Consumo de alimentos ultraprocessados e fatores associados em uma amostra de base escolar pública no Sul do Brasil

Vitória Andretta Josiane Siviero Karina Giane Mendes Fabiane Raquel Motter Heloísa Theodoro Sobre os autores

Resumo

O estudo tem por objetivo analisar o consumo de alimentos ultraprocessados relacionando com fatores sociodemográficos, comportamentais e nutricionais em escolares da rede municipal de ensino de Caxias do Sul-RS. Trata-se de um estudo transversal, com 1.309 escolares na faixa etária entre 6 e 16 anos. O consumo de alimentos ultraprocessados foi obtido por meio de um questionário de acordo com o autorrelato do escolar. Utilizou-se um questionário pré-testado para avaliar as características do escolar e dos familiares. Utilizou-se a regressão de Poisson para análise do desfecho e fatores associados por meio de um modelo hierárquico. Considerou-se estatisticamente significtivos resultados com valor p ≤ 0,05. Resultados: Identificou-se elevada prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados entre os escolares (69,7%). Após análise ajustada, maiores prevalências de consumo de alimentos ultraprocessados foram associadas a comprar/levar lanche para escola e realizar lanches. Já o aconselhamento nutricional foi associado à proteção em relação ao consumo destes alimentos. Conclusão: Fazem-se necessárias ações de educação nutricional para escolares e responsáveis a fim de reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados pelos escolares principalmente nos lanches.

Palavras-chave
Obesidade; Alimentos; Dieta e Nutrição; Consumo de alimentos; Saúde da criança; Estudos transversais

Introdução

Na população mundial estima-se que mais de 40 milhões de crianças e adolescentes estejam com sobrepeso ou obesidade. No Brasil, estudos demonstram um aumento significativo do número de crianças e adolescentes com excesso de peso nos últimos anos. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009) revelaram que 47,8% das crianças entre 5 a 9 anos de idade e 25,4% dos adolescentes entre 10 a 19 anos de idade apresentam sobrepeso ou são obesos11 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 - Antropometria e sobrepeso e obesidade de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.. Recentemente, resultados nacionais da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2015) verificaram que 23,7% dos estudantes brasileiros, entre 13 e 17 anos, apresentavam excesso de peso22 Costa CDS, Flores TR, Böhm AW, Neves RG, Assunção MCF, Santos IS. Comportamento sedentário e consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. Cad. Saude Publica 2018; 34(3):e00021017..

O excesso de peso na infância e na adolescência representa um grande desafio para saúde pública, uma vez que constitui um importante fator de risco para o desenvolvimento precoce de doenças cardiovasculares33 Reilly JJ, Kelly J. Long-term impact of overweight and obesity in childhood and adolescence on morbidity and premature mortality in adulthood: systematic review. Int J Obes. 2011; 35:891-898.. A obesidade e o sobrepeso são condições multifatoriais que possuem, entre suas principais causas, alguns fatores ambientais modificáveis como sedentarismo, dieta rica em gorduras saturada e açúcares e o baixo consumo de frutas e vegetais, além de fatores genéticos44 Guedes DP, Rocha DG, Silva AJRM, Carvalhal IM, Coelho EM. Effects of social and environmental determinants on overweight and obesity among Brazilian schoolchildren from a developing region. Rev Panam Salud Publica. 2011; 30(4):295-302.,55 Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes brasileiras de obesidade. São Paulo: ABESO; 2016..

O Guia Alimentar para a População Brasileira66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014. classifica os alimentos por grau de processamento em: Alimentos in natura, que são obtidos diretamente de plantas ou de animais e não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza; alimentos minimamente processados, que correspondem a alimentos in natura que foram submetidos a pequenos processos como de limpeza, remoção de partes não comestíveis ou processos similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou outras substâncias ao alimento original; alimentos processados, que são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar; e alimentos ultraprocessados, que são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos e que contenham mais de cinco ingredientes. Os alimentos ultraprocessados devem ser evitados visto que contém elevado nível de ingredientes artificiais77 Martins AP, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev Saude Publica. 2013; 47:656-665. e, geralmente, apresentam alta densidade energética, maior teor de açúcar, sódio e gorduras saturadas e baixo teor de fibras e micronutrientes essenciais77 Martins AP, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev Saude Publica. 2013; 47:656-665.,88 Moubarac JC, Martins AP, Claro RM, Levy RB, Cannon G, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods and likely impact on human health. Evidence from Canada. Public Health Nutr. 2013; 16:2240-2248..

O consumo de alimentos ultraprocessados associado a fatores de risco genéticos e ambientais contribuem para um desfecho desfavorável para a saúde, uma vez que favorece o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, dislipidemia e síndrome metabólica99 Inocêncio MM. Práticas alimentares e marcadores de consumo alimentar em estudantes de Educação Básica. [monografia]. Ijuí: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul; 2017.,1010 Rauber F, Campagnolo PD, Hoffman DJ, Vitolo MR. Consumption of ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: a longitudinal study. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2015; 25(1):116-122. e pode contribuir para inadequação do consumo de micronutrientes entre crianças e adolescentes, prejudicando, assim, o seu crescimento e desenvolvimento66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014..

Apesar disso, estudos nacionais e internacionais demonstram que o consumo de alimentos ultraprocessados está crescendo significativamente nessa população1111 Monteiro CA, Moubarac JC, Cannon G, Ng SW, Popkin B. Ultra-processed products are becoming dominant in the global food system. Obes Rev. 2013; 14(Supl. 2):21-28., visto que são alimentos prontos para consumir ou prontos para aquecer e, portanto, exigem pouca ou nenhuma preparação culinária, o que os torna facilmente acessíveis e convenientes. No Brasil, o estudo transversal realizado com dados da PeNSE (2015) encontrou que, em estudantes do 9º ano, cerca de 40% dos escolares reportaram consumo diário de pelo menos um alimento ultraprocessado33 Reilly JJ, Kelly J. Long-term impact of overweight and obesity in childhood and adolescence on morbidity and premature mortality in adulthood: systematic review. Int J Obes. 2011; 35:891-898.. No estudo realizado no noroeste do Rio Grande do Sul, adolescentes entre 11 e 18 anos apresentam 45,84% de sua alimentação diária proveniente de alimentos ultraprocessados99 Inocêncio MM. Práticas alimentares e marcadores de consumo alimentar em estudantes de Educação Básica. [monografia]. Ijuí: Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul; 2017.,1212 Louzada MLC, Martins APB, Canella DS, Baraldi LG, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Cannon G, Monteiro CA. Alimentos ultraprocessados e perfil nutricional da dieta no Brasil. Rev Saude Publica. 2015; 49:1-11..

A denominação de “alimentos ultraprocessados” é considerada recente no Brasil, neste sentido, ainda são escassos os estudos investigando a associação do consumo destes alimentos com seus determinantes. O presente estudo focou em determinantes socioeconômicos, comportamentais e nutricionais em crianças e adolescentes, visando avançar no conhecimento dos fatores associados e contribuir para promoção de hábitos alimentares saudáveis nesta população. Diante do exposto, o estudo teve como objetivo analisar o consumo de alimentos ultraprocessados relacionando com fatores sociodemográficos, comportamentais e nutricionais em escolares da rede municipal de ensino de Caxias do Sul-RS.

Metodologia

Trata-se de um estudo observacional transversal, com escolares de 6 a 16 anos matriculados em escolas da rede municipal de ensino de Caxias do Sul-RS. O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Caxias do Sul.

A seleção da amostra foi do tipo semiprobabilística por conglomerados. Inicialmente os bairros, que possuíam escolas públicas, foram aleatoriamente selecionados de acordo com o rendimento nominal mensal domiciliar per capita da população. Caso o bairro possuísse mais que uma escola era feito um segundo sorteio para a escolha de apenas uma escola. No total, dez escolas foram selecionadas. Foram excluídas da pesquisa escolas que estivessem localizadas em meio rural ou que possuíssem um número de matriculados inferior a 200 alunos.

Para o cálculo do tamanho da amostra, considerou-se o número estimado de 35.302 alunos pertencentes ao Ensino Fundamental da Rede Municipal de Caxias do Sul; um intervalo de confiança (IC) de 95%; uma prevalência estimada do excesso de peso em escolares de 30%; e uma margem de erro aceitável de 2.5%, chegando-se ao tamanho estimado de 1.282 escolares. Adicionou-se ainda, 10% para perdas e recusas, resultando em 1.418 escolares selecionados para a amostra.

A coleta de dados foi realizada nos meses de maio de 2015 a dezembro de 2016. Com o consentimento da Secretaria Municipal de Educação, contataram-se as direções das escolas, nas quais todas aceitaram participar do estudo. Foram incluídos no estudo os escolares matriculados em escolas do ensino fundamental municipal entre 6 a 16 anos de idade completos. Foram excluídos do estudo os escolares com as seguintes condições: deficiência física que impossibilitasse a tomada de medidas antropométricas; dietas restritivas especiais; deficiência ou distúrbio mental que impossibilitasse responder o questionário.

Os pais ou responsáveis legais pelos alunos selecionados para participarem do estudo foram previa e devidamente informados sobre a aplicação dos procedimentos, por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Depois do termo assinado e consentido por um responsável maior de idade, foi aplicado o questionário padronizado e realizadas as medidas antropométricas nos escolares. Todos os participantes tiveram garantido total sigilo de suas informações. Os alunos receberam a explicação sobre os objetivos e a importância do projeto e posteriormente foram convidados a participar do estudo mediante o Termo de Assentimento Voluntário e o retorno do questionário respondido pelos pais sobre hábitos alimentares e medidas antropométricas.

A coleta de dados foi realizada por acadêmicos do curso de Nutrição previamente capacitados e pelas próprias pesquisadoras. Em cada turma, os entrevistadores explicaram sobre o preenchimento do questionário e auxiliaram em caso de dúvidas. Nas turmas do 1º ao 3º ano, os entrevistadores realizaram a aplicação do questionário individualmente e, subsequentemente, efetuaram as medidas antropométricas. Um grupo de cinco alunos do mesmo gênero foram orientados a acessarem uma sala reservada, onde foram convidados a retirar o calçado, jaqueta e roupas mais pesadas, permanecendo apenas com a calça e camiseta do uniforme escolar. Os alunos participantes foram conduzidos em duplas para a sala de avaliação nutricional. As medidas antropométricas foram realizadas pelas nutricionistas e bolsistas da pesquisa.

Posteriormente ao completo preenchimento do questionário, realizou-se a revisão e codificação dos dados. Caso fosse verificada alguma divergência, o aluno era identificado para realizar o esclarecimento.

Para classificação do alimento de acordo com o grau de processamento, utilizou-se como base o questionário validado por Assis et al.1313 Assis AMA, Benedet J, Kerpel R, Vasconcelos FAG, Di Pietro PF, Kupek E. Validação da terceira versão do Questionário Alimentar do Dia Anterior (QUADA-3) para escolares de 6 a 11 anos. Cad Saude Publica. 2009; 25(8):1816-1826., o qual possui a distribuição dos alimentos por refeição (café da manhã, lancha da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite ou ceia). O grau de processamento foi classificado segundo o Guia Alimentar (2014)66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014.. Foram considerados alimentos ultraprocessados: salgadinho de pacote, batata frita, pizza, hambúrguer (cheese), doces, bolacha recheada, sorvete, pirulito, torta, bolo com cobertura e recheio, chocolate, refrigerante e achocolatado com leite. Para análise do consumo de alimentos ultraprocessados foi considerado o consumo de pelo menos um alimento desta classificação em uma das refeições realizadas no dia.

As análises antropométricas foram realizadas no software AnthroPlus®1414 World Health Organization (WHO). AnthroPlus for Personal Computers. Software for assessing growth of the world's children and adolescents. Geneva: WHO, 2009.. Para análise do excesso de peso, foi utilizado o Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade. A classificação foi de acordo com o escore z, sendo o valor superior a um considerado como excesso de peso1515 World Health Organization (WHO). Fight childhood obesity to help prevent diabetes, say WHO & IDF. [Internet]. 2004 [acessado 2014 Set 04]. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/ 2004/pr81/en/index.html
http://www.who.int/mediacentre/news/rele...
. O valor da massa corporal foi obtido através de uma balança portátil da marca Cauduro®, com capacidade de 150kg e precisão de 100g1616 World Health Organization (WHO). Expert Committee. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO;1995.. A altura foi mensurada através de estadiômetro portátil da marca Sanny®, com capacidade de 200 cm e precisão de 0,1cm, fixado com fita adesiva em uma parede lisa, sem rodapé, utilizando-se o procedimento padrão1616 World Health Organization (WHO). Expert Committee. Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO;1995.. Todas as aferições foram realizadas em duplicata, tendo como resultado final as médias dessas aferições.

As variáveis demográficas avaliadas foram: sexo (feminino/masculino) e cor da pele (branco, pardo, negro e outra). Já as variáveis socioeconômicas incluíram: renda familiar (quartil de renda familiar) e escolaridade dos pais. Quanto às variáveis comportamentais, avaliou-se o número de refeições (≤3 refeições/dia ou >3 refeições/dia), bem como cada uma delas separadamente: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. O consumo da alimentação escolar (sim/não) foi considerado como “sim” quando a alimentação oferecida pela escola era consumida duas vezes ou mais na semana. Para variável compra/leva lanche na escola (sim/ não), foi questionado ao escolar se ele costuma trazer de sua casa ou comprar lanche na escola ou no caminho para a escola. Para a variável aconselhamento nutricional (sim/ não), questionou-se ao escolar se ele já recebeu alguma dieta ou aconselhamento nutricional na vida.

Para a análise estatística a digitação dos dados foi realizada pelo procedimento de dupla entrada no programa EPI-DATA (Epidata Association, Odense, Dinamarca) versão 3.1. Também, foram realizadas comparações das digitações e análise de consistência entre elas. Após a digitação, os dados foram analisados no Stata, versão 14 (StataCorp, CollegeStation, Texas, Estados Unidos). Os resultados foram apresentados de forma descritiva por meio de frequência absoluta e relativa. Foi realizado o teste de Qui-Quadrado de Pearson e de Associação Linear. As associações entre as variáveis independentes e o consumo de alimentos ultraprocessados foram analisadas por meio de regressão de Poisson com variância robusta. As variáveis com p valor≤0,20 na análise bruta foram levadas para análise ajustada, sendo esta última conduzida com base em um modelo conceitual de determinação, com três níveis. O 1º nível incluiu as variáveis sociodemográficas: gênero do escolar, faixa etária, cor da pele do escolar, ano de estudo do escolar, turno na escola, escolaridade do responsável e renda familiar; e o 2º nível incluiu as variáveis de hábito alimentar: consumo da alimentação escolar, compra/leva lanche para escola, aconselhamento nutricional, café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite. No último nível considerou-se o excesso de peso. As variáveis compra/leva lanche para escola, já fez dieta?, café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e lanche da noite foram ajustadas entre si, pois as variáveis do 1º nível e excesso de peso não apresentaram p valor≤0,20. Após ajuste, as variáveis com p valor≤0,05 foram consideradas associadas ao desfecho.

Resultados

Participaram do estudo maior 1.309 escolares de 6 a 16 anos do ensino fundamental da rede municipal de Caxias do Sul, contudo 1.128 escolares apresentaram todas as respostas completas referentes às varáveis analisadas no presente estudo.

De acordo com a Tabela 1, dentre os entrevistados, a maioria era do sexo feminino (54,5%), possuía entre 6 a 11 anos (70,5%), cor da pele branca (56,8%) e estava matriculado entre o 1º e 4º ano (59,0%). Em relação às características socioeconômicas, cerca de metade dos pais haviam completado o ensino médio e 33,5% apresentavam uma renda familiar mensal <R$ 1.600. Considerando o hábito alimentar dos escolares, a maioria consumia alimentação escolar (91,2%) e realizava mais que três refeições ao dia (89,9%).

Tabela 1
Prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados conforme variáveis sociodemográficas comportamentais e nutricionais em escolares da rede municipal de ensino em Caxias do Sul-RS (N=1.128).

Identificou-se elevada prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados. Conforme análise, 69,7% (IC95% 67,0 a 72,3%) dos escolares consumiam no mínimo um alimento ultraprocessado por dia. A média do consumo alimentos ultraprocessados foi de 1,5 (±1,6) e, a quantidade máxima ingerida foi de 12 alimentos ultraprocessados por dia.

Quanto ao número de refeições, o estudo verificou que os escolares que realizavam mais de três refeições ao dia consumiam mais alimentos ultraprocessados quando comparados aos que relataram consumir menos de três refeições ao dia (74,5% versus 47,6%; p<0,001). Em relação ao tipo de refeição realizada, observou-se uma maior prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados nos escolares que relataram realizar as seguintes refeições: lanche da noite (80,1% versus 63,9%; p<0,001), café da manhã (77,6% versus 22,4%; p=0,008), lanche da tarde (90,7% versus 9,3%; p=0,008), lanche da manhã (57,8% versus 42,2%; p<0,001) e almoço (99,1% versus 0,9%; p<0,001) (Tabela 1).

Uma maior prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados também esteve associada a compra/leva lanche na escola (55,5% versus 44,5%; p=0,007). Por outro lado, os escolares que já haviam recebido orientações nutricionais ao longo da vida apresentaram menor prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados quando comparados aos que nunca receberam algum tipo de aconselhamento nutricional (21,3% versus 78,7%; p<0,001) (Tabela 1).

Na Tabela 2, encontram-se os resultados da análise bruta e ajustada. Apenas as variáveis classificadas no nível 2 permaneceram no modelo multivariado, pois apresentaram valor p<0,20. Após ajuste para fatores de confusão, identificou-se que as variáveis compra/leva lanche na escola (p=0,02) e aconselhamento nutricional (p=0,002) permaneceram associadas ao desfecho assim como a realização das refeições lanche da manhã (p=0,006) e lanche da noite (p<0,001). Observou-se que comprar ou levar o lanche para a escola aumentou em 9,0% a prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados, enquanto que ter recebido algum aconselhamento nutricional durante a vida reduziu em 15,0% a prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados. Em relação às refeições, realizar o lanche da manhã e da noite foi associado a um aumento de prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados de 12,0 e 19,0%, respectivamente.

Tabela 2
Análises bruta e ajustada da razão de prevalência do consumo diário de alimentos ultraprocessados conforme variáveis sociodemográficas, comportamentais e nutricionais em escolares da rede municipal de ensino em Caxias do Sul-RS (N=1.128).

Discussão

O presente estudo encontrou que os escolares que compraram ou levaram lanche para a escola possuem maior prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados, do mesmo modo como aqueles que realizam o lanche da manhã e da noite. Por outro lado, os escolares que receberam algum aconselhamento nutricional durante a vida apresentaram menor prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados. O estudo alerta para o grau de processamento dos alimentos consumidos como lanches, e sugere ações de educação alimentar e nutricional focadas na substituição de lanches industrializados por minimamente processados ou processados.

Identificou-se elevada prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados nos escolares matriculados na rede municipal de ensino de Caxias do Sul, sendo de 69,7%, com a média deste consumo em 1,5 ao dia (±1,6). Outros estudos brasileiros também mostram elevadas prevalência desse desfecho33 Reilly JJ, Kelly J. Long-term impact of overweight and obesity in childhood and adolescence on morbidity and premature mortality in adulthood: systematic review. Int J Obes. 2011; 35:891-898.,1717 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2012. Rio de Janeiro: IBGE; 2013.

18 Silva ADC, Castro AJO, Pereira APN, Souza AAR, Amorim PRA, Reis RC. Hábitos alimentares e sedentarismo em crianças e adolescentes com obesidade na admissão do programa de obesidade do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. RBONE 2017; 11(61):39-46.

19 Bernardo CO, Pudla KJ, Longo GZ, Vasconcelos FAG. Fatores associados ao estado nutricional de escolares de 7 a 10 anos: aspectos sociodemográficos, de consumo alimentar e estado nutricional dos pais. Rev Bras Epidemiol. 2012; 15(3):651-661.
-2020 Guse DEC, Busnello MB, Frantz LBB. Consumo de alimentos processados e ultraprocessados no lanche de escolares. In: Anais do Salão do Conhecimento - XXV Seminário de Iniciação Científica; 2017; Ijuí.. De acordo com a PeNSE (2015), o consumo diário de pelo menos um alimento ultraprocessado foi reportado por 39,7% dos escolares, ou seja, sete em cada dez adolescentes brasileiros relataram consumir diariamente uma porção de alimento ultraprocessado33 Reilly JJ, Kelly J. Long-term impact of overweight and obesity in childhood and adolescence on morbidity and premature mortality in adulthood: systematic review. Int J Obes. 2011; 35:891-898.. Dados da segunda edição da PeNSE (2012) mostraram prevalências de consumo regular (≥5 dias/semana) de guloseimas, refrigerantes, biscoitos doces, salgados fritos e salgadinhos de pacote em, respectivamente, 41,3%, 33,3%, 32,5%, 15,8% e 13% dos adolescentes1717 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2012. Rio de Janeiro: IBGE; 2013.. De acordo com outro estudo, desta vez realizado no centro de referência em obesidade infanto juvenil do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, Belém-PA, 71,4% dos escolares consomem doces (alimentos ultraprocessados)1818 Silva ADC, Castro AJO, Pereira APN, Souza AAR, Amorim PRA, Reis RC. Hábitos alimentares e sedentarismo em crianças e adolescentes com obesidade na admissão do programa de obesidade do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. RBONE 2017; 11(61):39-46.. Outro estudo realizado no estado de Santa Catarina também identificou um alto consumo de alimentos ultraprocessados em escolares, 67,6% consumiam duas ou mais vezes ao dia1919 Bernardo CO, Pudla KJ, Longo GZ, Vasconcelos FAG. Fatores associados ao estado nutricional de escolares de 7 a 10 anos: aspectos sociodemográficos, de consumo alimentar e estado nutricional dos pais. Rev Bras Epidemiol. 2012; 15(3):651-661.. No noroeste do Rio Grande do Sul, estimou-se um consumo de ultraprocessados em 87,86% dos escolares participantes2020 Guse DEC, Busnello MB, Frantz LBB. Consumo de alimentos processados e ultraprocessados no lanche de escolares. In: Anais do Salão do Conhecimento - XXV Seminário de Iniciação Científica; 2017; Ijuí..

No presente estudo, destacou-se a elevada prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados entre os escolares, principalmente nos lanches. De acordo com o relato dos escolares, os alimentos ultraprocessados mais consumidos no café da manhã e nos lanches foram: biscoitos, balas (guloseimas em geral), achocolatado, iogurtes e bebidas lácteas, salgadinhos, refrescos, refrigerantes, entre outros. Consistente a estes achados, um estudo transversal de base populacional verificou que, quando analisado especificamente o grupo dos biscoitos no lanche da manhã, observou-se que o tipo doce com recheio foi o mais frequente, independentemente de nível socioeconômico e de gênero, variando entre 15,18% e 20,59%2121 Fisberg M, Previdelli AN, Del'Arco APWT, Tosatti A, Nogueira-de-Almeida CA. Hábito alimentar nos lanches intermediários de crianças escolares brasileiras de 7 a 11 anos: estudo em amostra nacional representativa. Int J Nutrol. 2017; 9(4):225-236.. Sugere-se ações práticas, como oficinas voltadas aos escolares e seus responsáveis podem contribuir para substituição do consumo de alimentos ultraprocessados por aqueles com menor nível de processamento.

Os alimentos ultraprocessados comumente consumidos pelos escolares, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, são formulações industriais feitas inteiramente ou, na maioria do alimento, de substâncias extraídas de óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas, derivadas de constituintes de alimentos e que contenham mais de cinco ingredientes66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014.. Os alimentos ultraprocessados devem ser evitados pelo alto nível de ingredientes artificiais. O consumo excessivo destes alimentos está associado ao aumento das doenças crônicas como obesidade, doenças cardiovasculares e metabólicas2222 Tavares LF, Castro IRR, Levy RB, Cardoso LO, Claro RM. Padrões alimentares de adolescentes brasileiros: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). Cad Saude Publica. 2014; 30(12):1-13..

Outro resultado a ser considerado neste estudo foi a associação entre uma maior prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados e a compra/leva de lanche para a escola. Muitas vezes por falta de conhecimento sobre os malefícios à saúde decorrente do consumo de alimentos ultraprocessados ou pela facilidade e rapidez de preparo, os responsáveis enviam como opção de lanche um alimento industrializado2323 Batista Filho M, Rissim A. A transição nutricional no Brasil: tendências regionais e temporais. Cad Saude Publica. 2003; 19(Supl. 1):181-191.,2424 Kac G, Sichieri R, Gigante DP. Epidemiologia nutricional. Rio de Janeiro: SciELO-Editora Fiocruz; 2007.. Consistente a este achado, um estudo realizado em Florianópolis com escolares de 11 a 14 anos verificou a associação entre a frequência de consumo de alimentos ultraprocessados e a compra de alimentos provenientes de lanchonetes em seus lanches2525 Corrêa EN, Retondario A, Alves MA, Bricarello LP, Rockenbach G, Hinnig PF, Neves JD, Vasconcelos FAG. Utilization of food outlets and intake of minimally processed and ultra-processed foods among 7 to 14-year-old schoolchildren. A cross-sectional study. Sao Paulo Med J. 2018; 136(3):200-207.. Em 2017, outro estudo que teve como objetivo avaliar 1.081 escolares, observou que 12,2% desses lanchavam guloseimas, como sorvetes, doces, biscoitos doces/recheados e refrigerantes, enquanto que 22,2% lanchavam salgadinhos, batatas fritas ou alimentos similares2626 Pedraza DF, Silva FA, Melo NLS, Araújo EMN, Sousa CPC. Estado nutricional e hábitos alimentares de escolares de Campina Grande, Paraíba, Brasil. Cien Saude Colet. 2017; 22(2):469-477.. Nesse sentido, estudo realizado na região metropolitana de São Paulo com crianças de 2 a 7 anos verificou um elevado consumo de alimentos ultraprocessados como: embutidos (51%); macarrão instantâneo (51%); salgadinhos e biscoitos salgados (51%). Cabe salientar que o consumo de bebidas adoçadas (81%) e biscoitos doces, guloseimas e gelatina (77%) foram os que apresentaram maiores percentuais de consumo nessa população2727 Fabiano IMG, Chaud DMA, Abreu ES. Consumo de alimentos segundo o grau de processamento por crianças de escolas privadas da região metropolitana de São Paulo. Rev Univ Vale Rio Verde. 2018; 16(1):1-10..

O investimento do mercado publicitário de alimentos evidencia a extensão do poder deste setor. Em 2001, o orçamento publicitário mundial das indústrias de alimentos foi estimado em aproximadamente 40 bilhões de dólares. No Brasil, em 2005, foram investidos cerca de 1 bilhão de reais. Para cada dólar despendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) tentando promover a nutrição saudável, 500 dólares são gastos pela indústria de alimentos na promoção de alimentos processados2828 Moura NC. Influência da mídia no comportamento alimentar de crianças e adolescentes. Segurança Alimentar Nutricional. 2010; 17(1):113-122..

O presente estudo também verificou que, no jantar e almoço, houve os menores índices no consumo de alimentos ultraprocessados. Pode-se assim destacar a composição do prato na alimentação brasileira, constituído, principalmente, por arroz, massa, feijão (leguminosas), uma fonte proteica e saladas. Contudo, verificou-se também que 70,0% dos escolares consomem alimentos ultraprocessados nestas refeições, principalmente provenientes de refrigerantes e refrescos. Segundo estudo de base escolar realizado na zona sul de São Paulo, meninos preferem arroz e feijão em maior proporção que as meninas; já pratos à base de carne foram preferidos em maior proporção pelas meninas que pelos meninos. Em relação aos refrescos, verifica-se que entre as meninas houve uma maior proporção (91,4%) do que entre os meninos (82,4%), porém mesmo assim analisa-se um alto consumo nos dois gêneros2929 Soares BR, Dias FP, Francisco VG, Weber ML. Atitudes relativas ao consumo alimentar de escolares da zona sul de São Paulo/SP. Disciplinarum Scientia Saúde. 2017; 18(2):323-337.. A PeNSE (2009) também verificou que há um consumo regular de feijão (62,6%) entre adolescentes de ambos os gêneros e a maioria das crianças. Nesse sentido, estudo realizado na capital de Palmas-Tocantins entre crianças de 5 a 10 anos verificou uma elevada prevalência (84,0%) de consumo frequente de leguminosas (Feijão) em suas refeições3030 Levy RB, Castro IRR, Cardoso LO, Tavares LF, Sardinha LMV, Gomes FS, Costa AWN. Consumo e comportamento alimentar entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2009. Cien Saude Colet. 2010; 5(Supl. 2):3085-3097.. Com base nestes achados, deve-se fortalecer o consumo dos alimentos in natura e minimamente processados nas duas refeições (almoço e jantar) mais realizadas pelos escolares, atentando para valorização do consumo dos alimentos regionais.

Destaca-se neste estudo que o escolar que teve algum aconselhamento nutricional durante a vida apresenta uma menor prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados. Neste contexto, existe o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que visa complementar a alimentação de crianças e adolescentes matriculados em escolas públicas. Além de ofertar uma alimentação adequada e equilibrada em nutrientes, o PNAE incentiva a formação de bons hábitos alimentares. Apesar disso, sabe-se que o número de nutricionistas que atuam no programa é insuficiente para o desenvolvimento de atividades de educação nutricional que contribuiriam para a diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados3131 Brasil. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: MEC, FNDE, SEED; 2008..

Recentemente, a Lei 13.666 de 20183232 Brasil. Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), para incluir o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar. Diário Oficial da União 2018; 16 mai. estabeleceu que os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir o tema da educação alimentar e nutricional nas disciplinas de ciências e biologia, respectivamente. A lei representa um importante avanço em relação à alimentação infantil, uma vez que a educação alimentar e nutricional tem como objetivo promover e consolidar a prática de hábitos alimentares saudáveis desde a infância e, desta forma, contribuir para a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis em todas as faixas etárias.

Os resultados do presente estudo devem ser interpretados sob a ciência de algumas limitações. O consumo alimentar foi autorreferido pelo escolar, desta forma pode haver alguma variação de consumo quanto ao dia da semana. Outro fator a ser considerado foi que classificamos como ultraprocessados somente os alimentos expressamente caracterizados como tal de acordo com o Guia Alimentar para População Brasileira66 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: MS; 2014.. Desta forma o estudo pode ter subestimado o real consumo de alimentos ultraprocessados. Por exemplo, o pão foi classificado como um alimento processado, contudo não foi questionada a origem do pão, caso este seja proveniente de uma indústria com utilização de aditivos alimentares, deveria ser classificado como ultraprocessado. Neste sentido sugerem-se mais pesquisas com detalhamento da composição nutricional dos alimentos. Por outro lado, a pesquisa possui uma amostra de base escolar da rede municipal de ensino sendo representativa destes escolares em Caxias do Sul-RS. Contudo as escolas privadas não foram avaliadas, pois se objetivava o conhecimento dos hábitos alimentares desta população para subsidiar ações da Secretaria Municipal de Educação. Desta forma os resultados podem ser inferidos e comparados com população de escolares da rede pública de ensino.

Entre os escolares do referido estudo verificou-se um alto consumo de alimentos ultraprocessados. Assim, enfatiza-se a necessidade de desenvolvimento de programas de saúde de caráter preventivo direcionadas à conscientização dos escolares, pais e responsáveis sobre a alimentação. Deve-se dar ênfase à mudança do estilo de vida e voltar-se a promoção da saúde, evitando assim que milhares de jovens desenvolvam prematuramente diversas doenças crônicas não transmissíveis. O papel da escola como o dos pais ou responsáveis é fundamental na formação do hábito alimentar das crianças e adolescentes. Desta forma destaca-se a importância de aplicar rigidamente à legislação vigente quanto ao cardápio escolar e aos alimentos vendidos nas cantinas escolares.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2021
  • Data do Fascículo
    Abr 2021

Histórico

  • Recebido
    05 Out 2018
  • Aceito
    04 Jun 2019
  • Publicado
    06 Jun 2019
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revscol@fiocruz.br