PESQUISA
Epidemiologia descritiva do alcoolismo em grupos populacionais do Brasil*
Marisa de Souza Cardim; Simone Gonçalves de Assis; Marcy SberzeI; Takumi Iguchi; Anastácio Ferreira MorgadoII
IAlunas do referido Curso
IIEscola Nacional de Saúde Pública FIOCRUZ RJ
RESUMO
A partir de estudos nacionais, publicados entre 1943 e 1985, que fornecem dados sobre o alcoolismo, foram utilizados no presente artigo, especialmente aqueles que têm algum cunho epidemiológico. Seus dados foram reanalisados e utilizados apenas em seus valores absolutos; recalcularam-se as taxas e porcentagens, aglutinando-as em resultados que tivessem as mesmas características.
Pelos dados analisados, encontramos maior predominância de alcoolismo em adultos jovens, concentrando-se entre 20 e 49 anos de idade, na razão de 10 homens para 1 mulher.
No que diz respeito a taxas de prevalência, verificou-se que em três estudos em populações acima de 15 anos de idade, houve uniformidade para o alcoolismo-doença, que no sexo masculino variou de 6% a 13%, e no feminino de 0,7% a 1,4%. Em relação às internações, constatamos que o diagnóstico de alcoolismo alcança elevada proporção nos estabelecimentos psiquiátricos do país, a qual, somada à esquizofrenia, compreende 50% do total destas internações.
Foi impossível generalizar os dados para todo o Brasil, devido à heterogeneidade cultural e econômica da população, à extensão territorial, aos critérios divergentes de classificação utilizados pelos diferentes autores, e à escassez de estudos que forneçam taxas de prevalência.
ABSTRACT
Brazilian studies on alcoholism published between 1943 and 1985, specially those concerned on epidemiology, and their data have been drawn up for this paper. Such data have been re-analysed and only absolute numbers have been employed. Rates and proportions have been recalculated so as to have the same characteristics.
We have found a predominance of alcoholism in young males, between 20 and 49 years of age with a male/female ratio of 10:1.
As to prevalence rates, three studies carried out in populations with 15 yean and more, were consistent only for alcoholism disease, and yeld 6% to 13% in males, and 0.7% to 1.4% in females. Inpatient data have shown a high proportion of alcoholics which, summed up with schizophrenia achieved 50% of all inpatient population.
It is impossible do draw conclusions regarding Brazil as whole, due to economical and cultural heterogeneity of the population, the size of the country, distinct diagnostic criteria used by different authors, and to the paucity of studies yielding prevalence rates.
INTRODUÇÃO
O hábito de beber é um costume muito antigo, que vem desde a pré-história, Porém, somente neste século iniciaram-se estudos mais sistematizados para entender que fenômeno. Recentemente, cientistas, pesquisadores, sanitaristas, psicólogos, sociólogos, biólogos e outros estudiosos têm se voltado para estudar o assunto, devido à enorme proporção em que os problemas associados ao consumo de álcool vêm ocasionando ás populações.
Em todos os continentes, grupos se reúnem para debater o assunto e as conclusões são as mais diversas. No Brasil, em recente Congresso sobre Alcoolismo12, realizado na cidade do Rio de Janeiro, as autoridades que participaram desse conclave divergiram muito sobre as causas e tratamento do alcoolista, e também quanto à freqüência de alcoolistas no Brasil, onde os conferencistas afirmaram taxas de prevalência extremamente variadas, de 2% indo até o exagero de 10%. Tamanhas divergências alertam-nos para a necessidade de realizar trabalhos, a partir de dados concretos e reais e, se possível, que forneçam uma dimensão nacional do problema, sendo esta a proposta do presente artigo.
Ao analisarmos os problemas associados ao consumo de álcool, verifica-se a sua relevância em vários aspectos de Saúde Pública, para citarmos apenas aqueles que mais nos chamam atenção, dentro do contexto da América Latina. Lembremos o absenteísmo ao trabalho devido ao álcool, que é um fato culturalmente tolerado nas sociedades latino-americanas. Como registra Negrete29, no México a cada dia 2% do total dos empregados de refinarias faltam ao trabalho, devido ao abuso de álcool, e no Chile, Naveillan e Vargas28 relatam que estas abstenções chegam a milhões de jornadas ao ano, causando enormes prejuízos para a economia do país.
Outro dado de extrema importância diz respeito ao afastamento da força de trabalho por auxílio-doença. No Brasil, em 1975, o alcoolismo foi a 3ª causa de afastamento por diagnóstico psiquiátrico e como manutenção de auxílio-doença ocupou o 4º lugar, como observaram Cabernite7 e Freitas15.
Importa, também, destacar a associação do consumo de álcool com violência, seja esta através de acidentes com automotores, ou através de homicídios e suicídios.
Os problemas orgânicos decorrentes do uso de álcool vão desde a cirrose hepática e pancreatite crônica até à associação sinérgica de alcoolismo com doenças consumptivas como a tuberculose. Em termos de cirrose e pancreatite, o estudo de Dantas14 avaliou o tempo de ingestão de bebidas alcoólicas e o aparecimento destas doenças orgânicas em trabalhadores da zona urbana e rural de Ribeirão Preto. Leite e Puel18 encontraram alta prevalência de alcoolismo entre pacientes tuberculosos em tratamento hospitalar, o que confirma a enorme importância do alcoolismo como fator predisponente de doenças infecciosas.
Portanto, para abordarmos o consumo de álcool e o tipo de bebida ingerida, torna-se importante situar o problema não só no Brasil, como no contexto da América Latina.
Atualmente, encontra-se toda sorte de bebidas no continente americano. Aqui os grupos imigrantes europeus encontraram um ambiente adequado para conservar seus hábitos tradicionais; no extremo sul do continente, Argentina, Chile e algumas regiões do Brasil e Uruguai, o vinho tem sido a bebida de maior consumo, e no resto do continente predomina o uso de destilados e cerveja.
É muito difícil conhecer-se o montante de bebidas alcoólicas consumidas pela população, pois sabe-se apenas a produção oficial de tais bebidas; só por aproximação é que se pode chegar a um indicador satisfatório do consumo. Embora não se conheça bem a dimensão da produção clandestina, sabe-se que ela é importante, especialmente em países onde há o predomínio da população rural, chegando mesmo a equiparar-se à produção oficial. Na Costa Rica, a produção oficial de guaro, relatada por Negrete29, foi equivalente à produção oficial, isto é, aproximadamente 5000000 1 em 1973, Este tipo de dado não foi estimado para o Brasil, embora caiba uma ressalva ao importante estudo de Bertolote5, onde fornece a produção nacional para o ano de 1970. Em termos de vinhos, aguardentes e cervejas, a produção anual convertida em 1000 1 de álcool absoluto foi de 39205, 165011 e 48840 1, o que dá uma média de 4,7 1 de álcool absoluto por ano para cada brasileiro com 15 e mais anos de idade. Isto significa que o brasileiro maior de 15 anos bebe por ano aproximadamente 6 litros de vinho, 7,6 litros de aguardente e 18 litros de cerveja. Levando-se em conta que o teor de álcool destes 3 tipos de bebidas é respectivamente em torno de 12%, 40% e 5%, conclui-se que os 4,7 litros de álcool absoluto consumidos pelos brasileiros correm mais por conta de aguardentes do que os outros dois tipos de bebidas.
O objetivo do presente trabalho é fornecer uma visão panorâmica dos dados epidemiológicos sobre o alcoolismo no Brasil. Embora ainda não haja uma grande quantidade de dados, o fato é que na literatura nacional há bons trabalhos que colocam notáveis resultados à disposição do pesquisador. A articulação dos diferentes resultados permite chegar a uma visão de conjunto dos problemas em torno de consumo de álcool, a qual autoriza a equacionar estes problemas.
Consideramos que o conteúdo deste trabalho, que é de cunho epidemiológico, seja muito relevante para nortear políticas de tratamento, controle e reabilitação em torno do alcoolismo.
METODOLOGIA
A metodologia empregada foi a de reanálise de dados de registro os quais foram selecionados de trabalhos publicados em revistas, relatórios, livros e teses. Desses dados levou-se em consideração apenas os valores absolutos, fornecidos em cada autor; o cálculo de taxas e porcentagens, aglutinação de resultados e testes estatísticos foram procedimentos novos, realizados para o presente artigo.
No conjunto dos trabalhos, selecionamos aqueles que continham dados passíveis de serem comparados. Quando viável, algumas adaptações foram feitas para tal comparação; as explicações referentes a cada uma delas encontram-se nos rodapés das tabelas, e às vezes no texto interpretativo da mesma.
Por conseguinte, o presente artigo é todo ele elaborado a partir de dados secundários, porém a estruturação de todo o seu texto, a reanálise e o destaque de determinados aspectos são absolutamente novos.
FONTE DE DADOS
Procuramos fazer previamente um levantamento exaustivo da bibliografia nacional existente sobre alcoolismo. Dela selecionamos os trabalhos pertinentes â reanálise de dados. Abaixo separamos estes trabalhos por suas regiões geográficas de origem: Região Sudeste, Sul e Nordeste. Não encontramos trabalhos científicos sobre alcoolismo realizados nas Regiões Norte e Centro-Oeste; as poucas publicações destas duas regiões não chegam a fornecer dados e, em geral, são imprecisas no enunciado dos critérios de classificação.
Fizemos uma síntese dos trabalhos cujo acesso consideramos difícil, a fim de resgatar suas preciosas contribuições e utilizá-las no acervo da epidemiologia psiquiátrica nacional.
Região Sudeste
Importa lembrar que no Rio de Janeiro estava sediado o antigo Serviço Nacional de Doenças Mentais, cuja revista-Arquivo SNDM publicou alguns trabalhos com valiosos dados no Brasil como um todo. Destes sobressai o de Manfredini21, que teve o cuidado de distribuir os dados pelos estados da Federação, inclusive com as respectivas taxas de prevalência, que inadvertidamente chamou de incidência. Embora as taxas do trabalho de Manfredini se restrinjam aos alcoolistas internados em estabelecimentos psiquiátricos, elas são muito importantes porque ele estudou toda a demanda por um período de cinco anos, de 1950 a 1954, separando brasileiros de estrangeiros, e calculou corretamente as taxas para todos os Estados do país. Do mesmo SNDM, citaremos outros bons trabalhos que fornecem dados para todo o território nacional, como as taxas de internações dos trabalhos de Araújo3 e Botelho6. Um outro trabalho, o do sanitarista Parreiras32 que igualmente fornece dados para todo o território nacional, mas com fonte própria, independente daquela do SNDM. Aliás, Parreiras não se limitou aos estabelecimentos psiquiátricos, pois arrolou também registros de dispensarios, casas de repouso e hospitais gerais. Mais recentemente surgiu o trabalho de Caetano8, cuja fonte de dados foi a Divisão Nacional de Doenças Mentais, DINSAM, a nova sigla do então SNDM; neste trabalho os dados sobre alcoolismo tem o inconveniente de estarem somados ao de farmacodependência.
No que diz respeito a publicações de dados regionais, há de se reconhecer a valiosa peça legada pelo hospital do Juqueri, através de Pinto César . Este autor teve o descortino de efetuar com esmero uma análise completa do diagnóstico principal, inclusive de alcoolismo, dos 5258 pacientes que em 1940 encontravam-se internados naquele macro-hospital psiquiátrico. Seus dados tornam-se ainda mais instrutivos se os compararmos com os de Cardoso et alii10, referentes às 10.746 primeiras internações psiquiátricas às 10.746 primeiras internações psiquiátricas em dois hospitais particulares-conveniados da cidade de São Paulo, ao longo de vinte anos, de 1946 a 1965.
Ainda deste Estado é digno de nota o inquérito de prevalência dos níveis de ingestão alcoólica, realizado em 1962 por Azoubel Neto4 na cidade de Ribeirão Preto. Em síntese, ele testou um questionário de investigação epidemiológica em uma amostra de 203 pessoas de um bairro de baixa renda daquela cidade. Na Região Sudeste, este é o único estudo que de fato fornece taxas de prevalência não institucionalizada, isto é, do alcoolismo no seio da população. Ainda neste mesmo trabalho há também o número de internações por alcoolismo em todo o país de 1953 a 1962, fornecidos através da SNDM.
Região Sul
Desta região destaca-se o precioso inquérito de prevalência de Luz Jr.19, empregando o instrumento desenvolvido por Marconi et alii22, sendo realizado em amostra de pessoas de uma vila marginal de Porto Alegre. Junto com o de Azoubel Neto4, o inquérito de Luz Jr.19 forma um par de estudos da maior importância em Saúde Pública, exatamente porque ambos estudaram o alcoolismo em coletivos populacionais. De ambos os resultados, porém, é imprescindível saber o significado das categorias da classificação utilizada. Embora não fique bem claro em nenhum dos dois estudos, tudo nos leva a crer que a categoria de beber moderado seja correspondente à etilista social ou beber ocasional, ou ao consumo recreacional. De fato, a contribuição que deram foi a de permitir estimar a prevalência do beber patológico não havendo diferença significativa entre estes dois autores.
Região Nordeste
Desta região sobressai o excelente estudo realizado por Oliveira31 entre pacientes internados no Hospital dos Alienados do Recife, no período de 1916 a 1935, o qual recebe a população de alcoolistas de todo o estado de Pernambuco. Do total de pacientes internados no período de 1916 a 1930, a proporção de alcoolistas entre o total de pacientes foi de 12,4%. As estatísticas do período de 1931 a 1935 concluíram que, no que diz respeito ao sexo, mostraram uma relativamente elevada proporção de alcoolismo no sexo feminino, perfazendo 13,9% dos alcoolistas internados; importa lembrar que até a década de quarenta, era muito raro o alcoolismo feminino ultrapassar 10% do total de alcoolistas internados. A elevada proporção foi atribuída ao meio sócio-econômico em que vive a mulher nordestina. Também notória foi a constatação de que na mulher houve concentrações em faixas etárias mais precoces, de 26 a 30 anos, em relação às internações do sexo masculino, que foi de 31 a 35 anos.
Em Recife, dois trabalhos empregaram métodos de classificação similares, o que se presta bem para comparações, embora o de Pernambucano e Di Lascio34 tenha sido realizado em hospital particular, e o de Ribeiro36 em hospital público. Pernambucano e Di Lascio34, em 1951, encontraram a proporção de 3,8% de alcoolismo entre pacientes internados no Sanatório Recife; Ribeiro36, no Hospital dos Alienados, encontrou nas internações do período de 1931-1937 a proporção de 7,3% de pacientes com transtornos relacionados a álcool e morfina.
Da Bahia destaca-se o trabalho de Santana37, que realizou um estudo sobre doença mental num bairro de Salvador, a partir de uma amostra constituída de 1549 pessoas, representativa da população de um bairro daquela cidade. Encontrou-se a taxa de prevalência de alcoolismo de 3%, sendo que a taxa no sexo masculino foi 8 vezes maior que no feminino. Utilizando e aperfeiçoando o instrumento de Santana, em 1983, Almeida Filho1 realizou um estudo na cidade de Camaçari, vizinha de Salvador, encontrando a taxa de prevalência de 2,4% entre 1.067 indivíduos. Esta taxa constituiu-se de pessoas que tinham consumo diário de álcool e que também declararam ter tido episódios de embriaguez, porém não era preocupação do autor fazer o diagnóstico específico de alcoolismo.
RESULTADOS
Ao se estudar os problemas relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas em um país, é de suprema importância conhecer o nível de consumo da população. É sabido que na medida em que um país possui elevado consumo de álcool por habitante, provavelmente terá. como conseqüência maiores transtornos devido ao seu uso.
Na tabela 1, mostramos o nível de consumo anual em litros de álcool absoluto no Brasil e em outros cinco países, e a sua distribuição porcentual por tipo de bebida preferida, cujos dados estão compreendidos no período de 1966-1972.
Observamos na tabela 1 que a taxa de 4,7 litros de álcool absoluto per capita por maiores de 15 anos, obtida por uma pequena modificação do trabalho de Bertolote5, equipara-se à de países como o México; ambos apresentam um consumo menor, em contraste a países como Chile e França, que possuem um elevadíssimo consumo por habitante. Negrete29 justifica este alto consumo devido à predominância do uso de vinho que é ingerido em maiores quantidades e com maior freqüência em relação às bebidas destiladas, o que pode ser melhor visualizado no gráfico 1.
Todas as taxas apresentadas na tabela 1 não representam o consumo real da população destes países. Para obtermos esse consumo verdadeiro seria necessário somarmos toda a produção clandestina dos alambiques e destilarias ilegais, como também o volume total de bebidas importadas ilegalmente; e no caso do Brasil, ainda subtrairmos a porção de bebidas exportadas.
Concluímos, portanto, não ser possível obtermos o consumo real de álcool absoluto por habitante. Porém, se considerarmos que estes fatores interferentes no cálculo ocorrem em todos os países citados, verificamos que podemos obter através desta tabela uma boa estimativa do consumo de álcool nos 6 países citados.
Fazendo a ressalva de que é muito provável que o consumo de destilados esteja subestimado devido à produção clandestina, mas o conjunto dos dados não situa o Brasil no grupo dos maiores consumidores de bebidas alcoólicas do mundo.
Podemos considerar que a proporção de primeiras internações por alcoolismo no Brasil seja um bom indicador de suas repercussões nos serviços assistenciais. Na tabela 2 apresentamos a proporção de internações por alcoolismo em hospitais públicos e particulares do Brasil, no período de 1952 a 1974, Observa-se um aumento crescente das internações por problemas associados ao consumo de álcool, que poderão ser melhor visualizados no Gráfico 2.
Para comparação dos dados, separamos, de cada amostra dos autores, o alcoolismo dos demais diagnósticos.
Analisando a tabela, observamos que a proporção de internações psiquiátricas por alcoolismo representa, como diagnóstico primário, uma parcela importante, chegando em 1974 a quase 20% das internações psiquiátricas. Deduz-se, então, que o gasto com o tratamento desta nosologia é vultuoso. Questiona-se se a receita de um país, proveniente da produção de álcool, compensaria o gasto com o tratamento dos malefícios produzidos pelo abuso de ingestão de bebidas alcoólicas. Tal assunto também foi questionado por Cabernite7, porém nao temos dados referentes à receita do país e dos gastos hospitalares, para obtermos uma conclusão.
No trabalho de Caetano8, encontramos duas dificuldades importantes: o fato de ter estatísticas somente para anos alternados, que está melhor evidenciado no gráfico 2, e em segundo lugar a associação de farmacodependência ao diagnóstico de alcoolismo.
Embora no gráfico constatemos um aumento mais abrupto de alcoolismo a partir do ano de 1962, coincidindo com o ano da coleta de Caetano, pode-se supor que este fato deva-se, em parte, à associação do alcoolismo com drogas. Porém, isto não invalida a conclusão de que o diagnóstico de alcoolismo esteja aumentando. Ao estudarmos os trabalhos de Cardoso et alii10 em São Paulo, que encontrou no período de 1946 a 1955, 0,38% de internações por dependência de drogas e no decênio 1956 a 1965, 2,23% de internações pelo mesmo diagnóstico, e o de Madalena20 no Rio de Janeiro em 1976-1977 que encontrou 1,03% de diagnóstico de dependência de drogas, concluímos que a farmacodependéncia não chega a alterar significativamente os resultados, devido à sua baixa proporção.
Pode-se então pensar nos fatores que estariam contribuindo para o aumento das internações por alcoolismo:
1. Maior oferta de serviços, isto é, hospitais e casas de saúde conveniadas, e conseqüentemente maior facilidade para internar-se;
2. Aumento decorrente de um artifício, que no caso é estatístico, em que o total é 100%. Ora, há doenças como a sífilis e psicoses endotóxicas, em que ocorreu uma diminuição real, o que necessariamente faz com que os outros diagnósticos subam em suas proporções;
3. Aumento real na prevalência do alcoolismo. Estudos nacionais e internacionais mostram um aumento de alcoolismo, principalmente na população feminina; e
4. Aprimoramento do diagnóstico de alcoolismo.
Da maior importância no estudo do alcoolismo é sua prevalência nas comunidades, servindo como um excelente indicador da extensão do problema. Na tabela 3, apresentamos a prevalência em Salvador, Ribeirão Preto e numa vila marginal de Porto Alegre.
Nesta tabela e em todas as tabelas seguintes, utilizou-se como critério a data entre parêntesis para designar o ano de publicação do artigo, e a data fora do parêntesis para o ano da coleta de dados.
A Tabela 3, referente a dados coletados na comunidade, mostra-nos prevalências semelhantes nos casos de Azoubel e Luz, diferindo dos dados de Santana. Os dois primeiros encontraram taxas de mais do que o dobro da encontrada por Santana. Estas semelhanças e diferenças foram comprovadas estatisticamente.
Ao nosso ver, a diferença ocorrida no trabalho de Santana deve-se ao critério de alcoolismo empregado pela autora, que difere sobremaneira dos critérios de Azoubel4 e Luz19. Este último empregou o critério de Marconi et alii22, sendo que Santana37 diagnosticou alcoolismo pelo critério clínico e por um questionário de morbidade e padrão de assistência psiquiátrica, desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia. Questionam-se, também, as diferenças culturais e o tamanho amostral nos resultados apresentados.
Analisando a tabela, observamos que, quanto aos padrões "abstinente e moderado", a prevalência foi maior entre as mulheres, enquanto que para os padrões "excessivo e patológico" os homens estão à frente. Para ambos os sexos, o padrão "moderado" atinge uma média de 50%. Chama-nos atenção a taxa encontrada por Azoubel, de 10,4% para o sexo feminino, como bebedor "excessivo".
Estudo semelhante foi realizado por Zanini41, em universidades de São Paulo, porém utilizando um critério diferente do empregado por Azoubel e Luz. Este fato não nos possibilitou a comparação com os trabalhos acima citados, nem mesmo uma adaptação por desconhecermos quais critérios o autor utilizou. O objetivo da pesquisa foi verificar o consumo de álcool e drogas na população universitária. Em uma amostra de 1878 estudantes, obteve Zanini os seguintes resultados em consumo de álcool, para ambos os sexos:
grandes consumidores: 1,4%
consumidores regulares: 13,3%
baixo consumo: 21,7%
consumidores ocasionais: 48,6%
abstêmicos: 15,0%
Apesar da proporção de grandes consumidores ser baixa, deve-se considerar que a população estudada é de jovens universitários, que estariam no início de seu contato com a bebida alcoólica.
Moreira e Capriglioni26, também em estudo sobre o padrão de ingestão, segundo os critérios de Cahalan, encontraram em comunidade ambulatorial de um hospital geral no Rio Grande do Norte:
grau 0:22,5%
grau I:22,2%
grau II: 16,7%
grau III: 23,5%
grau IV: 15,1%
Consideramos a taxa de 15,1 % para quadro grave de alcoolismo, como relativamente alta, em se tratando de população ambulatorial de hospital geral. Porém, por já não se tratar de uma população sadia, uma possível tendenciosidade nesta amostra justificaria a taxa relativamente elevada de alcoolismo grave.
Quanto às taxas de prevalência de alcoolismo por sexo, em comunidades, observamos muitas variações, quando compararmos os dados nacionais frente aos internacionais. Caetano9 cita o Chile, com taxas de 83% e 0% para os sexos masculino e feminino, respectivamente, e Argentina com 4,4% para o sexo masculino e 0% para o feminino. Mariátegui23 e Castro et alii11 citam Costa Rica, com 13,2% e 0% e Peru com 12,9% e 3,4%, para homens e mulheres, respectivamente. Algumas explicações, para tal situação, talvez digam respeito à composição das populações e aos critérios de diagnósticos empregados, que sem dúvida diferem, influenciando os resultados.
Em relação à proporção homem-mulher no Brasil, Luz19 encontrou 8:1; Azouber 12:1 ;Santana37 7:1 e Manfredini21 10,5:1. Voltamos a lembrar, aqui, a influência cultural das populações latinas, onde o alcoolismo feminino não é aceito. Isto leva as mulheres a omitirem dados referentes ao uso de bebidas alcoólicas bem como aos problemas decorrentes desta ingestão. Nos EUA, Negrete29 relata uma proporção de 5:1 contra 10 4:1 na América Latina, ressaltando a coerência destes dados com a taxa de mortalidade por cirrose, que é menor no sexo feminino.
Para a confecção da tabela 4, algumas adaptações tiveram que ser efetuadas, e os dados referentes a "não apurados" e "não informaram", dos trabalhos de Andrade e Moraes2 e Oliveira31, respectivamente não foram incluídos.
Destaca-se na tabela a elevada proporção de alcoolismo entre solteiros; porém, esta questão merece ser melhor analisada, pois seria necessário ser vista no contexto da população, o que exigiria o conhecimento da distribuição da população por estado civil. Os autores citados não apresentam tal dado, exceto Oliveira, que verificou em Pernambuco uma prevalência maior entre casados, o oposto daquilo que ele próprio havia encontrado, quando fez os cálculos baseados apenas em sua população amostral.
Negrete30, nos EUA, relata que a proporção maior de alcoolistas encontra-se entre os solteiros, separados e divorciados, sendo portanto o oposto do observado na América Latina. Explica tal fato, fazendo referência ao predomínio da religião católica nos países latinos, e a fatores sócioeconômicos e culturais, os quais levariam a uma maior tolerância entre os casais, evitando separações.
Exceto por Matos e Karniol24 e Guerra e Hirata17, os demais autores não apresentam diferenças quanto à divisão de faixas etárias, o que nos levou a uma pequena adaptação dos trabalhos dos dois primeiros, sem influência para o resultado final.
Observamos pela tabela que as proporções maiores de alcoolismo encontram-se nas faixas etárias de 20 a 49 anos.
Lembremos que o critério diagnóstico difere entre os autores apresentados, porém, tal fato não invalida a comparação em conjunto, porque todos têm em comum a freqüência de uso de bebida alcoólica e os problemas decorrentes desta ingestão.
Sabemos que na América Latina, de forma geral, o início do uso de bebida alcoólica ocorre por volta dos 15 anos de idade, ao passo que nos EUA se dá, a partir dos 21 anos30. Assim, na América Latina há uma tendência ao diagnóstico de quadros mais graves ou mesmo crônicos de alcoolismo, em idades mais jovens.
Outro fator importante verificado nesta tabela é o referente ao alcoolismo em faixa etária economicamente ativa. Este é mais um fato que consolida o alcoolismo, como um problema de Saúde Pública.
Esta última tabela diz respeito à relação que se estabelece entre alcoolismo, esquizofrenia e os demais diagnósticos de doença mental.
O que mais nos chama a atenção na tabela 6 é o fato de esquizofrenia e alcoolismo somados chegarem a alcançar quase 50% dos diagnósticos psiquiátricos. Analisando os dados destes autores separadamente, e efetuando-se uma média, encontramos o alcoolismo como o 4º diagnóstico. Cabe ressaltar que a maior parte destes estudos foram realizados entre as décadas de 30 e 50; porém, os dois estudos realizados na década de 70, Madalena20 e Vianna Filho et alii39, encontraram o alcoolismo como 29 diagnóstico psiquiátrico, superado, apenas, em ambos os trabalhos, pelo diagnóstico de esquizofrenia.
Não nos foi possível compararmos os dados do trabalho de Frota Pinto16 com os dos outros autores desta tabela. Esse autor encontrou proporções mínimas de alcoolismo (1,0%), esquizofrenia (0,8%) e máxima de neurose (89,4%), num estudo ao longo de 30 anos em 26.000 pacientes de ambos os sexos, o que corresponde a uma amostra de tamanho significativo. Podemos supor que tais proporções se devam a múltiplos fatores, tais como erros de diagnóstico e atendimento ambulatorial. É fato sabido que a grande maioria dos pacientes alcoolistas somente procuram o hospital em períodos de crise, não retornando ao serviço senão para novas reinternações.
COMENTÁRIO FINAL
Os transtornos associados ao alcoolismo constituem o principal problema de Saúde Pública vinculado à Saúde Mentad. Todavia, surpreende-nos não haver estudos sistematizados de sua prevalência na população. Entre os trabalhos selecionados, encontramos apenas três estudos genuínos de prevalência de alcoolismo na população brasileira, mas, dos seus níveis de ingestão ou de transtornos, o único que é razoavelmente uniforme e convincente é o assim dito consumo patológico, isto é, aquele mais grave. A sua taxa de prevalência nos três mencionados estudos variou no sexo masculino de 6% a 13%, e no feminino, de 0,7% a l,4%.
Verificamos também a escassez de estudos recentes sobre alcoolismo a nível nacional; os primeiros estudos, o de Manfredini21, Botelho6, Araújo3, e Azoubel Neto4, na década de 50, não foram prosseguidos. No entanto, muito antes da referida década, já havia uma preocupação com o alcoolismo. Para sermos mais exatos, desde o século passado, Moinhos de Vilhena25 chamava a atenção para os problemas associados ao alcoolismo e sobre as medidas para controlá-los. Esse insigne autor deve ser considerado o precursor do famoso movimento de pró-temperança, que fez época no Brasil até a década de 40. O auge daquele movimento foi na década de 30, com vasto programa que objetivava ser reeducativo, com vistas à sobriedade, cuja filosofia básica encontra-se em Strout38. Moinhos de Vilhena25 defendia que o controle do alcoolismo deveria partir de medidas adotadas pelo povo: . . Os grandes e incontestáveis benefícios, alcançados por estas sociedades, vêm nos mostrar que para ser eficaz deve partir do povo, e não do governo, a reação contra o abuso das bebidas".
Hoje em dia, o alcoolismo alcançou proporções cada vez mais crescentes, que podem ser estimadas por indicadores do nível de produção e consumo per capita, e pela freqüência de seu diagnóstico tanto no Brasil quanto em outros países. Bertolote5 ressaltou que a produção nacional anual de álcool absoluto atingiu, em 1970, a média de 4,7 litros para cada brasileiro com 15 anos e mais de idade. Walsh e Grant40, em 1985, observaram que em todo o mundo, a produção total de álcool cresceu em 50% de 1965 a 1980, e a produção per capita em 15% no mesmo período. Esses autores também verificaram que o consumo de álcool per capita, nos países em desenvolvimento, está crescendo num ritmo muito acelerado em relação aos países desenvolvidos, principalmente nos países africanos e latino-americanos, enquanto que na França e Portugal o consumo per capita de álcool está diminuindo.
Atualmente, no Brasil, existe uma demanda por parte das empresas, pedindo profissionais qualificados para tratamento específico de alcoolismo entre seus funcionários;há por sua vez uma demanda da população, que igualmente solicita aqueles profissionais, só que sob a forma de necessidade sentida, a qual não é menos explícita que a das empresas. Constatamos, também, pelos trabalhos reanalisados neste artigo, que 10% a 20% dos pacientes internados possuem o diagnóstico de alcoolismo. De posse dessas informações, poderíamos pensar numa pesquisa incluindo uma amostra representativa da população brasileira, a qual provavelmente revelaria em seus resultados um consumo de álcool na população não apenas recreacional, mas já associado a problemas decorrentes desse consumo, do alcoolismo na mulher. No Brasil, através de nossa literatura, tem-se detectado um aumento progressivo do alcoolismo feminino, que encontra-se na média de 10 homens para 1 mulher.
Há cerca de 4 décadas, Oliveira31 chamava a atenção para esse aumento e tentou explicá-lo através das más condições de vida que obrigava a mulher a ter de ir trabalhar desde cedo, sacrificando sua infância, educação, sua instrução escolar, e por já viver em um lar desintegrado pelo próprio vício dos pais. Mas, se pensarmos na mulher de classe média que hoje em dia vive nos grandes centros urbanos, poderíamos relacionar esse aumento à inserção da mulher num mercado de trabalho competitivo, e às mudanças sociais e de identidade que ela teve de assumir. Acrescentamos também, como outro fator, a própria sociedade de consumo que visa a produtos específicos às mulheres, como cigarros e bebidas. E por último, a solidão e o stress dos grandes centros urbanos, que atravessam igualmente o homem e a mulher. Esse assunto será posteriormente aprofundado em outro artigo.
Um dado, o qual poder-se-ia pesquisar futuramente, é a relação do alcoolista com sua família. Em recente pesquisa sobre dependência a drogas, Morgado e Coutinho27, ao entrevistarem 150 famílias de pacientes dependentes de drogas, encontraram 68 pais com problemas psiquiátricos, dos quais 50 com transtornos associados ao álcool, e em 36 mães com àqueles problemas, 18 prevaleciam de neurose. Pode-se então postular se o mesmo fato ocorreria com a família do alcoolista.
Este trabalho ressalta aspectos muito relevantes acerca do alcoolismo. A maior dificuldade que encontramos na feitura do presente artigo foi no agrupamento de dados dos trabalhos reanalisados, devido a divergências de critérios e metodologias empregados pelos diferentes autores. A escassez de trabalhos que fornecem dados sobre prevalência de alcoolismo contribuiu também como obstáculo para se obter uma prevalência real do alcoolismo em todo Brasil.
Novos estudos precisam ser realizados, cobrindo todo o território nacional, com uma metodologia uniforme, para podermos concluir com segurança acerca de assunto tão importante e para o aprimoramento do presente artigo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Recebido para publicação em 24/02/86.
* Trabalho de Conclusão do Curso de Metodologia da Pesquisa em Saúde Mental ENSP/FIOCRUZ 1985.