Resumo em Português:
Este artigo relata uma experiência de controle da doença de Chagas, vivida na década de 80 em um povoado rural do Vale do Jequitinhonha, MG, e reavaliada recentemente. Trata-se de um projeto de pesquisa-ação participativa, com aplicação na área de educação popular em saúde. Teve como objetivo conhecer, do ponto de vista dos sujeitos, o significado da doença de Chagas na vida de uma comunidade endêmica, procurando com eles alternativas de controle. Apesar da altíssima prevalência, a doença não chegava a ser prioridade sentida pela população, que vivia em situação de carências múltiplas e de luta pela sobrevivência. O controle da doença deu-se de forma integrada com outras necessidades. Levantam-se pistas para trabalhos de participação no controle de endemias, levando-se em conta a sabedoria popular, a visão integrada dos problemas e na mobilização em torno de interesses concretos. Destacam-se como necessários: a mudança nas relações entre o agente externo e a comunidade, a reciprocidade do envolvimento, a postura de 'escuta' e de solidariedade, o autodiagnóstico, a organização da população.Resumo em Inglês:
This article reports an experience with Chagas' disease control involving community participation in the Jequitinhonha Valley (Minas Gerais, Brazil) implemented during the 1980s, as an action-based participant research project of Popular Education. The main objective was to investigate the meaning of Chagas' disease from the community's perspective, seeking alternative control measures with their participation. Despite the extremely high prevalence of the disease, it was no perceived as a priority by the population, who were living in destitution and simply fighting for their very survival. Chagas' disease control was performed in an integrated manner, taking other community needs into account. The article suggests some forms of participation in the control of endemic diseases, taking into account the people's knowledge, in an integrated vision of both their problems and their ability to mobilize behind concrete interests. Changes are also needed in the relationship between outside agents and the community, reciprocity in the involvement with community, a permanent attitude of listening and solidarity, a "self-diagnosis", and organization of population.