Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Analisar a qualidade de vida e seus determinantes em uma população residente na zona rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional com indivíduos de 18 anos ou mais, da zona rural de Pelotas, Sul do Brasil. A qualidade de vida foi avaliada pelo WHOQOL-BREF, composto por quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente), e duas perguntas: qualidade de vida global e satisfação com a saúde. Variáveis demográficas, socioeconômicas e de saúde foram consideradas entre as variáveis independentes. As associações foram avaliadas por regressão linear nos quatro domínios e por regressão logística ordinal nas duas perguntas gerais de qualidade de vida e satisfação com a saúde. RESULTADOS A amostra foi composta por 1.479 indivíduos. As prevalências de percepção de qualidade de vida global muito ruim e insatisfação com a saúde foram, respectivamente, 22,5% e 26,3%. Indivíduos mais velhos (p < 0,001), com cor da pele não branca (p = 0,004), com menor escolaridade (p < 0,001), mais pobres (p = 0,001) e que residiram a vida toda na zona rural (p = 0,049) apresentaram menor chance de ter melhor percepção de qualidade de vida global. Quanto à satisfação com a saúde, as mulheres (p = 0,001), os mais velhos (p = 0,001), os desempregados (p = 0,023) e aqueles portadores de doenças tiveram menor chance de relatarem maior satisfação com a saúde. Para os quatro domínios avaliados, os resultados foram consistentes com os observados para as perguntas gerais. CONCLUSÕES O fato de ser mulher, mais velho, não ser branco, ter baixa renda, ter menor escolaridade, residir a vida toda na zona rural, estar desempregado e portar alguma doença foram os aspectos mais relevantes para definir negativamente a qualidade de vida da população. Tendo em vista que são fatores significativamente importantes como determinantes da saúde, estes resultados sugerem que a qualidade de vida é um tema que deve ser colocado entre as necessidades de saúde, principalmente com relação aos grupos mais vulneráveis das áreas rurais.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To analyze the quality of life and its determinants in a population living in a rural area. METHODS This is a population-based, cross-sectional study with individuals aged 18 years or over from the rural area of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil. We evaluated quality of life using the WHOQOL-BREF, which has four domains (physical, psychological, social relations, and environment) and two questions: overall quality of life and satisfaction with health. We considered as independent variables the demographic, socioeconomic, and health variables. We evaluated the associations using linear regression in the four domains and ordinal logistic regression in the two general questions on quality of life and satisfaction with health. RESULTS The sample consisted of 1,479 individuals. The prevalence of the perception of overall very poor quality of life and dissatisfaction with health were 22.5% and 26.3%, respectively. Individuals who were older (p < 0.001), non-white (p = 0.004), with lower education level (p < 0.001), poorer (p = 0.001), and who had always lived in the rural area (p = 0.049) were less likely to have a better perception of overall quality of life. As for satisfaction with health, women (p = 0.001), older individuals (p = 0.001), those unemployed (p = 0.023), and those with diseases were less likely to report higher satisfaction with health. For the four domains evaluated, the results were consistent with those observed for the general questions. CONCLUSIONS The most relevant aspects that negatively defined the quality of life of the population were being a woman, older, non-white, having a low income, having a lower education level, having always lived in the rural area, being unemployed, and having a disease. Given that they are significant factors as determinants of health, these results suggest that quality of life is an issue that should be placed among health needs, especially regarding the most vulnerable groups in rural areas.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Avaliar o nível de atividade física geral e por domínios de prática na zona rural de Pelotas, RS, bem como seus fatores associados. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional realizado com adultos moradores da zona rural de Pelotas. O questionário utilizado para mensurar a prevalência de atividade física foi o Global Physical Activity Questionnaire. Foram considerados como ativos os indivíduos que relataram pelo menos 150 minutos de prática de atividade física semanal. Aspectos demográficos e econômicos, laborais e de segurança contra crimes foram avaliados como variáveis independentes. A regressão de Poisson foi utilizada para as análises bruta e ajustada. RESULTADOS A amostra final foi composta por 1.447 indivíduos. A prevalência geral de atividade física foi de 83,7% (IC95% 81,3–86,2). Quanto aos diferentes domínios, 74,9% (IC95% 71,3–78,6) dos participantes atingiram as recomendações de atividade física especificamente no trabalho, 25,2% (IC95% 22,4–28,0) no deslocamento e 15,1% (IC95% 12,2–18,1) no lazer. Os homens foram mais ativos que as mulheres em todos os domínios. Os indivíduos com situação ocupacional rural foram mais ativos no trabalho e no deslocamento. As variáveis de crime não foram associadas aos desfechos. CONCLUSÕES A prevalência de atividade física geral foi alta, e majoritariamente praticada no trabalho. Por outro lado, as atividades de lazer foram pouco prevalentes e os fatores associados variaram em direção e magnitude de acordo com os domínios de atividade física avaliados.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To evaluate the level of physical activity in general and by domains of practice in the rural area of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil, as well as their associated factors. METHODS This is a population-based, cross-sectional study with adults living in the rural area of Pelotas. The questionnaire used to measure the prevalence of physical activity was the Global Physical Activity Questionnaire. Individuals who reported at least 150 minutes of weekly physical activity were considered as active. The demographic, economic, labor, and crime safety aspects were evaluated as independent variables. Poisson regression was used for the crude and adjusted analyses. RESULTS Final sample consisted of 1,447 individuals. Overall prevalence of physical activity was 83.7% (95%CI 81.3–86.2). Regarding the different domains, 74.9% (95%CI 71.3–78.6) of the participants reached the recommendations of physical activity specifically with work, 25.2% (95%CI 22.4–28.0) with transport, and 15.1% (95%CI 12.2–18.1) with leisure. Men were more active than women in all domains. Individuals with rural work were more active in work and transport. Crime variables were not associated with outcomes. CONCLUSIONS The prevalence of general physical activity was high, and was mostly practiced at work. On the other hand, leisure activities were not very prevalent and the associated factors varied in direction and magnitude according to the domains of physical activity evaluated.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Estimar a prevalência de tabagismo e fatores associados entre moradores de zona rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional realizado com 1.519 indivíduos, em 2016. Foram aleatoriamente selecionados 24 dos 50 setores censitários que compõem os oito distritos rurais do município de Pelotas, RS. Indivíduos ≥ 18 anos residentes nos domicílios aleatoriamente selecionados eram elegíveis. Foram considerados tabagistas aqueles que fumavam ≥ 1 cigarro/dia há pelo menos um mês ou que declararam haver parado de fumar há menos de um mês. As variáveis independentes incluíram características socioeconômicas, demográficas, comportamentais e de saúde. Foram investigados: idade de início, duração da adição, número de cigarros fumados/dia, carga tabágica e tipos de cigarros consumidos. Foi realizada regressão de Poisson para cálculo das razões de prevalências (RP) ajustadas e intervalos de confiança de 95% (IC95%). RESULTADOS A prevalência de tabagismo foi 16,6% (IC95% 13,6–20,0), sendo duas vezes maior nos homens do que nas mulheres (RP = 1,99; IC95% 1,44–2,74), na classe econômica D ou E do que na A ou B (RP = 2,23; IC95% 1,37–3,62) e naqueles que consideraram sua saúde ruim ou muito ruim, comparados àqueles que a consideraram muito boa ou boa (RP = 2,02; IC95% 1,33–3,08). Também foi superior em pessoas com 30–59 anos (comparadas àquelas com < 30 anos), com 5–8 anos de escolaridade (comparados às pessoas com ≥ 9 anos), e com rastreio positivo para transtorno relacionado ao consumo de álcool. A prevalência foi menor entre indivíduos com sobrepeso ou obesidade, em comparação aos eutróficos. O tabagismo iniciou em média aos 16,9 anos, com consumo médio de cerca de 14 cigarros/dia e carga tabágica média de 22 maços/ano. O cigarro de papel enrolado à mão foi o mais consumido (57,6%). CONCLUSÕES Aproximadamente um em cada seis adultos da zona rural de Pelotas é fumante atual. Os achados evidenciam a existência de desigualdades sociais relacionadas à adição tabágica. Ações de prevenção e controle do tabagismo devem continuar sendo estimuladas, sobretudo nos subgrupos mais vulneráveis.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To estimate the prevalence of smoking and associated factors among rural residents. METHODS This is a population-based, cross-sectional study of 1,519 individuals carried out in 2016. We randomly selected 24 of the 50 census tracts that make up the eight rural districts of the city of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil. All individuals aged 18 years or more living in the randomly selected households were eligible. Smokers were all those who smoked ≥ 1 cigarette/day for at least one month or declared that they had stopped smoking for less than one month. The independent variables included socioeconomic, demographic, behavioral, and health characteristics. We investigated age of onset, duration of addiction, number of cigarettes smoked/day, pack-years, and types of cigarettes consumed. Poisson regression was performed to calculate the adjusted prevalence ratios (PR) and 95% confidence intervals (95%CI). RESULTS The prevalence of smoking was 16.6% (95%CI 13.6–20.0), and it was twice as high in men in relation to women (PR = 1.99, 95%CI 1.44–2.74), in socioeconomic class D or E in relation to class A or B (PR = 2.23, 95%CI 1.37–3.62), and in those who considered their health poor or very poor in relation those with good or very good health (PR = 2.02, 95%CI 1.33–3.08). It was also higher in persons aged 30–59 years (compared to those aged < 30 years), with 5–8 years of education level (compared to those with ≥ 9 years), and with positive screening for alcohol-related disorder. Prevalence was lower among individuals who were overweight or obese than in those with normal weight. Smoking began on average at 16.9 years, with an average consumption of approximately 14 cigarettes/day and mean pack-years of 22 packs/year. The paper hand-rolled cigarette was the most consumed (57.6%). CONCLUSIONS Approximately one in six adults in rural Pelotas is a current smoker. The findings show the existence of social inequalities related to smoking addiction. Actions to prevent and control smoking should continue to be stimulated, especially in the most vulnerable subgroups.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Avaliar a prevalência e os fatores demográficos, socioeconômicos, comportamentais e de saúde associados à sintomatologia depressiva em moradores na zona rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional realizado com amostra representativa de 1.453 residentes na zona rural do município de Pelotas, RS, com 18 anos ou mais. Utilizou-se a Escala de Depressão Pós-Natal de Edimburgo para avaliar a sintomatologia depressiva, considerando ponto de corte ≥ 8 pontos. A associação entre o desfecho e as variáveis independentes foi avaliada por regressão de Poisson. RESULTADOS A prevalência de sintomatologia depressiva foi de 35,4% (IC95% 31,5–39,3). Após o ajuste, a sintomatologia depressiva foi maior entre as mulheres (RP = 1,77; IC95% 1,46–2,15), indivíduos com baixa escolaridade (0–4 anos completos de estudo) (RP = 1,62; IC95% 1,22–2,16), pior condição socioeconômica (classes D ou E) (RP = 1,49; IC95% 1,22–1,83) e com doenças crônicas (RP = 1,74; IC95% 1,24–2,45). CONCLUSÕES A alta prevalência de sintomatologia depressiva em moradores rurais indica a relevância da depressão como importante problema de saúde pública também nessa população. Atenção específica deve ser direcionada aos subgrupos que apresentaram as maiores prevalências de sintomatologia.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To evaluate the prevalence and demographic, socioeconomic, behavioral and health factors associated with depressive symptomatology in rural residents. METHODS This is a population-based, cross-sectional study with a representative sample of 1,453 residents aged 18 years or over of the rural area of the city of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil. We used the Edinburgh Postnatal Depression Scale to evaluate depressive symptomatology, considering the cutoff point ≥ 8 points. We evaluated the association between the outcome and the independent variables using Poisson regression. RESULTS The prevalence of depressive symptomatology was 35.4% (95%CI 31.5–39.3). After adjustment, the depressive symptomatology was higher among women (PR = 1.77, 95%CI 1.46–2.15), individuals with low education level (0–4 years of study) (PR = 1.62, 95%CI 1.22–2.16), worse socioeconomic conditions (classes D or E) (PR = 1.49, 95%CI 1.22–1.83), and with chronic diseases (PR = 1.74, 95%CI 1.24–2.45). CONCLUSIONS The high prevalence of depressive symptomatology in rural residents indicates the relevance of depression as an important public health problem in this population. Specific attention should be aimed at the subgroups that presented the highest prevalence of symptomatology.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Avaliar a prevalência de obesidade geral, abdominal e concomitância de ambos os desfechos e seus determinantes em adultos residentes na zona rural. MÉTODOS Este estudo transversal de base populacional foi conduzido em município de médio porte da região Sul do Brasil. Três desfechos foram avaliados: obesidade geral (índice de massa corporal ≥ 30 kg/m 2 ), abdominal (circunferência da cintura ≥ 102 cm e ≥ 88 cm em homens e mulheres, respectivamente) e concomitância de ambas, classificada em: sem risco; apenas um fator de risco; e fatores agregados. Foram realizadas análises brutas e ajustadas por regressão de Poisson para cada desfecho de obesidade e regressão logística multinomial para o risco metabólico. Características demográficas e socioeconômicas foram consideradas como variáveis independentes. RESULTADOS Foram incluídos no estudo 1.433 indivíduos. Desses, 29,5% apresentaram obesidade geral e 37,8%, abdominal. A presença de um fator de risco foi observada em 15,8% da amostra, enquanto 25,8% apresentaram fatores agregados. O risco de obesidade geral, abdominal e a concomitância dos desfechos aumentaram significativamente com a idade, em ambos os sexos. Homens mais ricos apresentaram risco aumentado para obesidade geral (RP = 1,7; IC95% 1,0–2,9), abdominal (RP = 1,8; IC95% 1,1–2,9) e fatores agregados (RO = 1,9; IC95% 1,4–5,8). Ter 12 anos ou mais de estudo se mostrou fator de proteção para mulheres em relação à obesidade abdominal (RP=0,4; IC95% 0,2–0,8) e fatores agregados (RO = 0,2; IC95% 0,05–0,7). Realizar atividade rural reduziu o risco de obesidade geral (RP = 0,6; IC95% 0,5–0,8) e fatores agregados (RO = 0,5; IC95% 0,3–0,8) em mulheres, e de obesidade abdominal (RP = 0,6; IC95% 0,5–0,8) e presença de um fator de risco (RO = 0,5; IC95% 0,3–0,7), em homens. Cor da pele e tempo de vida residido na zona rural não foram estatisticamente associados aos desfechos estudados. CONCLUSÕES Altas prevalências de obesidade geral e abdominal foram observadas nessa população, condizentes com os valores encontrados em populações urbanas. Entretanto, a realização de atividades rurais mostrou-se um fator de proteção para os desfechos de obesidade.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To evaluate the prevalence of general and abdominal obesity and the concomitant presence of both outcomes and their determinants among adults living in a rural area. METHODS This cross-sectional, population-based study was carried out in a medium-sized city in the southern region of Brazil. We evaluated three outcomes: general obesity (body mass index ≥ 30 kg/m 2 ), abdominal obesity (waist circumference ≥ 102 cm and ≥ 88 cm in men and women, respectively), and concomitant obesities, classified as: no risk, only one risk factor, and aggregate factors. We performed crude and adjusted Poisson regression analyses for each obesity outcome and multinomial logistic regression for metabolic risk. We considered demographic and socioeconomic characteristics as independent variables. RESULTS A total of 1,433 individuals were included in the study. Of them, 29.5% presented general obesity and 37.8% presented abdominal obesity. We observed the presence of a risk factor in 15.8% of the sample, while 25.8% presented aggregate factors. The risk of general and abdominal obesity and concomitant outcomes increased significantly with age in both sexes. Richer men were at increased risk for general obesity (PR = 1.7; 95%CI 1.0–2.9), abdominal obesity (PR = 1.8; 95%CI 1.1–2.9), and aggregate factors (OR = 1.9; 95%CI 1.4–5.8). An education level of twelve years or more was a protective factor for women in relation to abdominal obesity (PR = 0.4; 95%CI 0.2–0.8) and aggregate factors (OR = 0.2; 95%CI 0.05–0.7). Rural activity reduced the risk of general obesity (PR = 0.6; 95%CI 0.5–0.8) and aggregate factors (OR = 0.5; 95%CI 0.3–0.8) in women, and the risk of abdominal obesity (PR = 0.6; 95%CI 0.5–0.8) and presence of a risk factor (OR = 0.5; 95%CI 0.3–0.7) in men. Skin color and time lived in rural areas were not statistically associated with the outcomes studied. CONCLUSIONS We observed high prevalences of general and abdominal obesity in this population, which is consistent with the values found in urban populations. However, rural activities were a protective factor for obesity outcomes.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Identificar fatores associados à melhor qualidade da dieta de moradores da zona rural do Sul do Brasil. MÉTODOS Foi realizado estudo transversal de base populacional com moradores de 18 anos ou mais, da zona rural de Pelotas, RS, Brasil. O consumo alimentar foi avaliado por um questionário de frequência alimentar de 13 itens, referente ao consumo da última semana. A qualidade da dieta foi avaliada pelo Índice de Qualidade da Dieta de Adultos (IQD-A). Os alimentos saudáveis receberam pontuação de forma crescente enquanto os alimentos não saudáveis receberam pontuação decrescente conforme a frequência de consumo, formando escores de zero a 30. A pontuação total foi dividida em tercis. Indivíduos do 3º tercil foram classificados com melhor qualidade da dieta. A associação entre a qualidade da dieta e as variáveis independentes foi investigada usando-se regressão logística multinomial. RESULTADOS Foram entrevistados 1.519 indivíduos com média de IQD-A de 17,1 pontos (DP = 3,3) e mediana de 17,0 (amplitude de 10 a 25 pontos). Embora a população estudada mantenha o consumo de alimentos básicos, a ingestão de alimentos industrializados como refrigerantes, sucos artificiais e de alimentos não saudáveis como doces foi alta. Indivíduos mais velhos apresentaram sete vezes (IC95% 4,20–12,48) mais chance de ter melhor qualidade da dieta. As mulheres, indivíduos com maior nível econômico, que trabalhavam com venda de animais ou que possuíam diabetes apresentaram cerca de duas vezes mais chance de estarem no grupo de melhor qualidade da dieta. Indivíduos cujas famílias trabalhavam com pesca apresentaram 70% menor chance de estar no grupo de melhor qualidade da dieta. CONCLUSÕES Identificou-se um grupo de maior vulnerabilidade ao consumo de dieta com pior qualidade, sendo esse constituído por homens, adultos mais jovens, indivíduos de menor nível econômico e de família de pescadores. Assim, são necessárias políticas públicas, especialmente educacionais, com o fim de promover uma alimentação saudável para esse grupo.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To identify factors associated with a better quality of the diet of residents of a rural area in Southern Brazil. METHODS This is a population-based, cross-sectional study with individuals aged 18 years or over living in the rural area of Pelotas, State of Rio Grande do Sul, Brazil. Food consumption was evaluated by a food frequency questionnaire of thirteen items, related to the consumption in the last week. We evaluated quality of the diet using the Adult Diet Quality Index (IQD-A). Healthy food received increasing scores while unhealthy food received decreasing scores, according to consumption frequency, amounting to scores from zero to 30. The total score was divided into tertiles. Individuals of the third tertile were classified with better quality of the diet. We investigated the association between quality of the diet and independent variables using multinomial logistic regression. RESULTS We interviewed 1,519 individuals with mean IQD-A of 17.1 points (SD = 3.3) and a median of 17.0 (range of 10 to 25 points). Although the population studied kept the consumption of staple foods, the intake of industrialized food such as soft drinks, artificial juices, and unhealthy foods such as sweets was high. Older individuals presented seven times (95%CI 4.20–12.48) more chance of having a better quality of the diet. Women, individuals with higher economic status, those who worked in the sale of animals, or those who had diabetes were approximately twice as likely to be in the group with the best quality of the diet. Individuals whose families worked with fishing presented a 70% lower chance of being in the group of better quality of the diet. CONCLUSIONS We identified that men, younger adults, individuals of lower socioeconomic level, and fishing families were in the group of higher vulnerability for the consumption of a diet with worse quality. Thus, public policies, especially educational policies, are needed to promote healthy eating in this group.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Descrever o planejamento, a amostragem, os aspectos operacionais do campo e a amostra obtida durante pesquisa realizada na zona rural, especificando e discutindo as principais dificuldades logísticas peculiares a esses locais e as soluções adotadas. MÉTODOS Entre janeiro e junho de 2016, foi realizado inquérito transversal de base populacional, com amostra representativa da população com 18 anos de idade ou mais residente na zona rural de Pelotas (cerca de 22 mil), RS, Brasil. Foram coletadas informações demográficas, socioeconômicas e relacionadas à saúde, como consumo de bebidas alcoólicas, consumo de cigarros, sintomas depressivos, qualidade da alimentação, qualidade de vida, atividade física, satisfação com a unidade de saúde, excesso de peso ou obesidade e problemas do sono. RESULTADOS Em 720 domicílios amostrados, 1.697 indivíduos foram identificados e 1.519 foram entrevistados (89,5%). O estudo, inicialmente, sorteou 24 setores e propôs-se a visitar 42 domicílios/setor, mas foram necessárias adequações metodológicas, especialmente a redução do número de domicílios por setor (de 42 para 30) e a identificação de núcleos habitacionais nos setores. As principais razões para as adequações foram dificuldade de acesso aos locais, grandes distâncias entre residências, equívocos nos dados geográficos disponíveis via satélite (não condiziam com a realidade) e alto custo. CONCLUSÕES O prévio reconhecimento detalhado do ambiente de pesquisa foi fundamental para a tomada de decisão perante às inconsistências geográficas entre mapas e território. As estratégias e técnicas dos estudos na zona urbana não são aplicáveis à zona rural no que tange ao contexto observado em Pelotas. As medidas adotadas, mantendo o rigor metodológico, foram fundamentais para garantir a execução do estudo no tempo planejado e com os recursos financeiros disponíveis.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To describe the planning, sampling, operational aspects of the field, and the sample obtained during a research conducted in a rural area, specifying and discussing the main logistical difficulties unique to these places and the solutions adopted. METHODS We carried out a population-based, cross-sectional survey between January and June 2016, with a representative sample of the population aged 18 years or over living in the rural area of Pelotas (approximately 22,000 individuals), State of Rio Grande do Sul, Brazil. We collected demographic, socioeconomic, and health-related information, such as alcohol consumption, cigarette consumption, depressive symptoms, quality of diet, quality of life, physical activity, satisfaction with the health unit, overweight or obesity, and sleep problems. RESULTS In the 720 domiciles sampled, 1,697 individuals were identified and 1,519 were interviewed (89.5%). The study initially drew 24 census tracts and proposed the visit to 42 households per tract; however, we need to adjust the method, such as decreasing the number of households per census tract (from 42 to 30) and identifying housing centers in each tract. The main reasons for these changes were difficulty accessing the area, large distances between households, misconceptions in the satellite data available (which did not fit the reality), and high cost of the field work. CONCLUSIONS The previous detailed recognition of the research environment was crucial for decision making as the maps and territory had geographical inconsistencies. The strategies and techniques used in studies for the urban area are not applicable to the rural area given the outcomes observed in Pelotas. The decisions taken, keeping the methodological rigor, were essential to ensure the timely execution of the study with the financial resources available.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Descrever a prevalência de transtornos relacionados ao uso de álcool e fatores associados em uma população exclusivamente rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional, integrante de um consórcio de pesquisa rural, realizado em cidade de médio porte do Sul do Brasil, com adultos residentes na zona rural, utilizando o AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test). A análise incluiu a prevalência dos transtornos relacionados ao uso de álcool e fatores associados, como sociodemográficos, familiares e de saúde; foi realizada por regressão de Poisson, em modelo hierarquizado de análise, com intervalo de confiança de 95%. RESULTADOS A amostra final foi de 1.519 indivíduos. A prevalência de transtornos relacionados ao uso de álcool (AUDIT ≥ 8) foi de 8,4% (IC95% 7,0–9,8). Os fatores de risco para transtornos relacionados ao uso de álcool foram sexo masculino (RP = 8,26; IC95% 4,82–14,16), faixa etária entre 18 e 29 anos (RP = 3,29; IC95% 1,80–6,0) e tabagismo (RP = 1,88; IC95% 1,03–3,43). Como fatores de proteção com significância estatística encontramos a prática de religião (RP = 0,38; IC95% 0,25–0,58) e escolaridade entre nove e 11 anos de estudo, (RP = 0,33; IC95% 0,16–0,69). Estado civil e classe social não estiveram associados com o desfecho estudado. CONCLUSÕES A prevalência de transtornos relacionados ao uso de álcool na população rural é alta, porém, em média, mais baixa do que as encontradas em populações urbanas. Os fatores de risco e proteção foram similares aos encontrados em estudos prévios. Os homens, as pessoas mais jovens e os tabagistas têm maior risco para apresentar transtornos relacionados ao uso de álcool. Por outro lado, praticar uma religião e ter maior escolaridade foram fatores de proteção.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To describe the prevalence of alcohol-related disorders and associated factors in an exclusively rural population. METHODS This is a cross-sectional, population-based study of a rural research consortium, conducted in a medium-sized city in Southern Brazil, with adults living in a rural area, using the AUDIT (Alcohol Use Disorders Identification Test). The analysis included the prevalence of alcohol-related disorders and associated factors, such as the sociodemographic, family, and health factors; it was carried out by Poisson regression, in a hierarchical analysis model, with a 95% confidence interval. RESULTS The final sample amounted to 1,519 subjects. The prevalence of alcohol-related disorders (AUDIT ≥ 8) was 8.4% (95%CI 7.0–9.8). Risk factors for alcohol-related disorders were being male (PR = 8.2, 95%CI 4.82–14.16), age group between 18 and 29 years (PR = 3.29, 95%CI 1.80–6.0), and smoking (PR = 1.88, 95%CI 1.03–3.43). The practice of religion (PR = 0.38, 95%CI 0.25–0.58) and education level between nine and 11 years (PR = 0.33, 95%CI 0.16–0.69) were protective factors with statistical significance. Marital status and social status were not associated with the outcome studied. CONCLUSIONS The prevalence of alcohol-related disorders in the rural population is high, but, on average, it is lower than that found in urban populations. Risk and protective factors were similar to those found in previous studies. Men, younger persons, and smokers are at higher risk for alcohol-related disorders. On the other hand, practicing a religion and having a higher education level were protective factors.Abstract in Portuguese:
RESUMO OBJETIVO Estimar a média de um escore de problemas de sono e seus fatores associados em adultos residentes da zona rural. MÉTODOS Estudo transversal de base populacional, realizado com indivíduos da zona rural do município de Pelotas, no Sul do Brasil. Foram selecionados aleatoriamente 24 dos 50 setores censitários que compõem os oito distritos rurais do município. Foram considerados elegíveis os indivíduos com 18 anos ou mais residentes nos domicílios sorteados. Os problemas de sono foram mensurados a partir do questionário Mini Sleep Questionnaire, cujo escore varia de 10 a 70 pontos e quanto maior a pontuação, maiores os problemas de sono. As variáveis independentes avaliadas incluíram características socioeconômicas, demográficas, comportamentais e de saúde. Na análise, utilizou-se regressão linear, obedecendo a modelo hierárquico prévio. RESULTADOS A amostra foi composta por 1.421 indivíduos. A média obtida para problemas de sono foi de 29,4 pontos (IC95% 28,7–30,1). Após análise ajustada, as seguintes variáveis apresentaram-se como fatores associados para maiores problemas de sono: sexo feminino, idade maior ou igual a 40 anos, menor escolaridade, sintomas depressivos, intoxicação por agrotóxico e pior qualidade de vida. CONCLUSÕES A média do Mini Sleep Questionnaire neste estudo foi 4,4 pontos acima do ponto de corte que estabelece problemas de sono. A pontuação total encontrada no escore foi elevada para a população rural. Estratégias para melhorar o sono desses indivíduos devem ser focadas em grupos de maior risco como mulheres e idosos e aqueles com intoxicação por agrotóxico.Abstract in English:
ABSTRACT OBJECTIVE To estimate the average of a sleep problems score and their associated factors in adults living in rural areas. METHODS A population-based cross-sectional study with individuals from the rural area of the city of Pelotas, Southern Brazil. Twenty-four of the 50 census tracts that make up the eight rural districts of the city were randomly selected. Individuals of 18 years of age or older residing in the households chosen were considered eligible. Sleep problems were measured using the Mini Sleep Questionnaire, which ranged from 10 to 70 points and the higher the score, the greater the sleep problems. The independent variables evaluated included socioeconomic, demographic, behavioral and health characteristics. In the analysis, linear regression was used, obeying a previous hierarchical model. RESULTS The sample consisted of 1,421 individuals. The average obtained for sleep problems was 29.4 points (95%CI 28.7–30.1). After adjusted analysis, the following variables were associated factors for greater sleep problems: female sex, age greater than or equal to 40 years, lower schooling level, depressive symptoms, pesticide poisoning, and poorer quality of life. CONCLUSIONS The Mini Sleep Questionnaire average in this study was 4.4 points above the cut-off point that established sleep problems. The total points found in the score was high for the rural population. Strategies to improve sleep for these individuals should be focused on higher-risk groups such as women and the elderly and those with pesticide poisoning.