Cadernos de Saúde Pública, Volume: 40, Número: 12, Publicado: 2024
  • Sofrimento mental e a pandemia da COVID-19: o papel da personalidade e das estratégias de enfrentamento Article

    Simões, Sónia Catarina Carvalho; Marques, Laura Maria Carreira; Andrade, Diogo André Fonseca Sequeira de; Henriques, Sandra Isabel Ferreira das Neves; Ferreira, Luís André Abreu Paraíso; Espírito-Santo, Helena Maria Amaral do

    Resumo em Português:

    Traços de personalidade e estratégias de enfrentamento predizem significativamente a predisposição à psicopatologia. Este estudo buscou examinar o papel preditivo das estratégias de enfrentamento ao sofrimento mental durante a pandemia da COVID-19 em uma amostra portuguesa considerando variáveis sociodemográficas e de personalidade. Os dados de 2.402 indivíduos (86,8% mulheres; Mage ± SD = 36,80 ± 11,80) foram coletados pelo Google Forms entre março e junho de 2020, majoritariamente através do Facebook. Os instrumentos incluíram o Inventário Breve de Sintomas (BSI, acronimo em inglês), o Inventário de Personalidade de Cinco Fatores NEO e o Brief-COPE. Jovens adultos, mulheres, indivíduos solteiros e aqueles com menor escolaridade experimentaram maior sofrimento. O neuroticismo foi fortemente associado a todas as dimensões do sofrimento mental e ao BSI geral. Estratégias de enfrentamento desadaptativas (autodistração, negação, autoculpa e desengajamento comportamental) foram positivamente correlacionadas com sofrimento, enquanto a agradabilidade e a ressignificação positiva foram negativamente correlacionadas. A análise de regressão mostrou que gênero, idade, escolaridade e diagnóstico psiquiátrico previram 12% do sofrimento, ao passo que adicionar neuroticismo à análise aumentou a previsão para 34% e estratégias de enfrentamento, para 37%. No mais, a autoculpabilização foi o preditor mais forte entre as estratégias de enfrentamento. Traços de personalidade e estratégias de enfrentamento foram preditores significativos de sofrimento mental durante a pandemia da COVID-19. Esses achados enfatizam a necessidade de intervenções que visem o neuroticismo e estratégias de enfrentamento desadaptativas para melhorar os desfechos de saúde mental durante crises públicas.

    Resumo em Espanhol:

    Los rasgos de personalidad y las estrategias de afrontamiento predicen significativamente la predisposición a la psicopatología. Este estudio buscó examinar el papel predictivo de las estrategias para afrontar el sufrimiento mental durante la pandemia de COVID-19 en una muestra portuguesa considerando variables sociodemográficas y de personalidad. Se recopilaron datos de 2.402 personas (86,8% mujeres; Mage ± SD = 36,80 ± 11,80) por medio de Google Forms entre marzo y junio del 2020, principalmente por medio de Facebook. Los instrumentos incluyeron el Inventario Breve de Síntomas (BSI), el Inventario de Personalidad de Cinco Factores NEO y el Brief-COPE. Los adultos jóvenes, las mujeres, los solteros y aquellos con menor educación experimentaron un mayor sufrimiento. El neuroticismo se asoció firmemente con todas las dimensiones de la angustia mental y el BSI en general. Las estrategias de afrontamiento desadaptativas (autodistracción, negación, culpa y desvinculación conductual) se correlacionaron positivamente con el sufrimiento, mientras que la agradabilidad y el resignificación positiva se correlacionaron negativamente. El análisis de regresión mostró que el género, la edad, la educación y el diagnóstico psiquiátrico predijeron el 12% de la angustia, mientras que agregar el neuroticismo al análisis aumentó la predicción al 34% y las estrategias de afrontamiento al 37%. Además, la autoculpabilidad fue el predictor más fuerte entre las estrategias de afrontamiento. Los rasgos de personalidad y las estrategias de afrontamiento fueron predictores importantes de angustia mental durante la pandemia de COVID-19. Estos hallazgos ponen de manifiesto la necesidad de intervenciones dirigidas al neuroticismo y estrategias de afrontamiento desadaptativas para mejorar los resultados de salud mental durante las crisis públicas.

    Resumo em Inglês:

    Personality traits and coping strategies significantly predict predisposition to psychopathology. This study aimed to examine the predictive role of coping strategies in psychological distress during the COVID-19 pandemic in a sample of Portuguese individuals, considering personality and sociodemographic variables. Data were collected using Google Forms from 2402 individuals (86.8% women; mean age ± SD = 36.80 ± 11.80) between March and June 2020, found primarily through Facebook. The evaluation instruments included the Brief Symptom Inventory (BSI), NEO Five-Factor Inventory, and Brief-COPE. Younger adults, females, single individuals, and those with lower education experienced higher distress. Neuroticism was strongly associated with all dimensions of psychological distress and the overall BSI. Maladaptive coping strategies (self-distraction, denial, self-blame, behavioral disengagement) were positively correlated with distress, whereas agreeableness and positive reframing were negatively correlated. Regression analysis showed that gender, age, education, and psychiatric diagnosis predicted 12% of distress; adding neuroticism increased prediction to 34% and coping strategies to 37%, with self-blame among coping strategies being the strongest predictor. Personality traits and coping strategies were significant predictors of psychological distress during the COVID-19 pandemic. These findings emphasize the need for interventions that target neuroticism and maladaptive coping strategies to improve mental health outcomes during public crises.
  • Divulgação científica em CSP: importância, avanços e desafios Editorial

    Lima, Luciana Dias de; Guimarães, Clara; Ribeiro, Carolina; Alves, Luciana Correia; Carvalho, Marilia Sá
  • O transporte ativo está associado a um menor risco de obesidade: modelo de equações estruturais generalizadas aplicado à atividade física Article

    Muñoz, Fabian Leonardo; Pou, Sonia Alejandra; Solano, Humberto Llinas; Diaz, María del Pilar

    Resumo em Português:

    Este estudo buscou identificar dimensões latentes (não observáveis) que representam comportamentos específicos relacionados à atividade física e explorar seus efeitos potenciais no impacto da obesidade e na distribuição espacial na Colômbia. Um estudo transversal (n = 9.658) foi realizado com base na Pesquisa Nacional da Situação Nutricional da Colômbia. A modelagem com equações estruturais generalizadas proposta combinou modelos de exposição e medição para definir um modelo de doença. A modelagem identificou dimensões latentes da atividade física com foco no tempo de tela e nos meios de transporte e estimou seus efeitos diretos e indiretos na ocorrência de obesidade. Técnicas de mapeamento foram utilizadas para ilustrar a adesão a essas dimensões. As dimensões latentes identificadas foram denominadas “Uso de telas” e “Transporte ativo”; esta última foi inversamente associada à ocorrência de obesidade (p = 0,004), sendo o uso de bicicletas em detrimento do de veículos automotores a variável dominante. O mapeamento mostrou que os departamentos com maior adesão ao construto “Transporte ativo” apresentam menor prevalência de obesidade. O uso da bicicleta em detrimento do transporte inativo configurou uma dimensão de comportamentos relacionados à atividade física com efeito protetor contra a obesidade. Isso sugere que o transporte ativo pode ser um fator importante a ser considerado no planejamento de intervenções preventivas. Além disso, as desigualdades sociais podem estar impulsionando a epidemia de obesidade e os comportamentos de atividade física na Colômbia, o que exige respostas equitativas e multissetoriais.

    Resumo em Espanhol:

    Este estudio buscó identificar dimensiones latentes (no observables) que representan comportamientos específicos relacionados con la actividad física y explorar sus efectos potenciales sobre el impacto de la obesidad y en la distribución espacial en Colombia. Se realizó un estudio transversal (n = 9.658) con base en la Encuesta Nacional de Situación Nutricional. El modelo con ecuaciones estructurales generalizadas propuesto combinó modelos de exposición y medición para definir un modelo de enfermedad. El modelo identificó dimensiones latentes de la actividad física centrándose en el tiempo frente a la pantalla y en los medios de transporte y estimó sus efectos directos e indirectos sobre la aparición de obesidad. Se utilizaron técnicas de mapeo para ilustrar la adhesión a estas dimensiones. Las dimensiones latentes identificadas fueron denominadas “Uso de pantallas” y “Transporte activo”; esta última se asoció inversamente con la aparición de obesidad (p = 0,004), y el uso de bicicletas en detrimento del de vehículos automotores fue la variable dominante. El mapeo mostró que los departamentos con mayor adhesión al constructo “Transporte activo” presentan una menor prevalencia de obesidad. El uso de bicicletas en lugar del transporte inactivo configuró una dimensión de conductas relacionadas con la actividad física con efecto protector frente a la obesidad. Esto sugiere que el transporte activo puede ser un factor importante que tener en cuenta al planificar intervenciones preventivas. Además, las desigualdades sociales pueden estar impulsando la epidemia de obesidad y las conductas de actividad física en Colombia, lo que requiere respuestas equitativas y multisectoriales.

    Resumo em Inglês:

    This study aimed to identify latent (unobservable) dimensions representing specific physical activity-related behaviors and explore their potential effects on obesity burden and spatial distribution in Colombia. A cross-sectional study (n = 9,658) was conducted based on the Colombian National Survey of Nutritional Status. A generalized structural equations model was proposed, combining exposure and measurement models to define a disease model. Modeling identified latent dimensions of physical activity focused on screen time and means of transportation and estimated their direct and indirect effects on obesity occurrence. Mapping techniques were used to illustrate adherence to these dimensions. The latent dimensions identified were named “Screens use” and “Active transportation”; the latter was inversely associated with obesity occurrence (p = 0.004), with the use of bicycles being the dominant variable, contrasting with the use of motor vehicles. The mapping showed that departments with the highest adherence to the “Active transportation” construct have a lower prevalence of obesity. Bicycle use, as opposed to non-active transportation, represented a dimension of physical activity-related behaviors with a protective effect against obesity. This suggests that active transportation may be a crucial factor in the designing preventive interventions. Moreover, social inequalities may be contributing to the obesity epidemic and physical activity behaviors in Colombia, requiring equitable and multisectoral responses.
  • Planos nacionais e subnacionais de prevenção primária e detecção precoce do câncer de boca e orofaringe: uma revisão de escopo Review

    Marinho, Marcia Frias Pinto; Marinho, Maria Clara Frias Lobo; Marañón-Vásquez, Guido Artemio; Simas, Keith Bullia da Fonseca; Romañach, Mário José; Abrahão, Aline Corrêa; Pinto, Maria Augusta Visconti Rocha; Faria, Lucianne Cople Maia de; Agostini, Michelle

    Resumo em Português:

    Esta revisão de escopo visa mapear estratégias de prevenção primária e detecção precoce de câncer de boca e orofaringe em planos de contenção de câncer e de doenças não transmissíveis de todos os Países Membros da Organização Mundial da Saúde. Seguindo as diretrizes do PRISMA-ScR, foi realizada uma pesquisa nos principais sites de organizações-chave até março de 2023. Três dos 194 países avaliados tinham planos subnacionais, resultando em 264 entidades políticas autônomas e similares com planos revisados. Entre estes, 124 (47%) abordaram fatores de risco e estratégias preventivas para o câncer de boca e orofaringe, incluindo 73 planos nacionais e 51 subnacionais (um da Austrália, dois do Reino Unido e 48 dos Estados Unidos) em 76 (39,2%) países. O Sudeste Asiático liderou com 81,8% de entidades políticas autônomas mencionando fatores de risco e estratégias preventivas dos cânceres estudados, seguido pelas Américas (63,5%). As regiões do Pacífico Ocidental e do Mediterrâneo Oriental tiveram as menores coberturas, com 24,2% e 23,8%, respectivamente. O uso de tabaco foi o fator de risco mais discutido para câncer de boca e orofaringe nos planos de prevenção primária (63,7%), seguido pela infecção pelo HPV (54%) e consumo de álcool (35,5%). A estratégia mais comum para detecção precoce foi o exame oportuno, recomendado por 29% das entidades políticas autonomas, seguido de rastreamento de indivíduos de alto risco (14,5%), autoexame (5,6%) e rastreamento de base populacional (2,4%). Apesar da alta incidência de câncer de boca e orofaringe em muitos países, a maioria dos planos oncológicos não cobriam estas condições especificamente, e uma grande diversidade de estratégias preventivas foi observada entre os planos. A falta de informações nos documentos disponíveis não deve implicar a ausência de uma política de câncer de boca e orofaringe; apesar da existência de outros documentos, eles não estavam acessíveis nos sites, destacando possíveis vieses.

    Resumo em Espanhol:

    Esta revisión de alcance tiene como objetivo mapear estrategias para la prevención primaria y la detección temprana del cáncer de boca y orofaringe en los planes de contención del cáncer y de enfermedades no transmisibles de todos los Países Miembros de la Organización Mundial de la Salud. Siguiendo las directrices del PRISMA-ScR se realizó una búsqueda en las principales páginas web de organizaciones clave hasta marzo del 2023. Tres de los 194 países evaluados contaban con planes subnacionales, totalizando 264 entidades políticas autónomas y afines con planes revisados. Entre ellos, 124 (47%) abordaron factores de riesgo y estrategias preventivas para el cáncer de boca y orofaringe, incluidos 73 planes nacionales y 51 subnacionales (uno de Australia, dos del Reino Unido y 48 de Estados Unidos) en 76 (39,2%) países. El Sudeste Asiático lideró el cuadro, sumando el 81,8% de entidades políticas autónomas que mencionaron factores de riesgo y estrategias preventivas para los cánceres estudiados, seguido por las Américas (63,5%). Las regiones del Pacífico Occidental y del Mediterráneo Oriental tuvieron la cobertura más baja, con un 24,2% y un 23,8%, respectivamente. El consumo de tabaco fue el factor de riesgo de cáncer de boca y orofaringe más discutido en los planes de prevención primaria (63,7%), seguido de la infección por HPV (54%) y el consumo de alcohol (35,5%). La estrategia más común para la detección temprana fue el tamizaje oportuno, recomendado por el 29% de las entidades políticas autónomas, seguido del tamizaje de personas de alto riesgo (14,5%), el autoexamen (5,6%) y el tamizaje de base poblacional (2,4%). A pesar de la alta incidencia de cáncer de boca y orofaringe en muchos países, la mayoría de los planes de oncología no cubría específicamente estas afecciones y se observó una amplia diversidad de estrategias preventivas entre los planes. La falta de información en los documentos disponibles no debe implicar la ausencia de una política de cáncer de boca y orofaringe; a pesar de la existencia de otros documentos, no eran accesibles en los sitios web, lo que pone de relieve posibles sesgos.

    Resumo em Inglês:

    This scoping review maps primary prevention and early detection strategies for oral and oropharyngeal cancer across national cancer plans and noncommunicable disease plans from all World Health Organization Member States. Following PRISMA-ScR guidelines, bibliographic search was performed on key organization websites until March 2023. Of the 194 countries assessed three had subnational plans, resulting in 264 self-governing political entities and similar with revised plans. Among these, 124 (47%) addressed oral and oropharyngeal cancer risk factors and preventive strategies, including 73 national and 51 subnational plans (one from Australia, two from the United Kingdom and 48 from the United States) across 76 (39.2%) countries. Southeast Asia led with 81.8% self-governing political entities mentioning oral and oropharyngeal cancer risk factors and preventive strategies, followed by the Americas (63.5%). Western Pacific and Eastern Mediterranean regions had the lowest coverage with 24.2% and 23.8%, respectively. Tobacco use was the most discussed oral and oropharyngeal cancer risk factor in primary prevention plans (63.7%), followed by HPV infection (54%) and alcohol consumption (35.5%). Opportunistic examination was the most common strategy for early detection, recommended by 29% of self-governing political entities, followed by screening in high-risk individuals (14.5%), self-examination (5.6%), and population-based screening (2.4%). Despite the high oral and oropharyngeal cancer incidence in many countries, most cancer plans only indirectly covered it and showed a great diversity of preventive strategies. Missing data in available documents should not imply an absence of an oral and oropharyngeal cancer policy. Other documents may exist but were not available on the websites, highlighting potential bias.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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