Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar o conhecimento da população sobre DST/aids, bem como os discursos sobre o uso do preservativo e das práticas sexuais. MÉTODOS: Pesquisa qualitativa com 64 indivíduos jovens e adultos, brancos e negros, sexualmente ativos, de ambos os sexos. A vulnerabilidade ao HIV/aids foi discutida a partir da perspectiva racial (negros ou brancos), geracional (entre 16 e 24 anos ou 45 e mais) e de gênero (masculino ou feminino). Foram realizadas entrevistas em profundidade com roteiro semiestruturado nas cidades de São Paulo (SP) e Recife (PE), sobre os temas: conhecimento e percepção sobre DST/aids, percepção de risco individual, negociação e uso de preservativos, iniciação sexual e práticas sexuais. RESULTADOS: Os indivíduos menos escolarizados, os homens, os mais velhos e os moradores de Recife foram os menos informados sobre DST/aids. Pessoas acima de 45 anos e os menos escolarizados possuíam conhecimento incipiente sobre as formas de transmissão e prevenção das DST/aids. O uso do preservativo entre os entrevistados de ambas as cidades foi relativamente baixo; a não utilização do preservativo entre as mulheres em relação estável foi atribuída à negativa do parceiro. Entre os entrevistados que declararam usar o preservativo, o tipo de relação estabelecida e a fase do relacionamento resultaram em padrões de uso diversificados; o uso consistente do preservativo foi mais frequente nas parcerias eventuais. CONCLUSÕES: O conhecimento incipiente aliado à prática sexual insegura coloca mulheres unidas, de baixa escolaridade, menor renda, sobretudo acima dos 45 anos, e os residentes de Recife em situação de maior vulnerabilidade às DST/aids.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: The objective of this paper is to assess the level of knowledge and information held by the population about HIV/AIDS, and to analyze discourses about condom use and sexual practices. METHODS: Qualitative research with 64 young people and adults, black and white, sexually active men and women. Vulnerability to HIV/AIDS was discussed from the perspective of racial (black or white), generational (between 16 and 45 or 24 years or older) and gender (male or female). In-depth interviews were conducted with a semi-structured script in the cities of São Paulo (SP) and Recife (PE) on the following themes: knowledge and perception about STD/AIDS, perception of individual risk, negotiation and condom use, sexual initiation and practices. RESULTS: The least-educated, men, elders and residents of Recife were the least informed persons as regards to HIV/AIDS. People over 45 years and the less educated had incipient knowledge about transmission and prevention of STD/AIDS. Condom use among respondents in both cities was relatively low, non-use of condoms among women in stable relationship was attributed to partner's refusal to using it. Among respondents who reported using condoms, the type of relationship established and the phase of the relationship resulted in varied patterns of use; the consistent use of condoms was more common in occasional partnerships. CONCLUSIONS: The incipient knowledge in association with unsafe sexual practice puts women in stable relationship, poorly educated, lower income, particularly above 45 years, and residents of Recife in a situation of greater vulnerability to STD/AIDS.Resumo em Português:
OBJETIVO: Delinear e comparar os perfis das mulheres brancas e negras entre 18 e 59 anos, residentes em Belo Horizonte e Recife, enfocando características sociodemográficas e de conhecimento, além de atitudes em relação ao HIV/aids. MÉTODOS: Os dados são oriundos da pesquisa amostral SRSR - Saúde Reprodutiva, Sexualidade e Raça/Cor, conduzida pelo Cedeplar/UFMG em 2002 e única desta natureza com representatividade municipal. O método utilizado foi o Grade of Membership (GoM), a partir do qual foram gerados quatro perfis extremos para cada município. RESULTADOS: Tanto em Belo Horizonte quanto em Recife, as mulheres com maior probabilidade de serem brancas são também aquelas com maior probabilidade de ter escolaridade mais elevada, possuir plano de saúde, ter tido parceiro estável no ano anterior à pesquisa e ter poder na relação sexual. Quanto às negras, apenas em Belo Horizonte elas têm maior probabilidade de serem de baixa escolaridade, não possuírem plano de saúde, além de se sentirem desempoderadas diante do parceiro sexual. CONCLUSÕES: A comparação dos perfis de brancas e negras em Belo Horizonte e Recife revela diferenças na vulnerabilidade dessas mulheres ao HIV/aids. As diferenças entre os dois grupos são mais evidentes em Belo Horizonte.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To delineate and compare profiles of white and "Black" (either Black or mixed) women, 18 to 59 years-old, residents of Belo Horizonte and Recife (Brazil), focusing on their knowledge and attitudes about HIV/AIDS, as well as their socio-demographic characteristics. METHODS: Data come from the survey SRSR (Reproductive Health, Sexuality, and Race/Skin Color), conducted by Cedeplar in 2002 and the only one of its kind with representativeness at the municipality (county) level. Grade of Membership (GoM) was used to generate four profiles of women for each county. RESULTS: In Belo Horizonte and Recife, women who are more likely to be White are also more likely to have better education, health insurance, a stable partner in the year before the survey, and more power in their sexual partnership. Regarding the "Black" women in Belo Horizonte, they are more likely to have low education, no health insurance, and less power with their sexual partners. CONCLUSIONS: The comparison among the profiles of White and "Black" women in Belo Horizonte and Recife points to differences regarding their vulnerability to HIV/AIDS. The differences between the two racial groups are more evident in Belo Horizonte.Resumo em Português:
Este estudo teve como objetivo investigar a vulnerabilidade de adolescentes brancos e afrodescendentes em relação ao HIV/aids. Para isso, investigaram-se as características socioeconômicas dos participantes e seus relacionamentos amorosos e sexuais, comportamentos de risco e prevenção, conhecimento sobre HIV/aids e atitudes frente ao uso de preservativo. O estudo foi realizado em regiões periféricas das cidades de Florianópolis, Itajaí e Balneário Camboriú e consistiu em duas etapas. A primeira foi qualitativa, na qual se utilizou entrevistas não diretivas com 36 estudantes de Ensino Médio, divididos igualitariamente por sexo e raça/cor. A segunda consistiu em um levantamento de dados com 715 adolescentes sobre relações afetivas e sexuais, condutas de risco e de proteção, conhecimento sobre HIV/aids e atitudes frente ao uso de preservativo. Observou-se que o nível sociocultural desfavorável associou-se aos afrodescendentes, enquanto o nível médio associou-se aos brancos. O conhecimento sobre aids e as atitudes frente ao uso do preservativo correlacionaram-se significativamente. Os afrodescendentes iniciam-se sexualmente mais cedo e têm mais relações amorosas esporádicas ("ficar"), porém os adolescentes brancos mantêm mais relações sexuais. Além disso, os adolescentes brancos usam menos preservativo em contexto de múltiplos parceiros e em relacionamento de namoro do que os afrodescendentes. Os resultados mostraram que, de forma geral, a maioria dos adolescentes estão vulneráveis ao HIV/aids, em função do baixo índice de conhecimento da doença, das práticas de risco, da importante presença do sexo desprotegido e de sua associação com as relações amorosas, como o namoro.Resumo em Inglês:
The present study aimed at investigating the vulnerability of white and African-descending adolescents towards HIV/AIDS. The socio-economic characteristics of participants, their romantic and sexual relationships, risk and prevention behaviors, knowledge on HIV/AIDS and attitudes towards condoms were studied for that purpose. The study was conducted in the outskirts of the cities of Florianópolis, Itajaí and Balneário Camboriú and consisted of two parts. The first one was qualitative, in which non-directive interviews with 36 secondary school students equally divided by sex and race/color were employed. The second part consisted of a survey with 715 adolescents about affective and sexual relationships, risk and protection behavior, knowledge on HIV/AIDS and attitudes towards condoms. It was observed that the unfavorable socio-cultural level was associated with the African-descending participants, while the intermediate level was linked to the whites. Knowledge on AIDS and attitudes towards condom use were significantly correlated. The African-descending begin sexual life earlier and have more episodic romantic relations ("making out"), but white adolescents have more sexual relations. Moreover white adolescents use less condoms in multiple-partner contexts and in dating relationships than the African-descending. Results indicate that in general most adolescents are vulnerable to HIV/AIDS, as a function of the low level of knowledge about the illness, risk practices, the important presence of unprotected sex and its association with romantic relationships, like dating.Resumo em Português:
OBJETIVO: verificar a vulnerabilidade ao HIV/aids de adolescentes femininas moradoras de favelas da cidade do Rio de Janeiro. MÉTODO: foi utilizada uma combinação de métodos, quantitativo e qualitativo. Na etapa quantitativa, realizou-se um estudo observacional de corte transversal por meio de entrevistas e exames clínico/laboratoriais para diagnóstico de DST, e, na qualitativa, desenvolveram-se grupos focais sobre os temas sexualidade, gênero e raça. RESULTADOS: foram entrevistadas 816 adolescentes de 10 diferentes comunidades, com um grupo focal em cada favela: 74% eram negras, 39% eram sexualmente ativas e destas 24,4% eram portadoras de DST. Houve uma relação estatisticamente significativa entre a variável raça/cor negra e a atividade sexual. Na fase qualitativa, evidenciou-se que a discriminação racial sofrida é cotidiana e contribui para a construção de autoimagem negativa que aliada a pobreza, violência de gênero e dificuldade de acesso aos serviços de saúde ampliam a vulnerabilidade às DST/aids. CONCLUSÃO: o estudo sugere a criação de políticas que proporcionem o aumento da oferta de serviços de atendimento ginecológico a esse público, com ações que favoreçam a utilização de preservativo feminino e contribuam para reduzir a desigualdade social, de gênero e de raça.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To verify the vulnerability to HIV/AIDS of female adolescents that live in poor communities of the city of Rio de Janeiro. METHODS: It was carried out with quantitative and qualitative analyses. The quantitative phase was a cross-sectional study, through interviews of 816 adolescents and clinical/laboratory tests in ten different slums, and the qualitative phase was done on one focus group about sexuality of gender and race in each community. RESULTS: 74% of the adolescents were black, 39% had sexual activity and 24.4% of those had STD. A statistical significant association occurred between the black color/race and sexual activity. In the qualitative stage, it became evident that racial discrimination occurs every day and contribute to a negative self-concept. This, in addition to poverty, violence based in gender and bad access to health services, creates a vulnerability context to STD/AIDS. CONCLUSION: This study suggests policies that offer more gynecologic services to this public, with actions that favor the use of feminine condom and contribute to the reduction of social, gender, and race inequality.Resumo em Português:
Trata-se de estudo de base quantitativa que teve como objetivo central analisar componentes socioculturais e comportamentais relacionados ao processo de vulnerabilização ao HIV/aids a partir da percepção de mulheres negras na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Para tal, foram entrevistadas 1.464 mulheres negras dos diferentes municípios que compõem essa região. Os principais determinantes que marcaram com maior intensidade a vulnerabilidade dessas mulheres associaram-se aos seguintes fatores: baixa escolaridade, renda e, consequentemente, acesso a bens e serviços, baixo índice de uso sistemático do preservativo e percepções de gênero, que reforçam a menor autonomia feminina na tomada de decisões protetoras.Resumo em Inglês:
This quantitative study aimed at analyzing social, cultural and behavioral components related to HIV vulnerability from perception of black women who live on a specific region of Rio de Janeiro - the highland area. For that, 1,464 black women from different towns of this region were interviewed. The main components that influenced vulnerability of these women could be associated to some factors, like: poor schooling, poverty, and consequently a difficulty to access property and services, low rates of using condom appropriately and some gender perceptions that reinforce women's autonomy on protection decisions is very short.Resumo em Português:
O curso clínico da infecção pelo HIV é determinado por complexas interações entre características virais e o hospedeiro. Variações no hospedeiro, a exemplo das mutações CCR5Δ32 e CCR264I, são importantes para a vulnerabilidade e progressão do HIV/aids. Atualmente, observa-se um aumento do número de casos da infecção entre os segmentos da sociedade com menor nível de escolaridade e pior condição socioeconômica. Com o objetivo de estimar a ancestralidade e verificar a sua associação com renda, escolaridade vulnerabilidade e progressão ao HIV/aids foram analisados 517 indivíduos infectados pelo HIV-1, sendo 289 homens e 224 mulheres. Os pacientes foram classificados segundo a ancestralidade genômica avaliada por 10 AIMs e pela vulnerabilidade e progressão ao HIV/aids através das mutações CCR5Δ32 e CCR264I. Os indivíduos infectados pelo HIV-1 apresentaram contribuição africana de 47%. As mutações CCR5Δ32 e CCR264I foram mais frequentes nos indivíduos brancos (3%) e negros (18%) respectivamente, e essas mutações mostraram frequência mais elevada nos tipicamente progressores (TP), quando comparados com os rapidamente progressores (RP) para aids. Não foi encontrada associação entre ancestralidade e vulnerabilidade ao HIV na análise para o grau de instrução. A pauperização da infecção pelo HIV-1 nessa população foi confirmada pela relação inversa entre renda e ancestralidade africana, pois quanto menor a renda maior a ancestralidade africana. Os resultados deste estudo sugerem associação entre as condições socioeconômicas e vulnerabilidade ao HIV/aids da população afrodescendente.Resumo em Inglês:
The clinical course of HIV infection is determined by complex/ interactions between viral and host's characteristics./ Host variations, such as CCR5δ32 and CCR264I mutations, are important/ to vulnerability and progression of HIV/AIDS./ Currently, the number of cases among patients with lower educational level and lower social and economic status is/ increasing./ Aiming to/ estimate the ancestry and verify its association with income,/ education, vulnerability and progression of HIV/AIDS, 517 individuals infected with HIV-1 were studied (55.9% men and 43.3% women). The/ patients were/ classified according to/ genomic ancestry evaluated by 10 AIMs and by vulnerability and/ progression of HIV/AIDS through CCR5δ32 and CCR264I mutations./ The/ individuals infected with HIV-1 showed 47% of African contribution./ CCR5δ32 and CCR264I mutations were more frequent in white/ (3%) and black (18%) individuals, respectively, and these same mutations/ showed higher frequency in the typically progressive HIV-infected individuals (TP), when compared to the rapidly progressive (RP)./ There was no association between ancestry and/ vulnerability to HIV in the analysis of level of education./ The pauperization of the HIV-1 infection in this population was confirmed by/ the inverse relationship between income and African ancestry, because the lower/ the income, the greater the African ancestry./ The results suggest that there is an association between socioeconomic status and vulnerability to HIV/AIDS in the Afro-descendant population.Resumo em Português:
O acesso aos serviços de saúde é um direito constitucional. Entende-se como acesso a capacidade de obtenção de cuidados de saúde, quando necessário, de modo fácil e conveniente. Entre os desafios para a gestão em saúde, encontram-se as desigualdades de acesso como um dos principais problemas. As diferenças marcantes nas taxas de utilização dos serviços de saúde apontam as graves desigualdades de acesso refletindo as desigualdades sociais. Este artigo tem por objetivo discutir o acesso ao diagnóstico do HIV pela população negra do município do Rio de Janeiro. Para trabalhar com o objeto proposto, optamos pela metodologia qualitativa. A coleta de dados consistiu na realização de 62 entrevistas semiestruturadas, com pessoas que se autodeclararam pretas ou pardas e que procuraram os Centros de Testagem e Aconselhamento do Município do Rio de Janeiro para a realização do teste anti-HIV. A análise dos dados ocorreu baseada nos pressupostos do Discurso do Sujeito Coletivo. A maioria dos entrevistados não relatou dificuldades para o acesso ao teste anti-HIV. A barreira identificada foi a própria demanda reprimida nos CTA por conta de oferecimento limitado de testes devido a questões de insumo e recursos humanos. Não foi verificada nenhuma fala que demonstrasse discriminação com relação à cor/raça no contato com o serviço. Entre os fatores apontados como facilitadores do acesso ao teste foram: gratuidade do exame, indicação ou referência por profissionais ou serviço de saúde, acesso ao local de realização do teste, credibilidade do serviço, rapidez no atendimento e ausência de burocracia.Resumo em Inglês:
Access to health services is a constitutional right. Access is considered as the capacity to obtain health care when necessary, in an easy and convenient way. Challenges for health management include unequal access as one of the main problems. Clear differences in health service usage rates indicate severe access inequality and reflect social inequality. This research aims at discussing the black population's access to the HIV diagnosis in Rio de Janeiro city. The qualitative method was chosen. Data were collected through 62 semi-structured interviews with people who declared themselves black or mulatto and visited the Testing and Counseling Center (TCC) to take the HIV test. Data analysis was based on the premises of the Collective Subject Discourse. Most interviewees did not report any difficulties to get access to the HIV test. The repressed demand at the TCC was identified as a barrier, due to the limited test offer caused by material and human resource issues. No statement was found that demonstrated color/race discrimination during contact with the service. Factors appointed as facilitating test access included: free test, indication or referral by health professionals or service, access to the test site, service credibility, rapid care and absence of bureaucracy.Resumo em Português:
OBJETIVO: Analisar as formas de violência racial e de gênero e o comportamento das mulheres quilombolas diante das DST/aids em Comunidades Remanescentes de Quilombos em Alagoas. MÉTODOS: Abordagem qualitativa, a partir de 10 grupos focais, constituídos de 12 a 18 mulheres, com idade variável entre 16 a 55 anos, em que foram abordadas as temáticas gênero, racismo, violência doméstica, exame ginecológico preventivo, uso das Unidades Básicas de Saúde (USB) e do Programa Saúde da Família (PSF), doenças sexuais transmissíveis, parcerias sexuais, uso de camisinha, uso de drogas. O aporte teórico foi da fenomenologia de base existencialista proposta por Merleau-Ponty e o referencial foucaultiano. RESULTADOS: A análise dos depoimentos apontou que um acentuado contingente de mulheres padece de violência doméstica em níveis físico, sexual, psicológico, patrimonial e moral. Quanto ao racismo, as mulheres quilombolas disseram ser vítimas de preconceito racial, com expressões de subestimação, humilhação na rua, na escola, em festas, em atendimento em postos de saúde. Evidenciou-se um grau alto de vulnerabilidade à infecção por DST/aids e outros agravos, pela ausência de uma política de saúde mais efetiva e de um trabalho educativo nessas comunidades. CONCLUSÕES: Os dados obtidos revelaram as precárias condições de vida, as dificuldades de acesso aos serviços de saúde, a falta de prática preventiva para as doenças sexualmente transmissíveis. Faz-se necessária uma intervenção efetiva e perene dos organismos do Estado na área da educação, da saúde, visando à promoção da equidade, racial e de gênero e à saúde das mulheres quilombolas.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To analyze the forms of racial and gender violence, quilombola women's behavior regarding STD/AIDS, in Quilombos Remaining Communities in Alagoas. METHODS: Qualitative approach from 10 focus groups, comprising 12 to 18 women, with age ranging from 16 to 55, which permeated the themes of gender, racism, domestic violence, gynecological preventive exam, HBU (Health Base Unit)/FHP (Family Health Program) use, sexually transmitted diseases, sexual partnerships, condom use, drugs. The theoretical framework reference is based on phenomenology, proposed by existentialist Merleau-Ponty, and on the theoretical contribution of Foucault. RESULTS: The statements indicated that a strong contingent of women suffering from domestic violence in physical, sexual, psychological, and moral heritage. As for racism, the quilombola women expressed that they are victims of racial prejudice, with underestimating expressions, humiliations in the street, at school, at parties, in attendance at public health clinics. In the speech, it became clear that they are very vulnerable to infection of STD/AIDS and other health problems, lack of a more effective health policy and educational work in these communities. CONCLUSIONS: These data revealed the precarious living conditions of this population, poor access to health services, lack of preventive practice for sexually transmitted diseases. It is necessary a long-term effective intervention of the state agencies in education and health, aimed at promoting racial and gender equity of the Quilombola women and their health.Resumo em Português:
INTRODUÇÃO: A epidemia de aids atinge com maior intensidade os grupos mais vulneráveis. As tendências de interiorização, pauperização e feminização demonstram que a população negra se encontra em desvantagem social no que se refere à construção de respostas de enfrentamento. OBJETIVO: Descrever as condições de acesso da população negra ao diagnóstico e à assistência para DST, HIV/aids. MÉTODOS: Estudo transversal com 218 sujeitos maiores de 18 anos com vida sexual ativa em 11 comunidades quilombolas. RESULTADOS: 75% utilizam os serviços públicos na atenção básica. Antecedentes de sinais e sintomas de DST foram relatados por 10% dos entrevistados e a maioria procurou o serviço público de saúde. A testagem para HIV foi realizada por 22%. O serviço público não especializado foi utilizado por 73%. As mulheres que referiram sinais e sintomas de DST procuraram o serviço público e realizaram o teste para HIV com maior frequência que os homens. Houve uma maior percepção de dificuldades de atendimento, busca de assistência no serviço privado e testagem mais frequente entre os mais jovens. Pessoas negras perceberam maior dificuldade no atendimento, maior relato de sinais e sintomas de DST e maior frequência de automedicação quando comparadas às não negras. Contudo, a avaliação do serviço foi considerada ótima/boa por 45%. Entre pessoas não negras houve maior procura pelo serviço público. CONCLUSÃO: O estudo reafirma a necessidade de políticas públicas voltadas aos segmentos mais vulneráveis. É importante ressaltar a necessidade da capacitação das equipes do PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde) e PSF (Programa Saúde da Família) pela sua relevância na assistência dessas comunidades.Resumo em Inglês:
INTRODUCTION: The AIDS epidemic affects vulnerable groups with more intensity. Tendencies show that countryside territories, poor populations and female patients are vulnerable; thus, the black population find themselves in social disadvantage regarding the construction of coping responses. OBJECTIVES: To describe the black population's conditions of access to HIV/AIDS and STD diagnosis and assistance, and the use of healthcare services in such context. METHODS: Cross-sectional epidemiological study with a sample of 218 sexually active adults, living in 11 different quilombos (hiding places of runaway slaves) in Brazil. RESULTS: 75% said they use public primary care services. Previous symptoms of STD were reported by 10% of the interviewees, and most of them said they contacted the public healthcare service (70%). HIV testing was performed by 22% of the subjects. The public non-specialized healthcare service was used by 73% of the interviewees. Among the participants who reported previous symptons of STD, women went to the public healthcare service and performed the HIV testing with higher frequency than men. Young people had greater perception of assistance difficulties, and they also searched more for assistance in the private healthcare services and performed testing more frequently. Black people perceived greater difficulty in receiving assistance, reported previous symptoms of STD with higher frequency, and resorted to self-medication more often when compared to non-black individuals. However, service ratings were considered good/great by 45% of the participants. Non-black people claimed to seek for public services more frequently than the other subjects. CONCLUSION: The study highlights the necessity of public policies targeted at the most vulnerable segments of population. It is important to mention the need to train the medical teams of Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS - Health Community Agents Program) and Programa Saúde da Família (PSF - Family Health Program), due to their relevance in the assistance provided for these communities.Resumo em Português:
OBJETIVO: Apresentar a avaliação realizada sobre as possibilidades de integração entre as agendas do movimento negro e a prevenção das DST/aids. METODOLOGIA: Utilizou-se o instrumento qualitativo chamado de Panel Delphi, dada a sua flexibilidade de consultas. Foram cadastradas 135 entidades do movimento negro, tendo 41 delas aceitado a proposta de participar do painel de questões. O projeto foi extensivo aos sete municípios da região do ABC paulista, sendo que 32,8% do total da população da região é composta de pretos e pardos. RESULTADOS: O grupo de 41 entidades participantes propôs-se a atuar em ações de prevenção das DST/aids diretamente (agregando-as às suas atividades cotidianas), ou indiretamente (através de ações de controle social) e avaliou a necessidade de um entendimento sócio-histórico da vulnerabilidade da população negra, em relação não somente à prevenção de DTS/aids, mas também da saúde como um todo e da totalidade da vida: "[...] a história do negro é de desumanização, negação da condição de ser humano, que expõe os negros a qualquer doença. A informação fica sem credibilidade vinda dessa maneira. O negro precisa ser visto como ser pleno." (1.10.1). CONCLUSÕES: O racismo vivenciado tem impacto nas condições de acesso à saúde e tem se refletido na maior vulnerabilidade de homens e mulheres negros para a infecção de HIV. Os elementos de afirmação da identidade racial contribuem para a promoção da saúde da população negra. Ações conjuntas entre os serviços de saúde e o movimento social possibilitam condições de fortalecimento de uma política de enfrentamento das DST/aids entre as negras e os negros brasileiros.Resumo em Inglês:
OBJECTIVE: To present the integration possibility evaluation (between the agendas of the black movement with the themes of health, particularly in relation to prevention of STD/AIDS). METHODS: We used the qualitative instrument called the Delphi Panel, given its flexibility to consultations with stakeholders with different power resources. 135 were registered entities of the black movement: 41 of them agreed to participate in the panel of questions. The project was extended to seven cities in the ABC region, bringing together 655,886 inhabitants (browns and blacks), who represent 32.8% of the total population of the region. RESULTS: The group of 41 participating (grass-roots organizations) proposed to act in actions of prevention of STD/AIDS directly (by adding them to their daily activities) or indirectly (through actions of social control) and assessed the need to understand socio-history of the greater vulnerability of the black population, not only in relation to the prevention of STD/AIDS, but also of health as a whole and the totality of life: "[...] the history of black dehumanization is a denial of the condition to be human, which exposes blacks to any disease. The information is unreliable, if coming this way. Blacks must be seen as a whole. CONCLUSIONS: The racism is understood as something that precedes any other, it has an impact on the access to health and has been reflected in the greater vulnerability of black men and women to HIV infection. The elements of affirmation of racial identity contribute to promoting the health of black people. Joint actions between health services and social movements provide conditions to strengthen a policy of confronting STD/AIDS among black women and black men, all Brazilians.