Revista de Saúde Pública, Volume: 57 Suplemento 2, Publicado: 2023
  • Autocorrelação do crescimento linear e ganho de peso do nascimento à infância no Estudo MINA-Brasil Original Articles

    Lourenço, Bárbara Hatzlhoffer; Rodrigues, Caroline Zani; Damasceno, Ana Alice de Araújo; Cardoso, Marly Augusto; Castro, Marcia C.

    Resumo em Português:

    RESUMO OBJETIVO: Investigar a autocorrelação do crescimento linear e ganho de peso do nascimento até a infância considerando a distribuição de escores z de comprimento/estatura e peso por idade e de acordo com a riqueza domiciliar. MÉTODOS: Foram utilizados dados de 614 crianças do Estudo MINA-Brasil com medições antropométricas realizadas do nascimento até os cinco anos de idade. Escores z foram calculados para comprimento/estatura (HAZ) e peso (WAZ) seguindo padrões internacionais. A autocorrelação ou estabilidade da adequação do estado nutricional do nascimento à infância foi estimada por meio de modelos de regressão quantílica para HAZ e WAZ, separadamente, extraindo-se coeficientes e intervalos de confiança de 95% (IC95%) nos quantis 25, 50 e 75. Em uma análise de subgrupo, estimou-se a autocorrelação entre o nascimento até os dois anos de idade, e entre dois e cinco anos de idade. Para investigar disparidades na autocorrelação, termos de interação entre índices de riqueza familiar (ao nascer e aos cinco anos de idade) e escores z de tamanho do recém-nascido foram incluídos nos modelos. RESULTADOS: Os coeficientes de autocorrelação foram significantes e tiveram magnitude semelhante ao longo da distribuição dos índices antropométricos aos cinco anos de idade (HAZ, quantil 50: 0,23, IC95%: 0,11 a 0,35; WAZ, quantil 50: 0,31, IC95%: 0,19 a 0,43). Maior estabilidade do estado nutricional foi observada entre dois e cinco anos, com coeficientes acima de 0,82. Autocorrelação significantemente maior do crescimento linear foi observada entre as crianças de domicílios mais ricos, tanto ao nascer, nos limites inferiores da distribuição HAZ (quantil 25: 0,30, IC95%: 0,13 a 0,56) e durante a infância, em toda a distribuição HAZ aos cinco anos. Para o ganho de peso, observou-se uma autocorrelação mais forte nos limites superiores da distribuição do WAZ aos cinco anos de idade entre as crianças de domicílios mais ricos ao nascer (quantil 75: 0,59, IC95%: 0,35 a 0,83) e durante a infância (quantil 75: 0,54, IC95%: 0,15 a 0,93). CONCLUSÃO: Houve autocorrelação significante de HAZ e WAZ desde o nascimento, com indicação de substancial estabilidade do estado nutricional entre os dois e cinco anos de idade. A autocorrelação diferencial de acordo com a riqueza domiciliar deve ser considerada para o planejamento de intervenções precoces para prevenir a má nutrição.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT OBJECTIVE: To investigate birth-to-childhood tracking of linear growth and weight gain across the distribution of length/height and weight for age z-scores and according to household wealth. METHODS: Data from 614 children from the MINA-Brazil Study with repeated anthropometric measurements at birth and up to age five years were used. Z-scores were calculated for length/height (HAZ) and weight (WAZ) according to international standards. Birth-to-childhood tracking was separately estimated using quantile regression models for HAZ and WAZ, extracting coefficients and 95% confidence intervals (95%CI) at the 25th, 50th, and 75th quantiles. In a subgroup analysis, we estimated tracking between birth and age two years, and between ages two and five years. To investigate disparities in tracking, interaction terms between household wealth indexes (at birth and age five years) and newborn size z-scores were included in the models. RESULTS: Tracking coefficients were significant and had similar magnitude across the distribution of anthropometric indices at age five years (HAZ, 50th quantile: 0.23, 95%CI: 0.11 to 0.35; WAZ, 50th quantile: 0.31, 95%CI: 0.19 to 0.43). Greater tracking was observed between ages two and five years, with coefficients above 0.82. Significantly higher tracking of linear growth was observed among children from wealthier households, both at birth, at the lower bounds of HAZ distribution (25th quantile: 0.30, 95%CI: 0.13 to 0.56), and during childhood, in the entire HAZ distribution at five years. For weight gain, stronger tracking was observed at the upper bounds of WAZ distribution at age five years among children from wealthier households at birth (75th quantile: 0.59, 95%CI: 0.35 to 0.83) and during childhood (75th quantile: 0.54, 95%CI: 0.15 to 0.93). CONCLUSION: There was significant tracking of HAZ and WAZ since birth, with indication of substantial stability of nutritional status between ages two and five years. Differential tracking according to household wealth should be considered for planning early interventions for preventing malnutrition.
  • MINA-Brasil – uma coorte de nascimentos para estudar a saúde e a nutrição na Amazônia

    Domene, Semíramis Martins Álvares; Cardoso, Marly Augusto
  • Depressão materna e saúde mental infantil aos cinco anos de idade: Estudo de coorte MINA-Brasil Original Articles

    Matijasevich, Alicia; Faisal-Cury, Alexandre; Giacomini, Isabel; Rodrigues, Julia de Souza; Castro, Marcia C.; Cardoso, Marly A.

    Resumo em Português:

    RESUMO OBJETIVO: Identificar padrões longitudinais de depressão materna entre três meses e cinco anos após o nascimento de seus filhos, analisar variáveis preditoras dessas trajetórias e avaliar se trajetórias distintas de depressão predizem problemas de saúde mental infantil aos cinco anos de idade. MÉTODOS: Utilizou-se dados do estudo sobre saúde e nutrição materno infantil no Acre (MINA-Brasil), uma coorte de nascimentos de base populacional na Amazônia ocidental brasileira. Os sintomas depressivos maternos foram avaliados pela Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS) aos 3 e 6–8 meses e 1 e 2 anos após o parto. Problemas de saúde mental em crianças com cinco anos de idade foram avaliados pelo Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ– Strengths and Difficulties Questionnaire), respondido pelos pais. As trajetórias de depressão materna foram calculadas usando uma abordagem de modelagem baseada em grupos. RESULTADOS: Foram identificadas quatro trajetórias de sintomas depressivos maternos: "baixa" (67,1%), "crescente" (11,5%), "decrescente" (17,4%) e "alta-crônica" (4,0%). As mulheres na trajetória "alta/crônica" eram mais pobres, menos escolarizadas, mais velhas e multíparas e relataram tabagismo com maior frequência e menor número de consultas de pré-natal durante a gestação do que as demais. Nas análises ajustadas, a razão de chances de qualquer transtorno do SDQ foi 3,23 (IC95%:2,00–5,22) e 2,87 (IC95%: 1,09–7,57) vezes maior entre os filhos de mães nos grupos de trajetória "crescente" e "alta-crônica", respectivamente, do que de mães do grupo de sintomas depressivos "baixos". As características maternas e infantis incluídas nas análises multivariadas foram incapazes de explicar essas diferenças. CONCLUSÕES: Identificou-se piores desfechos de saúde mental para filhos de mães atribuídas às trajetórias "crônica/grave" e "crescente" de sintomas depressivos. Iniciativas de prevenção e tratamento para evitar os efeitos adversos a curto, médio e longo prazo da depressão materna sobre o desenvolvimento de seus filhos devem se concentrar principalmente nas mulheres nesses grupos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT OBJECTIVE: To identify longitudinal patterns of maternal depression between three months and five years after child's birth, to examine predictor variables for these trajectories, and to evaluate whether distinct depression trajectories predict offspring mental health problems at age 5 years. METHODS: We used data from the Maternal and Child Health and Nutrition in Acre (MINA-Brazil) study, a population-based birth cohort in the Western Brazilian Amazon. Maternal depressive symptoms were assessed with the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS) at 3 and 6–8 months, and 1 and 2 years after delivery. Mental health problems in 5-year-old children were evaluated with the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) reported by parents. Trajectories of maternal depression were calculated using a group-based modelling approach. RESULTS: We identified four trajectories of maternal depressive symptoms: "low" (67.1%), "increasing" (11.5%), "decreasing" (17.4%), and "high-chronic" (4.0%). Women in the "high/chronic" trajectory were the poorest, least educated, and oldest compared with women in the other trajectory groups. Also, they were more frequently multiparous and reported smoking and having attended fewer prenatal consultations during pregnancy. In the adjusted analyses, the odds ratio of any SDQ disorder was 3.23 (95%CI: 2.00–5.22) and 2.87 (95%CI: 1.09–7.57) times higher among children of mothers belonging to the "increasing" and "high-chronic" trajectory groups, respectively, compared with those of mothers in the "low" depressive symptoms group. These differences were not explained by maternal and child characteristics included in multivariate analyses. CONCLUSIONS: We identified poorer mental health outcomes for children of mothers assigned to the "chronic/severe" and "increasing" depressive symptoms trajectories. Prevention and treatment initiatives to avoid the adverse short, medium, and long-term effects of maternal depression on offspring development should focus on women belonging to these groups.
  • Prevalência e preditores de anemia na infância no estudo de coorte de nascimentos MINA-Brasil Original Articles

    Cardoso, Marly A; Lourenço, Bárbara H.; Matijasevich, Alicia; Castro, Marcia C; Ferreira, Marcelo U

    Resumo em Português:

    RESUMO OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi descrever a prevalência e os preditores de anemia na infância em um estudo de coorte de nascimentos de base populacional amazônica. MÉTODOS: Estimou-se a prevalência de anemia materna no parto (concentração de hemoglobina [Hb] < 110 g/L) em mulheres participantes do estudo de coorte de nascimentos MINA-Brasil e em seus filhos, examinados nas idades um, dois (Hb < 110 g/L) e cinco anos (Hb < 115 g/L). Além disso, as concentrações de ferritina, receptor solúvel de transferrina e proteína C reativa foram medidas em mães no parto e em seus filhos de 1 e 2 anos de idade para estimar a prevalência de deficiência de ferro e sua contribuição para anemia, ajustando para potenciais fatores de confusão por análise de regressão múltipla de Poisson (risco relativo ajustado [RRa]). RESULTADOS: As prevalências com intervalo de confiança (IC) de 95% de anemia materna, deficiência de ferro e anemia ferropriva no parto foram de 17,3% (14,0–21,0%), 42,6% (38,0–47,2%) e 8,7% (6,3–11,6%), respectivamente (n = 462). No primeiro ano de idade (n = 646), 42,2% (38,7–45,8%) das crianças estudadas eram anêmicas, 38,4% (34,6–42,3%) eram deficientes em ferro e 26,3 (23,0–29,9%) tinham anemia ferropriva. Aos dois anos de idade (n = 761), esses valores diminuíram para 12,8% (10,6–15,2%), 18,1% (15,5–21,1%) e 4,1% (2,8–5,7%), respectivamente; aos cinco anos de idade (n = 655), 5,2% (3,6–7,2%) eram anêmicos. A deficiência de ferro (RRa = 2,19, IC95%: 1,84–2,60) e consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) (RRa = 1,56, IC95%: 1,14–2,13) foram contribuintes significantes para anemia no 1° ano de idade, após ajuste para escolaridade materna. Aos 2 anos, a anemia associou-se significativamente à anemia materna no parto (RRa = 1,67; IC95%: 1,17–2,39), malária desde o nascimento (2,25; 1,30–3,87) e deficiência de ferro (2,15; 1,47–3,15), após ajuste para idade das crianças e índice de riqueza familiar. CONCLUSÕES: A anemia continua sendo altamente prevalente durante a gravidez e a primeira infância na Amazônia. Políticas públicas de saúde devem abordar a deficiência de ferro, o consumo de AUP, a anemia materna e a malária para prevenir e tratar a anemia em crianças amazônicas.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT OBJECTIVE: This study aimed to describe the prevalence and predictors of childhood anemia in an Amazonian population-based birth cohort study. METHODS: Prevalence of maternal anemia was estimated at delivery (hemoglobin [Hb] concentration < 110 g/L) in women participating in the MINA-Brazil birth cohort study and in their children, examined at ages one, two (Hb < 110 g/L), and five (Hb < 115 g/L). Moreover, ferritin, soluble transferrin receptor, and C-reactive protein concentrations were measured in mothers at delivery and in their 1- and 2-year-old children to estimate the prevalence of iron deficiency and its contribution to anemia, while adjusting for potential confounders by multiple Poisson regression analysis (adjusted relative risk [RRa]). RESULTS: The prevalence 95% confidence interval (CI) of maternal anemia, iron deficiency, and iron-deficiency anemia at delivery were 17.3% (14.0–21.0%), 42.6% (38.0–47.2%), and 8.7% (6.3–11.6)%, respectively (n = 462). At one year of age (n = 646), 42.2% (38.7–45.8%) of the study children were anemic, 38.4% (34.6–42.3%) were iron-deficient, and 26.3 (23.0–29.9) had iron-deficiency anemia. At two years of age (n = 761), these values decreased to 12.8% (10.6–15.2%), 18.1% (15.5–21.1%), and 4.1% (2.8–5.7%), respectively; at five years of age (n = 655), 5.2% (3.6–7.2%) were anemic. Iron deficiency (RRa = 2.19; 95%CI: 1.84–2.60) and consumption of ultra-processed foods (UPF) (RRa = 1.56; 95%CI: 1.14–2.13) were significant contributors to anemia at 1 year, after adjusting for maternal schooling. At 2 years, anemia was significantly associated with maternal anemia at delivery (RRa: 1.67; 95%CI: 1.17–2.39), malaria since birth (2.25; 1.30–3.87), and iron deficiency (2.15; 1.47–3.15), after adjusting for children's age and household wealth index. CONCLUSIONS: Anemia continues to be highly prevalent during pregnancy and early childhood in the Amazon. Public health policies should address iron deficiency, UPF intake, maternal anemia, and malaria to prevent and treat anemia in Amazonian children.
  • Consistência interna do Questionário de Capacidades e Dificuldades em crianças amazônicas Original Articles

    Giacomini, Isabel; Martins, Maria Rosário O.; Matijasevich, Alicia; Cardoso, Marly A.

    Resumo em Português:

    RESUMO OBJETIVO: Descrever a frequência de problemas de comportamento e a consistência interna da versão para os pais do Questionário de Capacidades e Dificuldades (SDQ-P) em crianças pré-escolares da Amazônia durante a pandemia de covid-19. MÉTODOS: Foram utilizados dados do estudo de saúde e nutrição Materno-Infantil no Acre (MINA-Brasil), uma coorte de nascimentos de base populacional na Amazônia Ocidental Brasileira. O SDQ-P foi aplicado aos pais e cuidadores em 2021 na visita de acompanhamento de cinco anos de 695 crianças (49,4% das quais eram meninas). Esse instrumento é um breve questionário de rastreamento comportamental composto por 25 itens reorganizados em cinco subescalas: sintomas emocionais, problemas de conduta, hiperatividade/desatenção, problemas de relacionamento com colegas e comportamento pró-social. Os casos de problemas de comportamento foram definidos de acordo com os pontos de corte originais do SDQ, baseados nas normas do Reino Unido. Além disso, os pontos de corte foram estimados com base nos percentis dos resultados do SDQ-P da amostra do nosso estudo. A consistência interna foi avaliada pelo cálculo do coeficiente alfa de Cronbach e ômega de McDonald para cada escala. RESULTADOS: De acordo com os pontos de corte baseados na distribuição da população estudada, 10% de todas as crianças apresentaram escores totais de dificuldade elevados ou muito elevados, o que quase dobrou quando os pontos de corte originais do SDQ, baseados nas normas do Reino Unido, foram utilizados (18%). Este estudo também encontrou diferenças nas demais escalas. Comparados às meninas, os meninos apresentaram maiores médias de problemas de externalização e menores médias de comportamento pró-social. O modelo de cinco fatores apresentou consistência interna dos itens moderada para todas as escalas (0,60 ≤ α ≤ 0,40), exceto para a escala de pontuação total de dificuldades, a qual foi considerada substancial (α > 0,61). CONCLUSÕES: Nossos resultados apoiam a utilidade do SDQ em nossa população de estudo e reforçam a necessidade de estratégias e desenvolvimento de políticas para o cuidado em saúde mental no início da vida na Amazônia.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT OBJECTIVE: To describe the frequency of behavioral problems and the internal consistency of the parent version of the Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ-P) in Amazonian preschool children during the covid-19 pandemic. METHODS: Data from the Maternal and Child Health and Nutrition in Acre (MINA-Brazil) study, a population-based birth cohort in the Western Brazilian Amazon, were used. The SDQ-P was applied in 2021 at the five-year follow-up visit to parents or caregivers of 695 children (49.4% of which were girls). This instrument is a short behavioral screening questionnaire composed of 25 items reorganized into five subscales: emotional symptoms, conduct problems, hyperactivity/inattention, peer relationship problems, and prosocial behavior. Cases of behavioral problems were defined according to the original SDQ cut-offs based on United Kingdom norms. Moreover, cut off points were estimated based on the SDQ-P percentile results of our study sample. Internal consistency was assessed by calculating Cronbach's alpha coefficient and McDonald's omega for each scale. RESULTS: According to the cut-offs based on our studied population distribution, 10% of all children had high or very high total difficulty scores, whereas it was almost twice when the original SDQ cut-offs based on United Kingdom norms, were applied (18%). Differences were also observed in the other scales. Compared to girls, boys showed higher means of externalizing problem and lower means of prosocial behavior. The five-factor model showed a moderate internal consistency of the items for all scales (0.60 ≤ α ≤ 0.40), except for total difficulty scores, which it considered substantial (α > 0.61). CONCLUSIONS: Our results support the usefulness of SDQ in our study population and reinforce the need for strategies and policy development for mental health care in early life in the Amazon.
  • Prevalência e preditores do aleitamento materno na coorte MINA-Brasil Original Articles

    Mosquera, Paola S.; Lourenço, Bárbara H.; Matijasevich, Alicia; Castro, Marcia C.; Cardoso, Marly A.

    Resumo em Português:

    RESUMO OBJETIVO: Descrever a prevalência e os fatores associados às práticas de aleitamento materno exclusivo (AME) e continuado (AM) entre crianças amazônicas. MÉTODOS: Foram utilizados dados de 1.143 pares mãe-filho registrados na coorte de nascimento Materno-Infantil no Acre (MINA-Brasil). As informações sobre AME e AM foram coletadas após o parto (julho de 2015–junho de 2016) e durante as consultas de acompanhamento com 1 e 6 meses pós-parto e com 1, 2 e 5 anos de idade. A análise longitudinal considerou a duração do AME e AM como desfechos. A probabilidade das práticas de aleitamento materno foi estimada pela análise de sobrevida de Kaplan-Meier. As associações entre as variáveis preditoras basais e os desfechos entre crianças nascidas a termo foram avaliadas por modelos de regressão de Cox estendidos. RESULTADOS: As frequências de AME (intervalo de confiança de 95% [IC95%]) aos 3 e 6 meses de idade foram de 33% (IC95%: 30,2–36,0) e 10,8% (IC95%: 8,9–12,9), respectivamente. A razão de risco ajustada para preditores de interrupção precoce do AME foi: ser primípara = 1,47 (IC95%: 1,19–1,80), alimentar recém-nascidos com pré-lácteos = 1,70 (IC95%: 1,23–2,36), usar chupeta na primeira semana de vida = 1,79 (IC95%: 1,44–2,23) e apresentar diarreia nas duas primeiras semanas de vida = 1,70 (IC95%: 1,15–2,52). A frequência do AM continuado foi de 67,9% (IC95%: 64,9–70,8), 29,3% (IC95%: 26,4–32,4) e 1,7% (IC95%: 0,9–2,8) aos 1, 2 e 5 anos de idade, respectivamente. A razão de risco ajustada para preditores de cessação precoce do AM foi: sexo masculino = 1,23 (IC95%: 1,01–1,49), uso de chupeta na primeira semana de vida = 4,66 (IC95%: 2,99–7,26) e AME menor que 3 meses = 2,76 (IC95%: 1,64–4,66). CONCLUSÕES: A duração do AME e do AM continuado entre crianças amazônicas é consideravelmente menor do que as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Preditores significativos das práticas de aleitamento materno devem ser considerados na avaliação das estratégias locais para alcançar práticas ideais de aleitamento materno.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT OBJECTIVE: To describe the prevalence and factors associated with exclusive (EBF) and continued breastfeeding (BF) practices among Amazonian children. METHODS: Data from 1,143 mother-child pairs recorded on the Maternal and Child Health and Nutrition in Acre (MINA-Brazil) birth cohort were used. Information on EBF and BF was collected after childbirth (July 2015–June 2016) and during the follow-up visits at 1 and 6 months postpartum, 1, 2, and 5 years of age. For longitudinal analysis, the outcomes were EBF and BF duration. Probability of breastfeeding practices were estimated by Kaplan-Meier survival analysis. Associations between baseline predictors variables and outcomes among children born at term were assessed by extended Cox regression models. RESULTS: EBF frequencies (95% confidence interval [95%CI]) at 3 and 6 months of age were 33% (95%CI: 30.2–36.0) and 10.8% (95%CI: 8.9–12.9), respectively. Adjusted hazard ratio for predictors of early EBF cessation were: being a first-time mother = 1.47 (95%CI: 1.19–1.80), feeding newborns with prelacteals = 1.70 (95%CI: 1.23–2.36), pacifier use in the first week of life = 1.79 (95%CI: 1.44–2.23) or diarrhea in the first two weeks of life = 1.70 (95%CI: 1.15–2.52). Continued BF frequency was 67.9% (95%CI: 64.9–70.8), 29.3% (95%CI: 26.4–32.4), and 1.7% (95%CI: 0.9–2.8) at 1, 2 and 5 years of age, respectively. Adjusted hazard ratio for predictors of early BF cessation were: male sex = 1.23 (95%CI: 1.01–1.49), pacifier use in the first week of life = 4.66 (95%CI: 2.99–7.26), and EBF less than 3 months = 2.76 (95%CI: 1.64–4.66). CONCLUSIONS: EBF and continued BF duration among Amazonian children is considerably shorter than recommendations from the World Health Organization. Significant predictors of breastfeeding practices should be considered for evaluating local strategies to achieve optimal breastfeeding practices.
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