Abstract in Portuguese:
RESUMO Medicamentos são bens especiais que atendem às necessidades de saúde da população. Nas últimas décadas, a indústria farmacêutica mudou sua estratégia de pesquisa e desenvolvimento, deixando de explorar medicamentos para doenças crônicas que afetam grande parte da população e passando a buscar medicamentos para poucas pessoas com doenças raras. Esse número limitado de consumidores se reflete em uma oferta seletiva de poucos produtos de preço elevado para determinadas doenças, dificultando o acesso dos pacientes e a obtenção de cobertura dos agentes financiadores da saúde. Neste artigo, analisa-se a questão dos medicamentos de alto custo e incorpora-se ao debate o contexto sanitário, cultural, jurídico, político e econômico. São enfatizados os seguintes aspectos: diferenças entre os diferentes medicamentos em termos da eficácia em mudar o curso natural das doenças para as quais são indicados; determinação do preço pelo qual esses medicamentos são vendidos no mercado; consequências desse preço para os agentes financiadores da saúde; e a relação custo-oportunidade de ter de pagar por esses medicamentos em detrimento de outros recursos considerados essenciais. Por fim, reflete-se sobre os direitos legítimos de cada indivíduo de reivindicar acesso a medicamentos de alto custo, por considerá-los essenciais para recuperar a própria saúde, e como a garantia dessa cobertura pode afetar os direitos coletivos da população; também são fornecidos exemplos concretos que ilustram essa situação.Abstract in Spanish:
RESUMEN Los medicamentos son bienes especiales que cubren necesidades de salud de la población. En las últimas décadas, la industria farmacéutica modificó su estrategia de investigación y desarrollo, y migró su interés desde la exploración de fármacos destinados a enfermedades crónicas padecidas por gran parte de la población hacia la búsqueda de medicamentos para pocas personas que tienen enfermedades raras. Esta falta de masividad en los consumidores se traduce en una oferta selectiva de pocos productos dirigidos a ciertas patologías que tienen un precio muy elevado, lo cual hace difícil tanto el acceso de los pacientes como el brindar cobertura desde los financiadores de la salud. En este artículo se recorre la temática de los medicamentos de alto precio y se incorpora al debate el contexto sanitario, cultural, jurídico, político y económico que la rodea. Se hace hincapié en las diferencias existentes entre los distintos fármacos en términos de eficacia para cambiar el curso natural de las enfermedades para los cuales son indicados, en la construcción del precio al cual estos medicamentos se venden en el mercado, en las consecuencias que tiene ese precio para los financiadores de la salud, y en la relación costo-oportunidad de tener que pagar por ellos en desmedro de otros recursos considerados esenciales. Por último, se reflexiona sobre los derechos legítimos de cada individuo a reclamar el acceso a medicamentos de alto precio por considerarlos fundamentales para recuperar su salud, y de cómo garantizar esa cobertura puede afectar los derechos colectivos de la población, y se aportan ejemplos concretos que ilustran esta situación.Abstract in English:
ABSTRACT Medicines are special goods that cover the health needs of the population. In recent decades, the pharmaceutical industry has changed its research and development strategy, shifting its focus from the exploration of medicines for chronic diseases affecting a large part of the population to the search for drugs for rare diseases that affect a small number of people. This lack of a mass consumer base is reflected in a selective offer of a few very high-cost products aimed at certain diseases, which hinders both patient access and financial coverage. This article reviews the issue of high-cost medicines, including its cultural, legal, political, economic, and health aspects. It emphasizes the differences between various medicines in terms of their efficacy in changing the natural course of diseases, their market price, the consequences of their cost for healthcare funders, and the cost-opportunity ratio of having to pay for them at the expense of other essential resources. Finally, the article reflects on the legitimate rights of each individual to claim access to high-cost medicines when they are considered essential to recover a person’s health, and on how guaranteeing such coverage can affect the collective rights of the population. Concrete examples that illustrate this situation are provided.Abstract in Portuguese:
RESUMO Desde o início, a evolução da saúde pública na América Latina ao longo do século XX combinou o marco teórico da medicina social sobre as origens sociais, políticas e ambientais das doenças com as contribuições derivadas do trabalho de campo da antropologia médica. Apesar da hegemonia do modelo médico, o surgimento do modelo de medicina preventiva legitimou ainda mais a participação dos cientistas sociais no estudo da multicausalidade das doenças. Entretanto, as limitações causadas pela falta de contextualização histórica e política do modelo de medicina preventiva abriram espaço para o movimento latino-americano de medicina social, fundamentado no materialismo histórico, e para o desenvolvimento da epidemiologia crítica e da antropologia médica crítica.Abstract in Spanish:
RESUMEN El desarrollo de la salud pública en América Latina durante el siglo XX combinó, desde el principio, el marco de la medicina social sobre los orígenes sociales, políticos y ambientales de la enfermedad con los aportes del trabajo de campo de la antropología médica. A pesar de la hegemonía del modelo médico, el surgimiento del marco de la medicina preventiva legitimó aún más la participación de los científicos sociales en el estudio de la multicausalidad de la enfermedad. Sin embargo, las limitaciones que trajo consigo la falta de contextualización histórica y política del modelo de la medicina preventiva dieron paso al movimiento latinoamericano de medicina social, basado en el materialismo histórico, y al desarrollo tanto de la epidemiología crítica como de la antropología médica crítica.Abstract in English:
ABSTRACT The development of public health in Latin America during the 20th century combined, early on, the social medicine framework on the social, political, and environmental origins of disease with the contributions of medical anthropological fieldwork. Despite the hegemony of the medical model, the surge of the preventive medicine framework further legitimized the involvement of social scientists in the study of the multicausality of disease. However, the limitations brought by the preventive medicine model’s lack of historical and political contextualization gave way to the Latin American social medicine movement, which was grounded in historical materialism, and the development of both critical epidemiology and critical medical anthropology.