Resumo
Objetivou-se caracterizar e avaliar o ambiente alimentar de escolas públicas quanto à presença de fatores competidores e promotores da alimentação saudável. Realizou-se estudo quantitativo descritivo e observacional em 14 escolas públicas de um município do Rio de Janeiro e os entornos. Para tanto utilizou-se registro fotográfico e diário de campo. Considerou-se como componentes promotores do ambiente alimentar saudável a presença de murais sobre o tema da alimentação, hortas, refeitório escolar e a presença de professores durante as refeições. Como competidores, a presença de: lanches levados pelos alunos, cantinas, venda informal de alimentos e a presença de embalagens e de alimentos ultraprocessados circulando nas escolas. Para caracterização dos estabelecimentos no entorno escolar considerou-se um raio de 500 metros do portão da escola. Os alimentos comercializados foram categorizados segundo a classificação NOVA. O estudo identificou predominância de fatores promotores da alimentação saudável em comparação aos competidores. Porém, havia elevada presença de alimentos ultraprocessados no interior das escolas. No entorno escolar, a presença destes alimentos foi predominante.
Palavras-chave:
Alimentação escolar; Alimentos ultraprocessados; Espaço social alimentar
Resumen
Este artículo tuvo como objetivo caracterizar y evaluar el entorno alimentario de escuelas públicas en cuanto a la presencia de factores que compiten y promueven una alimentación saludable. Se realizó un estudio cuantitativo, descriptivo y observacional en 14 escuelas públicas de un municipio de Río de Janeiro y sus alrededores. Para ello, se utilizaron registros fotográficos y diarios de campo. La presencia de murales sobre el tema de alimentación, huertas, comedor escolar y la presencia de docentes durante las comidas fueron considerados como componentes que promueven un entorno de alimentación saludable. Como competidores, se destaca la presencia de snacks traídos por los estudiantes, comedores, venta informal de alimentos y la presencia de envases y alimentos ultraprocesados circulando en las escuelas. Para caracterizar los establecimientos del entorno escolar se consideró un radio de 500 metros desde el portón del colegio. Los alimentos vendidos fueron categorizados según la clasificación NOVA. El estudio identificó un predominio de factores que promueven una alimentación saludable en comparación con la competencia. Sin embargo, hubo una alta presencia de alimentos ultraprocesados al interior de las escuelas. En el entorno escolar predominó la presencia de estos alimentos.
Palabras clave:
Alimentación escolar; Alimentos ultraprocesados; Espacio social de comida
Introdução
O ambiente alimentar caracteriza-se por um conjunto de aspectos físicos, econômicos, políticos e socioculturais que determinam oportunidades ou barreiras para adoção de uma alimentação saudável11 Swinburn B, Vandevijvere S, Kraak V, Sacks G, Snowdon W, Hawkes C, Barquera S, Friel S, Kelly B, Kumanyika S, L'Abbé M, Lee A, Lobstein T, Ma J, Macmullan J, Mohan S, Monteiro C, Neal B, Rayner M, Sanders D, Walker C. Monitoring and benchmarking government policies and actions to improve the haealthiness of food enviroments: a proposal Govnerment Healthy Food Enviroment Policy Index. Obes Rev 2013; 14(Supl. 1):24-37.. O ambiente alimentar organizacional refere-se ao local de vendas ou fornecimento de alimentos aos membros que integram instituições e organizações, como escolas, hospitais e universidades22 Espinoza PG, Eganã D, Masferrer D, Cerda R. Proposal for a conceptual model for the study of food environments in Chile. Rev Panam Salud Publica 2017; 41:e169.,33 Castro IRR, Canella DS. Organizational Food Environments: Advancing Their Conceptual Model. Foods 2022; 11(7):993..
No espaço escolar, o ambiente alimentar compreende toda logística que envolve a disponibilidade dos alimentos, dentro e ao redor da escola onde os alimentos são encontrados, obtidos, comprados ou consumidos, e o conteúdo nutricional desses alimentos. Inclui ainda, todas as informações disponíveis (marcas, publicidade, rotulagem, embalagens), a promoção e o preço dos alimentos e produtos alimentícios44 Organización de las Naciones Unidas para la Alimentación y la Agricultura (FAO). Alimentación y Nutrición Escolar: entornos alimentarios y alimentacion escolar saludables [Internet]. 2019. [acessado 2022 dez 12]. Disponível em: http://www.fao.org/school-food/areas-work/food-enviroment.
http://www.fao.org/school-food/areas-wor... .
Nas escolas públicas brasileiras a alimentação é regulamentada pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que fornece refeições baseadas em alimentos in natura e minimamente processados para atender às demandas nutricionais dos estudantes, contribuir para o crescimento e desenvolvimento adequados, rendimento escolar e formação de práticas alimentares saudáveis55 Brasil. Ministério da Educação (MS). Resolução/CD/FNDE n° 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Diário Oficial da União; 2020.. Contudo, alguns fatores do ambiente alimentar podem influenciar desfavoravelmente nas escolhas alimentares dos estudantes, como a compra e o consumo de alimentos realizados em cantinas ou refeitórios, a presença dos lanches levados de casa, que nem sempre são saudáveis, e o comércio de alimentos no entorno escolar66 Andreta V, Siviero J, Mendes KG, Motter FR, Theodoro H. Consumo de alimentos ultraprocessados e fatores associados em uma amostra de base escolar pública no Sul do Brasil. Cien Saude Colet 2021; 26(4):1477-1488.
7 Silva NAR, Diniz JC. Qualidade nutricional dos lanches levados pelos alunos matriculados nos centros infantis da cidade de Matozinhos-MG. Rev Bras Cien Vida 2018; 6(4):194-212.
8 Cesar JT, Taconeli CA, Osório MM, Schmidt ST. Adesão à alimentação escolar e fatores associados em adolescentes de escolas públicas na região Sul do Brasil. Cien Saude Colet 2020; 25(3):977-988.-99 Henriques P, Alvarenga CRT, Ferreira DM, Dias PC, Bastos DS, Barbosa RMS, Burlandy L. Ambiente alimentar do entorno de escolas públicas e privadas: Oportunidade ou desafio para alimentação saudável? Cien Saude Colet 2021; 26(8):3135-3145.. Tais fatores competem com a alimentação oferecida nas escolas pelo PNAE comprometendo a sua adesão, favorecendo o ganho de peso e a formação de hábitos alimentares inadequados1010 Azeredo CM, Rezende LFM, Canella DS, Claro RM, Peres MFT, Luiz OC, França-Júnior I, Kinra S, Hawkesworth S, Levy RB. Food environments in schools and in the immediate vicinity are associated with unhealthy food consumption among Brazilian adolescents. Preven Med 2016; 88:73-79.
11 Lacerda AT, Carmo AS, Sousa TM, Santos LC. Participação de alimentos ultraprocessados na dieta de escolares brasileiros e seus fatores associados. Rev Paul Pediatr 2020; 38:e2019034.-1212 Valentim EA, Almeida CCB, Taconeli CA, Osório MM, Schmidt ST. Fatores associados à adesão à alimentação escolar por adolescentes de escolas públicas estaduais de Colombo, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica 2017; 33(10):e00061016..
Sob outra perspectiva, pesquisas indicam que as escolas que adotam uma abordagem escolar completa são mais bem-sucedidas em aderir aos padrões da alimentação escolar. Tal abordagem se refere a estratégias que envolvem toda a escola na promoção de hábitos alimentares saudáveis. Isso inclui não apenas a oferta de alimentos saudáveis na escola, mas também a educação alimentar1313 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual operacional para profissionais de saúde e educação: promoção da alimentação saudável nas escolas. Brasília: MS; 2008., a criação de uma cultura alimentar positiva e o envolvimento dos pais e da comunidade1414 Bryant M, Burton W, O'Kane N, Woodside JV, Grundy C. Developing and implementing food-based dietary guidelines in schools: a qualitative investigation of the perspectives of school stakeholders in England. Int J Behav Nutr Phys Act 2023; 20(1):29..
Evidências sobre a influência do ambiente alimentar escolar na saúde dos estudantes, especialmente no desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, têm sido reveladas a partir da análise da presença de estabelecimentos de venda de alimentos no entorno das escolas1515 Peres CMC, Gardone DS, Costa BVL, Duarte CK, Pessoa MC, Mendes LL. Retail food environment around schools and overweight: a systematic review. Nutr Rev 2020; 78(10):841-856. e na oferta ou permissão de alimentos dentro das escolas1616 Betts GM, Schwedhelm C, Lipsky LM, Haynie DL, Nansel TR. Impact of the external school food environment on the associations of internal school food environment with high schoolers' diet and BMI. Public Health Nutr 2022; 25(11):3086-3095..
O ambiente obesogênico vem sendo definido como a soma das influências que o ambiente, as oportunidades ou as condições de vida têm na promoção da obesidade em indivíduos ou populações, demonstrando a importância da relação entre o ambiente e os desfechos em saúde1717 Swinburn B, Egger G, Raza F. Dissecting Obesogenic Environments: The Development and Application of a Framework for Identifying and Prioritizing Environmental Interventions for Obesity. Prev Med 1999; 29(6):563-570.. Nesse contexto, estudos sobre o ambiente alimentar são importantes para o reconhecimento do seu potencial como promotor ou obstáculo para uma vida mais saudável. Recentemente um estudo avaliou as barreiras e facilitadores para a promoção da alimentação saudável no ambiente alimentar do consumidor1818 Borges CA, Gabe KT, Canella DS, Jaime PC. Caracterização das barreiras e facilitadores para alimentação adequada e saudável no ambiente alimentar do consumidor. Cad Saude Publica 2021; 37:e00157020.. Contudo, os estudos sobre o ambiente alimentar escolar conduzidos no Brasil se limitaram a avaliar o entorno ou comparar escolas públicas e privadas99 Henriques P, Alvarenga CRT, Ferreira DM, Dias PC, Bastos DS, Barbosa RMS, Burlandy L. Ambiente alimentar do entorno de escolas públicas e privadas: Oportunidade ou desafio para alimentação saudável? Cien Saude Colet 2021; 26(8):3135-3145.,1919 Carmo AS, Assis MM, Cunha CF, Oliveira TRPR, Mendes LL. The food environment of Brazilian public and private schools. Cad Saude Publica 2018; 34(12):e00014918.,2020 Peres CMC, Costa BVL, Pessoa MC, Honório OS, Carmo AS, Silva TPR, Gardone DS, Meireles AL, Mendes LL. O ambiente alimentar comunitário e a presença de pântanos alimentares no entorno das escolas de uma metrópole brasileira. Cad Saude Publica 2021; 37(5):e00205120.. Há, portanto, uma lacuna na literatura acerca das barreiras e facilitadores no ambiente escolar que podem promover ou comprometer a alimentação oferecida no âmbito do PNAE. Dessa forma, considerando a importância da escola na formação de hábitos alimentares saudáveis, este estudo teve por objetivo caracterizar e avaliar o ambiente alimentar de escolas públicas quanto à presença de fatores competidores e promotores da alimentação saudável.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, descritivo e observacional, que integra o projeto de pesquisa intitulado “Estudo do ambiente alimentar, da aceitabilidade das preparações do cardápio e dos fatores associados à adesão a alimentação escolar em escolas públicas do estado do Rio de Janeiro” desenvolvido pelo Grupo de Ensino, Extensão e Pesquisa em Alimentação e Saúde Escolar (GEPASE).
O estudo foi realizado em 14 escolas públicas e seus entornos, localizadas em um município da região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, cuja extensão territorial é de 133,757 km², população estimada de 516.981 habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano de 0,8372121 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cidades e Estados. Rio de Janeiro: IBGE; 2023.. O município possui 95 escolas distribuídas em sete polos regionais, das quais 46 são de Educação Infantil (EI) e 49 de Ensino Fundamental (EF).
As escolas participantes da pesquisa foram selecionadas por amostra de conveniência, conforme os seguintes critérios: concordância dos diretores escolares em participar do estudo e não estarem situadas em área de risco de violência. Das 14 escolas selecionadas, seis eram do EF I, cinco do EF II e três da EI (faixa etária de 4 anos a 5 anos e 11 meses). A coleta de dados foi realizada entre o segundo semestre de 2021 e o primeiro de 2022. A auditoria, que é a avaliação do ambiente alimentar por observação direta do local2222 Glanz K, Sallis JF, Saelens BE, Frank LD. Healthy nutrition environments: concepts and measures. Am J Health Promot 2005; 19:330-333., foi realizada em dois dias não consecutivos, por meio de registro fotográfico e diário de campo.
O estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense, registrado com o número do CAAE 98417718.5.0000.5243.
Para caracterização do ambiente alimentar no interior das escolas considerou-se como componentes promotores do ambiente alimentar saudável a presença de murais sobre o tema da alimentação, a presença de hortas, a presença de refeitório escolar e a presença de professores durante as refeições1313 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual operacional para profissionais de saúde e educação: promoção da alimentação saudável nas escolas. Brasília: MS; 2008.. Como competidores considerou-se a presença de lanche levado pelas crianças2323 American Academy of Pediatrics. Council on School Health. Committee on Nutrition. Snacks, Sweetened Beverages, Added Sugars, and Schools. Pediatrics 2015; 135(3):575-583.,2424 Mello AV, Morimoto JM, Paternez ACAC. Valor nutritivo de lanches consumidos por escolares de uma escola particular. Cien Saude 2016; 9(2):70-75., a presença de cantinas, a presença de venda informal de alimentos1212 Valentim EA, Almeida CCB, Taconeli CA, Osório MM, Schmidt ST. Fatores associados à adesão à alimentação escolar por adolescentes de escolas públicas estaduais de Colombo, Paraná, Brasil. Cad Saude Publica 2017; 33(10):e00061016. e a presença de embalagens e de alimentos ultraprocessados circulando nas escolas e nas lixeiras do pátio escolar.
Para caracterização dos estabelecimentos no entorno escolar, conforme os componentes promotores e competidores do ambiente alimentar saudável, realizou-se observação direta, de cada local, sendo o registro efetuado em um instrumento tipo check list elaborado pelos próprios pesquisadores a partir de orientações presentes na Resolução FNDE 6/202055 Brasil. Ministério da Educação (MS). Resolução/CD/FNDE n° 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Diário Oficial da União; 2020. e no Guia Alimentar para a População Brasileira2525 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014.. O instrumento contemplou a caracterização dos estabelecimentos (mercado, lanchonete, padaria, quiosque, barraquinha, trailer, etc.) e a disponibilidade e tipos de alimentos e bebidas comercializados, sendo previamente listados aqueles considerados potenciais para o consumo imediato na escola (guloseimas, frutas, sucos, bebidas açucaradas, água de coco, bolos, pães, salgadinhos de pacote, entre outros).
Considerou-se como ambiente alimentar do entorno escolar todo estabelecimento de comercialização de alimentos localizado em um raio de 500 metros do portão da escola99 Henriques P, Alvarenga CRT, Ferreira DM, Dias PC, Bastos DS, Barbosa RMS, Burlandy L. Ambiente alimentar do entorno de escolas públicas e privadas: Oportunidade ou desafio para alimentação saudável? Cien Saude Colet 2021; 26(8):3135-3145..
Após esta etapa, os alimentos e bebidas foram categorizados em grupos de alimentos e classificados conforme o grau de processamento (in natura ou minimamente processado, processado e ultraprocessado) de acordo com a classificação NOVA2626 Monteiro CA, Cannon G, Moubarac JC, Levy RB, Louzarda MLC. The UM Decade of Nutrition, the NOVA food classification and the trouble with ultra-processing. Public Health Nutr 2018; 21:5-17..
Todas as imagens relacionadas ao ambiente alimentar foram registradas por meio de fotografias e salvas em planilha de editor de texto. Os dados foram digitados em banco de dados no Programa Microsoft Office Excel 2010. Para caracterizar e explorar o ambiente alimentar dentro e no entorno das escolas foram utilizadas estatísticas descritivas relacionadas à frequência relativa (%) e absoluta (n).
Resultados
Quanto aos aspectos relacionados ao ambiente alimentar interno, todas as cinco escolas de EF II apresentaram mais fatores competidores com a alimentação adequada e saudável do que promotores. Por outro lado, nas escolas de EI e EF I, verificou-se predominância de fatores promotores como a presença de hortas e de murais com o tema da alimentação saudável (Tabela 1).
Apesar de as escolas de Educação Infantil não apresentarem embalagens de alimentos ultraprocessados nas lixeiras (Tabela 1), observou-se a circulação interna de salgadinhos de pacote e bebida açucarada à base de guaraná por meio dos responsáveis pelos alunos, ao buscarem seus filhos nas escolas.
Em duas escolas, verificou-se o armazenamento dos lanches levados pelos estudantes, em caixas plásticas, dentro dos refrigeradores para serem consumidos no horário do recreio, sendo presenciada a retirada destes produtos pelos alunos. Em outra, verificou-se um cartaz na geladeira informando a venda informal de bebida açucarada à base de guaraná. Outro aspecto considerado competidor da alimentação escolar saudável foi a distribuição de leite enriquecido com mamão acompanhado de uma embalagem de bala Fini® em volta do jarro, observada em uma escola.
Quanto aos elementos promotores do ambiente alimentar saudável notou-se, em duas escolas, a presença de murais sobre o tema da alimentação disponibilizados, estrategicamente, nos refeitórios. Em relação às hortas, apesar da presença em quatro escolas, apenas uma se encontrava em bom estado de conservação. Nas demais, observou-se a necessidade de revitalização.
Nas escolas EI verificou-se que os professores acompanhavam seus alunos e incentivavam o consumo da alimentação, contudo essa realidade não foi observada nas escolas de ensino fundamental. Nestas, alguns professores almoçavam no refeitório, mas não havia diálogo e as refeições nem sempre eram realizadas no mesmo horário dos alunos.
No entorno das 14 escolas havia 53 estabelecimentos de comércio de alimentos, dos quais 15 (28,3%) eram barraquinhas e trailer situados ao lado ou em frente ao portão das escolas. Os demais foram identificados como bares, lanchonetes, padarias, açaiteria e mercados. Os alimentos ultraprocessados foram predominantes nestes comércios (Tabela 2). No entorno de seis escolas (42,8%) foram encontrados comércio de venda de alimentos in natura, como frutas e verduras. Contudo, no mesmo espaço eram comercializados alimentos ultraprocessados, sendo que estes estavam presentes em todos os estabelecimentos comerciais.
Discussão
Os resultados do presente estudo apontam que, dentro das escolas públicas, os fatores promotores da alimentação saudável estavam mais presentes do que os fatores competidores, especialmente nos níveis da EI e do EF I. No entanto, observou-se a presença concomitante de alimentos saudáveis e não saudáveis no ambiente escolar de estudantes do EF I e II. Esse paradoxo, no mínimo, confunde os alunos a quererem experimentar ou rejeitar a alimentação escolar, tornando-se um desafio alcançar uma alta adesão e garantir a segurança alimentar pelos estudantes conforme os preceitos de universalidade do PNAE.
O ambiente alimentar mais saudável observado na educação infantil pode ser explicado pela Resolução nº 6/2020 do PNAE55 Brasil. Ministério da Educação (MS). Resolução/CD/FNDE n° 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Diário Oficial da União; 2020., que alinhada aos guias alimentares para população brasileira2525 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014. e para crianças menores de dois anos2727 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para crianças menores de dois anos. Brasília: MS; 2019., determina para os escolares menores de 3 anos, a proibição da inclusão de alimentos ultraprocessados e a adição de açúcar, mel e adoçante nas preparações culinárias e bebidas. Já para escolares acima de 3 anos, a frequência semanal/mensal de alimentos ultraprocessados é limitada no cardápio conforme o período parcial ou integral, e a compra destes produtos deve corresponder a 20% do total do recurso repassado pelo FNDE55 Brasil. Ministério da Educação (MS). Resolução/CD/FNDE n° 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Diário Oficial da União; 2020..
A presença de alimentos ultraprocessados armazenados nas geladeiras das escolas, bem como a identificação de alunos consumindo estes alimentos na hora do recreio demonstra que, apesar de a alimentação adequada e saudável ser oferecida nas escolas, há alunos que levam lanches, mesmo nas unidades de educação em que há incentivo para adesão à alimentação escolar. O armazenamento e a venda informal de alimentos ultraprocessados nas escolas são atitudes incompatíveis com o ambiente alimentar saudável, que competem com a alimentação escolar, se contrapondo às diretrizes do PNAE.
Os alimentos ultraprocessados possuem, em sua composição, altas quantidades de sódio, açúcar, gorduras e substâncias sintetizadas em laboratório2525 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014.. São formulações industriais que, além de hiperpalatáveis, possuem grande praticidade e comodidade para mães e crianças, pois, em sua maioria, já são comercializados prontos para serem consumidos2626 Monteiro CA, Cannon G, Moubarac JC, Levy RB, Louzarda MLC. The UM Decade of Nutrition, the NOVA food classification and the trouble with ultra-processing. Public Health Nutr 2018; 21:5-17.,2828 Costa CS, Flores TR, Wendt A, Neves RG, Assunção MCF, Santos IS. Comportamento sedentário e consumo de alimentos ultraprocessados entre adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), 2015. Cad Saude Publica 2018; 34(3):e00021017.. A ingestão desses produtos contribui para o desenvolvimento precoce de doenças crônicas, como obesidade, diabetes, hipertensão e câncer. Na infância, eles ainda podem acarretar carências nutricionais, tais como hipovitaminose A e anemia por deficiência de ferro, prejudicar o crescimento e o desenvolvimento, a capacidade de aprendizagem e a imunidade2929 Lopes WC, Pinho L, Caldeira AP, Lessa AC. Consumo de alimentos ultraprocessados por crianças menores de 24 meses de idade e fatores associados. Rev Paul Pediatr 2020; 38:e2018277..
Ainda que nas escolas participantes do estudo não tenham sido encontradas cantinas, observou-se a venda de doces e bebidas industrializadas em duas delas, em discordância com o ambiente alimentar saudável que deve ser promovido pelas unidades escolares. A influência do ambiente alimentar nas decisões sobre o que comer já é bem fundamentada na literatura3030 Atanasova P, Kusuma D, Pineda E, Frost G, Sassi F, Miraldo M. The impact of the consumer and neighbourhood food environment on dietary intake and obesity-related outcomes: A systematic review of causal impact studies. Soc Sci Med 2022; 299:114879.
31 An R, He L, Shen MJ. Impact of neighbourhood food environment on diet and obesity in China: a systematic review. Public Health Nutr 2020; 23(3):457-473.
32 Curioni CC, Boclin KLS, Silveira IH, Canella DS, Castro IRR, Bezerra FF, Junger W, Faerstein E. Neighborhood food environment and consumption of fruit and leafy vegetables: Pro-Saude Study, Brazil. Public Health 2020; 182:7-12.
33 Vogel C, Abbott G, Ntani G, Barker M, Cooper C, Moon G, Ball K, Baird J. Examination of how food environment and psychological factors interact in their relationship with dietary behaviours: test of a cross-sectional model. Int J Behav Nutr Phys Act 2019; 16(1):12.
34 Skidmore P, Welch A, van Sluijs E, Jones A, Harvey I, Harrison F, Griffin S, Cassidy A. Impact of neighbourhood food environment on food consumption in children aged 9-10 years in the UK SPEEDY (Sport, Physical Activity and Eating behaviour: Environmental Determinants in Young people) study. Public Health Nutr 2010; 13(7):1022-1030.-3535 Duran AC, Almeida SL, Latorre MR, Jaime PC. The role of the local retail food environment in fruit, vegetable and sugar-sweetened beverage consumption in Brazil. Public Health Nutr 2016; 19(6):1093-1102.. O arranjo e a disponibilidade dos alimentos nas prateleiras dos supermercados, em máquinas de venda automática, bem como o tipo e a disponibilidade de comércio de alimentos próximos às residências e locais de trabalho podem moldar, significativamente, as escolhas alimentares. Uma meta-análise com 457 estudos para identificar associação entre os determinantes do ambiente construído sobre a obesidade infantil, identificou associações consistentes entre o maior acesso a alimentos tipo fast-food e o maior consumo destes alimentos3636 Jia P, Shi Y, Jiang Q, Dai S, Yu B, Yang S, Yang S. Environmental determinants of childhood obesity: a meta-analysis. Lancet Global Health 2023; 11(n. esp.):S7.. Estes estudos sugerem que um ambiente alimentar que promova o acesso e a disponibilidade a alimentos saudáveis pode incentivar escolhas mais nutritivas, enquanto a presença predominante de alimentos menos saudáveis pode levar a uma dieta menos equilibrada. Portanto, a conscientização sobre o impacto do ambiente alimentar sobre as escolhas alimentares é essencial para a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis e prevenção de doenças relacionadas à alimentação inadequada.
Nesse contexto, cabe considerar que a exposição de crianças e adolescentes a alimentos não saudáveis já ocorre em diversos locais e formatos, inerentes à sua vivência, como a televisão, supermercados, shopping, lojas de rua entre outros. Desta forma, pelo menos na escola e no seu entorno, deveria haver maior proteção das crianças à exposição, apelo comercial e práticas de publicidade de alimentos ultraprocessados.
De acordo com o estatuto da criança e do adolescente, a alimentação saudável e a nutrição adequada fazem parte dos direitos fundamentais de todas as crianças e a escola faz parte da rede de proteção da exposição aos alimentos considerados não saudáveis, bem como de estratégias de publicidade promovidas pela indústria alimentícia3737 Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União 1990; 13 jul.. Assim, o Estado orienta que as escolas devem ser espaços promotores da saúde, e de proteção dos direitos das crianças e adolescentes, devendo prover, promover e proteger uma alimentação adequada e saudável. Portanto, as políticas públicas devem mobilizar ações voltadas para reconfiguração dos ambientes, territórios e cidades visando, principalmente, o estímulo de práticas saudáveis e a garantia para adoção dessas práticas, com foco na mudança de ambientes obesogênicos3838 Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Plano de ação para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Brasília: OPAS; 2015..
Nesse sentido, a horta escolar pode ser uma importante estratégia de reconfiguração do ambiente escolar com foco na educação alimentar e ambiental, pois estimula o interesse pelo cultivo, pelo consumo de alimentos saudáveis, e conscientização sobre o meio ambiente3939 Doria NG, Coelho DEP, Garcia MT, Watanabe HAW, Bógus CM. A experiência de uma horta escolar agroecológica como estratégia interativa e criativa de promoção da saúde. Demetra 2017; 12(1):69-90.. A presença de refeitório em todas as escolas também é um fator promotor da alimentação escolar devido às suas características estruturais e sensoriais que auxiliam na concentração no momento da refeição, permitindo que as preparações culinárias sejam apreciadas, contribuindo para que o ato de comer se torne um momento prazeroso2525 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2ª ed. Brasília: MS; 2014..
Ressalta-se, que a promoção da alimentação adequada e saudável deve ser realizada de forma contínua, permanente, intersetorial e multiprofissional4040 Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. Brasília: MDS; 2012.. Mesmo que realizada apenas por meio de murais, como verificado em algumas escolas, busca despertar nos alunos o interesse por alimentos saudáveis. Estes dispositivos, quando estrategicamente planejados e utilizados, podem estimular nos alunos a vontade de experimentar os alimentos oferecidos e aumentar a adesão à alimentação escolar4141 Silva SU, Monego ET, Sousa LM, Almeida, GM. As ações de educação alimentar e nutricional e o nutricionista no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Cien Saude Colet 2018; 23(8):2671-2681.. No entanto, observou-se que essa metodologia vem sendo pouco explorada nas escolas apesar do espaço disponível para que estes materiais sejam disponibilizados.
No entorno escolar, mesmo tendo sido verificada a presença de alimentos in natura, os ultraprocessados estavam em número superior em consonância com estudos semelhantes que também encontraram predomínio de alimentos ultraprocessados, no entorno das escolas99 Henriques P, Alvarenga CRT, Ferreira DM, Dias PC, Bastos DS, Barbosa RMS, Burlandy L. Ambiente alimentar do entorno de escolas públicas e privadas: Oportunidade ou desafio para alimentação saudável? Cien Saude Colet 2021; 26(8):3135-3145.,1515 Peres CMC, Gardone DS, Costa BVL, Duarte CK, Pessoa MC, Mendes LL. Retail food environment around schools and overweight: a systematic review. Nutr Rev 2020; 78(10):841-856.,2020 Peres CMC, Costa BVL, Pessoa MC, Honório OS, Carmo AS, Silva TPR, Gardone DS, Meireles AL, Mendes LL. O ambiente alimentar comunitário e a presença de pântanos alimentares no entorno das escolas de uma metrópole brasileira. Cad Saude Publica 2021; 37(5):e00205120.. As feiras-livres têm sido apontadas como indutores do consumo de alimentos saudáveis, por apresentarem maior variedade, melhor qualidade e menor custo. Por outro lado, pequenos comércios possuem produtos com preços superiores e comercializam, principalmente, ultraprocessados4242 Lopes ACS, Menezes MC, Araújo ML. O ambiente alimentar e o acesso a frutas e hortaliças: "Uma metrópole em perspectiva". Saude Soc 2017; 26(3):764-773..
Nas últimas décadas, o Brasil vem avançando na discussão sobre a importância de restringir a oferta e venda de alimentos não saudáveis nas escolas e nos seus entornos, visando a promoção da alimentação adequada e saudável na infância. Recentemente, o Ministério da Saúde publicou a Estratégia Nacional para a Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil (PROTEJA), que preconiza o ambiente alimentar saudável como um dos pilares para se prevenir a obesidade infantil, considerando o acesso regular, permanente e irrestrito a alimentos seguros, regionais, adequados e saudáveis, em consonância aos preceitos da Segurança Alimentar e Nutricional4343 Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria GM/MS nº 1.862, de 10 de agosto de 2021. Institui a Estratégia Nacional para Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil - Proteja. Diário Oficial da União 2021; 10 ago.. No entanto, medidas regulatórias com peso de lei não avançaram, especialmente no que tange à comercialização de produtos alimentícios nos espaços escolares, demonstrando lacunas regulatórias e de políticas públicas efetivas que protejam os ambientes escolares da oferta de produtos ultraprocessados4444 Pereira TN, Gomes FS, Carvalho CMP, Martins APB, Duran ACFL, Hassan BK, Cruz JI, Mais LA, Ferraz MA, Mialon M, Johns P, Bandeira LM. Medidas regulatórias de proteção da alimentação adequada e saudável no Brasil: uma análise de 20 anos. Cad Saude Publica 2021; 37(Supl. 1):e00153120..
Em âmbito nacional, a Portaria Interministerial nº 1.010/2006 visa restringir o comércio e a promoção comercial no ambiente escolar de alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras para escolas públicas e privadas4545 Brasil. Portaria Interministerial nº 1.010, de 8 de maio de 2006. Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e privadas, em âmbito nacional. Diário Oficial da União, 2006; 8 maio.. No estado do Rio de Janeiro, onde a pesquisa foi realizada, a Lei nº 4.508, de 2005, especifica os produtos que não são permitidos nas escolas, como salgadinhos, chocolate e guloseimas como balas, pirulitos, doces, goma de mascar, refrescos industrializados, refrigerantes alimentos que contenham corantes, conservantes ou antioxidantes artificiais entre outros4646 Rio de Janeiro. Lei nº 4.508, de 11 de janeiro de 2005. Proíbe a comercialização, aquisição, confecção e distribuição de produtos que colaborem para a Obesidade Infantil, em bares, cantinas e similares instalados em Escolas Públicas e Privadas do Estado do Rio De Janeiro, na forma que menciona. Diário Oficial da União 2005; 11 jan..
Apesar dos dispositivos legais orientarem a restrição de alimentos não saudáveis nas escolas, ainda é um desafio o seu cumprimento na íntegra, mesmo com o reconhecimento de que o ambiente alimentar saudável é uma estratégia importante para a promoção da Segurança Alimentar e Nutricional e a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada. Assim, são necessárias medidas regulatórias mandatórias como a proibição de entrada de alimentos ultraprocessados nas escolas, bem como o fortalecimento de estratégias de apoio e incentivo à alimentação saudável, como a compreensão dos atores escolares sobre o seu papel no PNAE, de forma que o tema da alimentação esteja inserido no currículo escolar, bem como as ações de Educação Alimentar e Nutricional sejam permanentes na escola.
O estudo tem como contribuição a observação de fatores ainda não investigados em estudos anteriores, como a presença dos professores durante as refeições, como também de alimentos ultraprocessados nas escolas não restrito às cantinas. Como limitação, o número de escolas não é representativo do município, e, portanto, os resultados não podem ser generalizados. Escolas localizadas em áreas com maior risco de violência e, portanto, com maior vulnerabilidade social, não foram incluídas nessa pesquisa. Logo, sugere-se que estudos semelhantes sejam realizados nesse contexto de modo a investigar se o ambiente alimentar escolar seria mais promotor ou competidor de uma alimentação saudável para os estudantes.
Conclusão
O presente estudo identificou mais fatores promotores da alimentação saudável do que competidores. Ainda que não tenha sido verificado em todas as escolas, estando mais presentes na educação infantil, a presença de hortas, murais e professores durante a refeição são potenciais para promoção da alimentação saudável no ambiente escolar. Especialmente no ensino fundamental I e II, foi verificada elevada presença de alimentos ultraprocessados no interior das escolas. No entorno escolar, a contribuição destes alimentos foi superior aos alimentos in natura e minimamente processados.
Os fatores competidores identificados no estudo podem contribuir para a baixa adesão à alimentação escolar e, consequentemente, hábitos alimentares menos saudáveis. Além dos fatores investigados, outros podem ser levados em consideração em estudos futuros, considerando que, para a garantia da segurança alimentar e nutricional dos escolares, práticas alimentares saudáveis devem ser estimuladas nestes espaços. O comércio de alimentos ultraprocessados nos entornos escolares e a presença destes alimentos no interior das escolas são aspectos que descaracterizam o ambiente alimentar como saudável e que competem com a alimentação oferecida no âmbito do PNAE.
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Financiamento
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
10 Fev 2025 - Data do Fascículo
Fev 2025
Histórico
- Recebido
21 Mar 2023 - Aceito
27 Nov 2023 - Publicado
29 Nov 2023