Resumo em Espanhol:
RESUMEN El presente artículo hace una aproximación a las luchas de los pueblos indígenas en Colombia, particularmente aquellos pertenecientes al Consejo Regional Indígena del Cauca (Cric), por la materialización del derecho fundamental a la salud, a lo largo de cinco períodos históricos entre 1971 y 2019. Este artículo presenta las características de la disputa política con el Estado, la transformación contenciosa de la política de salud indígena, direccionada desde el estado, y de la política indígena de salud, promovida desde las luchas de los pueblos indígenas. Ambas políticasse expresan en enfoques, normas e instituciones en un contexto de violencia, discriminación y racismo; en la permanente tensión entre un Sistema General de Seguridad Social en Salud (SGSSS) oficial, con una lógica de mercado y rentabilidad económica, y un Sistema de Salud Indígena, Propio e Intercultural (Sispi) de carácter colectivo y público, que desafía las asimetrías de poderes y saberes entre el modelo hegemónico de desarrollo, la medicina occidental y democracia restringida, orientado hacia el buen vivir, la sabiduría ancestral y la acción política colectiva basada en la ley de origen, el derecho mayor y el derecho propio de los pueblos indígenas.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This article provides an approximation to the struggles of indigenous peoples in Colombia for the materialization of the fundamental right to health. The study emphasizes the case of the Regional Indigenous Cauca´s Council (Cric). It reviews five historical periods between 1971 and 2019. While doing so, the paper presents the characteristics of the political dispute between Cric and the State, the contentious transformation of the indigenous health policy, and the indigenous health policy expressed in approaches, norms, and institutions in a context of violence, discrimination, and racism. It highlights the permanent tension between a General System of Social Security (SGSSS), embodying the logic of a market and economic profit ability and an indigenous Health System Integrating Own and Intercultural (Sispi) of collective and public nature that challenges the asymmetries of power and knowledge among the hegemonic model of development, western medicine, and restricted democracy. In contrast to this latter, the indigenous health system is one oriented towards the good living, the ancestral wisdom, and the collective political action based on the law of origin, the greater right and the own right of the indigenous peoples.Resumo em Português:
RESUMO Durante as últimas três décadas, os sistemas de saúde têm estado sob pressão para se adaptarem a um mundo neoliberal e incorporarem princípios de mercado. A introdução de instrumentos de mercado, o aumento da concorrência entre os prestadores de cuidados de saúde, a introdução de prestação de cuidados de saúde do sector privado com financiamento público através de sistemas de financiamento de seguros de saúde para substituir o fornecimento público de cuidados de saúde, a promoção da responsabilidade individual pela saúde e, finalmente, a introdução de relações de mercado através da privatização, desregulamentação e descentralização dos cuidados de saúde têm sido alguns elementos comuns vistos a nível global. Estas reformas, empreendidas sob o pretexto de aumentar a eficiência e a qualidade através da concorrência e da escolha, prejudicaram de facto a saúde física, emocional e mental das comunidades em todo o mundo e também contribuíram para um aumento significativo das desigualdades na saúde e no acesso aos cuidados de saúde. Elas enfraqueceram os sistemas públicos de saúde dos países e levaram à comercialização dos cuidados de saúde. Este artigo apresenta três estudos de caso de resistência à comercialização dos cuidados de saúde, pelo Movimento pela Saúde dos Povos (MSP) e redes associadas. Visa contribuir para a compreensão da forma como as reformas neoliberais, incluindo as impostas pelos programas de ajustamento estrutural e algumas promovidas no âmbito do paradigma da Cobertura Universal da Saúde (CUS), tiveram impacto nos sistemas de saúde dos países e no acesso das pessoas aos cuidados de saúde, e tirar lições da resistência contra estas reformas.Resumo em Inglês:
ABSTRACT For the last three decades, healthcare systems have been under pressure to adapt to a neoliberal world and incorporate market principles. The introduction of market-based instruments, increasing competition among health care providers, introducing publicly -funded private sector provisioning of healthcare through health insurance financing systems to replace public provisioning of health care, promoting individual responsibility for health and finally, the introduction of market relations through privatization, deregulation and decentralization of health care have been some common elements seen globally. These reforms, undertaken under the guise of increasing efficiency and quality through competition and choice, have in fact harmed the physical, emotional and mental health of communities around the world and also contributed to a significant rise in inequities in health and healthcare access. They have weakened the public healthcare systems of countries and led to commercialization of healthcare. This article presents three case studies of resistance, to the commercialization of health care, by the People’s Health Movement (PHM) and associated networks. It aims to contribute to the understanding of the way neoliberal reforms, including those imposed under structural adjustment programmes and some promoted under the Universal Health Coverage (UHC) paradigm, have impacted country-level health systems and access of people to health care, and bring out lessons from the resistance against these reforms.Resumo em Português:
RESUMO Os recursos naturais são essenciais para a saúde e são bens comuns globais. Reconhecer os danos devastadores causados pelo extrativismo à saúde e ao meio ambiente, bem como a erosão da soberania de nossos governos, que cada vez mais têm subordinado a saúde das pessoas ao interesse do lucro e do desenvolvimento, é importante para enquadrar nossa resistência. Nossas comunidades sofrem deslocamentos crescentes, a perda de serviços sociais, de terra, água e meios de subsistência, militarização aumentada, violência e repressão e aumento da incidência de doenças transmissíveis e problemas de saúde resultantes da exposição a substâncias tóxicas. Tudo isso está vinculado a um projeto extrativista impulsionado pelo capital financeiro global que promove um modelo de desenvolvimento insustentável e desigual que ameaça a saúde das pessoas e a saúde do planeta. É compatível com o direito à saúde financiar sistemas nacionais de saúde com receitas de atividades que destroem intrinsecamente a vida? Este ensaio retrata a inconsistência das políticas de desenvolvimento que financiam a saúde/direito à saúde com o extrativismo e descreve exemplos de resistência às indústrias extrativas ligadas ao Movimento pela Saúde dos Povos (Canadá, Turquia, Índia e Equador) em diferentes tipos de governo. Destaca-se a necessidade de fortalecer o vínculo entre o direito à saúde e a resistência antiextrativa.Resumo em Espanhol:
RESUMEN Los recursos naturales son bienes comunes a escala global esenciales para la salud. Reconocer la devastación que produce el extractivismo en la salud y el ambiente, así como la erosión de la soberanía de nuestros gobiernos que han cedido en favor del desarrollo y el lucro es importante para estructurar nuestras resistencias. Nuestras comunidades sufren un creciente desplazamiento, la pérdida de servicios sociales, tierras, agua, medios de subsistencia, militarización, violencia y represión. A la par vemos una mayor incidencia de enfermedades transmisibles y problemas de salud derivados de la exposición a sustancias tóxicas, todo ello vinculado a un proyecto extractivista impulsado por el capital financiero global que promueve un modelo de desarrollo insostenible e injusto, amenazando la salud de las personas y del planeta. ¿Es compatible con el derecho a la salud financiar los sistemas nacionales de salud con ingresos de actividades que destruyen la vida intrínsecamente? El ensayo reflexiona sobre la inconsistencia del modelo de desarrollo que financia el derecho a la salud con extractivismo y coloca historias de resistencia a las industrias extractivas ligadas al Movimiento para la Salud de los Pueblos (Canadá, Turquía, India, Ecuador) y en diferentes tipos de gobiernos. Destaca la necesidad de fortalecer el vínculo entre las luchas por el derecho a la salud y la resistencia contra el extractivismo.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Natural resources are essential to health and are global commons. Recognizing the devastating damage posed by extraction to health and the environment, as well as the erosion of the sovereignty of our governments that have increasingly conceded people’s health in the interest of profit and development, is important in framing our resistance. Our communities experience growing displacement, the loss of social services, of land, water and livelihood, heightened militarization, violence and repression, and increased incidence of communicable diseases and health problems resulting from exposure to toxics. All of these are linked to an extractivist project driven by global financial capital promoting an unsustainable and inequitable development model that threatens people’s health and the health of the planet. Is it compatible with the right to health to finance national health systems with revenues of activities that intrinsically destroy life? The essay portrays the inconsistency of development policies that fund health/right to health with extractivism and depicts examples of resistance to extractive industries tied to the People’s Health Movement (Canada,Turkey, India and Ecuador) in different types of governments. The need to strengthen the link between the right to health struggles and anti-extractive resistance is highlighted.Resumo em Português:
RESUMO A Itália foi um dos países participantes do projeto de pesquisa-ação multicêntrica do Movimento pela Saúde dos Povos (Peoples’s Health Movement), chamado ‘Engajamento da Sociedade Civil para a Saúde para Todos’ (Civil Society Engagement for Health for All). A equipe italiana, um coletivo chamado Grup-pa, realizou várias atividades participativas de pesquisa-ação, incluindo, em uma primeira fase, um mapeamento de grupos ativos em áreas ligadas à determinação social da saúde e à promoção da saúde, através de entrevistas individuais e coletivas. Em uma segunda fase, três oficinas públicas, estruturadas em torno do intercâmbio de práticas, focalizaram-se em temas-chave surgidos durante a primeira fase. Um importante construto originado deste trabalho, centrado em torno da co-construção do conhecimento experiencial do comum em saúde, foi denominado ‘práticas do comum em saúde’. O foco nas práticas não é meramente estratégico (produzir sinergias e alianças), mas inerentemente político (conceber a participação como um valor) e ligado à saúde e à manutenção da saúde (dos indivíduos; da comunidade). O conceito de ‘práticas do comum em saúde’ pretende tornar visível uma área de transformações contínuas em novos espaços criados pelos movimentos sociais e em ações mais tradicionais em defesa dos serviços públicos existentes, abordando a saúde como uma questão sociopolítica. Neste ensaio, esboça-se uma reflexão em torno de seis palavras-chave que lhe são centrais: comum, cuidado, tecnologia, eficácia, sustentabilidade, instituição.Resumo em Espanhol:
RESUMEN Italia fue uno de lo países que participó en el proyecto de investigación-acción multicentrico (Compromiso de la Sociedad Civil para la Salud para Todos) del People’s Health Movement (Movimiento para la Salud de los Pueblos). El grupo italiano, un colectivo llamado Grup-pa, llevó a cabo varias actividades de investigación-acción participativas incluyendo, en una primera fase, un mapeo de los grupos activos en ámbitos vinculados a la determinación social de la salud y la promoción de la salud, mediante entrevistas individuales y colectivas. En una segunda fase, se organizaron tres talleres públicos, estructurados alrededor del intercambio de prácticas, se centraron en temas clave surgidos en la primera fase. Un constructo importante originado en este trabajo, centrado en la co-construcción de los conocimientos experienciales sobre salud en común, ha sido denominado ‘prácticas de lo común en salud’. El enfoque en las prácticas no es meramente estratégico (para la producción de sinergias y alianzas), sino intrínsecamente político (concibiendo la participación como un valor) y conectado con la salud y el mantenerse saludable (sea individualmente que como comunidad). La construcción de ‘prácticas de lo común en salud’ pretende hacer visible un área de transformaciones que se están gestando en nuevos espacios creados por los movimientos y en acciones más tradicionales en defensa de los servicios públicos existentes, abordando la salud como una cuestión sociopolítica. En este ensayo, esbozamos la reflexión en torno a seis palabras clave que son centrales para ella: común, cuidado, tecnología, eficacia, sostenibilidad, institución.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Italy was a participating country in the People’s Health Movement multi-centred action-research project (Civil Society Engagement for Health for All). The Italian team, a collective named Grup-pa, undertook several participatory action-research activities including, in a first phase, a mapping of groups active in fields linked to the social determination of health and health promotion, through individual and collective interviews. In a second phase, three public workshops, structured around the exchange of practices, focused on key themes emerged from phase one. A major construct originated from this work, centred around the co-construction of experiential knowledge on health as a commons, has been named ‘health commons practices’. The focus on practices is not merely strategic (producing synergies and alliances), but inherently political (conceiving participation as a value) and connected to health and staying healthy (as individuals; as a community). The construct of ‘health commons practices’ is meant to make visible an area of ongoing transformations in new spaces created by movements and in more traditional actions in defence of existing public services, addressing health as a socio-political issue. In this essay, we sketch the reflection around six keywords that are central to it: commons, care, technology, efficacy, sustainability, institution.Resumo em Espanhol:
RESUMEN El Ministerio de Salud de El Salvador (Minsal) y el Movimiento para la Salud de los Pueblos (MSP) implementaron siete cursos dirigidos a personal de salud y líderes comunitarios comprometidos, o con deseos de serlo, en el ejercicio del derecho humano a la salud por la población, con apoyo de la Universidad Internacional para la Salud de los Pueblos (Uisp) durante el periodo 2011-2018 (gobierno del Frente Farabundo Marti para la Liberación Nacional - FMLN). Se formaron ocho generaciones incluyendo más de 300 personas, entre personal del Minsal, otras instituciones, líderes del Foro Nacional de Salud y líderes comunitarios latinoamericanos. El artículo comparte objetivos, metodología, proceso de organización e implementación, y resultados de esta experiencia. Se analiza el impacto del proceso de formación de equipos de salud y referentes de movimientos sociales, ejecutando un acuerdo-alianza entre Estado y Sociedad Civil. También se comparte el impacto en el fortalecimiento del sistema de salud salvadoreño y unos registros de las vivencias y sentipensares de algunos participantes. El articulo permite comprender las oportunidades que genera este tipo de alianza así como las dificultades encontradas y como se las superaron.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The Ministry of Health of El Salvador (Minsal) and the People’s Health Movement (PHM) implemented seven courses for health personnel and community leaders committed, or with the desire to be, in the exercise of the human right to health, with support from the International People’s Health University (IPHU) during the period 2011 - 2018 (government of the Farabundo Marti Liberation Front - FMLN). Eight generations were formed including more than 300 people, comprising Minsal staff, other institutions, leaders of the National Health Forum and Latin American community leaders. The article shares objectives, methodology, process of organization and implementation, and results of this experience. The impact of the process of formation of health teams and activists of social movements is analyzed, achieving an agreement-alliance between State and Civil Society. The impact on the strengthening of the Salvadoran health system and some records of the experiences and reflections (sentipensares) of some participants are also shared. The article allows us to understand the opportunities generated by this type of alliance as well as the difficulties encountered and how they were overcome.Resumo em Espanhol:
RESUMEN Se desarrolló una investigación en Colombia cuyo objetivo fue conocer el involucramiento de la sociedad civil en el trabajo por la salud para todos, en las siguientes dimensiones: construcción del movimiento por la salud en espacios locales y nacionales; campañas y abogacía; generación, diseminación y uso de conocimiento; entrenamiento y construcción de capacidades; y diálogo sobre las políticas e involucramiento de la sociedad civil en la gobernanza global. Fue una investigación cualitativa que contó con diferentes enfoques metodológicos y aplicación de métodos. Incluyó siete casos de experiencias del involucramiento de la sociedad civil en el logro de la salud para todos en espacios locales -urbanos y rurales- con comunidades indígenas, campesinas, LGTB, populares y trabajadoras. Los hallazgos permiten concluir que se da un enriquecido y heterogéneo panorama de involucramiento de procesos organizativos y movimientos sociales de la sociedad civil en la lucha por la salud para todos en el ámbito local, regional y nacional. Se identifican modos diversos de acción colectiva, según las condiciones de clase, género, étnicas, laborales y ciudadanas, que muestran variadas formas autóctonas de involucramiento de la sociedad civil, con sus propios elementos de actuación, resistencias y logros.Resumo em Inglês:
ABSTRACT An investigation was carried out in Colombia whose objective was to know the involvement of civil society in the struggle for health for all, in the following dimensions: construction of the movement for health in local and national spaces; campaigns and advocacy; generation, dissemination and use of knowledge; training and capacity building; and policy dialogue and the involvement of civil society in global governance.It was a qualitative investigation that had different methodological approaches and application of methods. It included seven cases of experiences of civil society involvement in achieving health for all in local spaces -urban and rural- with indigenous, peasant, LGTB, popular and working communities. The findings allow us to conclude that there is a rich and heterogeneous panorama of the involvement of organizational processes and social movements of civil society in the fight for health for all at the local, regional and national levels.Different modes of collective action were identified, according to the class, gender, ethnic, labor and citizenship conditions, which show various native forms of civil society involvement, with their own elements of action, resistance and achievements.Resumo em Português:
RESUMO O presente artigo tem como foco o desenvolvimento da intervenção construída no âmbito da pesquisa do Movimento pela Saúde dos Povos ‘Engajamento da Sociedade Civil para Saúde para Todos’, em uma escola estadual em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Por meio da experiência apresentada, objetiva-se discutir sobre as possibilidades e as dificuldades da inserção de um movimento social no espaço escolar, juntamente com outros atores do campo da saúde, para estimular a participação social. Trata-se de uma intervenção direcionada à população jovem, no ambiente escolar, unindo vários segmentos: escola, Unidade de Saúde da Família, conselho de saúde, movimento social e universidades. Tendo a proposta da sistematização de experiências como método, a experiência é descrita por meio da sequência de atividades realizadas, baseadas na concepção de Bem Viver, que cultiva o pertencimento e o respeito à natureza. A revitalização da floresta abandonada da escola foi o eixo condutor das ações. A experiência demonstrou, por um lado, a dificuldade de estimular a participação social vinculada ao controle social e de praticar ações com forte interface entre escola e serviço de saúde. Por outro lado, possibilitou experimentar formas não institucionalizadas de participação, baseadas no exercício constante da cidadania e nas ações solidárias.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This article focuses on the development of the intervention built within the research of the People’s Health Movement ‘Civil Society Engagement for Health for All’, in a public school in Porto Alegre, southern Brazil. Through this experience, it was aimed at discussing the possibilities and difficulties of the insertion of a social movement in the school environment, together with other actors in the health field, to stimulate social participation. This is an intervention directed at the youth, in the school environment, uniting several segments: school, Family Health Unit, health council, social movement and universities. Referenced on the proposal of the systematization of experiences as a method, the experience is described through the sequence of activities performed, based on the conception Buen Vivir, which cultivates belonging and respect for nature. The revitalization of the school’s abandoned forest was the guiding axis of the set of actions. This experience has shown, on the one hand, the difficulty of stimulating social participation linked to social control and of practicing actions with strong connection between school and health service. On the other hand, it made it possible to attempt non-institutionalized forms of participation, based on the constant exercise of citizenship and solidarity actions.Resumo em Português:
RESUMO Os movimentos sociais, elementos fundamentais na luta pela implementação e manutenção de sistemas de saúde universais e na defesa do direito à saúde para todos, têm sua atuação ampliada no contexto da crise econômica mundial. A globalização traz um desafio à sociedade civil, o de engajar atores na formulação de políticas cujo alcance vai além do âmbito local. Este trabalho analisa as possibilidades de influência da sociedade civil nos processos decisórios da governança global na Organização Mundial da Saúde (OMS), através da abordagem do Observatório da OMS (WHO Watch), iniciativa do Movimento pela Saúde dos Povos (MSP), que se propõe a estimular a democratização dos processos decisórios da OMS. Como subsídio para as reflexões, são utilizadas as experiências do WHO Watch em três ocasiões: a 67ª Assembleia Mundial de Saúde, a 53ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-americana da Saúde e a 136ª Reunião do Conselho Executivo da OMS. Conclui-se que os movimentos sociais trazem uma visão crítica sobre as discussões realizadas por esses órgãos intergovernamentais, promovendo a divulgação desses debates e de seus desdobramentos para além dos espaços governamentais.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Social movements, fundamental elements in the struggle for the implementation and maintenance of universal health systems and in the defence of the right to health for all, have been expanded in the context of the global economic crisis. Globalization brings a challenge to civil society, in engaging actors in formulating outreach policies that go beyond the local scope. This paper analyzes the possibilities of the influence of civil society over the decision-making processes of global governance in the World Health Organization (WHO), through the case of the WHO Watch, an initiative of the People’s Health Movement (PHM) to stimulate the democratization of WHO’s decision-making processes. The experiences of WHO Watch on three occasions are used as subsidy for reflection: the 67th World Health Assembly, the 53rd Meeting of the Directing Council of the Pan American Health Organization and the 136th Meeting of the WHO Executive Board. It is concluded that the social movements bring a critical view on the discussions carried out by these intergovernmental bodies, promoting the dissemination of these debates and their unfoldings beyond the governmental spaces.Resumo em Português:
RESUMO O entendimento de que os fatores motivadores das desigualdades são múltiplos e se cruzam é fundamental para a formulação e para a implementação de políticas de saúde. Uma análise de interseccionalidade revela essas relações e permite uma compreensão diferenciada de como as iniquidades em saúde são estruturadas e compreendidas. Usando estatísticas globais e outros exemplos, o artigo argumenta a importância de uma análise de interseccionalidade para desvendar o impacto desproporcional da desigualdade e as implicações para a saúde e a vida das pessoas que sofrem essas múltiplas discriminações. Essa abordagem desafia o pressuposto de homogeneidade e ajuda a visibilizar as realidades vividas. Alguns exemplos de atos de resistência são citados pelos autores que tentaram ampliar as vozes e o conhecimento daqueles cujas realidades são, de outro modo, invisibilizadas pelas iniquidades, políticas e discursos predominantes. A ‘marginalização’ da saúde implica, portanto, um entendimento interseccional da desigualdade, assim como em enfrentar e mudar as estruturas sociopolíticas predominantes.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The understanding that the drivers of inequities are multiple and intersecting is critical for health policy formulation and implementation. An intersectionality analysis reveals these relationships and allows a nuanced grasp of how health inequities are framed and understood. Using global statistics and other examples, the paper argues the significance of an intersectionality analysis in unravelling the disproportionate impact of inequity and the implications for the health and lives of persons experiencing these multiple discriminations. Attention to this, challenges the assumption of homogeneity and helps to visibilize lived realities. A few examples of acts of resistance are cited by the authors that have attempted to amplify the voices and knowledge of those whose realities are otherwise invisibilized by prevailing inequities, policies and discourses. ‘Marginalizing’ health thus implies an intersectional understanding of inequity as well as challenging and changing prevailing socio-political structures.Resumo em Português:
RESUMO Este texto foi escrito a partir de uma entrevista com a ativista do Movimento pela Saúde dos Povos (MSP), Anne Caroline Wihbey, Irmã da Congregação Notre Dame de Namur, norte-americana de ascendência libanesa, com reconhecida trajetória no desenvolvimento social no estado do Maranhão. Aos 95 anos, camarada e amante de todas as lutas por dignidade e justiça, mantém-se ativamente firme, com o ‘pé na estrada’. Entre viagens rodoviárias Belém/São Luís/Belém, atualmente, está empenhada em organizar o seu arquivo pessoal sobre a história do MSP, em geral, e do Maranhão, em particular. Depois disso, costuma dizer ‘que pode desaparecer’. Sempre envolvida no trabalho de educação popular, sobre os malefícios resultantes dos megaprojetos junto à vida da população, reitera afirmativamente que saúde e meio ambiente não são mercadorias. Avante na ação mobilizadora, a Irmã segue ciente de sua idade avançada, congregando esforço em aceitar seus limites com alegria e determinação. Este artigo é baseado em conversas com Irmã Anne, que abordaram sua história, sua vinda dos Estados Unidos para o Brasil e a sua vinculação ao MSP desde os primórdios, além de relatar o seu trabalho para cultivar o MSP no Brasil, passando pela experiência de formação de grupos em Nina Rodrigues e em São Luís, no Maranhão, e de incentivo à construção do MSP em Belém do Pará.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This text was written from the interview with People’s Health Movement (PHM) activist Anne Caroline Wihbey, Sister of the Notre Dame de Namur Congregation, an American woman of Lebanese ancestry, with a recognized trajectory in social development in the state of Maranhão, in northeastern Brazil. At the age of 95, a comrade and lover of all struggles for dignity and justice, she stands firmly on the road. Between road trips Belém/São Luís and São Luís/Belém, currently, she is committed to organizing her personal archive on the history of PHM, in general, and in Maranhão, in particular. After doing that, she often says she ‘can disappear’. Always involved in the work of popular education, approaching the harms resulting from megaprojects in the life of the population, she reaffirms that health and environment are not commodities. Moving forward in the mobilizing action, Sister Anne continues to be aware of her advanced age, gathering effort to accept her limits with joy and determination. This article is based on conversations with Sister Anne, building a story about her history, her coming from the United States to Brazil and her connection to the PHM from the earliest days, as well as reporting her work to cultivate the PHM in Brazil, through the experience of forming groups in Nina Rodrigues and São Luís, in the state Maranhão, and encouraging the construction of the PHM in Belém, Pará.Resumo em Português:
RESUMO O relato apresenta a trajetória do movimento Nenhum Serviço de Saúde a Menos (NSSM) no município do Rio de Janeiro, Brasil, em defesa do direito à saúde pública universal. O NSSM é uma frente de ação horizontal envolvendo movimentos sociais em saúde, sindicatos, ativistas em geral, trabalhadores e usuários dos serviços públicos. O movimento utiliza táticas múltiplas como mobilizações territoriais, manifestações, redes sociais, greves, entre outros. Surge como resposta a ataques ao Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade em um contexto nacional de crise econômica, política e corte de gastos sociais. Houve diminuição da rede de serviços de Atenção Primária à Saúde, demissões em massa, irregularidades no pagamento de salários e fornecimento de medicamentos e insumos em todos os níveis de atenção. O movimento é analisado à luz dos desafios de mobilização em tempos de precarização do trabalho e dos serviços públicos sob o neoliberalismo. Discute-se as novas formas de organização de movimentos sociais, relacionando-as ao percurso da reforma sanitária brasileira. A principal potência do movimento é a sinergia entre demandas dos trabalhadores da saúde e a defesa de um SUS forte e para todos, ativando vínculos solidários entre os serviços de saúde, profissionais e os diferentes territórios.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This case study presents the social movement ‘Not One Health Service Less’ (NSSM) on the defence of the universal right to public health in Rio de Janeiro, Brazil. NSSM is a horizontal front formed by health social movements, unions, activists, workers and users of public health system. The movement uses multiple strategies like local mobilizations, street protests, social networks, strikes, among others. NSSM rises as a response to attacks of the municipal public administration to local health services of the Unified Health System (SUS), in a national context of economic and political crisis. There were budget cuts at Primary Health Care services, dismissals, delays in wages payments, medicines and supplies shortages. The movement was analyzed considering the challenges of social mobilization in times of precarious work conditions and public services precariousness under neoliberalism. We also discuss about new forms of social movement organization, linking it to the trajectory of Brazilian healthcare reform. The ability to create synergies between health workers demands and the defence of a strong and inclusive universal healthcare system is the strongest potentiality of the movement, while activating solidary links between health services, workers and different territories.