Resumo em Português:
RESUMO O gestor do serviço de saúde tem papel relevante na administração das inter-relações subjetivas da equipe com os usuários, bem como preservação da saúde mental destes profissionais. O objetivo deste artigo é analisar e discutir o sofrimento mental dos profissionais das equipes de saúde mental, estratégias de gestão para manejo, cuidado e prevenção, a partir das percepções dos gestores dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A pesquisa foi realizada no ano de 2022, com nove gestores dos Caps III e de Álcool e Drogas do município de Campinas-SP. As narrativas foram analisadas e sistematizadas em categorias temáticas: competências de gestão, conflitos gestor-equipe, sinais de sofrimento mental, fatores psicossociais relacionados ao trabalho, processos de trabalho, gestão do coletivo e do individual e dificuldades da administração. Os resultados evidenciaram as dificuldades da gestão e as estratégias adotadas, tais como a necessidade da escuta dos trabalhadores, da análise crítica dos processos de trabalho e manutenção de espaços de diálogo coletivo para evitar ou identificar sinais de sofrimento na equipe. Esta pesquisa contribui para a compreensão do sofrimento mental enfrentado pelos profissionais de saúde mental e destaca a participação da gestão na promoção da saúde e no enfrentamento dos desafios vivenciados por esses profissionais.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The service manager plays a relevant role in the administration of subjective interrelationships within the team and with the users, as well as in preserving the mental health of these professionals. The aim of this article is to analyze and discuss the mental suffering of professionals in mental health teams, as well the management strategies for handling, care, and prevention, based on the perceptions of the managers of the Psychosocial Care Centers (CAPS). The research was conducted in 2022, with nine managers from CAPS III and Alcohol and Drug units in the city of Campinas-SP. Narratives were analyzed and systematized into thematic categories: management skills, manager-team conflicts, signs of mental distress, psychosocial factors related to work, work processes, collective and individual management, and administrative difficulties. The results highlighted the challenges of management, and the strategies adopted, such as the need for attentive listening to the workers, critical analysis of work processes, and the maintenance of spaces for dialogue, to prevent or identify signs of distress in the team. This research contributes to the understanding of the mental distress faced by mental health professionals and emphasizes the role of management in promoting health and addressing the challenges experienced by these professionals.Resumo em Português:
RESUMO O encontro necessário - e pouco estimulado - entre geografia e saúde, na produção acadêmica contemporânea, revela que a ciência está, também, enferma. Todavia, quando se torna possível gerar aproximações, intersecções e diálogos entre, por exemplo, interpretação territorial da saúde-doença e interpretação da saúde-doença a partir das determinações territoriais, criam-se condições para estabelecer uma crítica à ciência e ao monopólio da saúde. Em decorrência disso, propõe-se a reflexão da saúde do trabalhador como elo entre território e saúde. Pesquisas de campo, orientações de dissertações e doutoramentos e participação do Fórum Intersindical Saúde-trabalho-direito/Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz-RJ) nutrem as reflexões elaboradas no presente artigo. O pressuposto teórico inscreve-se pelo seguinte princípio: a saúde do trabalhador, como um campo e uma questão social, ao defender a saúde pública, a saúde como direito e justiça, e, ao criticar todos os regimes de exploração do trabalho, sob uma leitura territorial, ganha um reforço na sua práxis, pois esclarece que o adoecimento está implicado na relação entre as esferas de poder que, na sociedade capitalista, ocupam-se em preservar e constituir a desigualdade social, o monopólio da riqueza, a pobreza e a violência. A luta pela saúde, um bem primordial, faz-se na luta pela emancipação territorial.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The necessary - and under-stimulated - encounter between Geography and Health in contemporary academic production, reveals that science is also ailing. However, when it becomes possible to generate approximations, intersections, and dialogues between, for instance, the territorial interpretation of health-disease and the interpretation of health-disease from territorial determinations, conditions are created to, in a single act, establish a critique of science and the monopoly of health. As a result, this paper proposes the reflection of worker’s health as a link between territory and health. Field research, guidance of dissertations and doctorates, and participation in the Inter-Trade Union Forum on Health-labor-law/Oswaldo Cruz Foundation (FIOCRUZ-RJ), nourish the reflections elaborated in this article. The theoretical assumption is based on the following principle: worker’s health, as a field and a social issue, in defending public health, health as a right and justice, and, in criticizing all regimes of labor exploitation, under a territorial reading, gains strength in its praxis, as it clarifies that illness is implicated in the relationship between the spheres of power that, in capitalist society, are concerned with preserving and constituting social inequality, the monopoly of wealth, poverty, and violence. The fight for health, a fundamental good, becomes a struggle for territorial emancipation.Resumo em Português:
RESUMO Objetivou-se analisar os fatores determinantes sociais da saúde em Angola. Trata-se de uma pesquisa documental, exploratória e quantitativa, realizada com dados do Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde 2015-2016 de Angola. Foram analisadas as variáveis: acesso a fontes de água para beber; instalações sanitárias apropriadas; acesso à eletricidade; nível educacional; acesso a empregos; taxa de mortalidade infantil; consultas pré-natais; e cobertura vacinal. Observou-se que 45,2% dos agregados familiares não têm acesso a fontes de água apropriada para beber; 52,9% utiliza instalações sanitárias não apropriadas, principalmente nas áreas rurais; 31% dos homens de 15 a 49 anos estavam desempregados; 42% dos agregados familiares possuíam acesso à eletricidade; 22% das mulheres e 8% dos homens de 15 a 49 anos nunca frequentaram a escola; a estimativa da taxa de mortalidade infantil foi de 44 mortes para cada 1000 nascidos-vivos; 44,1% das gestantes com menor nível socioeconômico não realizaram nenhuma consulta pré-natal; 18,3% das crianças de 12 a 23 meses e 21% de 24 a 35 meses não receberam nenhuma vacina. Conclui-se que existem grandes lacunas no acesso a determinantes sociais da saúde, evidenciando a necessidade de esforços governamentais em parceria com organismos internacionais para melhorar as condições de saúde da população.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The objective was to analyze the social determinants of health in Angola. This is a documentary, exploratory and quantitative research, carried out with data from the 2015-2016 Multiple Indicators and Health Survey in Angola. The analyzed variables were: access to drinking water sources; appropriate sanitary facilities; access to electricity; educational level; access to jobs; child mortality rate; prenatal consultations; and vaccination coverage. It was observed that 45.2% of households do not have access to adequate water sources for drinking; 52.9% use inappropriate sanitation facilities, mainly in rural areas; 31% of men aged 15 to 49 were unemployed; 42% of households had access to electricity; 22% of women and 8% of men aged 15 to 49 have never attended school; the estimated infant mortality rate was 44 deaths for every 1000 live births; 44.1% of pregnant women with lower socioeconomic status did not undergo any prenatal consultation; 18.3% of children aged 12 to 23 months and 21% aged 24 to 35 months did not receive any vaccine. It is concluded that there are large gaps in access to social determinants of health, highlighting the need for government efforts in partnership with international organizations to improve the population’s health conditions.Resumo em Português:
RESUMO O presente artigo visa analisar as barreiras de acesso aos serviços de saúde da População em Situação de Rua (PSR) e as estratégias de cuidado na percepção das trabalhadoras das equipes de Consultório na Rua (eCR) de Belo Horizonte. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado por meio de entrevistas semiestruturadas com 10 trabalhadoras de duas eCR. A PSR possui barreiras de acesso discriminatórias, protocolares e simbólicas que impedem a efetivação do acesso ao direito à saúde, apesar da diretriz da equidade ser norteadora para o Sistema Único de Saúde (SUS). Essas barreiras se relacionam com o processo de exclusão social ao qual a PSR está submetida, marcado por múltiplas e sobrepostas violências, pelo acesso restrito aos direitos básicos e se agravam quando há relatos de uso de drogas. Dentre as estratégias de superação das barreiras de acesso estão a necessidade de qualificação de dados públicos sobre a PSR, alinhamentos institucionais sobre acesso da PSR ao SUS, ações de educação permanente para desmistificar mitos e preconceitos, elaboração de fluxos que considerem os modos de vida da PSR, atuação extramuros da atenção primária para vinculação da PSR do território e estratégias de fortalecimento da PSR com participação no controle social.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The present study aimed at understanding the access barriers of homeless people (HP) in Belo Horizonte city to health services as well as to analyze the employed care strategies from the Belo Horizonte Consultório na Rua (eCR), street clinics’ team view. We report a qualitative study by means of semi structured interviews with 10 workers from two eCR. The investigated HP face protocol and symbolic discriminatory barriers that hamper and impede their rights of access to the health system, besides the Brazil Unified Health System (SUS) equity guidelines. These barriers are related to the social exclusion process to what the homeless people are submitted, marked by multiple and overlapping violences, restricted access to basic rights that are escalated when the use of drugs is reported. Among the strategies to overcome the access barriers are the need to qualify public data on HP, institutional dialogues on the HP access to the SUS, a more permanent education attitudes to demystify thoughts and prejudices, the need to elaborate different flows that take into account the HP’s ways of life, the need of outgoing primary care actions that promote inclusion of the Belo Horizonte HP, as well as strategies that strengthen them with active social participation.Resumo em Português:
RESUMO Este estudo pesquisou 27 adolescentes do sexo masculino em regime socioeducativo no Centro de Atendimento Intensivo Belford Roxo. É um estudo descritivo exploratório de abordagem qualitativa com proposta metodológica de estudo de caso. Na obtenção de dados, foram aplicados questionários que consistiram em obter respostas sobre i) dados sociodemográficos, ii) triagem do envolvimento com fumo, álcool e outras drogas, iii) Inventário Beck de depressão e iv) ideação suicida de Beck. O grupo pesquisado era composto de 16,48 anos como média de idade; percentual de 92,6% de cor parda ou preta; 70,37% tinham frequentado entre a 5ª série do Ensino Fundamental I e a 9ª série do Ensino Fundamental II; 44,44% faziam uso de bebidas alcoólicas diuturnamente; 40,74% apresentaram sintomas depressivos; 25,92% apresentaram histórico de ideação suicida, e 11,11% já tinham tentado suicídio. Os pesquisados com problemas de uso de substâncias psicoativas enfrentam um alto risco simultâneo de saúde mental, agravante que pode incorrer em situação de vida mais difícil com problemas sociais difusos, um quadro de saúde precário, prognosticando adversidades gerais. Dessa forma, é alarmante a situação desses adolescentes, que é uma amostra do submundo periférico das cidades, denotando a urgência de ações de saúde pública e do Estado.Resumo em Inglês:
ABSTRACT This study investigated 27 male adolescents in socio-educational care at the Belford Roxo Intensive Care Center. It is a descriptive exploratory study with a qualitative approach and a case study methodological proposal. To obtain data, questionnaires were applied that consisted of obtaining answers about i) sociodemographic data, ii) screening for involvement with smoking, alcohol and other drugs, iii) Beck Depression Inventory and iv) Beck suicidal ideation. The group studied was composed of 16.48 years old as a mean; 92.6% were brown or black; 70.37% had attended between the 5th grade of Elementary School I and the 9th grade of Elementary School II; 44.44% consumed alcoholic beverages daily; 40.74% presented depressive symptoms; 25.92% had a history of suicidal ideation, and 11.11% had already attempted suicide. Those surveyed with substance use problems face a high simultaneous risk of mental health problems, an aggravating factor that can result in a more difficult life situation with diffuse social problems, a precarious health status, and a prediction of general adversity. Thus, the situation of these adolescents, who are a sample of the peripheral underworld of cities, is alarming, indicating the urgency of public health and state actions.Resumo em Português:
RESUMO A dimensão política da gestão do saneamento básico no Brasil, sobretudo no que tange aos princípios da gestão participativa e democrática, constitui um dos maiores desafios a serem vencidos para garantir o acesso aos serviços como um direito humano. O objetivo deste artigo foi descrever uma proposta de governança da gestão de saneamento básico orientada pela noção do sistema de garantias de direitos. O método foi do tipo teórico-metodológico, orientado pela teoria da reprodução social de Juan Samaja. A área de estudo correspondeu aos municípios das Regiões de Saúde do Triângulo e do Alto Solimões do Amazonas. A operacionalidade do modelo de governança da gestão foi baseada no matriciamento de elementos, que compreende as responsabilidades e competências das instituições estatais e não estatais. Essas foram distribuídas segundo as dimensões da reprodução social, a qual representa o lócus de atuação de cada uma delas, respeitando as suas respectivas missões. O dispositivo possui componentes de transversalidade e de intersetorialidade, que fortalecerão o processo de trabalho de forma compartilhada, com os vários sujeitos implicados atuando de forma solidária no âmbito do comitê de monitoração permanente das condições de vida e saúde do local.Resumo em Inglês:
ABSTRACT The political dimension of basic sanitation management in Brazil, especially the principle of participatory and democratic management, is one of the main challenges to guaranteeing access to these services as a human right. This article describes a proposal for governance of basic sanitation management guided by the system of guarantees of rights. We used a theoretical and methodological framework drawing on Juan Samaja’s theory of social reproduction. The study area comprises the municipalities that make up the Triangle and Upper Solimões River health regions in the state of Amazonas. The operationality of the management governance model is based on a matrix of elements comprising the responsibilities and competency of state and non-state institutions. These are distributed across different dimensions of social reproduction, which represent the locus of action of each institution, respecting their respective missions. The matrix is made up of transversal and intersectoral components that strengthen joint work processes, with the various subjects involved in the process acting in solidarity within the scope of the committee for the ongoing monitoring of living conditions and health.Resumo em Português:
RESUMO Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIP) ou de venda livre podem ser fornecidos sem exigência de receita. Este estudo objetivou analisar o perfil farmacológico, risco e qualidade da evidência dos MIP registrados no Brasil. Foram consultadas as bases de dados da Anvisa e a base de síntese Micromedex. As indicações de uso foram classificadas segundo Ciap, os medicamentos segundo ATC e a qualidade da evidência segundo método Grade. Foram identificados 188 MIP, com 376 apresentações. Os grupos de trato alimentar e respiratório tiveram os maiores números de fármacos, com 19% cada. No geral, 61% dos fármacos foram classificados como evidência alta ou moderada e 39% como baixa, muito baixa ou sem evidência. Apesar da prevalência de maior qualidade de evidência, as restrições precisam ser evidenciadas, pois cerca de 55% dos fármacos possuem força de recomendação fraca, 67% não podem ser utilizados por crianças menores de 6 anos, 95% não possuem informações confiáveis de segurança na gestação e 87% não possuem informações de uso na lactação. Mais pesquisas sobre o tema, políticas de autocuidado apoiado e monitoramento parecem essenciais para melhor compreender os riscos e benefícios associados aos MIP, garantindo uma prática clínica mais segura e baseada em evidências.Resumo em Inglês:
ABSTRACT Over-the-counter medications (OTC), also known as non-prescription drugs can be dispensed without a prescription. This study aimed to analyze the pharmacological profile, risk, and quality of evidence of OTC medications registered in Brazil. The databases of ANVISA and Micromedex synthesis were consulted. The indications for use were classified according to CIAP, the medications according to ATC, and the quality of evidence according to the GRADE method. A total of 188 OTC medications were identified, comprising 376 presentations. The groups related to the digestive tract and respiratory system had the highest number of drugs, each accounting for 19%. Overall, 61% of the drugs were classified as having high or moderate evidence, and 39% as low, very low, or lacking evidence. Despite the prevalence of higher-quality evidence, restrictions need to be highlighted, as approximately 55% of the drugs have a weak recommendation, 67% may not be used by children under the age of 6, 95% lack reliable safety information during pregnancy, and 87% lack clear information regarding use during lactation. Further research on the topic, supported self-care policies, and monitoring seem essential to better understand the risks and benefits associated with OTC medications, thus ensuring a safer and evidence-based clinical practice.