Resumo em Português:
RESUMO Os movimentos sociais, elementos fundamentais na luta pela implementação e manutenção de sistemas de saúde universais e na defesa do direito à saúde para todos, têm sua atuação ampliada no contexto da crise econômica mundial. A globalização traz um desafio à sociedade civil, o de engajar atores na formulação de políticas cujo alcance vai além do âmbito local. Este trabalho analisa as possibilidades de influência da sociedade civil nos processos decisórios da governança global na Organização Mundial da Saúde (OMS), através da abordagem do Observatório da OMS (WHO Watch), iniciativa do Movimento pela Saúde dos Povos (MSP), que se propõe a estimular a democratização dos processos decisórios da OMS. Como subsídio para as reflexões, são utilizadas as experiências do WHO Watch em três ocasiões: a 67ª Assembleia Mundial de Saúde, a 53ª Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-americana da Saúde e a 136ª Reunião do Conselho Executivo da OMS. Conclui-se que os movimentos sociais trazem uma visão crítica sobre as discussões realizadas por esses órgãos intergovernamentais, promovendo a divulgação desses debates e de seus desdobramentos para além dos espaços governamentais.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Social movements, fundamental elements in the struggle for the implementation and maintenance of universal health systems and in the defence of the right to health for all, have been expanded in the context of the global economic crisis. Globalization brings a challenge to civil society, in engaging actors in formulating outreach policies that go beyond the local scope. This paper analyzes the possibilities of the influence of civil society over the decision-making processes of global governance in the World Health Organization (WHO), through the case of the WHO Watch, an initiative of the People’s Health Movement (PHM) to stimulate the democratization of WHO’s decision-making processes. The experiences of WHO Watch on three occasions are used as subsidy for reflection: the 67th World Health Assembly, the 53rd Meeting of the Directing Council of the Pan American Health Organization and the 136th Meeting of the WHO Executive Board. It is concluded that the social movements bring a critical view on the discussions carried out by these intergovernmental bodies, promoting the dissemination of these debates and their unfoldings beyond the governmental spaces.Resumo em Português:
RESUMO Este texto foi escrito a partir de uma entrevista com a ativista do Movimento pela Saúde dos Povos (MSP), Anne Caroline Wihbey, Irmã da Congregação Notre Dame de Namur, norte-americana de ascendência libanesa, com reconhecida trajetória no desenvolvimento social no estado do Maranhão. Aos 95 anos, camarada e amante de todas as lutas por dignidade e justiça, mantém-se ativamente firme, com o ‘pé na estrada’. Entre viagens rodoviárias Belém/São Luís/Belém, atualmente, está empenhada em organizar o seu arquivo pessoal sobre a história do MSP, em geral, e do Maranhão, em particular. Depois disso, costuma dizer ‘que pode desaparecer’. Sempre envolvida no trabalho de educação popular, sobre os malefícios resultantes dos megaprojetos junto à vida da população, reitera afirmativamente que saúde e meio ambiente não são mercadorias. Avante na ação mobilizadora, a Irmã segue ciente de sua idade avançada, congregando esforço em aceitar seus limites com alegria e determinação. Este artigo é baseado em conversas com Irmã Anne, que abordaram sua história, sua vinda dos Estados Unidos para o Brasil e a sua vinculação ao MSP desde os primórdios, além de relatar o seu trabalho para cultivar o MSP no Brasil, passando pela experiência de formação de grupos em Nina Rodrigues e em São Luís, no Maranhão, e de incentivo à construção do MSP em Belém do Pará.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This text was written from the interview with People’s Health Movement (PHM) activist Anne Caroline Wihbey, Sister of the Notre Dame de Namur Congregation, an American woman of Lebanese ancestry, with a recognized trajectory in social development in the state of Maranhão, in northeastern Brazil. At the age of 95, a comrade and lover of all struggles for dignity and justice, she stands firmly on the road. Between road trips Belém/São Luís and São Luís/Belém, currently, she is committed to organizing her personal archive on the history of PHM, in general, and in Maranhão, in particular. After doing that, she often says she ‘can disappear’. Always involved in the work of popular education, approaching the harms resulting from megaprojects in the life of the population, she reaffirms that health and environment are not commodities. Moving forward in the mobilizing action, Sister Anne continues to be aware of her advanced age, gathering effort to accept her limits with joy and determination. This article is based on conversations with Sister Anne, building a story about her history, her coming from the United States to Brazil and her connection to the PHM from the earliest days, as well as reporting her work to cultivate the PHM in Brazil, through the experience of forming groups in Nina Rodrigues and São Luís, in the state Maranhão, and encouraging the construction of the PHM in Belém, Pará.Resumo em Português:
RESUMO O relato apresenta a trajetória do movimento Nenhum Serviço de Saúde a Menos (NSSM) no município do Rio de Janeiro, Brasil, em defesa do direito à saúde pública universal. O NSSM é uma frente de ação horizontal envolvendo movimentos sociais em saúde, sindicatos, ativistas em geral, trabalhadores e usuários dos serviços públicos. O movimento utiliza táticas múltiplas como mobilizações territoriais, manifestações, redes sociais, greves, entre outros. Surge como resposta a ataques ao Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade em um contexto nacional de crise econômica, política e corte de gastos sociais. Houve diminuição da rede de serviços de Atenção Primária à Saúde, demissões em massa, irregularidades no pagamento de salários e fornecimento de medicamentos e insumos em todos os níveis de atenção. O movimento é analisado à luz dos desafios de mobilização em tempos de precarização do trabalho e dos serviços públicos sob o neoliberalismo. Discute-se as novas formas de organização de movimentos sociais, relacionando-as ao percurso da reforma sanitária brasileira. A principal potência do movimento é a sinergia entre demandas dos trabalhadores da saúde e a defesa de um SUS forte e para todos, ativando vínculos solidários entre os serviços de saúde, profissionais e os diferentes territórios.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This case study presents the social movement ‘Not One Health Service Less’ (NSSM) on the defence of the universal right to public health in Rio de Janeiro, Brazil. NSSM is a horizontal front formed by health social movements, unions, activists, workers and users of public health system. The movement uses multiple strategies like local mobilizations, street protests, social networks, strikes, among others. NSSM rises as a response to attacks of the municipal public administration to local health services of the Unified Health System (SUS), in a national context of economic and political crisis. There were budget cuts at Primary Health Care services, dismissals, delays in wages payments, medicines and supplies shortages. The movement was analyzed considering the challenges of social mobilization in times of precarious work conditions and public services precariousness under neoliberalism. We also discuss about new forms of social movement organization, linking it to the trajectory of Brazilian healthcare reform. The ability to create synergies between health workers demands and the defence of a strong and inclusive universal healthcare system is the strongest potentiality of the movement, while activating solidary links between health services, workers and different territories.