Representações sociais de crianças participantes de um ensaio clínico sobre o pesquisador: de detentor do saber à criança curiosa

Social representations of children participating in a clinical trial, about the researcher: the holder of knowledge to the curious child

Resumos

Intervenções educativas constituem importantes ferramentas para a ampliação do conhecimento científico e em ensaios clínicos devem contribuir para a tomada de decisão quanto à participação na pesquisa. Visando a educação de crianças residentes em área endêmica em ancilostomíase, na zona rural de Minas Gerais, onde é desenvolvido um ensaio clínico, elaborou-se uma intervenção educativa pautada na contação de história, por meio da performance de palhaços clownescos. No presente estudo buscou-se analisar as reverberações, sobre as representações sociais de crianças acerca do pesquisador, a partir de uma intervenção educativa. A intervenção mostrou-se potente para a fragilização dos (pré)conceitos circulantes entre as crianças sobre o pesquisador. Emergiu dos discursos das crianças a representação do pesquisador como detentor do saber, salvador, figura distante da realidade das crianças. A partir da intervenção, essas representações são acrescidas de novos significados: aquele que já foi criança, é curioso, que faz perguntas e interage na busca de conhecimentos. Ao ampliar as significações das crianças sobre o pesquisador, a intervenção educativa pode contribuir para o processo de decisão ao qual crianças e responsáveis serão convidados, em relação à participação ou não no ensaio clínico.

Bioética; Ensaio clínico; Criança; Educação em saúde


Educational interventions are important tools to broaden scientific knowledge and, in clinical trials, must contribute to the decision making process regarding participation in research. Aiming to scientifically educate children residing in a hookworm endemic area, situated in a rural area of Minas Gerais state, where a clinical trial is being conducted, an educational intervention, based on storytelling through clowning performance, was developed. The present study endeavored to analyze the reverberations of this intervention on the children’s social representations concerning the researcher. The intervention has been shown to be very powerful in undermining (pre)concepts about the researcher that circulate among children. In children’s speech the representation of the researcher as knowledge holder and savior, a person distant from their reality has emerged. From the educational intervention onwards, new meanings were added to those representations: of a researcher who had once been a child, who is curious, asks questions and interacts, in a quest for knowledge. By enlarging children’s meanings concerning the researcher, the educational intervention may contribute to the decision making process in which children and those responsible for them are invited to participate in a clinical trial.

Bioethics; Clinical Trial; Children; Health Education


Introdução

O atual avanço da ciência e a rápida produção do conhecimento têm acarretado a exclusão de uma parcela da população, marginalizada da linguagem científica. Intervenções educativas podem contribuir para a inclusão social dessas pessoas, aproximando-as da linguagem científica, aumentando a sua capacidade de análise das aplicações da ciência na melhoria da qualidade de vida das pessoas e de suas limitações (Chassot, 2003CHASSOT, A. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 22, p. 89-100, jan./abr. 2003.).

Em ensaios clínicos, a educação adquire contornos específicos. Além do domínio do conhecimento sobre o estudo, ela deve buscar alternativas para mobilizar esse conhecimento, visando à tomada de decisão sobre a participação na pesquisa (Junges, 2007JUNGES, J. R. Exigências éticas do consentimento informado. Revista Bioética, Brasília, DF, v. 15, n. 1, p. 77-82, 2007. Disponível em: <http://revistabioetica.cfm.org.br/index.php/revista_bioetica/article/viewFile/32/35>. Acesso em: 30 nov. 2012.
http://revistabioetica.cfm.org.br/index....
; Concone e Cerveny, 2008CONCONE, M. H. V.; CERVENY, C. M. Research and the (free and) informed consent. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 341-349, 2008.; Luna, 2008LUNA, F. Consentimento livre e esclarecido: ainda uma ferramenta útil na ética em pesquisa. RECIIS, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 42-53, 2008. Disponível em: <http://www.reciis.cict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/208. Acesso em: 30 out. 2012.
http://www.reciis.cict.fiocruz.br/index....
).

Quando os ensaios clínicos envolvem crianças ou adolescentes, está previsto um conjunto de leis de proteção específica a sua condição (Brasil, 1990BRASIL. Congresso Nacional. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Seção 1, p. 13563.). Mesmo que estejam desautorizadas a consentir a sua participação no estudo — responsabilidade que pelo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) cabe aos pais ou guardiães — as crianças devem compreender a natureza do estudo (Figueira, 2010FIGUEIRA, A. C. Consentimento e proteção de adultos e crianças: dilemas comuns e peculiares em países em desenvolvimento. Revista Bioética, Brasília, DF, v. 18, n. 3, p. 691-703, 2010.).

Atualmente, um grupo de pesquisadores desenvolve um ensaio clínico visando testar uma vacina contra Ancilostomíase no Vale do Mucuri, Minas Gerais, onde reside uma população vulnerável socioeconomicamente. Integra este ensaio clínico, um estudo pediátrico com crianças de até 10 anos de idade, cujo objetivo é estudar como o organismo reage ao ancilóstomo e ao tempo de reinfecção.

Para trilhar caminhos que permitam a educação dessas crianças, investigaram-se suas representações sobre o pesquisador. Estudos anteriores sinalizaram que as representações sociais são barreiras à compreensão da pesquisa enquanto processo de produção de um novo conhecimento. Ao enxergar a saúde como algo transcendental e o pesquisador como alguém virtuoso, cujo traço moral essencial consiste em fazer o bem às pessoas, oferecendo-lhes saúde, as crianças acabam por se posicionar de forma passiva diante do estudo, estabelecendo com ele uma relação ilusória de que sua participação possa traduzir-se em acesso à saúde (Gazzinelli e col., 2008GAZZINELLI, M. F. C. et al. Representações de crianças de zona rural sobre a saúde e o pesquisador: a “grande saúde” e o “grande outro”. REME, Belo Horizonte, v. 1, n. 12, p. 153-161, 2008.).

Pesquisas no campo da psicologia social sublinham a importância da atenção ao poder das representações sociais (Casas, 2005CASAS, F. Desafios atuais da psicologia na intervenção social. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 17, n. 2, p. 42-49, 2005. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822005000200007>. Acesso em: 16 nov. 2012
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822005...
; Jovchelovitch, 2007JOVCHELOVITCH, S. Os contextos do saber: representações, comunidades e cultura. Petrópolis: Vozes, 2007.; Nascimento e col., 2011NASCIMENTO, A. R. A. et. al. Masculinidades e práticas de saúde na região metropolitana de Belo Horizonte - MG. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 182-194, 2011.). Enquanto produção subjetiva, atuam, muitas vezes, como fatores de alienação, prejudicando a compreensão consciente, elaborada e crítica da realidade.

As Representações Sociais resumem crenças e valores circulantes entre os membros de um grupo, uma forma de conhecimento, elaborado e partilhado socialmente (Moscovici, 2005MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes. 2005.; Abric, 2001ABRIC, J. C. O estudo experimental das representações sociais. In: JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. p. 155-172.). Com a função de explicar aspectos da realidade, orientar as práticas dos sujeitos, justificando suas ações e tomadas de decisão (Abric, 2001ABRIC, J. C. O estudo experimental das representações sociais. In: JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. p. 155-172.), as representações sociais devem ser consideradas nos processos educativos.

Por essa razão, devem ser criados dispositivos que incidam diretamente sobre as representações sociais, engendrando novos arranjos subjetivos. A arte e a educação representam uma tentativa de integrar os domínios da subjetividade e das representações (Japiassu, 1998JAPIASSU, R. O. V. Jogos teatrais na escola pública. Revista da Faculdade de Educação, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 81-97, 1998.). No Brasil, alguns estudos de popularização do conhecimento científico, com o emprego do teatro, demonstram a viabilidade de uma educação que promova mudanças nos (pré)conceitos sobre a ciência, por meio da linguagem teatral (Gardair e Schall, 2009GARDAIR, T. L.; SCHALL, V. T. Ciências possíveis em Machado de Assis: teatro e ciência na educação científica. Ciência & Educação, Bauru, v. 15, n. 3, p. 695-712, 2009.; Montenegro e col., 2005MONTENEGRO, B. et al. O papel do teatro na divulgação científica: a experiência da seara da ciência. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 4, p. 31-32, 2005. Disponível em: <http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n4/a18v57n4.pdf>. Acesso em: 30 out. 2012.
http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v5...
).

Buscando resgatar esta potência do teatro, como processo do exercício da cidadania, foi desenvolvida uma intervenção educativa, com o emprego de contação de história e performances teatrais, na região onde se realiza o ensaio clínico contra a Ancilostomíase. O objetivo deste estudo foi analisar as reverberações sobre as representações sociais de crianças acerca do pesquisador, a partir de uma intervenção educativa.

Método

Estudo interventivo e investigativo, parte de um ensaio clínico, realizado em Americaninhas — Minas Gerais — Brasil.

Cenário e Sujeito do Estudo

O trabalho foi desenvolvido com 25 alunos, na faixa etária de 8 a 12 anos, do Ensino Fundamental em uma escola municipal da região rural de Americaninha, distrito de Novo Oriente de Minas/Minas Gerais, comunidade marcada pela falta de saneamento básico e precárias condições de vida, e organizada a partir de uma economia de subsistência.

Intervenção educativa: a história de Lilica

A intervenção foi realizada por meio da contação de uma história, baseada no livro infantil A curiosidade premiada, de Almeida (2008)ALMEIDA, F. L. A curiosidade premiada. São Paulo: Ática, 2008. e adaptada para o contexto do ensaio clínico. Com uma abordagem interativa e lúdica, a narrativa é desenvolvida com a improvisação de palhaços e com a participação das crianças, explorando determinados conceitos que fundamentam o Ensaio Clínico realizado na região, como Verme/Amarelão, Formas de Contágio, Sintomas, Prevenção e Vacina.

A abordagem teatral/circense contou com a atuação de palhaços inspirados no estilo Clown. De origem inglesa, a palavra Clown remonta ao século XVI e tem como matriz etimológica os termos colonus e clod, cujo sentido aproximado seria homem rústico, do campo. No universo circense é o artista cômico que participa de cenas curtas e explora uma característica de excêntrica tolice em suas ações (Bolognesi, 2003BOLOGNESI, M. F. Palhaços. São Paulo: Unesp, 2003.). O Clown define um estilo de interpretação em que a liberdade de improvisação e gratuidade de suas intervenções são as principais características para abordar temas que extrapolam a lona do circo e alcançam o cotidiano e a realidade.

A história conta sobre Lilica, menina muito curiosa, que queria saber de tudo e perguntava o porquê de tudo. A mãe de Lilica ficava doida com tantas perguntas da filha; muitas delas nem sabia responder. Com tanta curiosidade da filha, a mãe de Lilica ficou preocupada e se aconselhou com uma velha sábia da região — Dona Serpente — que solucionava todos os problemas. Dona Serpente disse que Lilica sofria de curiosidade aguda e que a única solução para o seu problema seria responder a todas as suas perguntas. Desde então a vida de Lilica mudou, pois tudo que ela perguntava a mãe respondia. Mas como a mãe não tinha respostas para tudo, passou a indagar com a filha. Perguntavam para o padeiro, para o professor, para o jardineiro... — criando uma grande curiosidade na região.

Lilica se interessava por tudo, principalmente pelo verme do Amarelão. Cresceu e com toda a sua curiosidade saiu do lugar onde morava, procurando respostas pelo mundo. Lilica se tornou uma Pesquisadora, mas sentiu saudades e voltou para a sua cidade a fim de pesquisar sobre o verme do Amarelão. Descobriu que as pessoas pegam o verme ao andarem descalças. Lilica teve uma ideia: resolveu pesquisar uma vacina contra o verme do Amarelão.

Coleta e análise dos dados

Para analisar a intervenção educativa e sua repercussão sobre as representações das crianças, foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a observação das falas, gestos e dos comportamentos das crianças durante a intervenção. Utilizou-se, ainda, um questionário estruturado, aplicado antes e após a intervenção, e um outro semiestruturado, além de desenhos confeccionados pelas crianças, ambos aplicados após a intervenção.

O questionário estruturado, aplicado nos Tempos 1 e 2, antes e após a contação de história, foi criado para identificar as representações sociais das crianças sobre o pesquisador, por meio da apresentação de oito ilustrações de um personagem realizando algumas atividades. Cada criança foi convidada a marcar uma ou mais figuras que representassem o pesquisador.

Figura 1
Olhando através de uma lupa

Figura 2
Cuidando do gado

Figura 3
Jogando bola com uma criança

Figura 4
Abordando uma família

Figura 5
Olhando através de um microscópio

Figura 6
Examinando uma criança

Figura 7
Lendo e pensando

Figura 8
Capinando e cuidando da roça

As respostas a esse questionário foram transcritas e analisadas no software SPSS 15 (Social Package Social Statistics). Os dados foram sumarizados e a frequência absoluta de cada opção de resposta no Tempo 1 e Tempo 2 foi levantada.

O questionário semiestruturado, aplicado pós-intervenção de forma oral e coletiva, incluiu três questões: 1- “Vocês se lembram da atividade?” 2- “O que vocês lembram sobre a história?” 3- “Na história a personagem Lilica cresceu e se transformou em quem?”. O intuito foi possibilitar que as crianças verbalizassem o que memorizaram e internalizaram sobre a história.

O uso do desenho foi utilizado para complementar o levantamento das representações sociais das crianças após a intervenção. Como uma técnica projetiva, o desenho oferece acesso aos aspectos mais espontâneos do comportamento, revelando indícios tanto das informações que a criança dispõe acerca do objeto social que representa, quanto de seu posicionamento diante dele.

Aspectos éticos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade George Washington e do Centro de Pesquisa René Rachou e seguiu todas as diretrizes éticas da Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

Ao longo da contação de história, na vivência “do faz de conta”, a interação das crianças com os palhaços deu-se de forma espontânea. Elas se integraram nas cenas, expressaram o que pensavam e sentiam ao responderem às perguntas dos palhaços. Ao mesmo tempo em que exteriorizavam os sentidos e as representações sociais que circulam em seu grupo de pertença, criavam sentidos singulares para práticas realizadas em seu contexto de vida.

No trecho abaixo, pode-se observar aspectos concernentes à realidade e ao ambiente onde vivem. As crianças também deixam transparecer imagens que se associam àqueles em que acreditam serem os detentores do saber, quais sejam, as figuras do médico, do veterinário e do professor.

Trecho 1

Palhaço Mãe de Lilica: Dona Serpente a minha filha não para de perguntar e eu não sei a resposta de nada.

Palhaço Dona Serpente: Sua filha sofre de curiosidade aguda. A única cura é você responder todas as perguntas da sua filha.

Palhaço Mãe de Lilica: Mas eu não sei.

Palhaço Dona Serpente: Então pergunte para quem saiba.

Palhaço Mãe de Lilica: Mas quem sabe? – dirigindo-se para a plateia.

Crianças da plateia: O médico, o veterinário, o professor.

Em outro trecho, uma criança da plateia cita a frieira como possível causa da coceira no pé do artista, devido ao hábito de colocar o pé na água.

Trecho 2

Palhaço Mãe de Lilica: Mas por que coçou o dedão do pé? — (pergunta para a plateia).

Criança: Porque tá com frieira...(muitos risos)(K)

Palhaço Mãe da Lilica: Por que tá com frieira?

Criança da plateia: Porque colocou o pé na água (K)

Ao compartilhar este saber circulante em seu grupo de pertença, por meio da associação da frieira com o pé na água, a criança faz um convite para a introdução do tema verminose. Já em um terceiro trecho, o esquecimento aparece como uma razão subjetiva, criada pela criança, para explicar o seu comportamento ou o hábito de andar descalça, mesmo sabendo do risco de adquirir o amarelão.

Trecho 3

Palhaço Mãe da Lilica: Por que a gente pisa descalço na lama, se pode pegar vermes? — dirigindo a pergunta à plateia.

Criança da plateia: Porque é esquecido (J)

Palhaço Mãe da Lilica: Esqueceu de quê?

Criança da plateia: De calçar o chinelo (F)

Palhaço Lilica: Quem andar descalço vai pegar amarelão, igual ao Zezinho, coleguinha da minha escola.

Ao término da intervenção, observou-se que as crianças memorizaram a história contada e souberam expressar seus elementos centrais. Quando indagadas sobre o enredo da história, por meio do questionário semiestruturado, elas responderam tratar-se da história de uma menina chamada Lilica (M); sobre a menina curiosa (Jo); sobre a menina que gostava de perguntar (CI); sobre a menina que queria saber de tudo (J); sobre a menina que queria saber por que as estrelas não caem do céu (Y). Nas respostas sobressaiu a importância dada à menina curiosa — o primeiro núcleo de sentido identificado. As crianças priorizaram a menina curiosa e secundarizaram o fato de ela ter se tornado pesquisadora — segundo núcleo de sentido identificado. Embora essa última ideia refira-se a uma resposta dada em coro pelas crianças quando indagadas sobre “o que a Lilica se tornou quando cresceu”, ela aparece em segundo lugar no relato do enredo pelas crianças.

As respostas dadas ao questionário semiestruturado são reafirmadas nos desenhos produzidos. Nos dois desenhos abaixo, chamam a atenção a presença do ponto de interrogação (Fig. 09) e a pergunta por quê? (Fig 10), que simbolizam o elemento essencial no processo de constituição humana e de uma pesquisa – a dúvida:

Figura 9

Figura 10

Os desenhos produzidos revelaram os efeitos da história contada tanto sobre a construção de novos conhecimentos quanto sobre os processos de subjetivação, que foram se forjando a partir da história. Pode-se observar, ainda, que em algumas ideias e imagens concretas atribuídas à figura do pesquisador pelas crianças, a ilustração passou a ser representada pela figura de uma menina com a lupa – a menina curiosa e a menina que perguntava, representadas no desenho abaixo:

A novidade aqui é que o pesquisador passa a ser entendido como um indivíduo que busca informações, que investiga e procura respostas, ampliando-se desta forma o olhar prévio do pesquisador na figura do médico como detentor do saber.

Com relação ao questionário estruturado, observou-se que após a intervenção teatral, as crianças modificaram a imagem inicial que tinham do pesquisador. Antes da Contação de história (Tempo 1), a maior parte delas indicou a figura 05, olhando através de um microscópio, para representar o pesquisador. Outras figuras assinaladas foram a figura 04abordando uma família, a figura 07lendo e pensando e a figura 06 examinando uma criança. As figuras escolhidas, neste momento, pelas crianças representavam o pesquisador como aquele que examina através do microscópio; detentor do conhecimento e salvador — a imagem do pesquisador era frequentemente confundida com a do médico — considerado provedor de tratamentos de saúde.

Figura 11

No Tempo 2, após a intervenção, observou-se uma redução na escolha da figura 06 – em que o pesquisador seria apontado pela figura de um médico examinando uma criança. A figura 03, representando um homem jogando bola com uma criança, foi a única não assinalada por nenhuma criança tanto no Tempo 1 quanto no 2. Já a figura 01, representada por um homem olhando através da lupa, foi marcada com maior frequência pelas crianças após a intervenção teatral, indicando o reconhecimento entre elas do pesquisador como alguém que procura respostas.

Em relação à figura 01, do pesquisado olhando através da lupa, deve-se ressaltar que durante a contação de história, para representar Lilica tornando-se pesquisadora, o palhaço vestiu um jaleco branco e exibiu uma maleta de instrumentos utilizados pelos pesquisadores: tubos de ensaio, lupa, frascos de exames e outros. Apesar da utilização de diferentes objetos, a lupa foi a mais utilizada pelo palhaço para representar o pesquisador. Ao andar pelo pátio da escola, ele interagia com as crianças, olhando com a lupa tudo que encontrava pela frente — roupas, materiais escolares, árvores, pessoas, etc. Este fato pode ter contribuído para a maior seleção da Figura 01 como representativa da imagem do pesquisador. De qualquer forma, é importante considerar que a imagem previamente selecionada da figura 06 (examinando uma criança) passou a ser bem menos representativa em relação à figura 01 e em relação às selecionadas no Tempo 1 – pré-intervenção.

Discussão

Ao longo da interação com os palhaços, durante a contação de história, as crianças elencaram as figuras do médico, veterinário e professor como representativas daqueles que sabem. Ao designá-los deste modo, as crianças exibem sentimentos e ideias que demonstram a consideração e a confiança que têm por estes profissionais. O julgamento, de antemão, como aqueles que sabem, define também o tipo de relação que tais crianças podem com eles estabelecer, sobretudo quando, nesta relação, se veem ocupando o lugar situado no outro extremo – supostamente o lugar do não saber (Gazzinelli e col., 2008GAZZINELLI, M. F. C. et al. Representações de crianças de zona rural sobre a saúde e o pesquisador: a “grande saúde” e o “grande outro”. REME, Belo Horizonte, v. 1, n. 12, p. 153-161, 2008.; Herzlich, 1991HERZLICH, C. A problemática da representação social e sua utilidade no campo da doença. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 23-36, 1991.).

Este conhecimento, que não é exclusividade das crianças locais, consiste em uma representação social. É um registro cognitivo, simbólico e afetivo que orienta a conduta e a comunicação entre os sujeitos (Herzlich, 1991HERZLICH, C. A problemática da representação social e sua utilidade no campo da doença. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 23-36, 1991.). Já com a história, emerge a possibilidade de a criança, ao lado do médico, do veterinário e do professor, vir a conhecer.

Os diálogos propostos na história revelam o quanto a narrativa é potente para que aspectos espontâneos dos seus pensamento e comportamentos emerjam. Por meio da atividade lúdica e dos processos interativos, a criança expressa, de forma espontânea, o modo como compreende a realidade, compartilha os sentidos já estabilizados e diversos modos de pensamento são postos em ação. Esses elementos dão visibilidade ao nível de desenvolvimento real de cada criança e propicia o emergir de sua singularidade. Constituem-se em espaços privilegiados para o desenvolvimento de processos interpsicológicos e coletivos que conduzem ao nível de desenvolvimento potencial das crianças (Barros e col., 2009BARROS, J. P. P. et al. O conceito de “sentido” em Vygotsky: considerações epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 174-181, 2009.; Vygotsky, 1996VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.).

Das respostas ao questionário semiestruturado, aplicado pós-intervenção, foram produzidos dois núcleos de sentidos, o que emerge primeiramente e o que surge em segundo lugar, após provocação. Para Abric (2001)ABRIC, J. C. O estudo experimental das representações sociais. In: JODELET, D. (Org.). As representações sociais. Rio de Janeiro: UERJ, 2001. p. 155-172., a abordagem estrutural das Representações Sociais sinaliza que aquilo que as pessoas associam primeiramente ao descreverem um evento, reflete o que conferem maior importância em comparação ao que lembram em segundo lugar. Moscovici (2005)MOSCOVICI, S. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes. 2005. destaca também que a finalidade da Representação Social é tornar algo que é incomum ou não familiar a um grupo, em algo familiar e passível de ser compreendido e comunicado pelo grupo. Esse processo é denominado ancoragem e segundo Sá (1993)SÁ, C. P. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK, M. J. (Org.). O conhecimento no cotidiano. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 19-45., visa à integração do novo objeto a um sistema de pensamento social preexistente, por meio da nomeação, processo em que o objeto é incluído num complexo de palavras específicas, localizado na matriz de identidade da cultura.

Os núcleos de sentido produzidos pelas crianças a partir da história se colocam como um produto não só intelectual, mas psíquico e emocional, resultante dos processos vivenciais e particularmente emocionais do sujeito e que, engendrados ao mesmo tempo por situações externas e internas, desenvolvem-se no interior do sujeito e são compartilhados no grupo.

Desta forma, as respostas dadas pelas crianças após a história sinalizam que elas podem ter ancorado outros sentidos à ideia de pesquisador. Estas noções estão presentes em seus esquemas conceituais ou redes de significação e também em aspectos ligados à subjetividade. Ao responder que a história diz sobre uma menina que queria saber de tudo e tornou-se pesquisadora, as crianças falam também de personagens ausentes naquela cena, próximos ou distantes, que povoam o imaginário de cada um e que remetem à multiplicidade de outros contextos histórico-sociais nos quais estão inseridas.

Falam delas próprias, já que a curiosidade é algo inerente aos seres produtores de conhecimento (Freire, 2011FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.; Segura, 2001SEGURA, D. S. B. Educação ambiental na escola pública: da curiosidade ingênua à consciência. São Paulo: Annablume, 2001.). Afinal, quem nunca se perguntou o porquê de uma coisa, um acontecimento ou uma situação de sua vida e que igualmente, não desejou tornar-se alguém? No cenário em que as crianças vivem e diante do qual muitas vezes se julgam despossuídas, sugerir que detêm uma virtualidade, melhor, uma essência que pode levá-las a um lugar seguramente distante de onde estão, implica em mobilizar afetos, motivações, condutas ou modos de interação que se reorganizam num processo de produção de novos modos de subjetivação.

No questionário estruturado, em que as crianças foram convidadas a assinalar a figura que melhor representava, para elas, o pesquisador, a imagem em que a figura do médico é representada como o detentor do saber, figura selecionada com maior frequência antes da intervenção educativa, expressa uma ideia igualmente identificada em outros estudos (Gazzinelli e col., 2008GAZZINELLI, M. F. C. et al. Representações de crianças de zona rural sobre a saúde e o pesquisador: a “grande saúde” e o “grande outro”. REME, Belo Horizonte, v. 1, n. 12, p. 153-161, 2008.). Percebe-se que a contação da história permitiu às crianças experimentarem outros sentidos. Após a intervenção, a representação do pesquisador é atrelada à ideia da curiosidade, do sujeito que se guia pela dúvida, que já foi criança, aproximando-se do contexto de vida dos participantes.

Quando a criança fantasia que o pesquisador pode ter sido uma criança como ela, que brinca, questiona sobre o porquê das coisas, tem uma família, mora em uma pequena cidade do interior, é inserido um elemento novo, sentidos novos, que confrontam a representação e os significados de pesquisador que, desde muito cedo, se impõem pelo pensamento social. Sá (1993)SÁ, C. P. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK, M. J. (Org.). O conhecimento no cotidiano. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 19-45. aponta que a apresentação de uma novidade gera certo desconforto nos indivíduos por questionar os significados consensuais do grupo, o que mobiliza os sujeitos a estabelecerem um processo de ancoragem para restabelecer o consenso interrompido.

No mesmo sentido das respostas ao questionário estruturado, os desenhos das crianças também parecem indicar que durante a história a imagem do pesquisador (detentor do saber) que inicialmente parecia inacessível foi ampliada. Aí se incorpora nele, o pesquisador, a imagem de uma criança curiosa, que cresceu e se tornou uma profissional de pesquisa, configurando um significado mais aproximado dos participantes.

Pode-se inferir, portanto que a contação teatral/circense da história permitiu a instauração de um espaço para a recriação dos sentidos e significações relacionados ao pesquisador. Isso ocorreu porque foram emitidos signos responsáveis pela criação de novos sentidos subjetivos ainda não presentes na rede de significados ou de representações daquelas crianças.

Para Vygotsky (1996)VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996., as significações são concebidas como um acontecimento semântico particular, constituído por meio das relações sociais nas quais uma gama de signos é posta em jogo, permitindo a emergência de processos de singularização em uma trama interacional histórica e culturalmente constituída. Os sentidos assumem, portanto, uma estrutura cambiante, construída e reconstruída a partir das relações sociais e das relações dos sujeitos com signos e outros sentidos que circulam ou surgem nas tessituras sociais (Barros, 2012BARROS, J. P. P. Constituição de “sentidos” e “subjetividades”: aproximações entre Vygotsky e Bakhtin. Ecos, Campos dos Goytacazes, v. 2, n. 1, p. 133-146, 2012.; Delari Junior, 2011DELARI JUNIOR, A. Sentidos do “drama” na perspectiva de Vigotski: um diálogo no limiar entre arte e psicologia. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 16, n. 2, p. 181-197, 2011.; Barros e col., 2009BARROS, J. P. P. et al. O conceito de “sentido” em Vygotsky: considerações epistemológicas e suas implicações para a investigação psicológica. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 21, n. 2, p. 174-181, 2009.). Smolka (2004SMOLKA, A. L. B. Sobre significação e sentido: um ensaio: uma contribuição à proposta de rede de significações. In: ROSSETTI-FERREIRA, M. C. et al. (Org.). Rede de significações e o estudo do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004. p. 35-49., p. 12) afirma que os sentidos:

vão se produzindo nos entremeios, nas articulações das múltiplas sensibilidades, sensações, emoções e sentimentos dos sujeitos que se constituem como tais nas interações; vão se produzindo no jogo das condições, das experiências, das posições, das posturas e decisões desses sujeitos; vão se produzindo numa certa lógica de produção, coletivamente orientada, a partir de múltiplos sentidos já estabilizados, mas de outros que também vão se tornando possíveis.

Considerações finais

O processo de consentimento coloca-se como um desafio em pesquisas desenvolvidas com seres humanos, no sentido de garantir que a assinatura do TCLE ou sua recusa represente a real compreensão dos sujeitos quanto à natureza e procedimentos do estudo. Quando a pesquisa envolve crianças, esse processo é acrescido de dificuldades, pois na maioria das vezes preza-se somente pelo esclarecimento dos responsáveis pelo menor. São evidentes as dificuldades na adequação da linguagem e no desenvolvimento de estratégias para educação da população a fim de que o TCLE e a pesquisa como um todo sejam compreendidos pela população.

A representação social do pesquisador, geralmente atrelada à do médico, coloca-o no lugar do detentor do saber, de modo que os sujeitos delegam, sem ressalvas, as decisões sobre sua vida e saúde a essa figura. Dessa forma, faz-se necessário que os pesquisadores atentem-se aos elementos que integram o imaginário dos participantes sobre a pesquisa e o pesquisador, de modo que a decisão quanto à participação ou não no estudo seja fruto de um processo autônomo e livre de coerções.

A intervenção educativa, pautada na contação de histórias e na performance de palhaços clownescos, mostrou-se potente para promover a ampliação dos sentidos atribuídos à pesquisa e ao pesquisador por aquelas crianças. As representações sociais sobre o pesquisador ganharam novos significados: aquele que já foi criança, que brinca, que faz perguntas e interage na busca de conhecimentos, em contraposição à ideia inicial daquele que salva e que tem todas as respostas. Constituiu-se, portanto, um espaço de recriação dos sentidos, ao longo do processo interativo e afetivo, a partir do qual novos signos foram disponibilizados, e novos sentidos construídos.

Assim, ao ampliar as significações, as representações sociais das crianças sobre o pesquisador, a intervenção educativa elaborada pode contribuir para o processo de decisão ao qual crianças e responsáveis serão convidados, com relação à participação ou não no ensaio clínico.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    apr-jun 2014

Histórico

  • Recebido
    17 Dez 2012
  • Revisado
    10 Set 2013
  • Aceito
    03 Out 2013
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. SP - Brazil
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