Physis: Revista de Saúde Coletivahttps://scielosp.org/feed/physis/2014.v24n2/2022-01-26T00:09:00ZVol. 24 No. 2 - 2014WerkzeugPublicar ou perecer, ou perecer por publicar (em excesso)?10.1590/S0103-733120140002000012022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZCamargo Jr., Kenneth R. de
<em>Camargo Jr., Kenneth R. De</em>;
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Transumanismo e o futuro (pós-)humano10.1590/S0103-733120140002000022022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZVilaça, Murilo MarianoDias, Maria Clara Marques
<em>Vilaça, Murilo Mariano</em>;
<em>Dias, Maria Clara Marques</em>;
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O transumanismo é uma controversa perspectiva de investimento na transformação da condição humana. Visando ao melhoramento biotecnológico da natureza humana, ele protagoniza o debate acerca do futuro (pós-)humano. Na base da concepção transumanista está o investimento na biotecnociência como um modo de Iluminismo humanista de raízes biológicas. O objetivo do artigo é analisar o debate sobre o futuro da humanidade. Para tanto, apresentamos a perspectiva transumanista, ressaltando definições, características, valores e principais argumentos, analisando o conceito de natureza humana, pois ele é fundamental na polarizada discussão travada entre os transumanistas e bioconservadores. Nossas principais conclusões apontam para a impertinência dessa polarização, bem como do uso do conceito de natureza humana e pós-humano para esclarecer o tema do melhoramento humano. Assim, cumpre despolarizar o debate e apostar otimista e prudentemente no futuro biotecnológico.Metáforas do cérebro: uma reflexão sobre as representações do cérebro humano na contemporaneidade10.1590/S0103-733120140002000032022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZLisboa, Felipe StephanZorzanelli, Rafaela Teixeira
<em>Lisboa, Felipe Stephan</em>;
<em>Zorzanelli, Rafaela Teixeira</em>;
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Neste trabalho pretendemos apresentar e debater algumas metáforas do cérebro humano presentes numa amostra de materiais de divulgação científica visando, com isso, refletir sobre sentidos e usos associados ao cérebro humano. No caso da divulgação científica, em que cientistas ou jornalistas científicos buscam traduzir ou recriar para o público leigo o conhecimento científico, a importância das metáforas é evidente porque estas aproximam o público leigo de certos sentidos atribuídos pelos divulgadores sobre o funcionamento do cérebro. Discutiremos analiticamente, por fim, alguns pontos de contato entre as metáforas encontradas.A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: construção, perspectivas e desafios10.1590/S0103-733120140002000042022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZFigueredo, Climério Avelino deGurgel, Idê Gomes DantasGurgel Junior, Garibaldi Dantas
<em>Figueredo, Climério Avelino De</em>;
<em>Gurgel, Idê Gomes Dantas</em>;
<em>Gurgel Junior, Garibaldi Dantas</em>;
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Em 2006, foram criadas a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, para o Sistema Único de Saúde, resultado de um longo processo de demanda e construção de uma política para o setor. Este trabalho objetiva analisar a construção da política para a implantação/implementação da Fitoterapia no SUS, das facilidades e dificuldades envolvidas neste processo e dos desafios e perspectivas. Para isto foi feito a análise de documentos do Ministério da Saúde que são atinentes à questão, de artigos que abordam a política, além de artigos sobre aspectos da Fitoterapia que têm importância em relação ao seu uso nos serviços de saúde. Desta análise, observa-se que, apesar de o governo federal ter desenvolvido diversas ações, a implementação da política pouco avançou em função das dificuldades para seu uso no SUS, como o pouco conhecimento que os profissionais de saúde têm sobre a Fitoterapia, o entendimento deturpado sobre a eficácia e a segurança deste tratamento por parte de usuários e profissionais de saúde, a dificuldade do acesso à planta medicinal e ao fitoterápico, além da estruturação dos serviços nos moldes que favorecem o uso do medicamento sintético. No entanto, vê-se que esta política é importante por oferecer outra forma de tratamento, pelo fato de as plantas medicinais serem acessíveis à população, por resgatar o conhecimento popular, por favorecer a participação popular etc. e que são fatores facilitadores de sua implementação.Estratégias para a segurança do paciente no processo de uso de medicamentos após alta hospitalar10.1590/S0103-733120140002000052022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZMarques, Liete de Fátima GouveiaRomano-Lieber, Nicolina Silvana
<em>Marques, Liete De Fátima Gouveia</em>;
<em>Romano-Lieber, Nicolina Silvana</em>;
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O atual movimento mundial para segurança do paciente reforça a necessidade de desenvolver prevenção quaternária - visando proteger os pacientes do excessivo intervencionismo diagnóstico e terapêutico e minimizar o risco de iatrogenias - para evitar danos ao paciente e gastos desnecessários ao sistema de saúde. Em situações de transição do cuidado, como alta hospitalar, a ocorrência de eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos pode resultar em readmissão hospitalar ou necessidade de atendimento ambulatorial ou em serviços de urgência. Este artigo tem por objetivo discutir o gerenciamento da segurança do paciente no processo de uso de medicamentos após alta hospitalar. Com base em pesquisa bibliográfica, realizou-se abordagem sobre estratégias utilizadas por equipe hospitalares, tais como reconciliação medicamentosa, orientação ao paciente e/ou cuidador, comunicação por meio de resumo de alta, e seguimento domiciliar, além da necessidade de atuação interdisciplinar e interinstitucional para contribuir com a integralidade do cuidado. Concluise que o desenvolvimento de atividades de cuidado ao paciente em alta, pela equipe hospitalar, e a existência de efetiva articulação entre o hospital e demais serviços de saúde podem representar importantes aliados neste grande desafio para a saúde pública, que é a segurança do paciente no processo de uso de medicamentos após alta hospitalar.É inerente ao ser humano! A naturalização das hierarquias sociais frente às expressões de preconceito e discriminação na perspectiva juvenil10.1590/S0103-733120140002000062022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZMonteiro, Simone SouzaVillela, Wilza VieiraSoares, Priscilla da Silva
<em>Monteiro, Simone Souza</em>;
<em>Villela, Wilza Vieira</em>;
<em>Soares, Priscilla Da Silva</em>;
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Este trabalho objetiva analisar como mulheres e homens jovens, com diferentes inserções sociais, cor/raça e orientação sexual, frequentadores de espaços de sociabilidade no Rio de Janeiro, concebem e vivenciam as expressões de preconceito e discriminação na vida cotidiana. Considerase que o preconceito e a discriminação fazem parte de um processo social de produção de desigualdades que articula diferentes marcadores sociais (classe social, gênero, sexualidade, raça/etnia) e opera por meio da naturalização dos atos de discriminar e de ser discriminado. Todavia, há perspectivas teóricas dissonantes, que concebem a discriminação e o preconceito como decorrentes de interações inerentes e circunscritas ao âmbito das relações sociais interpessoais, desvinculadas dos fatores macrossociais. Os depoimentos dos/das jovens do estudo revelam que os agentes da ação discriminatória evitam falar de preconceito, justificando suas práticas com base no gosto, preferência ou estranhamento frente a algo incomum. Entretanto, alguns sujeitos que são objeto de ações homofóbicas, sexistas e/ou racistas percebem que essas situações expressam uma tentativa de garantia de privilégios de grupos específicos e que a classe social dos envolvidos tem influência nessas manifestações. Outros consideram que a homofobia e o racismo resultam da falta de conhecimento e/ou socialização. Observa-se a ausência de referências à ação política para confrontar situações de discriminação. O desenvolvimento de estudos voltados para a apreensão do preconceito e da discriminação como fenômenos sociais complexos, associados à (re)produção de marcadores sociais da diferença, podem orientar as ações de enfrentamento desses processos em diferentes contextos sociais.Os sentidos e disputas na construção da Política Nacional de Promoção da Saúde10.1590/S0103-733120140002000072022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZSilva, Patrícia Ferrás Araújo daBaptista, Tatiana Wargas de Faria
<em>Silva, Patrícia Ferrás Araújo Da</em>;
<em>Baptista, Tatiana Wargas De Faria</em>;
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Este estudo teve como objetivo analisar a definição da Política Nacional de Promoção da Saúde de 2006 no Brasil, buscando explicitar os sentidos e disputas no processo de formulação e suas implicações para o campo da saúde. Para tanto, foram feitas revisão bibliográfica, análise de documentos e entrevistas com participantes da rede de discussão sobre promoção da saúde no Brasil. Partimos de uma visão de ciência construcionista, compreendendo a política como um processo dinâmico que se constitui a partir de diferentes fatores que influenciam as escolhas e posicionamentos dos atores e grupos. Identificamos no processo alguns tensionamentos que podem ser entendidos como dilemas que o debate da promoção suscita. Um primeiro dilema apresentou-se no debate propriamente dito em torno do modelo de promoção, que decorre da polarização historicamente construída entre a perspectiva regulatória e a perspectiva emancipatória. Um segundo dilema refere-se à apropriação desta polarização se desdobrando na discussão entre o amplo e o restrito, onde as propostas voltadas para o coletivo são tidas como comprometidas com um projeto emancipatório e as propostas voltadas para o individual são entendidas numa perspectiva de controle. O terceiro dilema se traduziu no emprego do conceito de empowermentsem uma discussão aprofundada de seus efeitos no processo de construção desta política em nosso âmbito.Forma da dor e dor da forma: significado e função da dor física entre praticantes de bodybuilding em academias de musculação do Rio de Janeiro10.1590/S0103-733120140002000082022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZSabino, CesarLuz, Madel T.
<em>Sabino, Cesar</em>;
<em>Luz, Madel T.</em>;
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Buscamos destacar os sentidos e significados que a dor representa para os praticantes de fisiculturismo nas academias da cidade do Rio de Janeiro. Foram investigadas oito academias entre as zonas norte e sul da cidade no período de 12 meses (2008-2009), utilizando observações participantes, etnográficas e entrevistas abertas, além dos dados coletados em pesquisa de período anterior. A construção do corpo neste grupo está relacionada a organização e administração da intensidade e dos tipos de dor percebidos e interpretados pelos atletas ou praticantes assíduos, fato associado aos rituais de instituição que constroem a pessoa do bodybuilder. A dor corpórea é, portanto, não apenas parâmetro para a construção eficaz da forma, mas item fundamental para a demarcação hierárquica de papéis e de identidade daqueles que fazem parte da fração dominante no campo da musculação. É também, para alguns indivíduos, uma estratégia para superar o sofrimento.Aspectos éticos e o uso de produtos fluorados na visão de lideranças de saúde10.1590/S0103-733120140002000092022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZFerreira, Regina Glaucia Lucena AguiarMarques, Regina Auxiliadora de AmorimMenezes, Léa Maria Bezerra deNarvai, Paulo Capel
<em>Ferreira, Regina Glaucia Lucena Aguiar</em>;
<em>Marques, Regina Auxiliadora De Amorim</em>;
<em>Menezes, Léa Maria Bezerra De</em>;
<em>Narvai, Paulo Capel</em>;
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O flúor tem sido empregado na prevenção da cárie dentária, principalmente em águas de abastecimento e dentifrícios. Um efeito indesejável, a fluorose leve, tem suscitado preocupações entre especialistas. Este trabalho descreve as percepções dos delegados na 13ª Conferência Nacional de Saúde no que se refere aos aspectos éticos relacionados ao uso de substâncias e produtos fluorados. Realizou-se pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa, utilizando-se como técnica de processamento de depoimentos o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). A população de estudo foi definida por conveniência, e o critério de escolha foi participar da Conferência como delegado. Ao todo, foram 310 respondentes. Os dados foram coletados por meio de questionários semiestruturados e analisados pela análise do discurso. Nos discursos dos participantes da pesquisa, estiveram presentes aspectos éticos relacionados à falta de liberdade de escolha, à falta de informação disponível aos usuários sobre os produtos fluorados e sobre o controle dos níveis de flúor nesses produtos. Houve também quem acreditasse que o custo-benefício da fluoretação supera qualquer aspecto ético que possa estar presente. Questões éticas são frequentemente vistas pelos participantes da pesquisa como algo desconhecido ou complexo. Existe a crença de que a população em geral está despreparada para discutir o assunto com propriedade, já que este é mais bem compreendido pela parcela da sociedade composta por gestores e profissionais de saúde. Não houve consenso quanto à presença ou não de fatores éticos no uso de produtos fluorados.Qualidade de vida no trabalho de profissionais do NASF no município de São Paulo10.1590/S0103-733120140002000102022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZLeite, Denise FernandesNascimento, Débora Dupas Gonçalves doOliveira, Maria Amélia de Campos
<em>Leite, Denise Fernandes</em>;
<em>Nascimento, Débora Dupas Gonçalves Do</em>;
<em>Oliveira, Maria Amélia De Campos</em>;
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A apreensão e a análise da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) dos profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) são de extrema importância, uma vez que a implantação dessa equipe é recente e seu processo de trabalho desenvolve-se numa lógica contra-hegemônica de trabalho em saúde. Este estudo procurou identificar as percepções acerca da QVT dos profissionais das equipes de NASF que atuam no município de São Paulo, bem como os aspectos facilitadores e dificultadores por eles identificados no cotidiano do trabalho. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza descritiva e exploratória, realizado em Unidades Básicas de Saúde da Família, com uma equipe do NASF de cada uma das cinco Coordenadorias Regionais de Saúde do município de São Paulo: Leste, Centro-Oeste, Norte, Sudeste e Sul. Foram realizadas 40 entrevistas, cuja análise de conteúdo revelou quatro núcleos de sentido relacionados à percepção e à avaliação da qualidade de vida no trabalho dos profissionais: (1) infraestrutura para o trabalho; (2) sobrecarga e qualidade de vida no trabalho; (3) autonomia e identificação com o trabalho; (4) trabalho em equipe e relacionamento interpessoal. O processo de trabalho do NASF vem sendo modificado e reestruturado desde sua implantação, conforme as particularidades e necessidades locais. Envolve diversas questões que afetam diretamente a QVT, podendo até repercutir negativamente na qualidade do serviço prestado. Os profissionais do NASF e seu fazer cotidiano requerem um olhar ampliado da gestão e dos demais atores envolvidos, em prol de uma melhor QTV e, consequentemente, de uma minimização de insatisfação, adoecimentos, afastamentos e estresse ocupacional.Avaliação de política em saúde mental sob o viés da alteridade radical10.1590/S0103-733120140002000112022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZBleicher, TaísFreire, José CélioSampaio, José Jackson Coelho
<em>Bleicher, Taís</em>;
<em>Freire, José Célio</em>;
<em>Sampaio, José Jackson Coelho</em>;
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Realizou-se pesquisa de tese em História Social, sob a vertente da História Oral, com o objetivo de avaliar a política de saúde mental do município de Quixadá, no período de 1993 a 2012. Foram selecionados quatro depoimentos de pessoal diretamente responsável pela construção da política, em sua primeira gestão: o prefeito, o supervisor de serviço, um auxiliar de Enfermagem e um médico. Os depoimentos foram analisados utilizando como referencial teórico a ética da alteridade radical. Consensualmente, os depoimentos apontavam para o entendimento de que, além de o paciente e sua família precisarem de cuidados, intervenções se faziam necessárias no sentido de apresentar a loucura à cidade, como forma de diminuir o preconceito. Sugere-se, a partir dos relatos dessa boa prática, a criação de um novo critério de avaliação dos serviços em saúde mental, qual seja, sua efetividade em gerar, na sociedade, novas formas de lidar com a diferença e com o outro.Saúde Mental na Atenção Primária à Saúde: avaliação sob a ótica dos usuários10.1590/S0103-733120140002000122022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZFrateschi, Mara SoaresCardoso, Cármen Lúcia
<em>Frateschi, Mara Soares</em>;
<em>Cardoso, Cármen Lúcia</em>;
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Este estudo objetivou investigar a avaliação que os usuários fazem do cuidado em saúde mental recebido por dois serviços públicos de Atenção Primária à Saúde: uma Unidade de Saúde da Família e uma Unidade Básica de Saúde. A amostra foi composta por 13 usuários de ambos os serviços, identificados pelas equipes como estando em sofrimento mental. Para a coleta de dados foi utilizado o grupo focal, sendo realizado um grupo em cada serviço. O material foi submetido à análise seguindo a abordagem qualitativa em pesquisa e utilizou-se como ferramenta a Análise de Conteúdo Temática. Os usuários apontam a necessidade de uma escuta qualificada, que promova acolhimento e vínculo, bem como de uma assistência humanizada, longitudinal e integral. Conclui-se que existe uma lacuna entre ações em saúde mental e Atenção Primária à Saúde, e que a avaliação feita pelos usuários constitui peça fundamental para o preenchimento desta brecha, uma vez que os usuários fornecem informações essenciais para a consolidação de novas formas de agir em saúde.Metamorfoses da medicalização e seus impactos na família brasileira10.1590/S0103-733120140002000132022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZBarbiani, RosangelaJunges, José RoqueAsquidamine, FabianeSugizaki, Eduardo
<em>Barbiani, Rosangela</em>;
<em>Junges, José Roque</em>;
<em>Asquidamine, Fabiane</em>;
<em>Sugizaki, Eduardo</em>;
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O artigo tematiza os traços culturais e políticos do fenômeno da medicalização que se instituiu na sociabilidade brasileira por meio da moralização da família, nos moldes da ideologia higienista "cidadã". O estudo baseou-se na revisão de pesquisas historiográficas, contextualizando o surgimento da cidadania associada à forma como o higienismo, o saber especializado, sobretudo médico, e o controle social sobre a família, emolduraram perfis de indivíduos aptos à civilidade societária. Analisam-se os mecanismos do Estado para alinhar as políticas públicas emergentes à legitimação do modelo biologizante e seus reflexos na produção de conhecimentos ratificadores da ordem posta. Por fim, o artigo aborda as repercussões entre o passado e o presente e os dispositivos de afirmação da ideologia capitalista sobre a família brasileira, por meio da reatualização do fenômeno da medicalização. Conclui-se que o substrato desse tempo histórico configurou um projeto societário que permanece em movimento para a conservação do ideário que lhe deu origem e sustentação. Se, no passado, a obediência aos especialistas era o ícone da higiene-cidadã, atualmente cobra-se dos cidadãos e das famílias uma postura ativa na preservação da saúde e do ambiente como se esses bens coletivos estivessem ao alcance individual, desconsiderando os determinantes das iniquidades em saúde.Saúde, gênero e reconhecimento no trabalho das professoras: convergências e diferenças no Brasil e na França10.1590/S0103-733120140002000142022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZBrito, JussaraBercot, RégineHorellou-Lafarge, ChantalNeves, Mary YaleOliveira, SimoneRotenberg, Lucia
<em>Brito, Jussara</em>;
<em>Bercot, Régine</em>;
<em>Horellou-Lafarge, Chantal</em>;
<em>Neves, Mary Yale</em>;
<em>Oliveira, Simone</em>;
<em>Rotenberg, Lucia</em>;
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O presente artigo trata do reconhecimento do trabalho das professoras e suas implicações sobre a saúde em dois diferentes contextos econômicos e sociais: de um país da América Latina (Brasil) e de um país europeu (França). Baseia-se, principalmente, nas contribuições teóricas da psicodinâmica do trabalho e das ciências sociais, apresentando exemplos oriundos de diversas pesquisas. Observa-se que, apesar das diferenças em relação às condições laborais das professoras nos dois países, o não reconhecimento de seu trabalho está presente em ambos os contextos. Os baixos salários (mesmo considerando-se as especificidades de cada um desses contextos) e a falta de valorização dos esforços feitos no cotidiano profissional são a prova disso. No entanto, na França, o mal-estar das professoras advém, sobretudo, de dúvidas sobre a utilidade social do trabalho docente, frente às inúmeras reformas e às defasagens no nível de escolaridade dos alunos. No caso do Brasil, o malestar decorre especialmente da precariedade das condições de trabalho, que sinalizam a desvalorização da profissional, destacando-se o número excessivo de alunos por turma e a necessidade de complementação salarial. Nos dois casos registra-se a importância do reconhecimento pelos alunos e do trabalho em equipe na preservação da saúde.Unexpected diagnosis of fetal malformations: therapeutic itineraries10.1590/S0103-733120140002000152022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZBomfim, Olga LuizaCoser, OrlandoMoreira, Maria Elisabeth Lopes
<em>Bomfim, Olga Luiza</em>;
<em>Coser, Orlando</em>;
<em>Moreira, Maria Elisabeth Lopes</em>;
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Ultrasonography was a technological breakthrough for obstetrics, allowing visualization of fetal structures. However, the lack of a systematic approach to obstetric ultrasound examinations causes in Brazil, pregnant women do the exam on their own, which can sometimes lead to unexpected diagnosis of fetal malformation. In order to describe the reaction of women when surprised by the diagnosis of fetal malformation and therapeutic itineraries that follow, we conducted a study with nine pregnant women after ultrasound confirmation of fetal malformation. Through semi-structured interviews and content analysis of the narratives, the following categories were identified: motivation to perform ultrasonography; care at the referral; and coping strategies from the confirmation of fetal malformation. The interviews revealed failure to comply with the correct sequence of the prenatal care process. Definition of suitable moment for ultrasound test and guidance at each stage of pregnancy now represent a challenge for the improvement of perinatal care.A face marcada: as múltiplas implicações da vitimização feminina nas relações amorosas10.1590/S0103-733120140002000162022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZDourado, Suzana de MagalhãesNoronha, Ceci Vilar
<em>Dourado, Suzana De Magalhães</em>;
<em>Noronha, Ceci Vilar</em>;
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O artigo analisa narrativas femininas sobre relações conjugais violentas, particularmente, casos nos quais ocorreram danos ao rosto da mulher agredida pelo parceiro. Foram objetivos da pesquisa: apreender os sentidos atribuídos pelas vítimas à violência vivenciada e identificar as implicações decorrentes da experiência vitimizadora. O estudo foi realizado a partir de entrevistas com mulheres usuárias de instituições públicas nas áreas da segurança pública, saúde, assistência psicossocial e educação. Elaborada sob a ótica da sociologia do corpo que reconhece a face como locus privilegiado, a análise evidenciou o caráter invasivo das agressões ao rosto feminino ao produzirem marcas físicas e emocionais que vão repercutir, a curto e longo prazo, na vida das mulheres. À luz da perspectiva feminista relacional, emergiram questões atinentes a ambos os cônjuges na produção do convívio violento, mediadas pelas construções sociais de gênero. Reverberações das agressões sobre o sentimento de identidade e da depreciação da autoimagem foram enfatizadas como geradoras de intenso sofrimento psíquico. Além disso, os resultados apontaram para limites no modelo de atenção biomédico, ainda predominante nos serviços de saúde, para lidar com a complexidade envolvida na vitimização conjugal feminina, bem como para a necessidade de articulação das várias áreas de atuação que tangenciam esse fenômeno.A formação médica nos cenários de prática extra-hospitalares10.1590/S0103-733120140002000172022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZRangel, Vanessa Maia
<em>Rangel, Vanessa Maia</em>;
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Uma Fotografia da Educação Médica no Brasil10.1590/S0103-733120140002000182022-01-26T00:09:00Z2016-01-28T00:04:00ZAguiar, Adriana Cavalcanti
<em>Aguiar, Adriana Cavalcanti</em>;
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