Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever a influência das concepções dos profissionais de saúde sobre o cuidado prestado a pacientes usuários de drogas vivendo com HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo qualitativo baseado em entrevistas semi-estruturadas com 22 profissionais de diferentes categorias, pertencentes a dois serviços especializados em DST/Aids da rede municipal de São Paulo, em 2002. As entrevistas foram gravadas e submetidas à análise temática. RESULTADOS: Os profissionais relataram dificuldades em identificar usuários de drogas entre seus pacientes, indicando a invisibilidade da questão. Acham os usuários de drogas pacientes mais difíceis de tratar, por tumultuarem o serviço e/ou não aderirem ao tratamento. Embora reconheçam necessidades especiais dos pacientes usuários e que lidar com o uso de drogas seja importante, os profissionais de saúde acreditam que essas questões fogem de suas atribuições. Os profissionais mostraram limites pessoais e técnicos para o manejo desses casos, indicando sua falta de capacitação específica como importante. Assim, recomendam a criação de serviços especializados para esse atendimento, reconhecendo os serviços em que atuam como inadequados e, embora conhecessem o projeto de redução de danos, pouco participavam dele. CONCLUSÕES: Elementos técnicos, ideológicos e pessoais, tais como crenças, valores e dimensões afetivo-emocionais, mostraram-se relevantes para ampliar ou recusar vínculos mais específicos com o paciente usuário de drogas. As concepções sobre o uso de drogas podem interferir no desenvolvimento de uma assistência melhor e da eqüidade no cuidado em saúde.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe the influence of conceptions of health professionals on the care given to HIV/AIDS patients using drugs. METHODS: Qualitative study based on semi-structured interviews with 22 professionals of different levels from two specialized STD/AIDS public services of the city of São Paulo was conducted in 2002. The interviews were recorded and submitted to a thematic analysis. RESULTS: Professionals reported difficulties in identifying drug users among their patients, indicating the invisibility of the issue. They find drug users more difficult to treat, because they disturb the service and do not comply with treatment. Although they acknowledge the special needs of users, and that it is important to deal with drug use, health professionals believe that these issues are not their responsibility. Professionals showed personal and technical limits in handling these cases, showing the importance of their lack of specific capacity building. Thus, they recommend the creation of specialized services for this care, recognizing their own services as inappropriate. Although they were aware of the harm reduction project, there was a little participation in it. CONCLUSIONS: Technical, ideological and personal elements such as beliefs, values and affective/emotional dimensions were relevant to enhance or refuse to develop more specific bonds with drug user patients. The conceptions on drug use may interfere in the development of a better care and equity in health care.Resumo em Português:
OBJETIVO: Compreender as percepções das equipes de farmácia sobre seu papel nos desafios assistenciais e adesão aos anti-retrovirais de usuários de drogas injetáveis vivendo com HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo qualitativo por grupos focais e análise temática das falas produzidas com farmacêuticos, técnicos e auxiliares com experiência superior a seis meses na dispensação de medicamentos, de 15 unidades assistenciais de DST/Aids do município de São Paulo, em 2002. RESULTADOS: Formaram-se três grupos, totalizando 29 participantes, provenientes de 12 dos 15 serviços existentes, com 12 universitários e 17 profissionais de nível médio. Os grupos concluíram que a farmácia tem importante papel na dispensação de anti-retrovirais, o que se reflete na adesão ao tratamento, pois por meio de seus procedimentos podem ser construídas relações de confiança. Avaliam, porém, que tal construção não ocorra pela excessiva burocratização de suas atividades. Isso repercute negativamente para todos os pacientes, em especial sobre usuários de drogas injetáveis, concebidos como "pessoas difíceis". Tal concepção essencializa seus comportamentos: seriam confusos, com limites de compreensão e sem possibilidades de adesão ao tratamento. Os profissionais, porém, afirmam que tratam esses pacientes tal como os demais, igualando-os. Não percebem neste proceder, uma invisibilização das necessidades específicas dos usuários de drogas injetáveis no serviço, bem como a possibilidade de gerarem estereótipos estigmatizantes com barreira adicional ao trabalho da adesão. CONCLUSÕES: Embora a farmácia seja indicada como espaço potencialmente favorável para escuta e construção de vínculos com os usuários, os resultados mostram obstáculos objetivos e subjetivos para torná-la propícia para trabalhar a adesão.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To understand the perceptions of pharmacy teams about their role in the healthcare assistance challenges and adherence to antiretroviral therapy by injecting drug users living with HIV/AIDS. METHODS: Qualitative study through focus groups and thematic discourse analysis of pharmacists, technicians and assistants with more than six months of experience with medication supply, in 15 assisting units for STD/AIDS in the city of São Paulo, in 2002. RESULTS: Three groups were formed, totaling 29 participants, originating from 12 out of the 15 existing services, and including 12 university level professionals and 17 high-school level professionals. The groups concluded that the pharmacy has an important role in the antiretroviral drug supply, which is reflected in the treatment adherence, because trust-based relationships can be built up through their procedures. In spite of this, they pointed out that such building-up does not take place through excessively bureaucratic activities. This has negative repercussions for all patients, especially for injecting drug users, considered "difficult people". Such concept sums up their behavior: they are supposed to be confused and incapable to adhere to treatment, and have limited understanding. Staff members, however, affirm they treat these patients equally. They do not realize that, by this acting, the specific needs of injecting drug users may become invisible in the service. There is also the possibility that stigmatizing stereotypes may be created, resulting in yet another barrier to the work on adherence. CONCLUSIONS: Although the pharmacy is recommended as a potentially favorable place to listen to and form bonds with users, the results show objective and subjective obstacles to render it suitable for the work on adherence.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar elementos da vulnerabilidade à infecção pelo HIV entre mulheres usuárias de drogas injetáveis. MÉTODOS: Foram realizadas 13 entrevistas semi-estruturadas com mulheres usuárias (ou ex-usuárias) de drogas injetáveis, moradoras da Zona Leste do município de São Paulo, no ano de 2002. O roteiro das entrevistas abordou quatro eixos temáticos: contexto socioeconômico e relações afetivas, uso de drogas, prevenção contra a infecção pelo HIV e cuidados com a saúde. As entrevistas foram analisadas por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: A pobreza, ausência de vínculos afetivos sólidos e continuados, expulsão da casa da família de origem e da escola, exposição à violência, institucionalização, uso de drogas, criminalidade e discriminação foram constantes nos relatos das entrevistadas. Esses elementos dificultaram a adoção de práticas de prevenção ao HIV como o uso de preservativos, seringas e agulhas descartáveis, e a busca de serviços de saúde. CONCLUSÕES: A vulnerabilidade ao HIV evidencia a fragilidade da vivência efetiva dos direitos sociais, econômicos e culturais, o que demanda políticas voltadas para o bem-estar social de segmentos populacionais específicos como mulheres (crianças e adolescentes), de baixa renda, moradores da periferia, com pouco acesso a recursos educacionais, culturais e de saúde. Este acesso é dificultado especialmente àquelas que são discriminadas por condutas como o uso de drogas.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To assess some aspects of vulnerability to HIV infection in women users of injecting drugs. METHODS: Thirteen semi-structured interviews were performed with female drug users (or former users) of injecting drugs, leaving in the East side of São Paulo, in 2002. The script of interviews approached four focal point issues: socioeconomic context and affective relationships, drug use, prevention against HIV and health care. Interviews were assessed through content analysis. RESULTS: Poverty, absence of strong and continuous affective ties, being expelled from the family and school, exposure to violence, institutionalization, drug use, criminality, and discrimination were constant in interviewees' reports. These aspects made it difficult to adopt practices for HIV prevention such as the use of condoms, disposable syringes and needles, and looking for health care services. CONCLUSIONS: Vulnerability to HIV infection makes it clear the fragility use have effective access to social, economic and cultural rights, requiring welfare policies of specific population segments such as women (children and adolescents), low income citizens, people living in the outskirts, with poor access to educational, cultural and health resources. This access is complicated especially for those that are discriminated by behaviors such as drug use.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar as percepções de risco, as estratégias de prevenção, sua própria relação com o uso de drogas e do parceiro e suas expectativas quanto ao futuro relatadas por mulheres vivendo com HIV/Aids parceiras de usuários de drogas. MÉTODOS: Estudo qualitativo sobre mulheres vivendo com HIV/Aids, atendidas em serviço especializado no Município de São Paulo. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas a 15 mulheres, cuja via de infecção auto-referida foram as relações heterossexuais com parceiro usuário de drogas injetáveis. O roteiro das entrevistas compreendia: infância, história dos relacionamentos amorosos, uso de drogas, impacto da soropositividade no cotidiano, compreensão sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis, e visão do futuro. A interpretação das entrevistas foi realizada por meio de análise de conteúdo. RESULTADOS: O estudo indicou diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas próprio e do parceiro. O uso de drogas injetáveis pelo parceiro não foi, prioritariamente, associado ao risco de infecção por HIV/Aids, seja por estratégias de ocultamento do fato, seja por considerarem que a tríade monogamia-fidelidade-confiança teria primazia como forma de proteção. CONCLUSÕES: A diversidade da convivência das mulheres com o uso de drogas deve ser considerada e oportunidades de fala e escuta sobre a questão podem ser importantes para a adoção de estratégias mais efetivas de prevenção e cuidado.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze perceptions of risk, prevention strategies, their own relationship with drug use and that of their partner's, and future expectations among women living with HIV/AIDS whose partners are drug users. METHODS: This is a qualitative study of women living with HIV/AIDS who receive specialist treatment in Sao Paulo Municipality. Semi-structured interviews were carried out with 15 women, whose self-reported means of infection were heterosexual relations with a partner who is an injecting drug user. The script for the interviews covered the following areas: childhood, history of sexual relations, use of drugs, impact of seropositivity on daily life, understanding of the prevention of sexually transmitted infections, and perspectives of the future. The material from the interviews was analyzed using content analysis. RESULTS: The study pointed to a difference in the ways that the women live with their own drug use and with that of their partners. Their partners' use of injecting drugs was not primarily associated with a risk of HIV infection, due to attempts to conceal the fact or because they believed that the monogamy-fidelity-confidence trinity would take precedence as a form of protection. CONCLUSIONS: The women's different experiences of drug use should be taken into account and opportunities to discuss with them about the issue are important to ensure that more effective strategies for prevention and care are adopted.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar características relacionadas à vulnerabilidade individual de mulheres com sorologia positiva para o HIV segundo cor da pele. MÉTODOS: Pesquisa multicêntrica realizada em 1999-2000, em serviços de saúde especializados em DST/Aids no Estado de São Paulo, envolvendo 1.068 mulheres maiores de 18 anos, vivendo com HIV. Informações sociodemográficas e características relacionadas à infecção e aos cuidados em saúde foram obtidas em entrevistas individuais com questionário padronizado. A variável raça/cor foi auto-referida, tendo sido agrupadas como negras as mulheres pretas e pardas. A descrição das variáveis segundo raça/cor foi feita por medidas de tendência central e proporções, e o estudo de associação pelo teste chi2 Pearson. RESULTADOS: As diferenças entre negras e não-negras foram estatisticamente significantivas em relação a: escolaridade; renda mensal, individual e familiar per capita; número de dependentes diretos; oportunidades de ser atendida por nutricionista, ginecologista ou outro profissional médico; de compreender o que o infectologista diz; de falar com o infectologista ou com o ginecologista sobre sua vida sexual; de ter conhecimento correto sobre os exames de CD4 e carga viral; a via sexual de exposição. CONCLUSÕES: O uso de raça/cor como categoria analítica indica caminhos para melhor compreender como as interações sociais, na intersecção gênero e condições socioeconômicas, produzem e reproduzem desvantagens na exposição das mulheres negras aos riscos à sua saúde, assim como impõem restrições quanto ao uso de recursos adequados para o seu cuidado.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze the characteristics related to individual vulnerability among HIV seropositive women, according to skin color. METHODS: A multicenter study carried out between 1999 and 2000 in health services specialized in STI/Aids in the state of São Paulo, involving 1,068 women living with HIV who are aged 18 or above. Sociodemographic data and characteristics relating to infection and healthcare were obtained by means of individual interviews based on standardized questionnaire. The variable race/color was self-reported and women who referred to themselves as black or mixed-race were grouped together as black. The definition of variables by race/color was done using central tendency and proportions, and an association analysis using the chi2 Pearson test. RESULTS: The differences between black and non-black women were statistically significant with regards to: schooling; monthly, individual and family income per capita; number of direct dependents; opportunities to see a nutritionist, gynecologist or other medical professional; understanding what the infectologist said; speaking with the infectologist or gynecologist about her sex life; having correct knowledge about CD4 exams and viral load; the sexual means of exposure. CONCLUSIONS: The use of race/color as an analytical category provides opportunities to understand better how social interactions, in the context of gender and socioeconomic conditions, create and recreate disadvantages for black women and their exposure to health risks, and also impose limits on the way they use of resources for their healthcare.Resumo em Português:
OBJETIVO: Estimar a prevalência das infecções pelo HIV, vírus das hepatites B e C, e da sífilis em moradores de rua. MÉTODOS: Estudo transversal com intervenção educativa, realizado no município de São Paulo, de 2002 a 2003. Selecionou-se amostra de conveniência de moradores de rua que utilizavam albergues noturnos, segundo os critérios: >18 anos e não apresentar distúrbios psiquiátricos. Em entrevistas, foram coletados dados sociodemográficos e de comportamento, e realizados exames laboratoriais para HIV, hepatite B e C e sífilis, e aconselhamento pós-teste. RESULTADOS: Participaram 330 usuários dos albergues, com 40,2 anos (média), 80,9% homens, nas ruas, em média, há um ano. Observaram-se prevalências de 1,8% de HIV, 8,5% de vírus de hepatite C, 30,6% de infecção pregressa por hepatite B, 3,3% de infecção aguda ou crônica pelo vírus hepatite B e 5,7% de sífilis. Uso consistente de preservativo foi referido por 21,3% e uso de droga injetável, por 3% dos entrevistados. A positividade para HIV foi de 10% e 50% para vírus da hepatite C entre usuários de drogas injetáveis, versus 1,5% para HIV e 7,3% para hepatite C nos demais, evidenciando associação entre esse vírus e uso de droga injetável. Prisão anterior foi referida por 7,9% das mulheres e 26,6% dos homens, com prevalência de 2,6% para HIV e 17,1% para vírus da hepatite C. CONCLUSÕES: As elevadas prevalências de HIV e vírus de hepatite B e C requerem programas de prevenção baseados na vacinação contra hepatite B, diagnóstico precoce dessas infecções e inserção dos moradores de rua em serviços de saúde.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of HIV infections, as well as hepatitis B and C and syphilis viruses in homeless people. METHODS: Cross-sectional study with educational intervention, conducted in the city of São Paulo, between 2002 and 2003. A convenience sample of homeless people who used night shelters was selected, according to the following criteria: aged 18 or older and not showing psychiatric disturbances. During interviews, sociodemographic and behavioral data were gathered and HIV, hepatitis B and C and syphilis laboratorial tests and post-test counseling were carried out. RESULTS: A total of 330 shelter users participated, with an average age of 40.2 years, 80.9% of them male, having lived on the streets for one year in average. Prevalences of 1.8% for HIV, 8.5% for hepatitis C virus, 30.6% for previous hepatitis B infection, 3.3% for chronic or acute infection by hepatitis B virus, and 5.7% for syphilis. The consistent use of condoms was referred to by 21.3% of interviewees and the use of injecting drugs by 3% of them. Positivity was 10% for HIV and 50% for hepatitis C virus among injectable drug users, versus 1.5% for HIV and 7.3% for hepatitis C among the others, showing an association between the virus and the use of injecting drugs. Previous imprisonment was referred to by 7.9% of women and 26.6% of men, with a prevalence of 2.6% for HIV and 17.1% for hepatitis C virus. CONCLUSIONS: The high prevalences of HIV and hepatitis B and C viruses require prevention programs based on vaccination against hepatitis B, early diagnosis of these infections and placement of homeless people into health services.Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever o perfil de usuários de drogas injetáveis vivendo com HIV/Aids e estimar a prevalência de hepatites B e C nesse grupo. MÉTODOS: Estudo transversal realizado com 205 pessoas vivendo com HIV/Aids, usuários de drogas injetáveis em acompanhamento em três unidades de atendimento da rede pública do Município de São Paulo, em 2003. Foi selecionada amostra não-probabilística, obtida de forma consecutiva e voluntária, nos dias em que compareciam para consulta nas unidades de atendimento. Por meio de entrevistas, foram levantados dados pessoais e informações sobre comportamento sexual, uso de drogas e conhecimento de hepatites. Foram realizados testes para detecção da infecção pelos vírus das hepatites B e C. RESULTADOS: Dos entrevistados, 81% eram homens e 19% mulheres, com idade média de 39 anos (dp=6,1) e seis anos de educação formal (dp=2,0). Não havia diferença em relação ao estado marital entre os sexos, 48% eram solteiros, 42% casados e 8% divorciados. A idade média do primeiro uso de tabaco, álcool e drogas ilícitas foi 13, 15 e 18 anos, respectivamente. Prevalências de hepatites B e C foram, respectivamente, de 55% (IC 95%: 49;63) e 83% (IC 95%: 78;88). Antes de usar droga injetável pela primeira vez, 80% dos respondentes não tinham ouvido falar de hepatites B e C. CONCLUSÕES: A alta prevalência de hepatites B e C e o baixo nível de conhecimento sobre a doença justificam a inclusão de esclarecimentos sobre as infecções hepáticas e de vacinação contra hepatite B nas estratégias de redução de danos pelo HIV.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe the profile of injecting drug users living with HIV/AIDS and estimate hepatitis B and hepatitis C prevalence rates within this group. METHODS: Cross-sectional study conducted with 205 injecting drug users living with HIV/AIDS receiving attention in three public health clinics in the city of Sao Paulo, in 2003. A non-probabilistic sample of volunteers was selected consecutively on the days respondents appeared for their appointments at the clinics. Personal data and information on sexual behavior, drug use and knowledge of hepatitis was collected through interviews. Tests were conducted to detect infections of the hepatitis B and C viruses. RESULTS: Out of the interviewees, 81% were men and 19% women, with an average age of 39 (SD = 6.1) and six years of formal education (SD = 2.0). There was no difference in marital status between the sexes, of which 48% were single, 42% were married, and 8% were divorced. The average ages for first use of tobacco, alcohol and illegal drugs were 13, 15 and 18, respectively. Hepatitis B and C prevalence were 55% (95% CI: 49;63) and 83%(95% CI: 78;88), respectively. Eighty percent of respondents had not heard of Hepatitis B and C prior to the first time they used injecting drugs. CONCLUSIONS: The high prevalence rates of Hepatitis B and C and low level of knowledge regarding the diseases justify the inclusion of information about hepatitis infections and the hepatitis B vaccines in HIV harm reduction strategies.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar a qualidade de vida de pessoas vivendo com HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo transversal, desenvolvido em serviço ambulatorial para Aids, com base em amostragem consecutiva, realizado no segundo semestre de 2002. Selecionaram-se 365 pessoas com idade >18 anos que passaram por consulta com o infectologista. As variáveis sociodemográficas, de consumo recente de drogas e as condições clínicas foram obtidas por meio de questionários e a qualidade de vida por meio do WHOQOL-bref. RESULTADOS: Os escores dos domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente apresentaram valores semelhantes. Foram observadas diferenças estatisticamente significativas das médias nos escores do domínio meio ambiente segundo cor da pele, com os pretos e os pardos obtendo escores menores. As mulheres apresentaram escores menores nos domínios psicológico e meio ambiente. Maior renda foi significativa na obtenção de maior escore em todos os domínios de qualidade de vida, exceto no domínio relações sociais. Os indivíduos com número abaixo de 200 células CD4+/mm³ de sangue apresentaram menores escores no domínio físico. Em todos os domínios, os escores foram menores com diferenças significativas para pessoas em seguimento ou com indicação de seguimento psiquiátrico. CONCLUSÕES: Apesar de diferenças por sexo, cor da pele, renda e condições de saúde mental e imunológica, os portadores de Aids têm melhor qualidade de vida - física e psicológica - que outros pacientes, mas pior no domínio de relações sociais. Neste último, podem estar refletidos os processos de estigma e discriminação associados às dificuldades na revelação diagnóstica em espaços sociais e para uma vida sexual tranqüila.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To assess quality of life of people living with HIV/AIDS. METHODS: Cross-sectional study conducted in an AIDS outpatient service based on consecutive sampling during the second half of the year 2002. There were selected 365 men and women aged 18 years or older who were attended by the infectious disease physician. Sociodemographic and recent drug use variables and data on clinical conditions were obtained using a questionnaire and quality of life was analyzed using WHOQOL-bref. RESULTS: Scores of the four domains (physical, psychological, social relationships and environment) were very similar. There were statistically significant differences in mean scores for the environment domain according to skin color, with blacks and pardos having lower scores. Women also had the lowest scores for the psychological and environmental domains. Higher income was significantly associated to higher scores in all domains of quality of life, except for the social relationships domain. Subjects with CD4+ cell counts below 200 cells/mm³ had lower scores for the physical domain. In all domains significantly lower scores were seen for those receiving psychiatric treatment or with an indication for such treatment. CONCLUSIONS: Despite differences in sex, skin color, income, and mental and immunological status, people living with HIV/AIDS have better (physical and psychological) quality of life than other patients but lower quality in social relationships domain. The latter domain could reflect stigmatization and discrimination associated to the difficulties of disclosing their HIV status in social settings and for a safe sex life.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar o efeito do processo de estigmatização e discriminação no ambiente de trabalho sobre os cuidados cotidianos à saúde e o bem-estar de homens vivendo com HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo qualitativo com 17 homens vivendo com HIV, realizado em 2002. Foram estudados os depoimentos em grupo para discutir as dificuldades sobre discriminação no ambiente de trabalho, utilizando análise das práticas discursivas. O grupo, proveniente de centro especializado em HIV/Aids da cidade de São Paulo, representou segmento de pesquisa anterior. RESULTADOS: O debate entre os participantes indicou que o tratamento anti-retroviral exige idas freqüentes aos serviços de assistência médica, que implicam em faltas ou atrasos no trabalho. A apresentação de atestados médicos para justificar ausência no trabalho, mesmo sem indicar Aids, pode resultar em demissão. Desempregados, muitos são barrados nos exames médicos e têm o direito ao sigilo de sua condição violado. Como último recurso, o pedido de aposentadoria implica em cenas de humilhação ou discriminação na perícia médica. CONCLUSÕES: A assistência planejada com o envolvimento dos pacientes consegue ampliar a atenção psicossocial e considerar as necessidades do paciente trabalhador ou desempregado, reconhecendo que o estigma limita o cuidado, afetando a saúde mental e a evolução da infecção. Mitigar o efeito do estigma e da discriminação requer articulação política intersetorial e contribuirá para atingir metas globalmente reconhecidas como fundamentais para o controle da epidemia.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze the effect of the stigmatization and discrimination process in the work environment on the routine healthcare and well-being of men living with HIV/AIDS. METHODS: Qualitative study with 17 men living with HIV, conducted in 2002. Testimonies given in a group to discuss the difficulties concerning discrimination in the work environment were studied, by means of discursive practice analysis. The group, originating from a specialized center for HIV/AIDS treatment in the city of São Paulo, represented a segment of previous research. RESULTS: The discussion among participants pointed out the fact that antiretroviral treatment requires frequent visits to medical assistance services, resulting in absences and delays at work. To show medical certificates to justify absences at work, even without indicating AIDS, can lead to dismissal. Unemployed, many are barred during medical examinations and have their right to confidentiality violated. As a last resource, the request for retirement results in a humiliating or discriminatory scene during the medical inspection. CONCLUSIONS: Assistance planned with the patients' participation enables the broadening of psychosocial attention and the consideration of the needs of both employed and unemployed patients, acknowledging that the stigma limits care, affecting mental health and the evolution of infection. To reduce the effect of stigma and discrimination is something that requires intersectoral political articulation and will contribute to reach goals that are globally recognized as fundamental to control the epidemic.Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever situações de uso de álcool e outras drogas envolvendo turistas, e suas implicações para a vulnerabilidade ao HIV. MÉTODOS: Estudo exploratório e qualitativo conduzido em comunidades anfitriãs do turismo do Vale do Ribeira, em São Paulo, no período de outubro de 2002 a fevereiro de 2003. A primeira etapa do estudo entrevistou 29 monitores de quatro comunidades anfitriãs para levantar cenas de uso drogas envolvendo turistas. A segunda etapa consistiu de duas oficinas de trabalho, reunindo 77 entrevistados e profissionais de saúde e educação de dez comunidades para dramatizar as cenas levantadas nas entrevistas, compartilhar repertórios para lidar com essas situações e conhecer as formas de prevenção do HIV. RESULTADOS: As cenas evidenciaram que o uso de álcool e outras drogas pelos turistas ampliam a vulnerabilidade à transmissão do HIV ao favorecer as relações sexuais ocasionais sem preservativo e o assédio e abuso sexual. O trabalho de prevenção ao HIV nas comunidades anfitriãs do turismo precisa levar em conta o consumo dessas substâncias, que dificulta a prática do sexo seguro e, no caso do uso de drogas injetáveis de forma compartilhada, constitui fator de risco para a transmissão do vírus. CONCLUSÕES: O estudo forneceu elementos para ajudar a compreender como situações de uso de álcool e outras drogas inserem-se no cotidiano das comunidades anfitriãs ampliando a vulnerabilidade ao HIV. O estudo produziu análise do contexto social de transmissão do vírus, que pode subsidiar a elaboração de programas de prevenção mais adequados a essas comunidades.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe situations of alcohol and other drug use involving tourists, and their implications regarding vulnerability to HIV. METHODS: This was an exploratory qualitative study conducted in communities that host tourism in the Vale do Ribeira, State of São Paulo, from October 2002 to February 2003. In the first stage of the study, 29 monitors in four host communities were interviewed to gather scenarios of drug use involving tourists. In the second stage, two workshops were held, bringing together 77 interviewees and health and education professionals from ten communities, in order to dramatize the scenarios gathered in the interviews and share repertoires for dealing with these situations and finding ways for preventing HIV. RESULTS: The scenarios showed that alcohol and other drug use by tourists increases their vulnerability to HIV transmission through favoring casual sexual intercourse without condoms and sexual harassment and abuse. HIV prevention work in these communities that host tourism needs to take into account the consumption of these substances which use creates difficulties regarding safe sex practices and, in the case of injecting drugs that are shared, constitutes a risk factor for HIV transmission. CONCLUSIONS: This study provided data to help in understanding how situations of alcohol and other drug use fit within daily life in these host communities, thereby extending the vulnerability to HIV. The study produced analysis of the social context of HIV transmission that may provide backing for drawing up prevention programs that are better adapted to these communities.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar as dificuldades referentes à adesão ao tratamento de pacientes vivendo com HIV/Aids em terapia anti-retroviral altamente ativa. MÉTODOS: Pesquisa qualitativa baseada em 34 entrevistas com pacientes em tratamento de diversos serviços ambulatoriais do estado de São Paulo em 1998-1999. O grupo compreendeu pessoas de diferentes níveis socioeconômicos, sexo, tempo no tratamento e diferentes graus de adesão de acordo com a percepção da equipe de saúde. As entrevistas foram focalizadas na narrativa do paciente sobre sua doença. A análise de conteúdo classificou as dificuldades relacionadas a fatores sociais e do estilo de vida, incluindo o estigma; a crenças acerca do uso da medicação; e diretamente ao uso da medicação. RESULTADOS: Todos os entrevistados relataram dificuldades relacionadas ao estigma de viver com HIV/Aids. As dificuldades relacionadas ao uso da medicação predominaram entre pacientes com melhor adesão. Pacientes com aderência média apresentaram os três tipos de dificuldade. CONCLUSÕES: Os fatores sociais e culturais são mais difíceis de serem superados para adesão ao tratamento do que aqueles relacionados a tomar a medicação, o que torna importante o papel desempenhado pelo setor saúde, apoiado por políticas públicas sociais claras. Essas dimensões devem ser enfrentadas não somente no setor saúde, mas também nos âmbitos político e social.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze the difficulties related to treatment adherence by patients living with HIV/AIDS in highly active antiretroviral therapy. METHODS: Qualitative research based on 34 interviews with patients under treatment in several outpatient services in the state of São Paulo, in 1998-1999. The group was comprised of people from different socioeconomic levels, gender, length of treatment and varied adherence levels, according to healthcare staff perception. The interviews focused on the patient's narrative about his/her disease. The content analysis classified the difficulties as follows: related to social factors and life styles, including the stigma; related to beliefs about the use of medication; and directly related to the use of medication. RESULTS: All the interviewees reported having difficulties concerning the stigma of living with HIV/AIDS. The difficulties related to the use of medication were the most important among patients with the best adherence level. Patients with average adherence level presented all three types of difficulties. CONCLUSIONS: Social and cultural factors are more difficult to be overcome in order to achieve treatment adherence than those related to taking medication, thus making the role played by the health sector important, supported by clear public social policies. These dimensions must be faced not only in the health sector, but also on social and political levels.Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever as impressões, experiências, conhecimentos, crenças e a receptividade de usuários de drogas injetáveis para participar das estratégias de testagem rápida para HIV. MÉTODOS: Estudo qualitativo exploratório foi conduzido entre usuários de drogas injetáveis, de dezembro de 2003 a fevereiro de 2004, em cinco cidades brasileiras, localizadas em quatro regiões do País. Um roteiro de entrevista semi-estruturado contendo questões fechadas e abertas foi usado para avaliar percepções desses usuários sobre procedimentos e formas alternativas de acesso e testagem. Foram realizadas 106 entrevistas, aproximadamente 26 por região. RESULTADOS: Características da população estudada, opiniões sobre o teste rápido e preferências por usar amostras de sangue ou saliva foram apresentadas junto com as vantagens e desvantagens associadas a cada opção. Os resultados mostraram a viabilidade do uso de testes rápidos entre usuários de drogas injetáveis e o interesse deles quanto à utilização destes métodos, especialmente se puderem ser equacionadas questões relacionadas à confidencialidade e confiabilidade dos testes. CONCLUSÕES: Os resultados indicam que os testes rápidos para HIV seriam bem recebidos por essa população. Esses testes podem ser considerados uma ferramenta valiosa, ao permitir que mais usuários de drogas injetáveis conheçam sua sorologia para o HIV e possam ser referidos para tratamento, como subsidiar a melhoria das estratégias de testagem entre usuários de drogas injetáveis.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe perceptions, experiences, knowledge, beliefs and the willingness of injecting drug users to be HIV tested by using rapid tests. METHODS: A qualitative exploratory study was carried out among injecting drug users from December 2003 to February 2004 in five Brazilian cities, located in four regions of Brazil. A semi-structured interview guide containing both closed and open-ended questions was used to address perceptions about non-conventional testing procedures, and non-traditional ways to provide testing access to injecting drug users. A total of 106 interviews, about 26 per region, were conducted. RESULTS: Characteristics of the population studied, common thoughts about HIV rapid testing, preference for using blood or saliva specimens, and other testing preferences, were presented together with reported advantages and disadvantages of each option. The study findings showed that the use of rapid tests among these users is feasible and that they are willing to be tested using rapid HIV tests, especially if some issues related to privacy and reliability of the test could be addressed. CONCLUSIONS: The study findings showed that rapid tests may be well accepted for this population. These tests can be considered a valuable tool, allowing a more injecting drug users to learn their HIV status and possibly be referred to treatment and should support more effective testing strategies for them.Resumo em Português:
OBJETIVO: Estimar a prevalência do HIV e identificar comportamentos sexuais de risco para a infecção em gestantes que realizaram rotina da assistência pré-natal. MÉTODOS: Estudo transversal com base em registros de atendimentos de 8.002 gestantes (25% do total dos municípios) residentes em 27 municípios da Região Sul do Brasil, em 2003, que realizaram testes anti-HIV em Centro de Testagem e Aconselhamento que realizavam pré-natal. Foram coletadas informações sociodemográficas e comportamentais, além dos resultados de testes para sífilis e HIV, nas consultas de aconselhamento individual registradas em banco de dados do Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento. Foram excluídas da base de dados as gestantes que buscaram os Centros para confirmação de sorologia anterior e aquelas encaminhadas ao serviço por apresentarem sintomas de Aids. RESULTADOS: Do total de gestantes estudadas, 0,5% (IC 95%=0,3-0,6) foram positivas para o HIV. A única variável associada com a soropositividade para o HIV foi o nível de escolaridade. A maioria das gestantes se expôs basicamente por meio de relações sexuais sem preservativos com o parceiro único com quem mantinham relação estável. As gestantes mais jovens, solteiras, desempregadas e de menor escolaridade constituíram o grupo de maior exposição. CONCLUSÕES: O Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento revelou-se útil à vigilância epidemiológica da infecção pelo HIV e dos comportamentos de risco no segmento de gestantes e pode vir a sê-lo em relação a outras populações.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To estimate HIV prevalence and identify high-risk sexual behavior for infection in pregnant women who were given prenatal assistance. METHODS: Cross-sectional study based on attendance records of 8,002 pregnant women (25% of all municipalities) who lived in 27 municipalities in Southern Brazil in 2003 and had anti-HIV tests done in a testing and counseling center that performed prenatal assistance. Sociodemographic and behavioral data were gathered, as well as syphilis and HIV test results, during the individual counseling sessions registered in the data bank of the Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento (Information System on Testing and Counseling Centers). Women who sought the centers for confirmation of previous serology or were referred to this service due to the presence of AIDS symptoms were excluded from the data base. RESULTS: A total of 0.5% of all the pregnant women analyzed (CI 95%=0.3;0.6) were HIV positive. The only variable associated with HIV seropositivity was schooling. The majority of them were basically exposed through unprotected sexual intercourse with the only partner they had a steady relationship with. Younger pregnant women who were single, unemployed and had lower level of education constituted the group with highest exposure. CONCLUSIONS: The Sistema de Informações dos Centros de Testagem e Aconselhamento turned out to be useful for the epidemiological surveillance of HIV infection and high-risk behavior among pregnant women and could also be useful as regards other populations.Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever o comportamento bissexual masculino quanto à identidade sexual, uso de preservativo, freqüência de relações sexuais e tipos de parceria e verificar diferenças entre práticas protegidas nas suas relações com homens e mulheres. MÉTODOS: Estudo transversal aninhado em coorte de homossexuais e bissexuais HIV negativos implantada em 1994 em Belo Horizonte (Projeto Horizonte). Dos 1.025 voluntários recrutados entre 1994 e 2005, foram selecionados 195 que relataram, na admissão, ter tido relações sexuais com homens e mulheres nos seis meses anteriores à entrevista. Foi criado índice de risco comportamental, designado Índice de Risco Horizonte, que incorpora uma constante para cada prática sexual não protegida, ajustada segundo o número de encontros sexuais. RESULTADOS: Houve predomínio de atividade sexual com homens; a maioria se auto-referiu como bissexual (55%) e homossexual (26%). A mediana do número de parceiros homens ocasionais nos últimos seis meses (4) foi superior ao de parceiras ocasionais (2) e de parceiros fixos de ambos os sexos (1). No sexo vaginal com parceira fixa, o uso inconsistente do preservativo foi de 55%, comparado com 35% e 55% no sexo anal insertivo e receptivo com parceiros fixos. O índice foi maior para os que relataram terem tido sexo com homens e mulheres comparado com os que tiveram sexo exclusivamente com mulheres ou homens. CONCLUSÕES: As situações de risco para HIV foram mais freqüentes entre os homens que relataram atividade sexual com homens e mulheres. Os comportamentos sexuais e de proteção dos bissexuais diferem conforme gênero e estabilidade da parceria, havendo maior desproteção com parceiras fixas mulheres.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe bisexual men's behavior in terms of sexual identity, condom use, frequency of sexual intercourse and types of partners and to determine rates of inconsistent condom according to partner's gender. METHODS: Cross-sectional study nested in a cohort of HIV-negative homosexual and bisexual men in the city of Belo Horizonte, Southeastern Brazil, followed up since 1994 (Horizonte Project). Of 1,025 subjects enrolled between 1994 and 2005, 195 volunteers who reported at admission having sexual relations with men and women during the previous six months were selected. A behavioral risk index, called Horizonte Risk Index, was estimated. It incorporates a constant assigned to each type of unprotected sexual act, adjusted for the number of sexual encounters. RESULTS: Sexual activity with men predominated; most considered themselves as bisexual (55%) and homosexual (26%). During the six months prior to the study, median number of casual male partners (4) was higher than both casual female partners (2) and steady male or female partners (1). During vaginal sex with a steady partner, the rate of inconsistent condom use was 55%, compared to 35% and 55% in anal insertive and anal receptive sex, respectively, with steady male partners. The index was higher for those having sex with men and women compared to those having sex either exclusively with women or men (p=0.004). CONCLUSIONS: HIV risk behavior was more frequent among men who reported sexual activity both with men and women. Bisexual men display different sexual and protective behavior according to gender and steadiness of relationships, and female steady partners had more unprotected encounters.Resumo em Português:
OBJETIVO: Descrever estudo de caso de intervenção de base comunitária, desenvolvido na perspectiva construcionista-emancipatória, para o controle das DST/Aids. MÉTODOS: Estudo descritivo desenvolvido no município de Manacapuru, Amazonas, de 1997-2004, sobre a utilização de procedimentos desenhados em colaboração com agentes governamentais, profissionais de saúde e comunidade. Foram levantados dados sobre a dinâmica da prostituição e a venda de preservativos na cidade, características comportamentais, avaliação do processo e da assistência às DST/Aids. Sincronicamente, estabeleceram-se ações de prevenção e assistência na rede pública de saúde às DST, centro de testagem, sistema de vigilância epidemiológica, e capacitação de trabalhadoras do sexo. RESULTADOS: Observou-se o fortalecimento das trabalhadoras do sexo como multiplicadoras e sua legitimação como cidadãs e agentes de saúde em projetos com travestis, homossexuais e escolares. Houve incremento da venda de preservativos na cidade, da utilização de preservativos entre trabalhadoras do sexo, redução das DST bacterianas e estabilização da ocorrência de infecção pelo HIV/Aids e sífilis congênita. A sustentabilidade do programa de intervenção estudado, organizado no âmbito do Sistema Único de Saude, foi estimulada pela pactuação política garantindo sede e orçamento regulamentado em lei municipal, e pelo debate permanente dos resultados do processo e programa. CONCLUSÕES: O estudo fortaleceu a noção de que o controle efetivo das DST/Aids depende de uma abordagem sinérgica que combine intervenções no plano individual (biológica-comportamental), sociocultural e programático.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To describe a case study of community-based intervention, developed in a constructionist-emancipatory framework to control STD/AIDS. METHODS: Descriptive study developed in the town of Manacapuru, in the state of Amazonas, from 1997 to 2004, focusing on procedures designed in collaboration with government agents, health professionals and the community. Data on the dynamics of prostitution and condom sales in this town, preventive practices and STD/AIDS care and process assessment were collected. Actions targeting STD prevention and care in the public healthcare system, a testing center, an epidemiological surveillance system and sex workers' qualification were established concomitantly. RESULTS: It was observed the strengthening of sex workers as peer educators and their legitimization as citizens and health agents in projects involving transvestites, homosexuals and students. There was an increase in condom sales in town, as well as in condom use among sex workers; reduction in bacterial STD; and stabilization of the incidence of HIV/AIDS infections and congenital syphilis. The sustainability of the intervention program studied, organized within the sphere of action of the Sistema Único de Saúde (National Health System), was promoted by a political pact, which guaranteed headquarters and municipal law-regulated budget, as well as by the constant debate over the process and program results. CONCLUSIONS: The study strengthened the notion that effective control of STD/AIDS depends on a synergic approach that combines interventions on individual (biological-behavioral), sociocultural and programmatic levels.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar o impacto da implementação de um programa participativo de promoção da saúde sexual em uma comunidade empobrecida, e descrever como o uso dos espaços públicos e privados para práticas sexuais constitui-se um fator que exacerba a vulnerabilidade ao HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo etnográfico conduzido em 2002, em favela localizada no município do Rio de Janeiro. Os 6.000 moradores viviam em condições de vida deficitárias em que se verificou a ausência de políticas públicas, postos de saúde, lazer, oportunidades de emprego e segurança, o que consolida o poder de grupos criminosos. Foram abordadas as condições referentes à saúde sexual e à implantação do programa participativo de promoção da saúde sexual pelo Núcleo Comunitário de Prevenção, criado por uma organização não-governamental. Após dois meses de observação participante, foram realizadas 35 entrevistas semi-estruturadas em profundidade com moradores com idade entre 17 e 65 anos. Foram analisadas 11 histórias de vida de líderes comunitários e agentes comunitários de prevenção e sete grupos focais formados a partir dos grupos pré-existentes na comunidade. O material foi categorizado e analisado qualitativamente. RESULTADOS: A precariedade das moradias favorecia maior exposição às práticas sexuais, acentuando o estigma de ser morador de favela vivenciado pela comunidade. Com a implantação do programa do Núcleo, crianças, jovens e adultos se familiarizaram e passaram a ter conhecimento sobre prevenção do HIV/Aids; e jovens e adultos passaram a ter acesso a preservativos. CONCLUSÕES: Os resultados decorrentes da intervenção mostraram que embora a vulnerabilidade permaneça, a prevenção pode ser inserida na cultura local. A prevenção da Aids pode ser fomentada por meio de uma abordagem territorial com base na participação dos moradores e no fortalecimento da organização coletiva.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze the impact of a participatory sexual health promotion program implemented in a poor community and describe how the use of public and private spaces for sex is a factor that exacerbates vulnerability to HIV/Aids. METHODS: This ethnographic study was conducted in a Rio de Janeiro shantytown in 2002. Six thousand people live in precarious living conditions in which the lack of public policies, health posts, recreational activities, employment opportunities, and security consolidates power in criminal groups. Issues related to sexual health were addressed in addition to a participatory sexual health program implemented by a Community HIV Prevention Center established by a non-governmental organization. After two months of participatory observation, 35 semi-structured in-depth interviews were conducted with community members between the ages of 17 and 65. Eleven life histories of community leaders and HIV prevention promoters and seven focus groups formed from pre-existent community groups were analyzed. The material was categorized and analyzed qualitatively. RESULTS: The precarious nature of living conditions contributes to increased exposure to sexual practices while also enhancing the stigma experienced by the community for living in a shantytown. Through the implementation of the program by the Community HIV Prevention Center, children, teenagers and adults have become familiar with and knowledgeable of HIV/AIDS prevention; and teenagers and adults gained access to condoms. CONCLUSIONS: Although vulnerability to HIV was not affected, research results reveal that HIV prevention can become part of the local culture. HIV/AIDS prevention can be fomented by a local approach based on community participation and strengthening collective organizing.