• Para onde a roda nos levou? Uma conversa sobre promoção da saúde sexual para populações sexo-dissidentes ARTIGO TEMÁTICO

    Rios, Luís Felipe; Dias, João Pedro de Souza; Luckwu, Júlio Henrique Magalhães

    Resumo em Português:

    Resumo O texto discute os desafios para promoção da saúde de homens que fazem sexo com homens (HSHs) por meio de dados oriundos de uma roda de conversa, com pessoas de instituições que prestam serviços para HSHs na Região Metropolitana do Recife. Os resultados permitiram identificar desafios para o trabalho de promoção à saude, não só para HSHs, mas para pessoas sexo-dissidentes: dificuldades com o uso das categorias de identidade; estigmatização por prestar-lhes cuidado em saúde sexual; racismo estrutural; contexto de privação de liberdade; extrema pobreza; letramento.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This work discusses the health promotion challenges of men who have sex with men (MSM) through the use of data from a conversation circle with people from institutions that provide services to MSM in the Metropolitan Region of Recife. The results allow for the identification of the following challenges for health promotion work, not only for MSM but also for sex dissidents: difficulties with the use of identity categories, stigmatization for providing them with sexual health care, structural racism, the deprivation of liberty, extreme poverty, and literacy.
  • Homofobia internalizada e depressão em mulheres e homens homossexuais e bissexuais: Inquérito de saúde LGBT+, 2020 ARTIGO TEMÁTICO

    Batista, Thales Santos; Tavares, Filipe Marques de Pinho; Gonçalves, Gabriela Persio; Torres, Juliana Lustosa

    Resumo em Português:

    Resumo Objetivou-se analisar a associação entre homofobia internalizada e seus domínios e a depressão em indivíduos homossexuais e bissexuais e quantificar o resultado da sua diminuição na depressão. Trata-se de um estudo transversal baseado em dados do inquérito de saúde LGBT+, realizado no Brasil entre agosto e novembro de 2020, de forma on-line e anônima, totalizado 926 participantes. A depressão foi avaliada por autorrelato. A homofobia internalizada foi medida pela Escala de Homofobia Internalizada para Gays e Lésbicas Brasileiros, adotando-se como escores elevados total e por domínio os percentis de 80%. A análise estatística baseou-se na regressão de Poisson com variância robusta. A prevalência de depressão foi de 23,7%. Os resultados mostraram que a homofobia internalizada associou-se positivamente à depressão apenas entre os homossexuais (Razão de Prevalência (RP) = 1,80; intervalo de confiança de 95% (IC95%) 1,12-2,90). Não houve associação com os domínios isolados de estigma e opressão. A fração atribuível populacional de depressão foi de 2,3% (IC95% 0,1-4,5) em relação à homofobia internalizada. Esses achados destacam a importância do combate à homofobia que é internalizada para a diminuição da depressão em indivíduos homossexuais.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This study aimed to analyze the association between internalized homophobia and its domains and depression in homosexual and bisexual individuals and to quantify its results in depression. This is a cross-sectional online and anonymous study based on the LGBT+ health study conducted in Brazil from August to November, 2020, summing 926 respondents. Depression was self-reported. Internalized Homophobia was measured by the Brazilian Internalized Homophobia Scale for Gays and Lesbians, using 80% percentile to classify elevated total and by domain scores. Statistical analysis was based on Poisson Regression models with robust variance. Depression prevalence was 23.7%. The results revealed that internalized homophobia was positively associated with depression only among homosexuals (Prevalence Ratio (RP) = 1.80; 95% confidence interval (95%CI) 1.12-2.90). We found no statistical association for stigma and oppression domains. Population attributable fraction of depression was 2.3% (95%CI 0.1-4.5) in relation to internalized homophobia. Our findings highlight the need of controlling internalized homophobia to decrease the prevalence of depression among homosexuals.
  • Intersecção entre dificuldades de acesso e violência obstétrica em itinerários abortivos ARTIGO TEMÁTICO

    Fonseca, Jamile Guerra; Coelho, Edméia de Almeida Cardoso; Rodrigues, Larissa Silva de Abreu; Silva, Joise Magarão Queiroz; Evangelista, Railene Pires; Melo, Aline Célia Caribé de Araújo

    Resumo em Português:

    Resumo No Brasil, diversas limitações são impostas ao acesso de mulheres em situação de abortamento à rede de atenção à saúde, sob influência de valores morais, religiosos e iniquidades de gênero. Objetivou-se analisar a experiência de mulheres que realizaram abortamento quanto à atenção pelos serviços de saúde, como parte do itinerário abortivo. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, realizada com 18 mulheres em três municípios de pequeno, médio e grande porte, no estado da Bahia. Os dados foram produzidos por meio de entrevista presencial ou virtual. O material empírico foi analisado por meio da técnica de análise de discurso. Os resultados mostram, nos três municípios, itinerários abortivos sob iniquidades sociais e de gênero, com maiores dificuldades de acesso para mulheres de baixa renda. Melhores condições financeiras permitiram acesso a clínicas particulares clandestinas, mas sem garantia de atenção humanizada. Nos três municípios, mulheres desfavorecidas economicamente autoinduziram o aborto e retardaram a busca por serviços, tendo enfrentado atitudes profissionais constrangedoras e preconceituosas. Os resultados apontam a premência de se implementar políticas públicas em que os direitos reprodutivos se efetivem como direitos humanos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract In Brazil, several limitations are imposed upon the access of women undergoing abortion to the healthcare network, primarily caused by the influence of moral and religious values and gender iniquities. In this light, the present study aimed to analyze the experience of women who had an abortion regarding the care provided by healthcare services as part of the abortion itinerary. This is a qualitative study, carried out with 18 women in three cities - one small city, one mid-sized, and one big - in the state of Bahia. Data were produced by face-to-face or online interviews. The empirical material was analyzed using the discourse analysis technique. The results show, in the three municipalities, abortion itineraries under social and gender iniquities, with greater access difficulties for low-income women. Better financial conditions allow access to clandestine private clinics but without guaranteeing humanized care. In the three municipalities, economically disadvantaged women self-induced abortions and delayed seeking services, having faced embarrassing and prejudicial professional attitudes. The results point to the urgency of implementing public policies in which reproductive rights are as effective as human rights.
  • Racismo obstétrico, um debate em construção no Brasil: percepções de mulheres negras sobre a violência obstétrica ARTIGO TEMÁTICO

    Santana, Ariane Teixeira de; Couto, Telmara Menezes; Lima, Keury Thaisana Rodrigues dos Santos; Oliveira, Patricia Santos de; Bomfim, Aiara Nascimento Amaral; Almeida, Lilian Conceição Guimarães; Rusmando, Lúcia Cristina Santos

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo deste artigo é conhecer a percepção de mulheres sobre a violência obstétrica em uma perspectiva racial. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada em uma maternidade pública, com 25 mulheres, no município de Salvador, Bahia, Brasil. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas e observação participante, no período de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. Utilizou-se, para organização dos dados obtidos através das entrevistas, a análise de conteúdo. Os resultados foram analisados através das contribuições teóricas da interseccionalidade, tendo como foco a interação entre violência obstétrica e racismo obstétrico. As narrativas discorrem sobre questões da violência obstétrica, racismo institucional, e como essas vivências são permeadas pelas questões de raça, gênero e classe. Foram apontadas também questões relacionadas aos sentimentos dessas mulheres frente a vivência da violência no momento da assistência ao parto. O racismo obstétrico nega os direitos reprodutivos e dificulta o acesso a uma assistência respeitosa e equânime as mulheres negras.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This article aims to know the perception of women on obstetric violence from a racial perspective. This was a qualitative study carried out in a public maternity hospital with 25 women in the city of Salvador, Bahia, Brazil. Data were collected through semi-structured interviews and participant observation from November 2021 to February 2022. Content analysis was used to organize the data obtained through the interviews. The results were analyzed through the theoretical contributions of intersectionality, focusing on the interaction between obstetric violence and obstetric racism. The narratives discuss issues of obstetric violence, institutional racism, and how these experiences are permeated by issues of race, gender, and class. Questions related to the feelings of these women regarding the experience of violence at the time of childbirth care were also highlighted. Obstetric racism denies reproductive rights and hinders access to respectful and equitable care for black women.
  • Vítimas indiretas da violência: um olhar sobre os impactos na saúde ARTIGO TEMÁTICO

    Bueno, Rayana Tavares de Oliveira; Souza, Edinilsa Ramos de; Poltronieri, Bruno Costa

    Resumo em Português:

    Resumo Buscou-se investigar as percepções das vítimas indiretas, ou familiares de vítimas de homicídio, sobre as repercussões dessa morte em sua saúde. Fez-se um estudo qualitativo, exploratório, descritivo, a partir de oito entrevistas individuais semiestruturadas com dois grupos: familiares de agentes policiais vitimados por violência letal, e familiares de pessoas mortas em decorrência de intervenção policial, aqui designada como homicídio. Ambos os grupos relataram a percepção de que sua saúde piorou após o homicídio, e mencionaram problemas de depressão, síndrome do pânico, insônia, problemas cardíacos e distúrbios alimentares. Destacaram ainda a aquisição de hábitos danosos à saúde, como consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e automedicação, e o agravamento de problemas de saúde pré-existentes. Observou-se que o homicídio praticado e sofrido por agentes policiais afeta vários aspectos da vida das vítimas indiretas que são indissociáveis das questões de saúde em sentido ampliado. Essas pessoas também são vítimas dessa violência, embora muitas vezes tenham seu sofrimento invisibilizado. Estudar o tema contribui para dar espaço ao sofrimento e ao luto, e para subsidiar a melhor atuação das instituições e serviços envolvidos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract We sought to investigate the perceptions of indirect victims or family members of homicide victims, about the repercussions of these deaths on their health. A qualitative, exploratory, descriptive study was carried out, based on eight semi-structured individual interviews with two groups: family members of police officers victimized by lethal violence, and family members of people killed as a result of police intervention, designated here as homicide. Both groups reported the perception that their health deteriorated after the homicide, and mentioned problems such as depression, panic disorder, insomnia, heart conditions and eating disorders. They also highlighted the acquisition of habits that are harmful to health, such as the consumption of alcoholic beverages, tobacco and self-medication, and the worsening of pre-existing health issues. It was observed that the homicide committed and suffered by police agents affects various aspects of the lives of indirect victims that are inseparable from health issues in a broader sense. These people are also victims of this violence, although their suffering is often made invisible. Studying this topic helps to give space to the suffering and mourning of these people and to subsidize the best performance of the institutions and services involved.
  • Avaliação de intervenção para aprimorar a resposta da Atenção Primária à Saúde ao cuidado de casos de violência doméstica contra a mulher - São Paulo, Brasil ARTIGO TEMÁTICO

    Pereira, Stephanie; Azeredo, Yuri Nishijima; Schraiber, Lilia Blima; Aguiar, Janaína Marques de; Kalichman, Beatriz Diniz; Gralia, Cecilia Guida Vieira; Reis, Marina Silva dos; Lima, Nayara Portilho; Bacchus, Loraine J; Colombini, Manuela; Feder, Gene; d’Oliveira, Ana Flávia Pires Lucas

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo foi analisar e aprimorar a resposta da Atenção Primária à Saúde (APS) ao cuidado dos casos de violência doméstica contra a mulher (VDCM), desenvolvendo, implementando e avaliando uma intervenção. Pesquisa piloto de avaliação do antes e depois da implementação de uma intervenção, utilizando métodos mistos e realizada em três fases - linha de base, intervenção e avaliação - entre agosto/2017 e março/2019 em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Município de São Paulo. Apresentamos neste artigo o detalhamento e a avaliação da intervenção, realizada 6-12 meses após implementação. A intervenção foi desenvolvida com base nos achados da primeira fase e em consonância com a política de saúde que estabelece os Núcleos de Prevenção à Violência (NPV), consistindo em: elaboração de fluxo assistencial; capacitação geral para todos os trabalhadores e específica para o NPV; elaboração de material educativo e discussões mensais de caso durante 6 meses. A avaliação mostrou aceitabilidade entre os trabalhadores, aumentou a identificação e repertório para o cuidado dos casos de VDCM, fortalecendo o encaminhamento interno e à rede intersetorial. Identificamos obstáculos para plena implementação e sustentabilidade da intervenção.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The aim was to analyse and improve the Primary Health Care (PHC) response to domestic violence against women (DVAW) by developing, implementing and evaluating an intervention. A pilot study evaluating the before and after of intervention implementation, using mixed methods and carried out in three phases - formative, intervention and evaluation - between August 2017 and March 2019 in two Basic Health Units (UBS) in the city of São Paulo. In this paper, we present the details and evaluation of the intervention, carried out six to twelve months after its implementation. The intervention was developed based on the findings of the formative phase and in line with the health policy that establishes the Violence Prevention Nucleus (NPV) and consisted of stablishing a care pathway; general training for all workers and specific training for the NPV; drawing up educational material and monthly case discussions over 6 months. The evaluation showed acceptability among the workers, increased identification and repertoire for caring for cases of DVAW, strengthening internal referral and the intersectoral network. We identified obstacles to the full implementation and sustainability of the intervention.
  • Violência doméstica, obesidade e desnutrição em pessoas idosas de uma capital do Sul do Brasil - Estudo EpiFloripa Idoso ARTIGO TEMÁTICO

    Araújo, Carolina Abreu Henn de; Warmling, Deise; Araújo, Pierre Guedes; Coelho, Elza Berger Salema

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo deste artigo foi verificar a associação entre a violência doméstica com a obesidade e a desnutrição em pessoas idosas de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Estudo transversal avaliados na coorte EpiFloripa Idoso em 2013/2014. Os desfechos foram o índice de massa corporal (IMC) e a obesidade abdominal (CC aumentada). A violência contra pessoa idosa foi mensurada através do instrumento HawlekSengstock Elder Abuse Screening Test (H-S/EAST), e a VPI por meio do instrumento Conflict Tatics Scales Form R (CTS-1). Utilizou-se modelos de regressão logística e regressão logística multinomial. Observou-se que os homens apresentaram maior chance de obesidade abdominal quando em situação de violência. Já as mulheres apresentaram maior chance de obesidade abdominal em situação de abuso direto quando sofreram violência por parceiro íntimo (VPI) e quando foram perpetradoras desta violência. Em relação ao IMC, as mulheres idosas em situação de violência e que sofreram VPI foram associadas às maiores chances de sobrepeso. Em contrapartida, os homens em situação de vulnerabilidade demonstraram maior chance de baixo peso. Conclui-se que a violência contra pessoa idosa e a VPI geram impacto assimétrico sobre o estado nutricional em relação ao sexo.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The objective of this article was to verify the association between domestic violence and obesity and malnutrition in elderly people in Florianópolis, Santa Catarina, Brazil. Cross-sectional study evaluated in the EpiFloripa Elderly cohort in 2013/2014. The outcomes were body mass index (BMI) and abdominal obesity (increased WC). Violence against elderly people was measured using the HawlekSengstock Elder Abuse Screening Test (H-S/EAST) instrument, and IPV using the Conflict Tatics Scales Form R (CTS-1) instrument. Logistic regression and multinomial logistic regression models were used. It was observed that men had a greater chance of abdominal obesity when in situations of violence and in the potential abuse dimension. Women were more likely to have abdominal obesity in the dimension of violation of personal rights or abuse, when they suffered IPV and when they were perpetrators of IPV. In relation to BMI, elderly women in situations of violence were associated with a greater chance of being overweight and those who suffered IPV. On the other hand, men in vulnerable situations were more likely to be underweight. It is concluded that violence against elderly people and IPV generate an asymmetric impact on nutritional status in relation to sex.
  • Mudanças no uso do tabaco entre adolescentes brasileiros e fatores associados: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar ARTIGO TEMÁTICO

    Malta, Deborah Carvalho; Morais, Évelin Angélica Herculano de; Silva, Alanna Gomes da; Souza, Juliana Bottoni de; Gomes, Crizian Saar; Santos, Filipe Malta dos; Pereira, Cimar Azeredo

    Resumo em Português:

    Resumo O estudo objetiva comparar o consumo de diferentes produtos do tabaco entre os escolares adolescentes no Brasil em 2015 e 2019 e identificar os fatores associados ao seu uso. Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015 e 2019. Variáveis: uso atual de cigarro, uso de outros produtos do tabaco e uso de qualquer produto do tabaco. Foi usado o teste do Qui-quadrado de Pearson para verificar associação entre as variáveis, realizada análise bivariada e a multivariada por meio da regressão logística. O uso de cigarros se manteve estável entre 2015 (6,6%) e 2019 (6,8%). Mas houve aumento do uso de qualquer produto do tabaco (de 10,6% em 2015 para 14,8% em 2019), sendo o narguilé o mais frequente (7,8%) seguido do cigarro eletrônico (2,8%). O uso de cigarro foi mais elevado entre os adolescentes de 16 e 17 anos, com cor da pele preta e parda, que faltaram as aulas sem autorização, entre aqueles que relataram não ter amigos, que apresentavam outros fatores de risco como consumir bebidas alcoólicas e que eram fumantes passivos. A prevalência de tabagismo aumentou ao longo dos anos e foi associada com aspectos sociodemográficos e a outros comportamentos de risco à saúde, o que alerta para a necessidade de ações de promoção da saúde ao longo do ciclo de vida.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This cross-sectional study used data from Brazil’s National Student Health Survey (PeNSE), from 2015 and 2019, to compare consumption of tobacco products among adolescent students in Brazil and identify associated factors. The study variables were current cigarette smoking, use of other tobacco products and use of any tobacco product. Pearson’s Chi-square test was used to ascertain associations between the variables; bivariate and multivariate analyses were performed using logistic regression. Cigarette smoking remained stable between 2015 (6.6%) and 2019 (6.8%), but use of any tobacco product increased (from 10.6% in 2015 to 14.8% in 2019), involving particularly hookahs (7.8%) and e-cigarettes (2.8%). Cigarette smoking was greater among adolescents aged 16 and 17, whose skin colour was black or brown, who missed classes without permission, who reported having no friends, displayed other risk factors, such as drinking alcoholic beverages, or who were passive smokers. The prevalence of smoking has increased over the years and is associated with sociodemographic aspects and other health risk behaviour, highlighting the need for lifelong health promotion actions.
  • Cyberbullying entre escolares brasileiros: dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, 2019 ARTIGO TEMÁTICO

    Malta, Deborah Carvalho; Souza, Juliana Bottoni de; Vasconcelos, Nadia Machado de; Mello, Flávia Carvalho Malta de; Buback, Júlia Bicas; Gomes, Crizian Saar; Pereira, Cimar Azeredo

    Resumo em Português:

    Resumo O estudo analisou a associação entre Cyberbullying e fatores sociodemográficos, familiares, de saúde mental e comportamentais em escolares (13 a 17 anos) brasileiros. Trata-se de um estudo transversal com dados da PeNSE 2019. Realizou-se análise multivariada com regressão de Poisson. A prevalência de Cyberbullying foi de 13,2% e foi maior entre os adolescentes que sentiam que ninguém se preocupava com eles (RP=1,47; 1,36-1,59); se sentiam tristes (RP=1,5; 1,4-1,7); referiram que a vida não vale a pena (RP=1,71; 1,59-1,84); não tinham amigos (RP=1,68; 1,50-1,87); sofriam agressão dos pais (RP=1,54; 1,45-1,65); faltavam às aulas sem autorização (RP=1,13; 1,06-1,20); usavam tabaco (RP=1,19; 1,10-1,30); bebidas alcóolicas (RP=1,16; 1,08-1,25); drogas ilícitas (RP=1,14; 1,04-1,25); e tiveram relação sexual (RP=1,23; 1,14-1,33). Tiveram menor prevalência os adolescentes do sexo masculino (RP=0,85; 0,80-0,91), os mais velhos (16-17 anos) (RP=0,88; 0,82-0,95) e que reportaram ter supervisão dos pais no tempo livre (RP=0,78; 0,73-0,83). O Cyberbullying tem elevada prevalência e destaca-se a importância de monitorar a prática, estabelecendo ações de prevenção nas escolas.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This cross-sectional study assessed data from Brazil’s 2019 National Student Health Survey to investigate associations between cyberbullying and sociodemographic, family, mental health, and behavioural factors among Brazilian schoolchildren. Multivariate analysis by Poisson regression found 13.2% prevalence of cyberbullying, which was higher among adolescents who felt nobody cared about them (PR=1.47; 1.36-1.59); felt sad (PR=1.5; 1.4-1.7); reported that life was not worth living (PR=1.71; 1.59-1.84); had no friends (PR=1.68; 1.50-1.87); suffered parental aggression (PR=1.54; 1.45-1.65); missed classes without permission (PR=1.13; 1.06-1.20); used tobacco (PR=1.19; 1.10-1.30); alcoholic beverages (PR=1.16; 1.08-1.25); or illicit drugs (PR=1.14; 1.04-1.25); or had sexual intercourse (PR=1.23; 1.14-1.33). Prevalence was lower among boys (PR=0.85; 0.80-0.91); those 16-17 years old (PR=0.88; 0.82-0.95); and who reported having parental supervision in their free time (PR=0.78; 0.73-0.83). Cyberbullying has a high prevalence, highlighting the importance of monitoring this practice and establishing prevention measures in schools.
  • Estupro e lei do minuto seguinte em Minas Gerais, Brasil: fatores sociodemográficos associados às profilaxias de emergência ARTIGO TEMÁTICO

    Vieira, Ane Caroline Alves; Moreira, Gustavo Carvalho; Cruz, Aline Cristina da

    Resumo em Português:

    Resumo Esta pesquisa investigou a relação entre características sociodemográficas das meninas e mulheres vítimas de estupro em Minas Gerais, no período de 2013 a 2021, e a probabilidade de receberem tratamentos de emergência, conforme estabelecido na Lei nº 12.845/2013, conhecida como Lei do Minuto Seguinte. Utilizou-se os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) para casos de estupro para estimação de modelos de escolhas binárias. Os resultados indicam que fatores sociodemográficos das vítimas, alinhados à teoria e à prática da interseccionalidade (raça, idade, local de residência dentro das regiões de saúde, relação com o agressor e ano do registro do crime) influenciam, negativamente, a probabilidade de receberem o tratamento de emergência. Em particular, vítimas indígenas, menores de idade, agredidas por conhecidos e residentes em determinadas regiões de saúde demonstraram ter menor probabilidade de receber cuidados médicos imediatos. após o estupro. Além disso, constatou-se que a implementação da política pública não resultou em melhoria, já que, desde a promulgação da Lei, em 2013, até o ano 2021, houve diminuição no número de atendimentos médicos realizados.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This research project investigated the relationship between sociodemographic characteristics of girls and women who were the victims of rape of in Minas Gerais between 2013 and 2021, and the likelihood of receiving emergency treatment as stipulated in Law No. 12,845/2013, known as the "Minute-After" (Minuto Seguinte) Law. Data from the Notifiable Diseases Information System (SINAN) for rape cases were used to estimate binary choice models. The results indicate that the sociodemographic factors of the victims, aligned with the theory and practice of intersectionality (race, age, place of residence within health regions, relationship with the perpetrator, and year of crime registration), negatively influence the probability of receiving emergency treatment. Specifically, indigenous victims, minors, those raped by acquaintances, and residents in certain health regions, were found to have a lower probability of receiving immediate medical care after rape. Furthermore, it was found that the implementation of public policy did not result in an improvement, as there has been a decrease in the number of medical appointments since the enactment of the law in 2013 through to the year 2021.
  • Gravidez em meninas menores de 14 anos: análise espacial no Brasil, 2011 a 2021 ARTIGO TEMÁTICO

    Pinto, Isabella Vitral; Bernal, Regina Tomie Ivata; Souza, Juliana Bottoni; Andrade, Gisele Nepomuceno de; Araújo, Larissa Fortunato; Felisbino-Mendes, Mariana Santos; Souza, Maria de Fátima Marinho de; Montenegro, Marli de Mesquita Silva; Vasconcelos, Nádia Machado de; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo foi analisar a distribuição espacial da gravidez em menores de 14 anos e seis meses segundo regiões e municípios brasileiros e características sociodemográficas e de saúde das parturientes e nascidos vivos. Estudo ecológico, analisando o Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC), 2011-2021, em três grupos etários (<14 anos e 6 meses, 15-19 e 20 anos e mais), segundo variáveis demográficas e do parto. Foram aplicados os Índices Global e Local de Moran. No período foram 127.022 nascidos vivos de meninas 10-14 anos, na maioria negras, 21,1% em união estável ou casadas, com menor proporção de 7 consultas de pré-natal e captação no primeiro trimestre, maior proporção de baixo peso ao nascer e baixo índice de Apgar, residentes nas regiões Norte e Nordeste. A taxa média de nascidos vivos de 10-14 anos mostrou autocorrelação significativa com o espaço, especialmente em municípios do Centro-Oeste e Norte. A gravidez de 10 a 14 revela uma sequência de vulnerabilidades sofridas por essas meninas, pela gravidez em idade precoce, maior frequência entre negras, com implicações na morbimortalidade para ela e seus filhos; e pela violência presumida nesses casos, incluindo o acesso negado ao aborto legal.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The objective was to analyze the spatial distribution of pregnancy in children under 14 years and six months by Brazilian region and municipality and sociodemographic and health characteristics of pregnant women and live births. Ecological study analyzing the Live Birth Information System (SINASC) from 2011 to 2021 in three age groups (< 14 years and six months, 15-19 years, and 20 years and above) by demographic and birth variables. We applied the Global and Local Moran. A total of 127,022 live births to girls aged 10-14 years were identified during the period, most of whom were Black, 21.1% in common-law or married relationships, with a lower proportion of seven prenatal care appointments and enrollment in the first trimester, a higher proportion of low birth weight and low Apgar score, residing in the North and Northeast. The mean live birth rate for 10-to-14-year-old girls was significantly autocorrelated with space, especially in municipalities of the Midwest and North. Pregnancy from 10 to 14 years of age reveals several vulnerabilities suffered by these girls due to pregnancy at an early age, which is more common among Black women, with implications for morbimortality for them and their children and the presumed violence in these cases, including denied access to legal abortion.
  • Tendência temporal da mortalidade por homicídios femininos por arma de fogo nos estados da região Nordeste do Brasil no período 2000-2019 ARTIGO TEMÁTICO

    Meira, Karina Cardoso; Oliveira, Stefany Freire Cosme de; Simões, Taynãna César; Magnago, Carinne; Jomar, Rafael Tavares; Silva, Pedro Gilson Beserra da; Dantas, Eder Samuel Oliveira

    Resumo em Português:

    Resumo O objetivo deste artigo é analisar a tendência temporal dos homicídios femininos perpetrados por arma de fogo nos estados nordestinos, no período de 2000 a 2019. Estudo ecológico, com dados de homicídios por arma de fogo em mulheres com 10 ou mais anos, registrados no Sistema de Informação Sobre Mortalidade. Os dados de mortalidade e os dados populacionais foram obtidos junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Após a correção dos registros de óbito para qualidade e cobertura dos óbitos, as taxas de mortalidade foram calculadas Tendências foram avaliadas por regressão binomial negativa, classificadas de acordo com o valor do risco relativo e valor de p. Calculou-se a variação percentual anual média das taxas de mortalidade. A região apresentou 4,40 homicídios por arma de fogo por 100 mil mulheres no período do estudo, maiores coeficientes em Alagoas (5,40), na faixa etária de 15-19 anos (5,84), e via pública (1,58). As tendências foram ascendentes, com exceção de Pernambuco em que foi descendente, e estacionárias em Alagoas. Os homicídios por arma de fogo em via pública apresentaram maior percentual de aumento no período estudado. Observou-se tendência ascendente nos homicídios femininos perpetrados por arma de fogo na maioria dos estados nordestinos.

    Resumo em Inglês:

    Abstract This article aims to analyze temporal trends in female firearm homicides in the Northeast of Brazil during the period 2000-2019. We conducted an ecological study using data on firearm homicides of women aged 10 years and over obtained from the Mortality Information System. The population data were taken from the 2010 Census. Homicide rates were calculated after correcting the data to account for differences in the quality and coverage of death records. Trends were assessed using negative binomial regression and described using relative risk and p values. Average annual percentage changes in homicide rates were also calculated. The regional firearm homicide rate during the study period was 4.40 per 100,000 women. Rates were highest in the state of Alagoas (5.40), the 15-19 age group (5.84) and in public thoroughfares (1.58). Trends were upward across all states except Pernambuco, where they were downward, and Alagoas, where rates were stationary. The place of occurrence with the highest percentage increase in firearm homicides over the study period was public thoroughfares. Female firearm homicides showed an upward trend across most northeastern states.
ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva Rio de Janeiro - RJ - Brazil
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