Prevalência, motivos e fatores associados à não adesão intencional à terapia medicamentosa: um estudo de base populacional

Tatiana da Silva Sempé Emilia da Silva Pons Tatiane da Silva Dal Pizzol Daniela Riva Knauth Sotero Serrate Mengue Sobre os autores

RESUMO

Objetivo:

Avaliar a frequência, os motivos e fatores associados à não adesão intencional à terapia medicamentosa.

Métodos:

Foi conduzido um estudo transversal de base populacional com dados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM). O questionário foi composto por questões sociodemográficas, referentes à presença de doenças crônicas, uso de medicamentos, autoavaliação de saúde e comportamentos no uso de medicamentos. A análise dos dados incluiu modelos de regressão de Poisson ajustados para variância.

Resultados:

Foram incluídos 31.573 indivíduos, sendo a maioria do sexo feminino (53,8%), com baixa escolaridade (57,7%) e com autoavaliação de saúde boa (56,5%). Dos entrevistados, 8,8% relataram aumentar a dose dos medicamentos e 21,2% relataram diminuir. O motivo mais comum para a diminuição da dose foram os efeitos adversos do medicamento. Não houve diferenças para os motivos de aumento de doses. O aumento ou a diminuição de doses foi mais comumente reportado pelos mais jovens, com menor renda per capita e pior autoavaliação de saúde.

Conclusão:

Uma parcela considerável dos entrevistados não adere intencionalmente à terapia medicamentosa. Entender a não adesão medicamentosa e identificar quem a pratica é crucial para criar estratégias eficazes que promovam a adesão medicamentosa e priorizem as necessidades e perspectivas dos pacientes.

Palavras-chave:
Adesão à medicação; Comportamentos relacionados com a saúde; Conformidade com o tratamento; Esquema de medicação

INTRODUÇÃO

A não adesão medicamentosa se refere às diferenças entre as orientações fornecidas pelo profissional de saúde em relação ao tratamento e as atitudes dos pacientes. A não adesão medicamentosa é um problema mundial e multifatorial11. World Health Organization. Adherence to long-term therapies: evidence for action. Geneva: World Health Organization; 2003.,22. Gast A, Mathes T. Medication adherence influencing factors – an (updated) overview of systematic reviews. Syst Rev 2019; 8(1): 112. https://doi.org/10.1186/s13643-019-1014-8
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. Ainda que tenham sido desenvolvidas estratégias para minimizá-la33. Neiman AB, Ruppar T, Ho M, Garber L, Weidle PJ, Hong Y, et al. CDC grand rounds: improving medication adherence for chronic disease management – innovations and opportunities. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2017; 66(45): 1248-51. https://doi.org/10.15585/mmwr.mm6645a2
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, ainda representa um desafio na prática clínica44. Martin LR, L Williams SL, Haskard KB, Robin Dimatteo M. The challenge of patient adherence. Ther Clin Risk Manag 2022; 1(3): 189-99. PMID: 18360559..

A não adesão medicamentosa pode ser categorizada em intencional e não intencional. A primeira ocorre quando o paciente decide conscientemente não aderir às instruções do regime medicamentoso proposto pelo médico, de forma a alterar a dose prescrita ou interromper o tratamento, por exemplo. A não adesão intencional à terapia medicamentosa pelo paciente está relacionada às motivações e crenças sobre a sua doença e o tratamento55. Clifford S, Barber N, Horne R. Understanding different beliefs held by adherers, unintentional nonadherers, and intentional nonadherers: application of the Necessity-Concerns Framework. J Psychosom Res 2008; 64(1): 41-6. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2007.05.004
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,66. Bae SG, Kam S, Park KS, Kim KY, Hong NS, Kim KS, et al. Factors related to intentional and unintentional medication nonadherence in elderly patients with hypertension in rural community. Patient Prefer Adherence 2016; 10: 1979-89. https://doi.org/10.2147/PPA.S114529
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, e pode refletir um comportamento de empoderamento do indivíduo77. Náfrádi L, Galimberti E, Nakamoto K, Schulz PJ. Intentional and unintentional medication non-adherence in hypertension: the role of health literacy, empowerment and medication beliefs. J Public Health Res 2016; 5(3): 762. https://doi.org/10.4081/jphr.2016.762
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. A não adesão não intencional à terapia medicamentosa está relacionada a um comportamento passivo e que, muitas vezes, está fora do controle do paciente, como ingerir acidentalmente número incorreto de comprimidos ou não compreender as informações fornecidas sobre o tratamento55. Clifford S, Barber N, Horne R. Understanding different beliefs held by adherers, unintentional nonadherers, and intentional nonadherers: application of the Necessity-Concerns Framework. J Psychosom Res 2008; 64(1): 41-6. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2007.05.004
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A não adesão não intencional à terapia medicamentosa pode ser minimizada com ações de educação em saúde, tais como o uso de lembretes para tomar o medicamento e o fornecimento de instruções aos pacientes em linguagem simples. Já as estratégias para a não adesão intencional à terapia medicamentosa são mais complexas, visto que está relacionada ao comportamento, às expectativas e às crenças dos pacientes, aspectos que podem não ser identificados pelo profissional da saúde88. Henning O, Landmark CJ, Nakken KO, Lossius MI. Nonadherence to treatment regimens in epilepsy from the patient’s perspective and predisposing factors: differences between intentional and unintentional lack of adherence. Epilepsia 2019; 60(5): e58-e62. https://doi.org/10.1111/epi.14734
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Dessa forma, a identificação da ocorrência e dos fatores que influenciam a não adesão intencional à terapia medicamentosa pelos pacientes pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias para melhorar as ações dos profissionais envolvidos na prescrição e dispensação de medicamentos, e, assim, aumentar as chances de sucesso terapêutico. Dessa forma, este estudo tem como objetivo avaliar a prevalência, os motivos e fatores associados à não adesão intencional de medicamentos prescritos na população brasileira.

MÉTODOS

Os dados analisados neste estudo provêm da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos (PNAUM), um estudo transversal de base populacional, realizado em 245 municípios brasileiros localizados nas cinco regiões do país (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) entre os meses de setembro de 2013 e janeiro de 2014. A amostra da PNAUM foi probabilística em três estágios, em que a unidade primária de amostragem corresponde aos municípios, o segundo estágio aos setores censitários (conforme definido pelo Censo Brasileiro de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), e o terceiro aos domicílios. Detalhes sobre cálculo amostral, amostragem, instrumentos de pesquisa e aspectos operacionais de campo podem ser consultados no artigo metodológico da PNAUM99. Mengue SS, Bertoldi AD, Boing AC, Tavares NUL, Dal Pizzol TDSD, Oliveira MA, et al. National survey on access, use and promotion of rational use of medicines (PNAUM): household survey component methods. Rev Saude Publica 2016; 50(suppl 2): 4s. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050006156
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Foram incluídos nesta análise os indivíduos com idade igual ou superior a 20 anos que aceitaram participar da pesquisa. A estratégia de coleta de dados utilizada foi a entrevista face-a-face, realizada por 165 entrevistadores treinados e mediante a utilização de dispositivos eletrônicos equipados com GPS e acesso à internet. Os dados utilizados nesta análise incluíram questões sociodemográficas, presença de doenças crônicas no momento da entrevista, autoavaliação de saúde e comportamentos no uso de medicamentos. Os comportamentos no uso de medicamentos analisados foram o aumento e a diminuição intencional nas doses de medicamentos prescritos, cada um desses classificados a partir de questões com abordagem de diferentes situações possíveis:
  1. Aumento intencional nas doses de medicamentos prescritos mediante às situações: “Você aumenta a dose do medicamento prescrito pelo médico... (a) quando quer iniciar um tratamento com mais intensidade? (b) quando sente que não está melhorando? (c) quando sente que está piorando?”;

  2. Diminuição intencional nas doses de medicamentos prescritos mediante às situações: “Você diminui a dose de um medicamento prescrito por um médico… (a) quando acha que a doença já está controlada? (b) quando acha que o remédio lhe faz mal? (c) quando quer que o remédio dure mais tempo? (d) quando o remédio é muito caro?”

As opções de resposta para as perguntas acima eram “sim”; “não”; ou “declarou que não aumenta a dose do medicamento prescrito pelo médico sem consultar o médico” e “declarou que não diminui a dose do medicamento prescrito pelo médico sem consultar o médico”, respectivamente.

Para explorar e compreender esses comportamentos relacionados ao uso de medicamentos, foram construídos dois modelos de regressão de Poisson ajustados à variância. As variáveis dependentes de cada modelo foram aumento ou diminuição de doses. Essas duas variáveis derivadas dicotômicas foram construídas a partir da resposta às questões descritas anteriormente. Assim, tomando como exemplo o aumento das doses, se o entrevistado respondesse “sim” a pelo menos uma das questões, era categorizado como “sim” para a variável aumento das doses. Por sua vez, os entrevistados que declararam não aumentar as doses ou que responderam “não” a todas as questões, foram categorizados como “não” para a variável aumento das doses. Essa mesma lógica foi utilizada para derivar a variável dependente diminuição de doses. As variáveis independentes testadas foram: sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade, renda per capita, autoavaliação de saúde e presença de doença crônica.

As variáveis foram analisadas individualmente na primeira etapa de construção do modelo. Aquelas que apresentaram significância estatística, definida como p<0,2, foram incluídas no modelo multivariável. As variáveis com significância estatística superior a 0,05 nesta etapa foram retiradas uma a uma do modelo até que restassem apenas aquelas com significância estatística inferior a 0,05, avaliada pelo teste de Wald.

Nas análises descritivas, as variáveis categóricas foram representadas por frequências relativas acompanhadas dos seus respectivos intervalos de confiança de 95%. As frequências relativas apresentadas foram ponderadas pelos pesos amostrais. Os resultados das análises da regressão de Poisson foram apresentados por meio de Razões de Prevalência (RP) seguidos dos seus intervalos de confiança de 95%. Todas as análises foram realizadas usando IBM PAWS Statistics versão 18 e STATA versão 13. A expansão da amostra e o plano amostral complexo foram considerados em todas as análises realizadas.

O projeto foi aprovado pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde sob protocolo 18947013.6.0000.0008. Todos os participantes assinaram o termo de consentimento antes de participarem da entrevista.

RESULTADOS

Os dados analisados corresponderam a 31.289 indivíduos com idade igual ou maior a 20 anos que responderam o questionário para as principais variáveis de desfecho.

A Tabela 1 apresenta as principais características sociodemográficas e econômicas, bem como o perfil de saúde da amostra analisada. Houve predomínio de mulheres, jovens (20 a 29 anos), vivendo com companheiro, de baixa escolaridade (0 a 8 anos de estudo) e renda per capita ≥US$ 300,00. Quanto às condições de saúde, 39,1% dos indivíduos eram portadores de alguma doença crônica e três quartos dos entrevistados avaliaram sua saúde como boa ou muito boa.

Tabela 1
Características sociodemográficas, econômicas, informações sobre saúde e prevalências dos motivos que levam ao aumento e à diminuição de doses por conta própria de medicamentos prescritos da população estudada pela PNAUM. Brasil, 2014.

As prevalências de aumento e diminuição das doses de medicamentos prescritos e os motivos são apresentados na Tabela 1. Dos entrevistados, 8,8% relataram aumentar a dose dos medicamentos prescritos em alguma situação e 21,2% diminuir a dose. O motivo mais frequente para diminuir as doses foi efeito adverso associado ao medicamento, enquanto a ausência de melhora foi o motivo para o aumento da dose mais frequentemente reportado. Contudo, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas para os outros motivos reportados para o aumento de doses.

A Tabela 2 apresenta as prevalências para o aumento e a diminuição de doses de medicamentos prescritos, de acordo com características sociodemográficas, econômicas e perfil de saúde. Nota-se que tanto o aumento quanto a diminuição de doses foram mais frequentemente relatados pelos mais jovens, com menor renda per capita e pior autoavaliação de saúde.

Tabela 2
Prevalências para o aumento e diminuição de doses por conta própria de medicamentos prescritos na população adulta estudada pela PNAUM, conforme características sociodemográficas, econômicas e perfil de saúde. PNAUM, Brasil, 2014.

As RPs brutas e ajustadas para o aumento de doses e seus respectivos intervalos de confiança de 95% são apresentados na Tabela 3. No modelo ajustado, as associações entre indivíduos mais jovens, com menor renda per capita e pior autoavaliação de saúde, mantiveram-se positivamente associadas com o aumento de doses, com diferenças estatisticamente significativas. A prevalência de aumento de dose entre os entrevistados na faixa etária de 20 a 29 anos foi 2,6 vezes a prevalência de aumento entre idosos com 70 ou mais anos de idade.

Tabela 3
Razões de prevalências brutas e ajustadas para o aumento de doses por conta própria de medicamentos prescritos na população adulta estudada pela PNAUM. PNAUM, Brasil, 2014.

A Tabela 4 apresenta as RPs brutas e ajustadas para a diminuição de doses. Da mesma forma que o observado para o aumento de doses, as associações entre indivíduos mais jovens, com menor renda per capita e pior autoavaliação de saúde, mantiveram-se positivamente associadas à diminuição de doses, no modelo ajustado, com diferenças estatisticamente significativas.

Tabela 4
Razões de prevalências brutas e ajustadas para a diminuição de doses por conta própria de medicamentos prescritos na população adulta estudada pela PNAUM. PNAUM, Brasil, 2014.

DISCUSSÃO

A partir de uma amostra de base populacional, avaliamos as mudanças intencionais de doses prescritas, um dos aspectos da não adesão medicamentosa. Aproximadamente um a cada cinco entrevistados diminuem as doses do medicamento prescrito e um a cada 10 aumentam as doses. De modo geral, indivíduos mais jovens, com menor renda e pior autoavaliação de saúde, relataram com mais frequência a não adesão intencional à terapia medicamentosa.

O principal motivo apontado para a diminuição de dose foi a percepção de que o medicamento estava causando efeitos adversos. Esses achados são semelhantes aos encontrados em outros estudos, especialmente à preocupação do paciente com os possíveis efeitos indesejáveis pelo uso dos medicamentos77. Náfrádi L, Galimberti E, Nakamoto K, Schulz PJ. Intentional and unintentional medication non-adherence in hypertension: the role of health literacy, empowerment and medication beliefs. J Public Health Res 2016; 5(3): 762. https://doi.org/10.4081/jphr.2016.762
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,1010. Świątoniowska-Lonc N, Polański J, Mazur G, Jankowska-Polańska B. Impact of beliefs about medicines on the level of intentional non-adherence to the recommendations of elderly patients with hypertension. Int J Environ Res Public Health 2021; 18(6): 2825. https://doi.org/10.3390/ijerph18062825
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,1111. Ge L, Heng BH, Yap CW. Understanding reasons and determinants of medication non-adherence in community-dwelling adults: a cross-sectional study comparing young and older age groups. BMC Health Serv Res 2023; 23(1): 905. https://doi.org/10.1186/s12913-023-09904-8
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. Alguns estudos têm demonstrado que pacientes mais preocupados com os efeitos adversos dos medicamentos1212. Shiyanbola OO, Brown CM, Ward EC. “I did not want to take that medicine”: African-Americans’ reasons for diabetes medication nonadherence and perceived solutions for enhancing adherence. Patient Prefer Adherence 2018; 12: 409-21. https://doi.org/10.2147/PPA.S152146
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,1313. Horne R, Chapman SCE, Parham R, Freemantle N, Forbes A, Cooper V. Understanding patients’ adherence-related beliefs about medicines prescribed for long-term conditions: a meta-analytic review of the Necessity-Concerns Framework. PLoS One 2013; 8(12): e80633. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0080633
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e com crenças estabelecidas de que os medicamentos de forma geral são prejudiciais são mais propensos a relatar a prática de não adesão intencional à terapia medicamentosa1111. Ge L, Heng BH, Yap CW. Understanding reasons and determinants of medication non-adherence in community-dwelling adults: a cross-sectional study comparing young and older age groups. BMC Health Serv Res 2023; 23(1): 905. https://doi.org/10.1186/s12913-023-09904-8
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,1414. Castelan A, Nellen JF, van der Valk M, Nieuwkerk PT. Intentional- but not unintentional medication non-adherence was related with beliefs about medicines among a multi-ethnic sample of people with HIV. AIDS Behav 2023; 27(4): 1045-54. https://doi.org/10.1007/s10461-022-03842-y
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. Clifford et al. identificaram que pacientes não aderentes intencionais à terapia medicamentosa são mais propensos a duvidar da necessidade do tratamento e apresentar preocupações com o uso de medicamentos55. Clifford S, Barber N, Horne R. Understanding different beliefs held by adherers, unintentional nonadherers, and intentional nonadherers: application of the Necessity-Concerns Framework. J Psychosom Res 2008; 64(1): 41-6. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2007.05.004
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.

Horne et al. propõem que a decisão do paciente em aderir ou não intencionalmente à terapia medicamentosa resulta de uma avaliação custo-benefício, na qual as crenças pessoais sobre a necessidade do medicamento para manter ou melhorar a saúde são equilibradas com as preocupações sobre os potenciais efeitos adversos1313. Horne R, Chapman SCE, Parham R, Freemantle N, Forbes A, Cooper V. Understanding patients’ adherence-related beliefs about medicines prescribed for long-term conditions: a meta-analytic review of the Necessity-Concerns Framework. PLoS One 2013; 8(12): e80633. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0080633
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. As razões identificadas em nosso estudo para o aumento das doses prescritas sugerem que o usuário entende que o medicamento é necessário à sua saúde. Por outro lado, entre os motivos da redução das doses, identificamos três aspectos distintos. A avaliação de que a doença está controlada, ou a ausência de sintomas, como ocorre em algumas doenças crônicas, pode reforçar a crença de que o medicamento não é mais necessário, ao menos na quantidade prescrita, fazendo com que o paciente reduza as doses. A preocupação sobre os efeitos adversos, por sua vez, motivo mais citado pelos respondentes, vai ao encontro da teoria proposta por Horne et al.1313. Horne R, Chapman SCE, Parham R, Freemantle N, Forbes A, Cooper V. Understanding patients’ adherence-related beliefs about medicines prescribed for long-term conditions: a meta-analytic review of the Necessity-Concerns Framework. PLoS One 2013; 8(12): e80633. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0080633
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. Mesmo que proporcionalmente menos frequente, a redução das doses para aumentar o tempo de uso ou por questões financeiras sugere que as questões de acesso ao medicamento estão presentes tanto na não adesão não intencional quanto na intencional à terapia medicamentosa.

Em nosso estudo, observamos uma maior prevalência da população mais jovem em não aderir intencionalmente à terapia medicamentosa, o que corrobora com achados de outros estudos1111. Ge L, Heng BH, Yap CW. Understanding reasons and determinants of medication non-adherence in community-dwelling adults: a cross-sectional study comparing young and older age groups. BMC Health Serv Res 2023; 23(1): 905. https://doi.org/10.1186/s12913-023-09904-8
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,1414. Castelan A, Nellen JF, van der Valk M, Nieuwkerk PT. Intentional- but not unintentional medication non-adherence was related with beliefs about medicines among a multi-ethnic sample of people with HIV. AIDS Behav 2023; 27(4): 1045-54. https://doi.org/10.1007/s10461-022-03842-y
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,1515. Nakajima R, Watanabe F, Kamei M. Factors associated with medication non-adherence among patients with lifestyle-related non-communicable diseases. Pharmacy (Basel). 2021; 9(2): 90. https://doi.org/10.3390/pharmacy9020090
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. Essa diferença pode ser explicada pela expectativa diferente de adoecimento e uso de medicamentos entre jovens e idosos, bem como sobre comportamentos diferentes em relação ao cuidado com a sua saúde.

Em relação à autoavaliação de saúde, era esperado que indivíduos com pior percepção da sua saúde apresentassem maior prevalência de não adesão intencional à terapia medicamentosa. Podemos cogitar que piores estados de saúde levam a mudanças no tratamento realizadas pelo próprio paciente, com ou sem suporte ou orientação prévia do profissional da saúde. Esse movimento suscita reflexões sobre os avanços necessários em relação ao novo paradigma do cuidado com a doença crônica, que envolve parceria profissional-paciente, cuidado colaborativo e educação para o automanejo no cuidado a doença crônica1616. Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores para condições crônicas: organização e prestação de atenção de alta qualidade às doenças crônicas não transmissíveis nas Américas. Washington: OPAS; 2015.,1717. Bodenheimer T, Lorig K, Holman H, Grumbach K. Patient self-management of chronic disease in primary care. JAMA 2002; 288(19): 2469-75. https://doi.org/10.1001/jama.288.19.2469
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. De acordo com esse modelo, os pacientes são incluídos na tomada de decisões acerca da sua saúde, atuando em colaboração com profissionais de saúde que, nesse caso, assumem um papel importante de supervisores e fontes seguras de informações. No lugar da alteração de doses desassistidas e sujeitas a falhas terapêuticas e riscos ao paciente, algumas iniciativas começam a surgir para promover o ajuste de doses de acordo com o monitoramento de sinais e sintomas pelo próprio paciente1818. Hamilton K, Stanton-Fay SH, Chadwick PM, Lorencatto F, Zoysa N, Gianfrancesco C, et al. Sustained type 1 diabetes self-management: specifying the behaviours involved and their influences. Diabet Med 2021; 38(5): e14430. https://doi.org/10.1111/dme.14430
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.

Em nosso estudo, a variável escolaridade não apresentou associação positiva com o aumento ou a diminuição de doses. Uma explicação para esse achado pode residir no próprio conceito de não adesão intencional e não intencional à terapia medicamentosa. A compreensão de informações em saúde está relacionada ao grau de escolaridade, e, portanto, a consequente não adesão medicamentosa, nesse caso, não é uma ação proposital executada pelo paciente, mas sim algo que está fora do seu controle, não se apresentando como uma não adesão intencional à terapia medicamentosa. Da mesma forma, os pacientes com doenças crônicas podem alterar o tratamento de forma mais intuitiva, mostrando um comportamento não percebido pelos próprios pacientes e, assim, não relatado no momento de resposta ao questionário.

A força de hábito de uso de medicamentos, ou seja, a rotina inconsciente do paciente de fazer uso da sua medicação, pode se mostrar um forte preditor para a não adesão não intencional à terapia medicamentosa e não relacionada a não adesão intencional à terapia medicamentosa1919. Phillips LA, Leventhal H, Leventhal EA. Assessing theoretical predictors of long-term medication adherence: patients’ treatment-related beliefs, experiential feedback and habit development. Psychol Health 2013; 28(10): 1135-51. https://doi.org/10.1080/08870446.2013.793798
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. A situação conjugal, por sua vez, não estabeleceu uma relação com a taxa de não adesão medicamentosa quando avaliada por si só. Estudos avaliando a situação conjugal atrelada ao suporte social e à qualidade do apoio, e não apenas à simples convivência com outras pessoas, podem ser mais eficientes na definição de não adesão intencional à terapia medicamentosa2020. Konstantinou P, Kassianos AP, Georgiou G, Panayides A, Papageorgiou A, Almas I, et al. Barriers, facilitators, and interventions for medication adherence across chronic conditions with the highest non-adherence rates: a scoping review with recommendations for intervention development. Transl Behav Med 2020; 10(6): 1390-8. https://doi.org/10.1093/tbm/ibaa118
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.

A não adesão intencional à terapia medicamentosa pelos pacientes pode se tornar uma prática invisível no tratamento, em consequência da lacuna na percepção dos profissionais da saúde, e reforçada pela omissão dos pacientes. Uma possível explicação para este último refere-se à desaprovação generalizada desse comportamento no meio social, o que leva a uma maior dificuldade de o paciente se comunicar com o profissional da saúde. A colaboração mútua entre médico-paciente e um papel mais vigilante do profissional de saúde podem ser fatores a contribuir para a redução dos riscos de não adesão medicamentosa e melhorar os resultados de saúde44. Martin LR, L Williams SL, Haskard KB, Robin Dimatteo M. The challenge of patient adherence. Ther Clin Risk Manag 2022; 1(3): 189-99. PMID: 18360559..

A não adesão intencional à terapia medicamentosa requer um conhecimento mais profundo sobre as crenças, atitudes e percepções do paciente, necessitando conscientização e desmistificação sobre o tratamento. A intenção de aderir depende de como o paciente entende o seu tratamento e de qual é a sua relação com os medicamentos2121. George M. Adherence in asthma and COPD: new strategies for an old problem. Respir Care 2018; 63(6): 818-31. https://doi.org/10.4187/respcare.05905
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. A análise do comportamento no que se refere aos medicamentos, sob a ótica dicotômica usa ou não usa os medicamentos prescritos, pode não abranger plenamente a compreensão da relação que os usuários estabelecem com os medicamentos e com as prescrições. A não adesão intencional à terapia medicamentosa envolve crenças e perspectivas dos pacientes sobre o seu tratamento, incluindo suas percepções sobre medicamentos fortes e fracos2222. Mukhtar O, Weinman J, Jackson SHD. Intentional non-adherence to medications by older adults. Drugs Aging 2014; 31(3): 149-57. https://doi.org/10.1007/s40266-014-0153-9
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. Para além das crenças e perspectivas, há também a experiência acumulada com o tempo. Por trás da não adesão intencional à terapia medicamentosa, o paciente pode utilizar uma lógica racional que ajusta as doses para atender às suas prioridades, aplicando o que aprendeu com as experiências prévias relacionadas a seu corpo, sua saúde e tratamentos. Essas alterações podem estar adequadas, pensando que esta alternativa de tentativa e erro também é empregada pelo clínico, muitas vezes, quando a resposta ao tratamento não é adequada.

Entre os pontos fortes do presente estudo, destacamos a amostra abrangente da população brasileira, incluindo adultos de todas as idades e não centrada em uma doença específica, contribuindo, assim, para a generalização dos achados. Apesar de a temática de não adesão medicamentosa ser amplamente discutida na literatura, há uma lacuna em relação à não adesão intencional à terapia medicamentosa, especificamente, com foco nos principais motivos e fatores associados. Entre as limitações, cabe salientar que cerca de 60% da amostra não possuía doença crônica, apesar do fenômeno estudado também se aplicar a indivíduos que fazem uso eventual de medicamentos para prevenção ou manejo de condições agudas. Em segundo lugar, é necessário considerar que as prevalências de não adesão intencional à terapia medicamentosa podem estar subestimadas, visto que a alteração do tratamento pelos pacientes sem o consentimento do prescritor não é um comportamento usualmente aceito. Nesse sentido, por necessidade de fornecer respostas socialmente desejáveis, uma parcela dos respondentes pode ter omitido que não adere ao tratamento88. Henning O, Landmark CJ, Nakken KO, Lossius MI. Nonadherence to treatment regimens in epilepsy from the patient’s perspective and predisposing factors: differences between intentional and unintentional lack of adherence. Epilepsia 2019; 60(5): e58-e62. https://doi.org/10.1111/epi.14734
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. Finalmente, cabe destacar que os dados foram coletados há 10 anos, o que pode não refletir completamente a situação atual. Nesse período, os principais fatores responsáveis pelas mudanças de doses podem ter sofrido alterações. A frequência de diminuição de doses por questões financeiras, por exemplo, pode ter se modificado.

Uma parcela considerável dos entrevistados relatou não aderir intencionalmente à terapia medicamentosa. O principal motivo para a diminuição de doses foi a percepção de efeitos adversos, e, para o aumento de doses, não foram observadas diferenças nas frequências reportadas. Compreender os motivos da não adesão intencional à terapia medicamentosa e quem são os indivíduos que a praticam é fundamental para a proposição de medidas mais eficazes para melhorar a adesão medicamentosa, partindo das necessidades e perspectivas do paciente.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao Ministério da Saúde, pela encomenda, financiamento e apoio técnico para a realização da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e Promoção do Uso Racional de Medicamentos.

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  • FONTE DE FINANCIAMENTO:

    Este estudo foi financiado pelo Ministério da Saúde – Secretaria de Ciência e Tecnologia em Insumos Estratégicos – Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos e pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Processo 25000.111834/2) para SSM PNAUM; e uma bolsa de doutorado do CNPq foi concedida para ESP.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    18 Jan 2024
  • Aceito
    04 Jul 2024
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revbrepi@usp.br