Resumo
Estudos têm avaliado a qualidade de vida (QV) em grupos diversos, entretanto, relatos em usuários de Centro de Referência à Pessoa Idosa são escassos. A pesquisa visou identificar fatores associados à boa QV de idosos de um Centro de Referência, em Belo Horizonte, MG. Estudo transversal com 257 idosos, usuários do Centro de Referência. Adotou-se o instrumento World Health Organization Quality of Life Assessment versão breve (WHOQOL-bref) para avaliação da QV dos idosos. A análise foi racionalizada por meio da definição de dois grupos em relação à percepção da QV e satisfação com a saúde. Análise de regressão logística foi realizada para avaliar a direção e a magnitude das associações de cada variável independente com a QV. Os resultados mostraram que a maioria (63,4%) dos idosos consideravam sua QV boa e encontravam-se satisfeitos com sua saúde. O domínio ambiental obteve pior escore (média = 14,4). Idade avançada, ser natural do interior de MG, atividade física, diabetes melito, doenças osteomusculares, hipertensão arterial e depressão permaneceram independentemente associados à QV e à satisfação com a saúde após ajuste do modelo. Os dados obtidos permitem orientar estratégias de cuidado aos idosos mais vulneráveis, com especial atenção às questões que interferem no meio ambiente.
Envelhecimento da população; Qualidade de Vida; Estudos transversais
Introdução
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, decorrente principalmente do declínio das taxas de mortalidade e fertilidade. Projeções demográficas apontam que o número de idosos acima de 60 anos de idade excederá o de crianças pela primeira vez em 2047, passando de 841 milhões de pessoas idosas em 2013 para mais de 2 bilhões em 205011. United Nations (UN). Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Population Ageing 2013. New York: UN; 2013..
Segundo o Censo brasileiro, em 2010, o número de idosos ultrapassou os 20 milhões de pessoas, destacando-se o aumento proporcional e mais acelerado do grupo denominado “idosos em velhice avançada” (a partir de 80 anos de idade). Essa faixa etária consiste no segmento populacional que mais cresce na atualidade, e abrange mais de 14,2% da população idosa22. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Brasília: MS; 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006, 12)..
Neste macroambiente populacional, a rápida transição demográfica ocorrida de forma mais acentuada em países em desenvolvimento, vem sendo acompanhada por mudanças epidemiológicas. Observam-se complexas mudanças nos modelos de saúde-doença, que passou da predominância de doenças transmissíveis a uma maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)33. Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde: o imperativo da consolidação da Estratégia da Saúde da Família. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012..
Em decorrência das DCNT, como diabetes melito, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral, há estimativas no Brasil que sugerem queda de produtividade no trabalho e diminuição da renda familiar que pode levar a uma perda na economia brasileira de bilhões de dólares. O forte impacto socioeconômico das doenças crônicas e seus fatores de risco estão afetando o alcance das Metas de Desenvolvimento do Milênio, que abrangem temas como saúde, educação e combate à pobreza, aspecto também verificado na maioria dos países, segundo revela estudo da Organização Pan-Americana de Saúde e da Organização Mundial da Saúde44. Goulart FAA. Doenças Crônicas Não-Transmissíveis: estratégias de controle e desafios para os Sistemas de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Organização Panamericana de Saúde, Organização Mundial de Saúde; 2011..
Transpondo essa realidade demográfica e epidemiológica, a intensificação da mudança na estrutura etária e o aumento das DCNT, também repercutem diretamente na qualidade de vida das pessoas.
Dado o crescente corpo de evidências científicas, estudos internacionais evidenciaram correlação inversa entre qualidade de vida e fragilidade55. Gobbens RJ, Luijkx KG, van Assen MA. Explaining quality of life of older people in the Netherlands using a multidimensional assessment of frailty. Qual Life Res 2013; 22(8):2051-2061., depressão66. Brett CE, Gow AJ, Corley J, Pattie A, Starr JM, Deary IJ. Psychosocial factors and health as determinants of quality of life in community-dwelling older adults. Qual Life Res 2012; 21(3):505-516., institucionalização77. Chang HT, Liu LF, Chen CK, Hwang SJ, Chen LK, Lu FH. Correlates of institutionalized senior veterans’ quality of life in Taiwain. Health Qual Life Outcomes 2010; 17(8):70., atuando como fatores de vulnerabilidade para baixos escores na qualidade de vida de idosos, enquanto atividade física88. Van Dyck D, Teychenne M, McNaughton SA, De Bourdeaudhuij I, Salmon J. Relationship of the perceived social and physical environment with mental health-related quality of life in middle-aged and older adults: mediating effects of physical activity. PLoS One 2015; 10(3):e0120475. e apoio social99. Bryła M, Burzyńska M, Maniecka-Bryła I. Self-rated quality of life of city-dwelling elderly people benefitting from social help: results of a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes 2013; 11:181. contribuem de forma direta nos diversos domínios da qualidade de vida.
Em contrapartida, pesquisas brasileiras concernentes à avaliação do status de qualidade de vida em pessoas longevas são incipientes e realizadas com instrumentos distintos, o que dificulta a comparação dos dados1010. Carvalho VCHS, Rossato SL, Fuchs FD, Harzheim E, Fuchs SC. Assessment of primary health care received by the elderly and health related quality of life: a cross-sectional study. BMC Public Health 2013; 13:605.
11. Tavares DMS, Bolina AF, Dias FA, Ferreira PCS, Haas VJ. Quality of life of elderly. Comparison between urban and rural areas. Invest Educ Enferm 2014; 32(3):401-413.-1212. Vagetti GC, Barbosa Filho VC, Moreira NB, Oliveira V, Mazzardo O, Campos W. Condições de saúde e variáveis sociodemográficas associadas à qualidade de vida em idosas de um programa de atividade física de Curitiba, Paraná, Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2013; 29(5):955-969..
É importante vislumbrar que a transição demográfica trouxe a necessidade emergente de se criar programas de assistência ao idoso, a fim de proporcionar um envelhecimento ativo e a manutenção da qualidade de vida dessa parcela da população.
Como exemplo bem sucedido de programas que buscam a qualidade de vida do idoso no contexto internacional, mencionam-se as políticas públicas para a população idosa do Canadá, Espanha, Itália, Portugal e Alemanha, e seus programas: “Active Living” (Alberta, Canadá), “No Porto a Vida é Longa” (Porto, Portugal), “Projeto Bem-Estar” (Terranuova, Itália), que mostram que é possível promover o envelhecimento saudável1313. Benedetti TRB, Borges LJ, Petroski EL, Gonçalves LHT. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev Saude Publica 2008; 42(2):302-307..
As iniciativas do Governo Federal em prol das pessoas idosas, no Brasil, se iniciaram nos anos 70. Porém, apenas em 1994 foi instituída a primeira Política Nacional voltada para esse grupo. Assim, a Política Nacional do Idoso (PNI), promulgada em 1994 e regulamentada pelo Decreto n. 1948, de 03 de junho de 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa1414. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria do Gabinete do Ministro de Estado da Saúde de n° 1395, de 9 de dezembro de 1999, que aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 1999; 13 dez.,1515. Fernandes MTO, Soares SM. O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Rev Esc Enferm USP 2012; 46(6):1494-1502.. Além disso, a Portaria 1395/GM criou a Política de Saúde do Idoso. São propósitos desta Política a promoção do envelhecimento saudável e a melhoria e/ou manutenção ao máximo da capacidade funcional, a fim de garantir aos idosos a permanência no meio em que vivem de forma independente1414. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria do Gabinete do Ministro de Estado da Saúde de n° 1395, de 9 de dezembro de 1999, que aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 1999; 13 dez..
Em 2003, por meio da Lei n. 10.741, foi criado o Estatuto do Idoso que tem como objetivo assegurar facilidades e oportunidades para preservação da saúde física e mental, aperfeiçoamento moral, espiritual, intelectual e social dos idosos1616. Brasil. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei n° 10.741, de 1° de Outubro de 2003. Dispões sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 2003; 2 out..
Por sua vez, em 2006 foi instituída as Diretrizes do Pacto pela Saúde, por meio da Portaria/GM nº 399, nas quais estão contempladas três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão. A Saúde do Idoso aparece como uma das prioridades no Pacto pela Vida, como consequência da dinâmica demográfica do país1717. Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria 399/GM de 22 de fevereiro 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Diário Oficial da União 2006; 23 fev..
Toda política destinada aos idosos deve levar em conta a capacidade funcional, a necessidade de autonomia, de participação, de cuidado e de autossatisfação. Além disso, deve incentivar, fundamentalmente, a prevenção, o cuidado e a atenção integral à saúde, baseando-se na qualidade de vida e no envelhecimento ativo1818. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saude Publica 2009; 43(3):548-554..
Diante de todos os aspectos supracitados, emerge a questão para o desenvolvimento do presente estudo: quais fatores intervenientes contribuem para a manutenção da qualidade de vida de idosos que frequentam um Centro de Referência em Belo Horizonte?
Nesta perspectiva, pretende-se ampliar o conhecimento sobre esta temática, favorecendo o delineamento de conjunto de ações e intervir de forma efetiva nos programas de política de atenção ao idoso, em prol de melhorias na atenção à saúde e na qualidade de vida da população.
Para tanto, delineou-se a presente investigação com o propósito de identificar fatores associados à qualidade de vida de usuários de um Centro de Referência à Pessoa Idosa, Belo Horizonte, Minas Gerais, a partir do instrumento World Health Organization Quality of Life-bref (WHOQOL-bref).
Método
Estudo transversal realizado com 257 idosos acima de 60 anos ou mais cadastrados e ativos nos diferentes programas de um Centro de Referência à Pessoa Idosa (CRPI) de Belo Horizonte, Minas Gerais.
O referido CRPI é um equipamento público pertencente à Prefeitura de Belo Horizonte, e oferece serviços e programas voltados à promoção da saúde, prevenção do isolamento social e defesa dos direitos da pessoa idosa. Dentro do escopo de atividades oferecidas cita-se Academia da Cidade, Dança de Salão, Dança Cigana, Baile, Coral, Lian Gong, Informática, Pintura em Tecido e Tela, Biodanza, Projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA), Vida Ativa, Show de Talentos. Atualmente possui 590 usuários idosos distribuídos nas diversas atividades socioeducativas.
O tamanho da amostra foi calculado a partir da fórmula de Lwanga e Lemeshow1919. Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a practical manual. Geneva: WHO; 1991., que requer as seguintes informações: a) proporção na população; b) nível de significância e c) precisão absoluta. O cálculo amostral baseou-se na proporção de 79,0% de idosos brasileiros cuja autopercepção da qualidade de vida foi considerado satisfatório2020. Trentini CM. Qualidade de vida em idosos [tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2004., com nível de significância de 5% e precisão absoluta de cinco pontos percentuais. O tamanho da amostra foi de 255 idosos. Considerando 5,0% de possíveis perdas, a amostra final totalizou 268 indivíduos.
Ao todo, foram coletados dados de 269 idosos, os quais foram revisados um a um. Destes, ocorreram doze perdas – cinco devido ao instrumento WHOQOL-bref conter mais de 20,0% das questões não preenchido e sete por serem pessoas com idade menor que 60 anos. Assim, com as perdas amostrais, totalizaram-se 257 questionários completos e analisados (95,9% da amostra calculada). Nenhum idoso foi excluído da amostra por alteração cognitiva severa (24,8 ± 4,2).
Como critérios de inclusão consideraram-se pessoas de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, cadastrados e frequentadores do Centro de Referência, que concordaram em participar da pesquisa e responderam à entrevista.
Idosos com comprometimento cognitivo severo (escore no Mini-exame do Estado Mental - MEEM ≤ 9) que impossibilitasse responder o questionário foram excluídos2121. Mungas D. In-office mental status testing: a practical guide. Geriatrics 1991; 46(7):54-58,63,66..
A coleta de dados no Centro de Referência teve início em janeiro de 2012. Devido à realização de obras no local, a coleta foi suspensa em agosto de 2012 e retomada em novembro de 2013, mantendo-se até maio de 2014. A mesma foi realizada por uma equipe previamente treinada, composta por três bolsistas de Iniciação Científica, além de uma mestranda em Enfermagem, sob supervisão de membros do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cuidado e Desenvolvimento Humano (NEPCDH) da Universidade Federal de Minas Gerais. Os participantes foram abordados pelos entrevistadores enquanto esperavam por alguma atividade no Centro de Referência, nos turnos da manhã e da tarde, conforme disponibilidade de cada entrevistadora.
Foi realizado pré-teste do questionário para verificação de inconsistências nas perguntas e dificuldade de entendimento dos idosos. Não foi observada dificuldade na compreensão das perguntas pelos informantes, e os dados não foram incorporados ao estudo.
As informações foram obtidas por meio de questionário estruturado, organizado em blocos temáticos: variáveis sociodemográficas (sexo, faixa etária, naturalidade, situação conjugal, escolaridade, renda familiar mensal), clínicas (número de comorbidades, comorbidades autorreferidas, nível cognitivo, depressão, índice de massa corporal - IMC), estilo de vida (etilismo, tabagismo, atividade física) e qualidade de vida.
Para avaliar a percepção subjetiva da qualidade de vida, foi utilizado a versão abreviada em português do WHOQOL-bref. Esse instrumento possui boa resposta à qualidade de vida em idosos2222. Dawalibi NW, Goulart RMM, Prearo LC. Fatores relacionados à qualidade de vida de idosos em programas para a Terceira idade. Cien Saude Colet 2014; 19(8):3505-3512.
23. Campos AC, Ferreira e Ferreira E, Vargas AM, Albala C. Aging, Gender and Quality of Life (AGEQOL) study: factors associated with good quality of life in older Brazilian community-dwelling adults. Health Qual Life Outcomes 2014; 12:166.-2424. Silva PAB, Soares SM, Santos JFG, Silva LB. Ponto de corte para o WHOQOL-bref como preditor de qualidade de vida de idosos. Rev Saude Publica 2014; 48(3):390-397., e foi traduzido e validado no Brasil2525. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, Pinzon V. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saude Publica 2000; 34(2):178-183.. O WHOQOL-bref possui 26 itens, sendo que as duas primeiras questões avaliam a autopercepção da qualidade de vida e a satisfação com a própria saúde, respectivamente. Os 24 restantes são categorizados dentro de quatro domínios: físico (7 itens), psicológico (6 itens), relações sociais (3 itens) e meio ambiente (8 itens)2626. Fleck MPA, Leal OF, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, Pinzon V. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev Bras Psiquiatr 1999; 21(1):19-28.. A cada um dos 26 itens foi atribuída pontuação, variando de 1 a 5. A pontuação para cada domínio foi transformada em uma escala linear de 0 a 100, de acordo com a sintaxe proposta pelo grupo WHOQOL2727. Organização Mundial de Saúde (OMS). Como pontuar o WHOQOL-bref e o WHOQOL-100. In: Organização Mundial de Saúde. Versão em português dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL). 1998. cap. 8. [acessado 2015 jul 24]. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol85a.html
http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol85a.html... , refletindo pior ou melhor avaliação da qualidade de vida.
Não existem pontos de corte que determinem escore abaixo ou acima do qual se possa avaliar a qualidade de vida como “ruim” ou “boa”. Assim, optou-se por racionalizar a análise por meio da definição de dois grupos em relação à percepção da qualidade de vida e satisfação com a saúde (qualidade de vida boa/satisfeito – autorrelato de qualidade de vida ‘boa’ ou ‘muito boa’ e se sentem ‘satisfeitos’ ou ‘muito satisfeitos’ com sua saúde – G1; e qualidade de vida ruim/insatisfeito – autorrelato de qualidade de vida ‘ruim’, ‘muito ruim’ ou ‘nem ruim nem boa’ e se sentem ‘insatisfeitos’, ‘muito insatisfeitos’ ou ‘nem satisfeito nem insatisfeito’ com sua saúde – G2).
Os parâmetros estabelecidos para classificação do IMC seguiram os pontos de corte estabelecidos para indivíduos idosos segundo (baixo peso: < 22 kg/m2; eutrofia: 22 a 27 kg/m2; sobrepeso: > 27 kg/m2)2828. Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care 1994; 21(1):55-67..
A presença de depressão foi avaliada com o instrumento The Patient Health Questionnaire-2 (PHQ-2). Para este estudo, adotou-se o ponto de corte ≥ 3 (sensibilidade: 83%; especificidade: 92%) que sugere provável depressão, de acordo com a literatura2929. Kroenke K, Spitzer RL, Williams JB. The Patient Health Questionnaire-2: validity of a two-item depression screener. Med Care 2003; 41(11):1284-1292..
The Alcohol Use Disorders Identification Test-Consumption (AUDIT-C) foi utilizado para avaliar o consumo de bebida alcóolica. Com base em estudo prévio de validação, um escore ≥ 4 para homens e ≥ 3 para mulheres sugere abuso de álcool e foi adotado como critério neste estudo3030. Bush K, Kivlahan DR, McDonell MB, Fihn SD, Bradley KA. The AUDIT Alcohol Consumption Questions (AUDIT-C): an effective brief screening test for problem drinking. Ambulatory Care Quality Improvement Project (ACQUIP). Alcohol Use Disorders Identification Test. Arch Intern Med 1998; 158(16):1789-1795..
Os dados foram inseridos e analisados utilizando-se o programa Statistical Package for the Social Sciences versão 22.0. Na estatística descritiva, as variáveis contínuas foram comparadas entre os grupos utilizando o teste T-Student de amostras independentes ou o teste de análise de variância (ANOVA paramétrica com um critério de classificação), complementada, quando necessário, pelo teste de Tukey. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste de qui-quadrado de Pearson (χ2) ou teste Exato de Fisher. Na modelagem estatística, adotou-se um nível crítico de valor p ≤ 0,20 para entrada no modelo multivariado. A análise de normalidade das variáveis contínuas foi testada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Teste de correlação de Spearman’s-Rho dos escores QVG (Qualidade de Vida Geral) e grupos de QV/Satisfação foi realizada entre os domínios do WHOQOL-bref. Modelo de regressão logística por meio do método Forward foi elaborado para avaliar a direção e magnitude das associações de cada variável independente com a variável resposta (qualidade de vida boa/satisfeito com a saúde). Nesta análise, um p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Os valores obtidos foram expressos em odds ratio e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. O ajuste do modelo final foi avaliado pelo teste goodness-of-fit test.
Resultados
Características dos sujeitos
Algumas das características gerais da amostra em estudo encontram-se na Tabela 1. A idade média dos participantes foi 70,8 ± 6,4 anos, e 82,5% eram do sexo feminino. A maioria era proveniente do interior de Minas Gerais (60,9%), e 63,8% informaram não possuir cônjuge. Quanto à escolaridade, 8,6% dos idosos não frequentaram escola; 21,4% possuíam menos de quatro anos de estudo. Em relação à ocupação e renda, verificou-se que 22,6% dos idosos trabalhavam atualmente; 80,2% eram aposentados. Ressalta-se que 11,7% das aposentadorias foram por invalidez. A renda mensal dessa amostra foi baixa, predominando em 19,1% a renda inferior a um salário mínimo. Apenas 9,7% dos idosos informaram ausência de doenças, 33,0% relataram mais de 3 comorbidades. As comorbidades mais frequentes foram: hipertensão arterial (63,4%), dislipidemia (26,5%), diabetes melito (23,7%) e doenças osteoarticulares (23,3%). Nível cognitivo alterado foi detectado em 16,7% da amostra. O índice de sintomatologia depressiva obteve mediana zero (IQ 0-2,0), sendo que 9,7% tiveram a soma dos escores (PHQ-total) igual ou superior a três pontos. Entre os potencialmente deprimidos, 3,5% apresentaram escore de seis pontos, indicando o problema de maneira mais severa. Com relação ao estado nutricional, metade da amostra encontravam-se com sobrepeso e 11,6% abaixo do peso. Sobre os hábitos comportamentais, 9,5% dos idosos teriam o diagnóstico de provável alcoolismo; 3,9% dos participantes fumam atualmente, 45,7% relataram fumar ou ter fumado mais de 10 cigarros por dia e aproximadamente 3/4 relataram tempo de tabagismo superior a 10 anos. Em relação à atividade física, 8,9% dos idosos não praticavam. A caminhada foi a modalidade mais frequente, correspondendo a 67,7% dos que realizavam atividade física.
Qualidade de vida dos idosos segundo o instrumento WHOQOL-bref
Os escores médios de QV dos quatro domínios do WHOQOL-bref foi de 63,91 ± 9,62 para o domínio Físico; 64,05 ± 10,83 para o Psicológico; 67,90 ± 17,90 para o Relações Sociais e 14,44 ± 1,96 para o Meio Ambiente. Em relação ao escore global da QV a média foi 52,57 ± 7,74 (Gráfico 1).
Verificou-se que todos os domínios estiveram significativamente correlacionados com o QVG, sendo o menos e o mais correlacionados aos domínios Meio Ambiente (r = 0,622, correlação moderada, p < 0,001) e Relações Sociais (r = 0,842, correlação forte, p < 0,001), respectivamente. Entretanto, quando verificada a correlação dos domínios com os grupos (G1 e G2), verificou-se perda de significância do domínio Físico (r = 0,098, p = 0,116); o domínio Relações Sociais passou a se correlacionar de forma fraca (r = 0,241, p < 0,001) e os domínios Psicológico (r = 0,408, p < 0,001) e Meio ambiente (r = 0,432, p < 0,001) com correlação moderada.
Cerca de 77,8% dos idosos percebiam a sua qualidade de vida como boa ou muito boa e 3,1% como ruim ou muito ruim; 75,1% sentiam-se satisfeitos ou muito satisfeitos com sua saúde, enquanto 9,3% consideravam-se insatisfeitos ou muito insatisfeitos.
Dos 200 idosos com QV boa ou muito boa, 81,5% encontravam-se satisfeitos ou muito satisfeitos com sua saúde, formando o grupo G1 (QV boa/satisfeito). Os demais compuseram o grupo G2 (QV ruim/insatisfeito) (Tabela 2).
Na Tabela 3, tem-se que os valores dos escores da QVG apresentaram tendência linear conforme a resposta fosse mais positiva, tanto no WHOQOL-1, quanto no WHOQOL-2, sendo estatisticamente significativo (p < 0,001). Quando avaliado o escore QVG segundo grupos definidos para análise (G1 e G2), foi significativamente maior no grupo G1 (melhor percepção de qualidade de vida e maior satisfação com a saúde).
Fatores associados à qualidade de vida na amostra estudada
A análise de regressão logística foi conduzida para identificar possíveis preditores independentes na percepção de QV e satisfação com a saúde definidos pelos grupos G1 e G2. Na Tabela 4 são apresentados os resultados do modelo final com seus respectivos odds ratio e intervalo de confiança 95%. As faixas etárias 70 a 79 anos (OR: 2,24; IC 95%: 1,19-4,22) e ≥ 80 anos (OR: 3,90; IC 95%: 1,21-12,58); naturalidade (interior de Minas Gerais; OR: 0,47; IC 95%: 0,24-0,92); frequência de atividade física 1 a 3x/semana (OR: 3,42; IC 95%: 1,25-9,42) e 4 a 7 x/semana (OR: 7,67; IC 95%: 2,43-24,25); diabetes melito (OR: 0,49; IC 95%: 0,24-0,98); doenças osteomusculares (OR: 0,49; IC 95%: 0,24-0,97); hipertensão arterial (OR: 0,38; IC 95%: 0,19-0,74) e PHQ ≥ 3 (OR: 0,12; IC 95%: 0,04-0,33) permaneceram independentemente associados à qualidade de vida e satisfação com a saúde, após a análise multivariada dos dados. As variáveis independentes explicaram 20,47% (Pseudo R2 = 0,2047) da variável resposta (boa QV e satisfação com sua saúde). Os resultados dos testes de ajuste dos modelos de regressão logística múltipla (Hosmer e Lemeshow) demonstraram um bom ajuste do modelo final (Prob > chi2 = 0,5722).
Discussão
O presente estudo mostrou relação positiva da qualidade de vida com o avanço da idade e atividade física. Em adição, associação negativa foi encontrada entre qualidade de vida e ser natural do interior de Minas Gerais e comorbidades (diabetes melito, doenças osteomusculares, hipertensão arterial e depressão). Estes achados confirmam a natureza multifatorial do fenômeno em evidência, sendo a qualidade de vida influenciada tanto por fatores demográficos quanto clínicos e comportamentais.
Idade avançada esteve associada com melhor percepção da qualidade de vida, coerente com estudo prévio. Esse achado pode indicar que “idosos mais velhos” se conformaram com a inevitabilidade da velhice, enquanto “idosos jovens” encontram-se no dilema de envelhecer, negando tal condição2222. Dawalibi NW, Goulart RMM, Prearo LC. Fatores relacionados à qualidade de vida de idosos em programas para a Terceira idade. Cien Saude Colet 2014; 19(8):3505-3512.. Isto traz discussão profícua quanto às percepções do envelhecer, e trabalhar a resiliência desses idosos seria algo interessante, que poderia refletir em escores de qualidade de vida mais elevado.
Em relação aos hábitos comportamentais, estudo envolvendo 115 mulheres e 61 homens idosos palestinos da Cisjordânia (idade média: 68,15 ± 6,74 anos) evidenciou forte associação entre níveis mais elevados de atividade física e influência positiva em todas as dimensões da Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS)3131. Halaweh H, Willen C, Grimby-Ekman A, Svantesson U. Physical activity and health-related quality of life among community dwelling elderly. J Clin Med Res 2015; 7(11):845-852.. No presente estudo, observou-se, também, uma relação direta e gradativa entre frequência de atividade física e escore qualidade de vida. É de conhecimento que atividade física, se realizada regularmente e corretamente, retarda as perdas funcionais, proporcionando ao idoso autonomia e melhor qualidade de vida. Portanto, os programas de atividade física para o idoso devem ser direcionados para o seu desenvolvimento, melhoras física e funcional, além de ensiná-lo sobre o seu próprio corpo, suas limitações e aptidões3232. Vidmar MF, Potulski AP, Sachetti A, Silveira MM, Wibelinger LM. Atividade física e qualidade de vida em idosos. Rev Saude Pesq 2011; 4(3):417-424.. Entretanto, estudo recente3333. Queiroz BM, Coqueiro RS, Leal Neto JS, Borgatto AF, Barbosa AR, Fernandes MH. Inatividade física em idosos não institucionalizados: estudo de base populacional. Cien Saude Colet 2014; 19(8):3489-3496. realizado no Brasil, com uma amostra de base populacional de idosos indicou prevalência de inatividade física de 46,7%, principalmente em octogenários. Neste sentido, incentivar a adesão a comportamentos saudáveis deve ser colocado em discussão nos programas governamentais, de forma a contribuir para um envelhecimento ativo e saudável, com um mínimo de incapacidades.
Atualmente, um dos fatores preocupantes no idoso é a sua saúde global, o que torna as morbidades um tema de fundamental importância. Assim, a prevenção e a promoção da saúde podem evitar declínios funcionais e oferecer uma melhor qualidade de vida aos idosos3434. Schneider ARS. Envelhecimento e quedas: a fisioterapia na promoção e atenção à saúde do idoso. RBCEH 2010; 7(2):296-303..
Entretanto, o processo de envelhecimento não está, necessariamente, relacionado a doenças e incapacidades, mas as doenças crônico-degenerativas são frequentemente encontradas entre os idosos. Assim, a tendência atual é termos um número crescente de indivíduos idosos que, apesar de viverem mais, apresentam maiores condições crônicas. E o aumento no número de doenças crônicas está diretamente relacionado com maior incapacidade funcional3535. Santos SAL, Tavares DMS, Barabosa MH. Fatores socioeconômicos, incapacidade funcional e número de doenças entre idosos. Rev Eletrônica Enferm 2010; 12(4):692-697.. Estudos nacionais e internacionais demonstram associações importantes entre doenças crônicas, incapacidade funcional e qualidade de vida dos idosos3535. Santos SAL, Tavares DMS, Barabosa MH. Fatores socioeconômicos, incapacidade funcional e número de doenças entre idosos. Rev Eletrônica Enferm 2010; 12(4):692-697.
36. Onunkwor OF, Al-Dubai SA, George PP, Arokiasamy J, Yadav H, Barua A, Shuaibu HO. A cross-sectional study on quality of life among the elderly in non-governmental organizations’ elderly homes in Kuala Lumpur. Health Qual Life Outcomes 2016; 14:6.-3737. Marengoni A, Angleman S, Melis R, Mangialasche F, Karp A, Garmen A, Meinow B, Fratiglioni L. Aging with multimorbidity: a systematic review of the literature. Ageing Res Rev 2011; 10(4):430-439..
A despeito aos escores dos domínios do WHOQOL-bref constatou-se que o domínio ambiental obteve pontuação extremamente baixa, influenciando de forma negativa na qualidade de vida. Este domínio refere-se a aspectos como segurança física e proteção, cuidados com a saúde e sociais (disponibilidade e qualidade), oportunidades de adquirir novas informações e habilidades, participação e oportunidades de recreação/lazer, entre outros.
Pesquisa realizada nas regiões metropolitanas do Brasil, entre os anos de 1991 a 2000, avaliou o Índice de Qualidade de Vida Humana (IQVH). O IQVH é formado por cinco indicadores (qualidade da habitação, condições de vida, renda, saúde e segurança ambiental e serviços sanitários), além de mensurar aspectos relacionados ao desenvolvimento humano e à qualidade do ambiente construído. De acordo com os resultados encontrados, o que mais influenciou na diminuição do IQVH nas regiões metropolitanas foram os indicadores de qualidade da habitação, saúde e segurança ambiental. Esses aspectos estão relacionados com a alta prevalência de doenças respiratórias e parasitárias, sendo estes fortes instrumentos de estimativas indiretas da qualidade do ar e da água que a população usufrui, bem como a mortalidade por causas externas e a violência em seu amplo sentido3838. Umbelino GJM. Aplicação do Índice de Qualidade de Vida Humana (IQVH) nas regiões metropolitanas do Brasil. Rev Bras Est Pop 2007; 24(2):339-340..
Em relação à violência, fator que compromete significativamente a segurança do ambiente, pode se dizer que esse é um dos temas mais discutidos na atualidade, como um dos fenômenos que mais preocupam os habitantes de regiões urbanas brasileiras. Atualmente, o tema faz parte do cotidiano da vida dos indivíduos, de grupos sociais, da mídia em geral e das relações entre Estado, sociedade e organizações sociais no mundo e no Brasil. Trata-se de um fenômeno complexo, que atinge tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento. Em muitas sociedades, diversas expressões dessa violência frequentemente são tratadas como uma forma de agir “normal”, ficando ocultas nos usos, nos costumes e nas relações entre as pessoas. Tanto no Brasil como no mundo, a violência contra os idosos se expressa nas formas como se organizam as relações entre os ricos e os pobres, entre os gêneros, as raças e os grupos de idade nas várias esferas de poder público, institucional e familiar3939. Guimarães SJ, Miranda JLS, Macedo LTA. Violência contra o idoso: uma questão social a ser discutida. Universidade Federal Do Maranhão - III Jornada Internacional de Políticas Públicas: Questão Social e Desenvolvimento no Século XXI. São Luís, MA, Ago. 2007.. Sendo assim, a violência contra o idoso compromete significativamente o meio ambiente no qual ele vive e interage.
Diante da gravidade dessa situação, em 2014 a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República do Brasil publicou o “Manual de enfrentamento à violência contra a pessoa idosa”. O objetivo do manual é alcançar um público amplo de pessoas que, por lei, devem respeitar, proteger e cuidar dos idosos: gestores, prestadores de serviços, profissionais de saúde e de assistência social, operadores do direito, agentes de segurança e familiares4040. Minayo MCS. Brasil: Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa. É possível prevenir. É necessário superar. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2014.. No que se refere ao município de Belo Horizonte, a taxa de violência contra o idoso, em 2010, foi de 62,75 para cada 10.000 habitantes (internações na rede pública de pessoas de 60 anos ou mais por causas relacionadas à possível agressão, por 10 mil habitantes nessa faixa etária, por local de moradia)4141. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência. Rio de Janeiro: IBGE; 2010..
Cotidianamente, os idosos brasileiros convivem com medo de violências, falta de assistência médica e de hospitais e escassas atividades de lazer, além de angústias com os baixos valores das aposentadorias e pensões1818. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saude Publica 2009; 43(3):548-554..
Desse modo, deve-se refletir sobre as possíveis causas que afetam negativamente a qualidade de vida do idoso, em especial o meio ambiente, a fim de se buscar possíveis melhorias. A Enfermagem, inserida dentro da equipe de Saúde da Família, poderá usar como estratégia de intervenção a visita domiciliar. Assim, terá melhor conhecimento sobre a área de abrangência e poderá articular ações intersetoriais com intuito de minimizar o impacto do meio ambiente na qualidade de vida do idoso.
Além disso, cabe salientar a existência de outros condicionantes de qualidade de vida na população idosa não analisados neste estudo, mas que já foram explorados em outros. É o caso da relação positiva existente entre maiores níveis de satisfação com a vida e melhor autopercepção do idoso de sua própria saúde bucal4242. Rigo L, Basso K, Pauli J, Cericato GO, Paranhos LR, Garbin RR. Satisfação com a vida, experiência odontológica e autopercepção da saúde bucal entre idosos. Cien Saude Colet 2015; 20(12):3681-3688.; e a presença de declínio cognitivo afetando diretamente a qualidade de vida deste com hipertensão, à medida que limita a capacidade de realização de atividades do cotidiano, principalmente se associado a quadros dolorosos e a alterações emocionais4343. Chaves AS, Santos AM, Alves MTSSB, Salgado Filho N. Associação entre declínio cognitivo e qualidade de vida de idosos Hipertensos. Rev Bras Geriatr Gerontol 2015; 18(3):545-556..
Ressalta-se que o delineamento transversal e a amostra por conveniência são limitações do presente estudo. Outra limitação é a inexistência de estudos nacionais similares envolvendo usuários de centros de referência às pessoas idosas, impossibilitando comparações.
Contudo, os resultados desta pesquisa trazem discussões importantes sobre preditores que influenciam na qualidade de vida de idosos e indicam a necessidade de investimentos governamentais e estratégias de ação que assegurem melhorias tanto na promoção da saúde e na prevenção de doenças, quanto na infraestrutura local.
Os dados obtidos permitem orientar estratégias de cuidado aos idosos mais vulneráveis, com especial atenção às questões que interferem no meio ambiente.
Agradecimentos
Agradecemos à FAPEMIG pelo apoio financeiro.
Referências
- 1United Nations (UN). Department of Economic and Social Affairs. Population Division. World Population Ageing 2013 New York: UN; 2013.
- 2Brasil. Ministério da Saúde (MS). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Atenção à saúde da pessoa idosa e envelhecimento. Brasília: MS; 2010. (Série B. Textos Básicos de Saúde) (Série Pactos pela Saúde 2006, 12).
- 3Mendes EV. O cuidado das condições crônicas na Atenção Primária à Saúde: o imperativo da consolidação da Estratégia da Saúde da Família Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2012.
- 4Goulart FAA. Doenças Crônicas Não-Transmissíveis: estratégias de controle e desafios para os Sistemas de Saúde Brasília: Ministério da Saúde, Organização Panamericana de Saúde, Organização Mundial de Saúde; 2011.
- 5Gobbens RJ, Luijkx KG, van Assen MA. Explaining quality of life of older people in the Netherlands using a multidimensional assessment of frailty. Qual Life Res 2013; 22(8):2051-2061.
- 6Brett CE, Gow AJ, Corley J, Pattie A, Starr JM, Deary IJ. Psychosocial factors and health as determinants of quality of life in community-dwelling older adults. Qual Life Res 2012; 21(3):505-516.
- 7Chang HT, Liu LF, Chen CK, Hwang SJ, Chen LK, Lu FH. Correlates of institutionalized senior veterans’ quality of life in Taiwain. Health Qual Life Outcomes 2010; 17(8):70.
- 8Van Dyck D, Teychenne M, McNaughton SA, De Bourdeaudhuij I, Salmon J. Relationship of the perceived social and physical environment with mental health-related quality of life in middle-aged and older adults: mediating effects of physical activity. PLoS One 2015; 10(3):e0120475.
- 9Bryła M, Burzyńska M, Maniecka-Bryła I. Self-rated quality of life of city-dwelling elderly people benefitting from social help: results of a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes 2013; 11:181.
- 10Carvalho VCHS, Rossato SL, Fuchs FD, Harzheim E, Fuchs SC. Assessment of primary health care received by the elderly and health related quality of life: a cross-sectional study. BMC Public Health 2013; 13:605.
- 11Tavares DMS, Bolina AF, Dias FA, Ferreira PCS, Haas VJ. Quality of life of elderly. Comparison between urban and rural areas. Invest Educ Enferm 2014; 32(3):401-413.
- 12Vagetti GC, Barbosa Filho VC, Moreira NB, Oliveira V, Mazzardo O, Campos W. Condições de saúde e variáveis sociodemográficas associadas à qualidade de vida em idosas de um programa de atividade física de Curitiba, Paraná, Sul do Brasil. Cad Saude Publica 2013; 29(5):955-969.
- 13Benedetti TRB, Borges LJ, Petroski EL, Gonçalves LHT. Atividade física e estado de saúde mental de idosos. Rev Saude Publica 2008; 42(2):302-307.
- 14Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria do Gabinete do Ministro de Estado da Saúde de n° 1395, de 9 de dezembro de 1999, que aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 1999; 13 dez.
- 15Fernandes MTO, Soares SM. O desenvolvimento de políticas públicas de atenção ao idoso no Brasil. Rev Esc Enferm USP 2012; 46(6):1494-1502.
- 16Brasil. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei n° 10.741, de 1° de Outubro de 2003. Dispões sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União 2003; 2 out.
- 17Brasil. Ministério da Saúde (MS). Portaria 399/GM de 22 de fevereiro 2006. Divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do Referido Pacto. Diário Oficial da União 2006; 23 fev.
- 18Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev Saude Publica 2009; 43(3):548-554.
- 19Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a practical manual Geneva: WHO; 1991.
- 20Trentini CM. Qualidade de vida em idosos [tese]. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2004.
- 21Mungas D. In-office mental status testing: a practical guide. Geriatrics 1991; 46(7):54-58,63,66.
- 22Dawalibi NW, Goulart RMM, Prearo LC. Fatores relacionados à qualidade de vida de idosos em programas para a Terceira idade. Cien Saude Colet 2014; 19(8):3505-3512.
- 23Campos AC, Ferreira e Ferreira E, Vargas AM, Albala C. Aging, Gender and Quality of Life (AGEQOL) study: factors associated with good quality of life in older Brazilian community-dwelling adults. Health Qual Life Outcomes 2014; 12:166.
- 24Silva PAB, Soares SM, Santos JFG, Silva LB. Ponto de corte para o WHOQOL-bref como preditor de qualidade de vida de idosos. Rev Saude Publica 2014; 48(3):390-397.
- 25Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, Pinzon V. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-bref”. Rev Saude Publica 2000; 34(2):178-183.
- 26Fleck MPA, Leal OF, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E, Vieira G, Santos L, Pinzon V. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da OMS (WHOQOL-100). Rev Bras Psiquiatr 1999; 21(1):19-28.
- 27Organização Mundial de Saúde (OMS). Como pontuar o WHOQOL-bref e o WHOQOL-100. In: Organização Mundial de Saúde. Versão em português dos instrumentos de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL). 1998. cap. 8. [acessado 2015 jul 24]. Disponível em: http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol85a.html
» http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol85a.html - 28Lipschitz DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care 1994; 21(1):55-67.
- 29Kroenke K, Spitzer RL, Williams JB. The Patient Health Questionnaire-2: validity of a two-item depression screener. Med Care 2003; 41(11):1284-1292.
- 30Bush K, Kivlahan DR, McDonell MB, Fihn SD, Bradley KA. The AUDIT Alcohol Consumption Questions (AUDIT-C): an effective brief screening test for problem drinking. Ambulatory Care Quality Improvement Project (ACQUIP). Alcohol Use Disorders Identification Test. Arch Intern Med 1998; 158(16):1789-1795.
- 31Halaweh H, Willen C, Grimby-Ekman A, Svantesson U. Physical activity and health-related quality of life among community dwelling elderly. J Clin Med Res 2015; 7(11):845-852.
- 32Vidmar MF, Potulski AP, Sachetti A, Silveira MM, Wibelinger LM. Atividade física e qualidade de vida em idosos. Rev Saude Pesq 2011; 4(3):417-424.
- 33Queiroz BM, Coqueiro RS, Leal Neto JS, Borgatto AF, Barbosa AR, Fernandes MH. Inatividade física em idosos não institucionalizados: estudo de base populacional. Cien Saude Colet 2014; 19(8):3489-3496.
- 34Schneider ARS. Envelhecimento e quedas: a fisioterapia na promoção e atenção à saúde do idoso. RBCEH 2010; 7(2):296-303.
- 35Santos SAL, Tavares DMS, Barabosa MH. Fatores socioeconômicos, incapacidade funcional e número de doenças entre idosos. Rev Eletrônica Enferm 2010; 12(4):692-697.
- 36Onunkwor OF, Al-Dubai SA, George PP, Arokiasamy J, Yadav H, Barua A, Shuaibu HO. A cross-sectional study on quality of life among the elderly in non-governmental organizations’ elderly homes in Kuala Lumpur. Health Qual Life Outcomes 2016; 14:6.
- 37Marengoni A, Angleman S, Melis R, Mangialasche F, Karp A, Garmen A, Meinow B, Fratiglioni L. Aging with multimorbidity: a systematic review of the literature. Ageing Res Rev 2011; 10(4):430-439.
- 38Umbelino GJM. Aplicação do Índice de Qualidade de Vida Humana (IQVH) nas regiões metropolitanas do Brasil. Rev Bras Est Pop 2007; 24(2):339-340.
- 39Guimarães SJ, Miranda JLS, Macedo LTA. Violência contra o idoso: uma questão social a ser discutida. Universidade Federal Do Maranhão - III Jornada Internacional de Políticas Públicas: Questão Social e Desenvolvimento no Século XXI São Luís, MA, Ago. 2007.
- 40Minayo MCS. Brasil: Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa. É possível prevenir. É necessário superar Brasília: Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; 2014.
- 41Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo demográfico 2010: características gerais da população, religião e pessoas com deficiência Rio de Janeiro: IBGE; 2010.
- 42Rigo L, Basso K, Pauli J, Cericato GO, Paranhos LR, Garbin RR. Satisfação com a vida, experiência odontológica e autopercepção da saúde bucal entre idosos. Cien Saude Colet 2015; 20(12):3681-3688.
- 43Chaves AS, Santos AM, Alves MTSSB, Salgado Filho N. Associação entre declínio cognitivo e qualidade de vida de idosos Hipertensos. Rev Bras Geriatr Gerontol 2015; 18(3):545-556.
Datas de Publicação
- Publicação nesta coleção
Nov 2016
Histórico
- Recebido
13 Out 2015 - Revisado
01 Fev 2016 - Aceito
03 Fev 2016