10 casos, 6 eram menores de 10 anos de idade e 4 tinham de 40 a 50 anos. Todos da tribo apresentavam cicatriz vacinal do BCG. Em crianças, a prevalência de desnutrição crônica e de anemia ferropriva foi menor do que a relatada em outros grupos indígenas da região amazônica. As medidas de controle da Tb, a nível local, incluíram: a) continuidade do tratamento dos pacientes, na aldeia, sob supervisão do Auxiliar de Enfermagem e do Agente Indígena de Saúde; b) observância dos critérios de cura; c) acompanhamento clínico de comunicantes e não-comunicantes dada a elevada prevalência da doença; d) implantação de sistema de referência e contra-referência com serviços de saúde de Colider.Geração e transmissão da energia elétrica: impacto sobre os povos indígenas no BrasilS0102-311X20010002000162017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZKoifman, Sergio
<em>Koifman, Sergio</em>;
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Este trabalho busca retratar a distribuição de intercorrências nas comunidades indígenas no Brasil associadas à geração e à distribuição da energia elétrica. De acordo com dados da Fundação Nacional do Índio, há 156 áreas geograficamente distribuídas no país caracterizadas por afetarem, presente ou futuramente, assentamentos indígenas através da expansão do setor elétrico - 65% das quais situadas na Região Norte. As principais reclamações destas comunidades dizem respeito aos efeitos diretos acarretados pelo alagamento originado com a construção das barragens hidroelétricas: submersão de territórios sagrados (como cemitérios); proliferação de mosquitos (ampliando a difusão da malária e de outras doenças infecciosas); escassez de caça; restrição das terras para a agricultura; e a criação de condições facilitadoras da invasão de terras indígenas. O cenário de perspectivas futuras é esboçado em quadro marcado pelo planejamento da construção de novas usinas hidrelétricas - em especial, na região amazônica - com possíveis efeitos similares nas comunidades indígenas.A saúde indígena no processo de implantação dos Distritos Sanitários: temas críticos e propostas para um diálogo interdisciplinarS0102-311X20010002000172017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZAthias, RenatoMachado, Marina
<em>Athias, Renato</em>;
<em>Machado, Marina</em>;
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A proposta do presente trabalho é a de expor, a partir das experiências dos autores, alguns problemas que se apresentam no atual processo de implantação dos distritos sanitários indígenas, relacionados à organização dos serviços de saúde segundo o entendimento de profissionais de saúde e de antropólogos. Para tal, os autores reportam-se aos conceitos fundamentais inerentes ao modelo de Distrito Sanitário, explicitam-nos e, por fim, apresentam as abordagens que estão sendo usadas comumente no processo de distritalização para as populações indígenas. As experiências vivenciadas pelos autores referem-se à região do Alto Rio Negro - no noroeste amazônico, representando uma realidade de 10% do total da população indígena do Brasil - e à região Nordeste - mais especificamente, o Estado de Pernambuco - com população indígena estimada em 20.000 indivíduos.Avaliação do estado nutricional da comunidade indígena Parkatêjê, Bom Jesus do Tocantins, Pará, BrasilS0102-311X20010002000182017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZCapelli, Jane de Carlos SantanaKoifman, Sergio
<em>Capelli, Jane De Carlos Santana</em>;
<em>Koifman, Sergio</em>;
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Com o objetivo de conhecer o estado nutricional dos membros da Área Indígena Mãe-Maria em Bom Jesus do Tocantins, Pará, um estudo descritivo foi realizado com a participação de 90,8% (278 pessoas) de seus integrantes. Os indicadores de massa corporal conforme estatura e de estatura segundo idade, bem como o índice de massa corporal consoante sexo (IMC), foram determinados para crianças e adultos, respectivamente, além das médias de peso e estatura em adolescentes. Comparativamente às curvas normatizadas da população norte-americana (NCHS), notou-se prevalência de sobrepeso e de desnutrição crônica da ordem de 6,7 e 8,6%, respectivamente, nas 104 crianças menores de dez anos avaliadas. As médias de peso encontradas nos adolescentes indígenas e na população NCHS foram relativamente similares, sendo as médias de estatura menores entre os primeiros. A prevalência de sobrepeso (IMC 25-29) em homens e mulheres adultos foi de 23,7 e 50,0%, respectivamente, detectando-se prevalência de obesidade (IMC > 30) da ordem de 12,5% entre as últimas.Agravos na saúde Kaingáng (Terra Indígena Xapecó, Santa Catarina) e a estrutura dos serviços de atenção biomédicaS0102-311X20010002000192017-01-28T00:11:00Z2017-01-28T00:11:00ZDiehl, Eliana E.
<em>Diehl, Eliana E.</em>;
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O segundo semestre de 1999 foi caracterizado como um período transitório para a montagem do Distrito Sanitário Especial Indígena Interior Sul na Terra Indígena Xapecó, oeste do Estado de Santa Catarina. No Posto de Saúde da aldeia Sede prestavam atendimento um clínico geral/obstetra e um pediatra, um dentista, uma enfermeira, dois auxiliares de enfermagem e quatro atendentes de enfermagem. Aqui são apresentados os resultados preliminares de um estudo voltado para descrever, entre outros aspectos, a organização dos serviços de saúde, seu uso pela comunidade e o perfil saúde/doença dos Kaingáng, investigado pela análise de prontuários. No mês de setembro de 1999, foram atendidos 222 índios (crianças e adultos), sendo 50,5% residentes na aldeia Sede. Entre os índios de 0 a 14 anos, as doenças infecto-parasitárias foram as mais recorrentes, fortalecendo a idéia de que os Kaingáng vivem em condições precárias de saneamento e alimentação. A procura do serviço pelos adultos, por sua vez, reflete uma certa complexidade, já que das 116 pessoas atendidas, 27 eram gestantes, em um total de 86 mulheres. Além disso, foram emitidas prescrições para as crianças e para os adultos em 85% e 81,8% dos atendimentos, respectivamente.