Saúde e Sociedadehttps://scielosp.org/feed/sausoc/2018.v27n1/2018-01-05T00:07:00ZVol. 27 No. 1 - 2018WerkzeugApresentação - Desigualdades, vulnerabilidades e reconhecimento: em busca de algumas invisibilidades produzidas nas políticas de saúde10.1590/s0104-129020180000012018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCastellanos, Marcelo Eduardo PfeifferBaptista, Tatiana Wargas de Faria
<em>Castellanos, Marcelo Eduardo Pfeiffer</em>;
<em>Baptista, Tatiana Wargas De Faria</em>;
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Por uma atenção diferenciada e menos desigual: o caso do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia10.1590/s0104-129020181708902018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMota, Sara Emanuela de CarvalhoNunes, Mônica
<em>Mota, Sara Emanuela De Carvalho</em>;
<em>Nunes, Mônica</em>;
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Resumo Nesse estudo buscou-se conhecer os significados do princípio da “atenção diferenciada” por meio da análise dos enunciados e da observação das práticas de gestores do Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas na Bahia, a fim de revelar as bases sociais, políticas e culturais que os sustentam e analisar como contribuem, ou não, para a sua operacionalização. Parte-se do pressuposto de que a prestação de ações de atenção à saúde efetivamente diferenciadas, que considerem as especificidades socioculturais dos povos indígenas e sua medicina tradicional, pode contribuir para maior resolutividade do cuidado à saúde desses povos e mitigação de algumas implicações de determinantes sociais sobre os modos de viver, adoecer e morrer na população indígena. Optou-se pela realização de um estudo qualitativo, de abordagem etnográfica, com aplicação das técnicas de observação participante e de entrevistas semiestruturadas entre gestores do Subsistema na Bahia. A coleta de informações ocorreu entre setembro de 2014 e março de 2017. As narrativas revelaram frequentemente um tom retórico da ideia de “atenção diferenciada” como uma iniciativa de respeito às especificidades culturais indígenas, as quais foram mais insistentemente utilizadas como justificativa para a não realização de práticas diferenciadas de cuidado (por exemplo, protocolos específicos). A presença de indígenas na gestão contribuiu para a produção de práticas mais contextualizadas e orientadas para os problemas vivenciados pelas comunidades, mas o esforço de legitimação nesse espaço social ratifica a hegemonia “branca” na pauta principal de discussões.Imigração, refúgio e saúde: perspectivas de análise sociocultural10.1590/s0104-129020181708702018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMartin, DeniseGoldberg, AlejandroSilveira, Cássio
<em>Martin, Denise</em>;
<em>Goldberg, Alejandro</em>;
<em>Silveira, Cássio</em>;
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Resumo Os recentes processos migratórios internacionais ocorridos no Brasil se apresentam como um campo de estudo para as ciências sociais e humanas em saúde. Este artigo tem como objetivo refletir sobre os processos de inclusão de imigrantes e refugiados pelas instituições de saúde, considerando o campo de debates das ciências sociais e humanas em Saúde e o comprometimento dessa área com os direitos humanos. Inicialmente, são apresentadas características contemporâneas das migrações internacionais, incluindo a situação brasileira. Em seguida, são descritas algumas pesquisas e práticas sobre concepções de saúde, doenças e cuidados com imigrantes e, por fim, propomos um debate acerca de alguns conceitos antropológicos que podem contribuir para uma abordagem menos estereotipada dos processos de inclusão nas instituições de saúde nacionais. Pretendemos apresentar uma perspectiva das ciências sociais e humanas em saúde em um horizonte teórico articulado com práticas em saúde que, de certa forma, podem contribuir para a formulação de conceitos, explicações e orientações no plano das políticas públicas com essas populações.Práticas de saúde em contextos de vulnerabilização e negligência de doenças, sujeitos e territórios: potencialidades e contradições na atenção à saúde de pessoas em situação de rua10.1590/s0104-129020181709152018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZOliveira, Roberta Gondim
<em>Oliveira, Roberta Gondim</em>;
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Resumo Este artigo ancora-se na premissa de que a relação entre políticas públicas, vulnerabilidade, sofrimento humano e negligência de pessoas e territórios merece ser questionada e melhor entendida. Um de seus principais pressupostos é a aposta em pontes de diálogos na produção de conhecimentos em saúde, em diferentes quadros de referência - paradigma biomédico; determinação social da saúde; vulnerabilidade social; aportes descoloniais. É fruto de estudo dedicado a acompanhar as práticas de saúde em territórios negligenciados e vulnerabilizados na cidade do Rio de Janeiro, em especial às pessoas que vivem em moradias precárias e em situação de rua. Diferentes encontros e modos de levar a vida, na feitura de cotidianos possíveis, foram vivenciados. Esses encontros forneceram elementos ao entendimento da saúde como valor social em situações concretas, pondo em questão, sob variadas leituras, a vulnerabilização de vidas humanas. Fala-se, portanto, sobre leituras críticas acerca de formas de estar no mundo, dialogicamente relacionadas às condições históricas, políticas e sociais, em que reside a aposta na resistência e nas ações cotidianas de diversos atores sociais e em dispositivos de saúde inovadores, que tenham potencial na efetivação de práticas contra-hegemônicas.Entrevista com José Ricardo Ayres10.1590/s0104-129020180000022018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZAyres, José RicardoCastellanos, Marcelo Eduardo PfeifferBaptista, Tatiana Wargas de Faria
<em>Ayres, José Ricardo</em>;
<em>Castellanos, Marcelo Eduardo Pfeiffer</em>;
<em>Baptista, Tatiana Wargas De Faria</em>;
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Resumo Nesta entrevista à revista Saúde e Sociedade, José Ricardo Ayres conta como se aproximou do conceito de vulnerabilidade, das vantagens e perigos presentes em seu emprego, situando-o na saúde coletiva e na conjuntura científica, sanitária e política brasileira. Pensando nos estudos sobre a epidemia de aids, ele destaca diferenças nas ênfases dadas ao conceito no Brasil e nos Estados Unidos da América (EUA). Enquanto nos EUA a ênfase recaiu sobre o eixo da ética e do direito, fomentando ações jurídicas reivindicatórias perante o Estado, no Brasil enfatizou-se uma perspectiva crítica sobre o caráter tecnocrático das políticas públicas e sobre o autoritarismo dos saberes operados pela saúde pública, buscando relações mais dialógicas com os movimentos sociais em um contexto de lutas pela (re)construção de um Estado de direito democrático, em pleno processo de reabertura política no Brasil. A articulação entre vulnerabilidade e aportes específicos da teoria do reconhecimento, segundo Ayres, reforça a análise das relações entre intersubjetividades e contextos sociais, diálogos e conflitos, ações e estruturas sociais. Para ele, devemos considerar a dialética das representações, das interações e do trabalho como forma de construção do mundo de relações em que nos inscrevemos, rompendo assim com a ideia de que o indivíduo é uma “mônada” que atua sobre o mundo como algo meramente externo ou que age segundo imperativos sociais sem possibilidade de transformação da realidade. Desse modo, evitamos a naturalização da vulnerabilidade, quando tomada como característica intrínseca dos sujeitos, o que neutralizaria o interesse analítico e político desse conceito.Saúde é política… Há uma grande desordem sob o céu: a experiência “comunal” do 15ºº Congresso Paulista de Saúde Pública10.1590/s0104-129020181709472018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBotazzo, CarlosLouvison, Marília Cristina PradoAkerman, MarcoPereira, Ana LúciaWeiller, José Alexandre BusoTeixeira, Ricardo Rodrigues
<em>Botazzo, Carlos</em>;
<em>Louvison, Marília Cristina Prado</em>;
<em>Akerman, Marco</em>;
<em>Pereira, Ana Lúcia</em>;
<em>Weiller, José Alexandre Buso</em>;
<em>Teixeira, Ricardo Rodrigues</em>;
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Resumo Este texto tem por finalidade apresentar um breve relato das atividades preparatórias do 15º Congresso Paulista de Saúde Pública, realizado no segundo semestre de 2017. No material utilizado, estavam inclusas notas tomadas durante as reuniões preparatórias, trechos de mensagens trocadas e, fundamentalmente, o registro vivo contido na memória dos autores, enquanto participantes do processo de organização. Apresentamos, então, os contornos da necessária politização da saúde e as principais tendências observadas nas atividades desenvolvidas em todos os núcleos regionais da Associação Paulista de Saúde Pública. É realçada, ademais, a particularidade do congresso, que mostrou forte inovação na proposta de programa; foi um congresso desconstruído, em movimento, que contou com a realização de nove eventos nas regiões que sediam núcleos da associação. O décimo evento, realizado como atividade de finalização, ocorreu em São Paulo na forma de celebração teórico-política. Ao final, destacamos o fortalecimento dos laços associativos e a consolidação da organização em núcleos.Planejamento regional dos serviços de saúde: o que dizem os gestores?10.1590/s0104-129020181702962018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFerreira, JéssicaCeluppi, Ianka CristinaBaseggio, LilianGeremia, Daniela SaviMadureira, Valéria Silvana FaganelloSouza, Jeane Barros de
<em>Ferreira, Jéssica</em>;
<em>Celuppi, Ianka Cristina</em>;
<em>Baseggio, Lilian</em>;
<em>Geremia, Daniela Savi</em>;
<em>Madureira, Valéria Silvana Faganello</em>;
<em>Souza, Jeane Barros De</em>;
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Resumo Este estudo analisou a percepção dos gestores de saúde sobre o planejamento regional dos municípios do oeste catarinense, tendo em vista os principais fatores que influenciam na gestão pública para a organização da rede de serviços de saúde. O estudo abrangeu 21 municípios vinculados às Agências de Desenvolvimento Regional (ADR) dos municípios de Chapecó, Quilombo e Palmitos, do estado de Santa Catarina. Os gestores de saúde foram entrevistados em dezembro de 2015, e utilizou-se um roteiro de entrevista com questões semiestruturadas. O método de análise foi o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que originou quatro ideias centrais: papel do gestor no planejamento; planejamento em equipe; participação do Conselho Municipal de Saúde; e desafios no uso dos dados epidemiológicos como instrumentos de gestão. Apesar de os gestores reconhecerem os avanços do planejamento regional dos serviços de saúde, apontam a baixa participação da população nas arenas decisórias, além de problemas estruturais como, principalmente, a falta de recursos humanos capacitados para trabalhar e analisar as bases de dados informacionais, resultando em baixos comprometimento e responsabilização na efetivação do planejamento de saúde realizado em equipe.A regionalização do SUS: proposta de avaliação de desempenho dos Departamentos Regionais de Saúde do estado de São Paulo10.1590/s0104-129020181700952018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPaschoalotto, Marco Antonio CatussiPassador, João LuizOliveira, Lilian Ribeiro deLopes, José Eduardo FerreiraDantas, Marina KollandPassador, Cláudia Souza
<em>Paschoalotto, Marco Antonio Catussi</em>;
<em>Passador, João Luiz</em>;
<em>Oliveira, Lilian Ribeiro De</em>;
<em>Lopes, José Eduardo Ferreira</em>;
<em>Dantas, Marina Kolland</em>;
<em>Passador, Cláudia Souza</em>;
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Resumo Nas últimas décadas, a saúde brasileira sofreu grandes transformações, tanto em seu modelo como no desempenho do Estado. No entanto, devido a deficiências processuais e práticas, seu desempenho mostra ineficiência na prestação de serviços para a população. A regionalização, como estratégia de descentralização, surgiu como uma alternativa para resolver esses problemas interfederativos. Assim, este estudo visa analisar o desempenho da estratégia de regionalização do Sistema Único de Saúde no estado de São Paulo, pelos Departamentos Regionais de Saúde (DRS). Para atingir o objetivo, foi realizado um estudo descritivo e quantitativo, que resultou no Indicador Sintético Regional de Saúde do Estado de São Paulo (ISRS/SP). Observou-se uma concentração dos DRS com melhor desempenho no interior do estado de São Paulo, bem como uma relação não direta entre as regiões que receberam mais recursos e aqueles que obtiveram melhor desempenho, isto é, os conceitos de eficiência e eficácia estão intimamente relacionados em seu desempenho. No final do estudo, é possível compreender a regionalização da saúde no estado de São Paulo de forma abrangente, com possibilidades de adaptar o indicador sintético criado para outras regiões e realizar estudos mais aprofundados sobre o desempenho de cada nível.Instituições participativas e seus efeitos nas políticas públicas: estudo do Comitê de Mortalidade por Aids de Porto Alegre10.1590/s0104-129020181704252018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZLeal, Andréa FachelLui, Lizandro
<em>Leal, Andréa Fachel</em>;
<em>Lui, Lizandro</em>;
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Resumo Este estudo se insere no contexto das discussões sobre os efeitos das instituições participativas sobre políticas públicas. O objetivo foi conhecer a percepção dos membros do Comitê Municipal de Mortalidade por Aids de Porto Alegre sobre como essa instituição participativa tem consequências na melhoria do atendimento às pessoas que vivem com HIV/aids. Trata-se de pesquisa qualitativa, com método de estudo de caso, realizada com 17 membros do referido comitê. Suas reuniões mensais foram acompanhadas, quando se realizou observação de cunho etnográfico; realizou-se, também, entrevistas a partir de um roteiro semiestruturado, empregando-se o referencial da Teoria das Instituições Participativas. Identificou-se que o comitê é capaz de diagnosticar inúmeros problemas no sistema de saúde da cidade e apontar as fragilidades dos serviços de atendimento. Todavia, ainda não consegue assegurar que as propostas sugeridas sejam implementadas nos serviços a fim de resolver os problemas identificados e, por conseguinte, melhorar a qualidade dos serviços de atendimento às pessoas com HIV/aids.Estilos de vida, habitus e promoção da saúde: algumas aproximações10.1590/s0104-129020181705202018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMadeira, Francilene BatistaFilgueira, Dulce AlmeidaBosi, Maria Lúcia MagalhãesNogueira, Júlia Aparecida Devidé
<em>Madeira, Francilene Batista</em>;
<em>Filgueira, Dulce Almeida</em>;
<em>Bosi, Maria Lúcia Magalhães</em>;
<em>Nogueira, Júlia Aparecida Devidé</em>;
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Resumo Estilos de vida (EV) saudáveis são interpretados hegemonicamente como um conjunto de comportamentos individuais capazes de favorecer a saúde, entendida como fenômeno eminentemente biológico. O referencial teórico da Promoção da Saúde (PS), contudo, acrescenta o conceito da determinação social às discussões acerca das relações entre EV e saúde. Visando a favorecer a superação do modelo de culpabilidade individual centrada na abordagem de risco epidemiológico nas discussões sobre EV, recuperamos, na obra do sociólogo Pierre Bourdieu, o conceito de habitus. O propósito deste artigo é exercitar uma síntese das abordagens que, historicamente, permearam os discursos sobre EV e PS, introduzindo o conceito de habitus como mediador, o qual possibilita uma reflexão sobre o tema a partir das condições sociais existentes e das ações individuais historicamente construídas. A relevância dessa reflexão reside no fortalecimento conceitual do ideário da PS, e no favorecimento de ações integrais, inclusivas, participativas e de empoderamento social, como contraponto a ações prescritivas focadas na prevenção ou controle de doenças, ainda marcantes nas práxis em saúde.Lutar por saúde é lutar por reforma agrária: estudo sobre práticas de saúde no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra10.1590/s0104-129020181701582018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZRückert, BiancaAranha, Antônia Vitória Soares
<em>Rückert, Bianca</em>;
<em>Aranha, Antônia Vitória Soares</em>;
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Resumo Este estudo de natureza qualitativa investigou práticas de saúde em assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, na região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil. Buscou-se identificar práticas condizentes com o ideal de saúde do MST, o debate de normas e valores e possíveis renormalizações, contando com o aporte teórico da saúde coletiva e da ergologia. As atividades investigadas foram: agricultura ecológica, trabalho docente que envolvia ações de saúde e ambiente e cuidado. Os resultados evidenciaram valores relacionados à luta pela reforma agrária e pela transformação da sociedade, à valorização das técnicas e dos saberes populares e à promoção da autonomia dos trabalhadores rurais. Percebeu-se, em alguma medida, a incorporação do projeto/herança da saúde do MST, que se mostrou mais efetiva, à medida que atinge os coletivos, evidenciando que a instauração de novas normas de saúde passa pela organização política dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária.A saúde no contexto de uma reserva de desenvolvimento sustentável: o caso de Mamirauá, na Amazônia Brasileira10.1590/s0104-129020181705142018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZMedeiros, Marcílio Sandro deAugusto, Lia Giraldo da SilvaBarca, StefaniaSacramento, Daniel SouzaNeta, Inez Siqueira SantiagoGonçalves, Isabela CristinaCosta, André Monteiro
<em>Medeiros, Marcílio Sandro De</em>;
<em>Augusto, Lia Giraldo Da Silva</em>;
<em>Barca, Stefania</em>;
<em>Sacramento, Daniel Souza</em>;
<em>Neta, Inez Siqueira Santiago</em>;
<em>Gonçalves, Isabela Cristina</em>;
<em>Costa, André Monteiro</em>;
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Resumo O objetivo deste artigo é analisar as condições de vida e saúde de ribeirinhos de oito comunidades da Reserva Mamirauá, a partir da categoria de análise da Reprodução Social de Juan Samaja. Seu método é descritivo, e foram utilizados questionário estruturado, observação direta e análise documental. A pesquisa identificou baixo envolvimento dos ribeirinhos em relação ao controle social e ao apoio comunitário, o que indica problemas na interação biocomunal e política. O atendimento às demandas sociais está organizado de forma conflituosa, uma vez que várias instituições que atuam nesse território não se articulam. A interação da dimensão política com a tecnoeconômica apresentou Razão de Prevalência <1,0 nas comunidades em que o Instituto Mamirauá promoveu maior diversificação das atividades. Contudo, os rendimentos para subsistência sofrem forte variação e não alcançam a soma de 1 salário mínimo em 60,6% das famílias. Foram observadas elevadas frequências em queixas de saúde (78,8%) e acidentes de trabalho (70,9%) e, quanto à avaliação dos serviços, 54 % dos ribeirinhos deram nota inferior a 2 pontos. Concluímos que os processos sociais que determinam as situações de saúde dos ribeirinhos de Mamirauá são oriundos da estrutura de poder configurada pelas práticas territorializadas das políticas ambiental e indígena, e pelos programas de saúde pública, cuja sobreposição tem produzido interações conflituosas no que diz respeito às competências e responsabilidades com a atenção à saúde. O apoio à cogestão da Reserva foi pontual e, dessa forma, pouco alterou os resultados danosos dessa estrutura social sobre os grupos mais vulneráveis.Problematizando a díade saúde e desenvolvimento: o caso do polo de Suape no estado de Pernambuco10.1590/s0104-129020181705642018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZOliveira, Raquel Santos deMorais, Heloisa Maria Mendonça deGoes, Paulo Sávio Angeiras de
<em>Oliveira, Raquel Santos De</em>;
<em>Morais, Heloisa Maria Mendonça De</em>;
<em>Goes, Paulo Sávio Angeiras De</em>;
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Resumo O nexo causal entre as condições de saúde das populações e o ordenamento socioeconômico de distintas sociedades vem sendo inequivocamente demonstrado por tratar-se de um objeto cuja determinação não é exclusivamente biológica, mas também histórica e social. No Brasil, esse debate se desenha quando a saúde passa a ser apreendida como questão social, e ganha destaque no momento em que as formulações sobre desenvolvimento, subdesenvolvimento e dependência são difundidas. Este estudo - descritivo, exploratório e de natureza quantitativa - objetivou analisar as condições sociossanitárias da população que reside em um específico polo de crescimento em Pernambuco, cujas estratégias de desenvolvimento vêm sendo formuladas à luz da ideologia novo-desenvolvimentista. A análise das condições sociossanitárias foi realizada através de um conjunto de indicadores socioeconômicos e de saúde, e os valores alcançados pelo PIB e PIB per capita dessa região confirmam o expressivo crescimento econômico, embora, concomitantemente, haja crescimento da desigualdade de renda e da concentração da riqueza. Foi possível concluir que esse modelo de crescimento econômico não assegura transformações no padrão de vida da população, pelo contrário, ocasiona sérios problemas médico-sociais.Representações sociais sobre saúde e meio ambiente para equipes de Estratégia Saúde da Família10.1590/s0104-129020181706582018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZDias, Gisele LoiseCamponogara, SilviamarCosta, Valdecir Zavarese daCezar-Vaz, Marta ReginaWeiller, Teresinha HeckCardoso, Leticia Silveira
<em>Dias, Gisele Loise</em>;
<em>Camponogara, Silviamar</em>;
<em>Costa, Valdecir Zavarese Da</em>;
<em>Cezar-Vaz, Marta Regina</em>;
<em>Weiller, Teresinha Heck</em>;
<em>Cardoso, Leticia Silveira</em>;
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Resumo Atualmente, sabe-se que as questões que envolvem a saúde possuem uma relação com diversos determinantes, dentre os quais, o meio ambiente merece destaque especial. Nesse sentido, a relação saúde e meio ambiente é um importante aspecto a ser considerado, particularmente nas práticas de trabalhadores das equipes de Estratégias Saúde da Família (ESF). O objetivo deste estudo é conhecer as representações sociais sobre saúde e meio ambiente para equipes de Estratégia Saúde da Família. É um estudo qualitativo, descritivo-exploratório, baseado na teoria das representações sociais. Os dados foram coletados entre fevereiro e junho de 2016, em um município localizado no interior do Rio Grande do Sul, por meio de pesquisa documental e entrevista semiestruturada. Participaram deste estudo 19 trabalhadores de ESF. Os dados foram analisados conforme análise de conteúdo temática, buscando-se o núcleo central da representação social e os elementos periféricos. A partir da análise dos dados delineou-se a seguinte representação: a salubridade do território. Os elementos periféricos relacionados à representação são: água, resíduos sólidos urbanos e agrotóxicos e poluição atmosférica. Conclui-se que a compreensão da relação saúde e meio ambiente está intrinsecamente relacionada com os danos que o meio ambiente pode causar na saúde.Risco como perigo persistente e cuidado em saúde mental: sanções normalizadoras à circulação no território10.1590/s0104-129020181702332018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZBarbosa, Valquiria Farias BezerraCaponi, Sandra NoemiVerdi, Marta Inez Machado
<em>Barbosa, Valquiria Farias Bezerra</em>;
<em>Caponi, Sandra Noemi</em>;
<em>Verdi, Marta Inez Machado</em>;
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Resumo Este artigo objetiva analisar as relações entre usuários e profissionais de um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), focalizando a escuta, observação e percepção de como o cuidado é vivenciado entre esses atores sociais. Para tal, foi desenvolvido um estudo qualitativo mediante observação participante e entrevistas semiestruturadas realizadas com profissionais de um Caps na cidade de Pesqueira (PE). As entrevistas foram analisadas segundo a análise textual discursiva e operacionalizadas por meio do software ATLAS.ti. A partir disso, no campo das práticas de cuidado, observou-se que a persistência da noção de periculosidade atribuída à pessoa em sofrimento psíquico aponta um processo complexo de manutenção de concepções estigmatizantes sobre adoecimento mental. Na análise das relações de cuidado, pudemos constatar a centralidade do tratamento medicamentoso, bem como a existência de circuitos permitidos e não permitidos pela própria comunidade, que passa a regular a circulação no território. Evidencia-se, por fim, a vinculação das práticas de cuidado a práticas de medicalização do sofrimento psíquico e de medicamentalização.Aproximações e distanciamentos ao suicídio: analisadores de um serviço de atenção psicossocial10.1590/s0104-129020181703762018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZCescon, Luciana FrançaCapozzolo, Angela AparecidaLima, Laura Camara
<em>Cescon, Luciana França</em>;
<em>Capozzolo, Angela Aparecida</em>;
<em>Lima, Laura Camara</em>;
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Resumo Este artigo é produto de uma pesquisa-intervenção de perspectiva cartográfica, cujo objetivo foi investigar a atenção ao suicídio de um serviço de atenção psicossocial em um município de São Paulo. O percurso metodológico foi construído de forma dinâmica, em que as etapas finais foram projetadas em função da análise dos dados produzidos nas etapas iniciais. Os instrumentos utilizados inicialmente foram: estudo de prontuários, análise de fluxos de atendimentos, diários de campo e entrevistas semiestruturadas. As análises revelaram um processo de trabalho centrado em consultas psiquiátricas e na medicalização do sofrimento, no qual a atenção ao suicídio era pouco problematizada. Em um segundo momento, realizaram-se rodas de conversa com trabalhadores para compartilhar os dados e as análises iniciais e discutir as questões que emergiram a partir dessas informações. As intervenções mobilizaram os profissionais a repensarem o seu processo de trabalho. A equipe retomou os espaços de educação permanente, com o objetivo de analisar as ofertas de atenção psicossocial que produziam e, a partir desses encontros, repensou uma oferta de cuidado que valorizasse a escuta e o acolhimento não apenas na atenção ao suicídio, mas ao sofrimento mental. A pesquisa gerou também um blog sobre atenção ao suicídio.Juridicização engajada da adolescência: sobre um caso de internação psiquiátrica compulsória10.1590/s0104-129020181705312018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZRocha, CarlosSilva, MartinhoAsensi, Felipe
<em>Rocha, Carlos</em>;
<em>Silva, Martinho</em>;
<em>Asensi, Felipe</em>;
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Resumo Com o objetivo de compreender um caso de internação psiquiátrica compulsória (IPC) infantojuvenil, foi desenvolvida uma etnografia com agentes institucionais dos setores educação, justiça e saúde nos poderes executivo e judiciário. A metodologia de pesquisa consistiu em (1) entrevistas com defensoras, psicólogas, psiquiatras e peritos; (2) análise documental de ata escolar, autos processuais e prontuário médico. Frisamos que algumas pesquisas têm se centrado em “adolescentes drogaditos” internados compulsoriamente, apontando para uma “judicialização do cuidado em saúde mental”. Desse modo, visou-se responder à seguinte questão de pesquisa: as IPC às quais Clara fora submetida também poderiam ser compreendidas como parte desse processo? Procurou-se mostrar que a jovem é caracterizada pelas versões institucionais como uma “adolescente-psiquiátrica” por alguns, e “um risco para si e para terceiros” por outros. Assim, torna-se um “caso emblemático” para uma rede de cuidados, após episódios de “agressão”, “tentativas de suicídio” e “fugas” que suscitaram audiências, encaminhamentos, internações e abrigamentos. Por fim, os resultados apontam para um processo de juridicização engajada da adolescência.A saúde em troca da excelência: o sofrimento de atendentes de nutrição de um hospital público acometidos por LER/Dort10.1590/s0104-129020181708732018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZAlencar, Maria do Carmo Baracho deMerlo, Álvaro Roberto Crespo
<em>Alencar, Maria Do Carmo Baracho De</em>;
<em>Merlo, Álvaro Roberto Crespo</em>;
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Resumo Este artigo apresenta resultados de pesquisa cujo objetivo foi compreender as relações entre os aspectos da organização do trabalho e a saúde de atendentes de nutrição acometidos por LER/Dort. Durante o processo houve levantamento de estatísticas de absenteísmo relacionado a LER/Dort em um hospital público em Porto Alegre/RS, no período de 1 de junho de 2015 a 30 de junho de 2016, e seleção da Seção de Distribuição de Alimentos e de seus atendentes de nutrição para aprofundamentos. Foram utilizados um questionário estruturado com dados sociodemográficos e de trabalho e o instrumento Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), para pesquisar a prevalência de transtornos mentais comuns (TMC), e realizadas entrevistas coletivas com os atendentes acometidos por LER/Dort, utilizando o referencial teórico da psicodinâmica do trabalho. Os resultados obtidos apontaram para modos de organização do trabalho e gestão com cobranças excessivas, assédio moral e falta de reconhecimento no trabalho, que geram sofrimento e influenciam nos processos de adoecimento. Sugere-se um espaço de escuta e discussões com reuniões que envolvam os trabalhadores, técnicos de nutrição e a coordenação que possam caracterizar uma ação permanente.Trabalho e autonomia dos trabalhadores em saúde: considerações sobre pressupostos teórico e metodológicos de análise do trabalho em saúde10.1590/s0104-129020181707192018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFischborn, Aline FernandaCadoná, Marco André
<em>Fischborn, Aline Fernanda</em>;
<em>Cadoná, Marco André</em>;
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Resumo As questões abordadas no artigo estão relacionadas com o tema do trabalho e autonomia no trabalho em saúde. Questiona-se sobre a possibilidade de criação de espaços de autonomia para os trabalhadores em contextos de padronizações e normatizações advindas das políticas públicas, mas também dos condicionamentos decorrentes dos processos históricos de reestruturação do trabalho em saúde. A perspectiva teórica adotada atenta para as condições de resistência, de lutas e de atuação ativa dos trabalhadores nos espaços de concepção e de execução dos processos de trabalho, mas não relativiza a importância dos condicionamentos estruturais nesse processo. Assim, afirma-se a importância de não se tomar a autonomia no trabalho como um dado, nem como um ausente, mas como uma construção social que decorre da experiência concreta dos trabalhadores em saúde. Sem negar a importância de estudos que enfatizam o protagonismo dos sujeitos no trabalho em saúde, a análise destaca, portanto, os condicionamentos estruturais na análise do trabalho e da autonomia (possível) dos trabalhadores em saúde.Entre sexo e gênero: um estudo bibliográfico-exploratório das ciências da saúde10.1590/s0104-129020181705242018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZOka, MateusLaurenti, Carolina
<em>Oka, Mateus</em>;
<em>Laurenti, Carolina</em>;
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Resumo Os conceitos de “sexo” e “gênero” são importantes porque revelam, em parte, a oposição fundante entre natureza e cultura e a dicotomia entre ciências humanas e biociências. Este texto apresenta os caminhos trilhados por uma pesquisa bibliográfica, de natureza exploratória e qualitativa, que investigou os usos dos termos “sexo” e “gênero” nas publicações sobre ciências da saúde, já que se mostram um campo privilegiado para a análise do tema pela sua interdisciplinaridade. As fontes da pesquisa foram artigos disponibilizados na íntegra na base de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe (Lilacs). Foram selecionados 18 artigos conforme critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. Os principais usos dos termos investigados foram sistematizados e discutidos com base em três categorias temáticas, que procuraram dar relevo à pluralidade dos usos dos conceitos estudados, bem como a algumas de suas implicações epistemológicas, relacionadas com a dualidade entre natureza e cultura, típica do pensamento moderno. Além disso, algumas implicações éticas e políticas também foram indicadas, de maneira que a discussão possa ser útil e suscitada entre as ciências da saúde e, particularmente, a saúde coletiva.A representação da medicamentação sob a perspectiva da Bioética10.1590/s0104-129020181708312018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZPalodeto, Maria Fernanda TurbayFischer, Marta Luciane
<em>Palodeto, Maria Fernanda Turbay</em>;
<em>Fischer, Marta Luciane</em>;
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Resumo O uso consciente de medicamentos exige que se acrescentem as dimensões ética, emocional, social e ambiental ao uso racional, assim como a compreensão do mecanismo saúde/doença. Objetivou-se caracterizar a ideia que diferentes grupos sociais têm da medicação, através de uma pesquisa transversal exploratória quantitativa. A participação de 266 respondentes permitiu caracterizar a relação entre autocuidado e os parâmetros culturais e ambientais, bem como a identificação de vulnerabilidades atreladas ao acesso à informação e educação, principalmente em respondentes da área rural e com apenas ensino básico completo. A maioria dos entrevistados apresentou uma visão global da saúde, relacionando-a a hábitos de vida e atestando, assim, a hipótese de que o autocuidado deve ser concebido como um princípio ético; contudo, as especificidades das representações evidenciaram uma relação entre autopercepção e autogerenciamento da saúde. As análises subsidiaram a confluência entre bioética e saúde global na promoção de discussões éticas e educativas a fim de capacitar o cidadão para estabelecer uma relação consciente com o medicamento. Desse modo, incentiva-se o autocuidado e o cuidado com a natureza como meio de prevenção de doenças e promoção de saúde e qualidade de vida para o ser humano e o ecossistema, a nível local, mas com repercussões globais, beneficiando esta e futuras gerações.El acogimiento familiar en Iberoamérica10.1590/s0104-129020181706472018-01-05T00:07:00Z2018-01-05T00:07:00ZFernández-Daza, Martha Patricia
<em>Fernández-Daza, Martha Patricia</em>;
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Resumen El acogimiento familiar es una modalidad para el cuidado alternativo de niños y adolescentes sin protección parental. El objetivo de este estudio es realizar una revisión sistemática del acogimiento familiar en Iberoamérica. La metodología utilizada es la búsqueda en bases de datos como PubMed, Scopus, SciELO, PsycINFO, con información publicada entre 2010 y 2017. Se incluyeron 93 evidencias, observándose que el acogimiento familiar en Iberoamérica se está implementando. Uno de los aspectos cruciales es la terminología empleada por los diferentes países. En los tipos de acogimiento familiar en Iberoamérica, prevalece el acogimiento en familia extendida y sustituta (ajena). Se observó que cada país de Iberoamérica tiene un ente regulador de políticas públicas y de protección. Hay pocas publicaciones científicas relacionadas con el acogimiento familiar en Honduras, Nicaragua, Salvador, Bolivia y Venezuela; de las islas del Caribe, eso se observa principalmente en Haití y otros países como Cuba, Puerto Rico y República Dominicana. De otra manera, no se observa en Brasil, Colombia, Chile, Guatemala, Perú y España. El acogimiento familiar en Iberoamérica se desarrolla gradualmente. Los países analizados ratificaron la Convención sobre los Derechos del Niño, excepto Puerto Rico, por lo que reconocen el derecho del niño a vivir en familia a través de la implementación de las directrices sobre las modalidades alternativas de cuidado.