RESUMO
Objetivo:
Avaliar o consumo regular de refrigerantes em adolescentes brasileiros, de acordo com características sociodemográficas, de hábitos alimentares e de estilo de vida.
Métodos:
Estudo transversal que utilizou dados de 118.497 adolescentes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019. Foi estimada a prevalência do consumo regular de refrigerante e, utilizando regressão de Poisson, verificamos a associação desse consumo com variáveis relativas a hábitos alimentares e estilo de vida (atividades física e sedentária, uso de cigarro e álcool).
Resultados:
A frequência do consumo regular de refrigerante foi 17,2% (intervalo de confiança de 95% — IC95% 16,6–17,8%). Houve associação do consumo regular de refrigerantes com: morar nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste (razão de prevalência — RP=1,49 e RP=1,50, respectivamente), ser do sexo masculino (RP=1,22), fazer refeições com uso de tela em cinco ou mais dias por semana (RP=1,20), ter o hábito de tomar café da manhã em menos de cinco dias por semana (RP=1,14), consumir guloseimas doces em cinco ou mais dias na semana (RP=2,16) e consumir fast food em três ou mais dias na semana (RP=2,28). Passar mais de três horas diárias em atividades sedentárias (RP=1,18), o uso de cigarro (RP=1,22) e binge drinking (RP=1,21) também apresentaram associação estatisticamente significativa com o consumo regular de refrigerantes.
Conclusão:
O consumo regular de refrigerantes por adolescentes está associado à região de residência, ao sexo e aos hábitos alimentares e de estilo de vida não saudáveis. As intervenções para promover a redução do consumo regular de refrigerantes entre os adolescentes brasileiros devem considerar estratégias inovadoras que incluam políticas públicas abrangentes adequadas ao perfil deles.
Palavras-chave:
Inquéritos epidemiológicos; Comportamento do adolescente; Refrigerantes; Adolescente; Comportamentos de risco à saúde
INTRODUÇÃO
A saúde do adolescente é um tema recorrente em inquéritos populacionais nacionais11 Braga RAM, Bezerra IN, Nogueira MDA, Souza AM, Martins GS, Almondes KGS, et al. Cardiometabolic risk assessment: a school-based study in Brazilian adolescent. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2024; 34(4): 1069-79. https://doi.org/10.1016/j.numecd.2023.12.016
https://doi.org/10.1016/j.numecd.2023.12... ,22 Malta DC, Morais EAH, Silva AG, Souza JB, Gomes CS, Santos FM, et al. Mudanças no uso do tabaco entre adolescentes brasileiros e fatores associados: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Ciênc Saúde Coletiva 2024; 29(9): e08252023. https://doi.org/10.1590/1413-81232024299.08252023
https://doi.org/10.1590/1413-81232024299... e internacionais33 Jones P, Yala JA, Knight KN, Song JM, Adkins SML, Battaglia-Hoffman G, et al. Unifying public health surveillance: a scoping review of global use of the youth risk behavior survey. J Adolesc Health 2024; 75(3): 383-91. https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2024.03.001
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.202... ,44 Hashemi-Aghdam MR, Shafiee G, Ebrahimi M, Ejtahed HS, Yaseri M, Motlagh ME, et al. Trend of passive smoking and associated factors in Iranian children and adolescents: the CASPIAN studies. BMC Public Health 2022; 22(1): 603. https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045-8
https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045... . Nesse contexto, destacam-se estudos sobre o ganho excessivo de peso nesta faixa etária, que resulta em sobrepeso ou obesidade entre os adolescentes. Trata-se de condições que podem persistir na vida adulta, com consequências em curto, médio e longo prazos55 Hu H, Song J, MacGregor GA, He FJ. Consumption of soft drinks and overweight and obesity among adolescents in 107 countries and regions. JAMA Netw Open 2023; 6(7): e2325158. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2023.25158
https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.... ,66 Mahumud RA, Sahle BW, Owusu-Addo E, Chen W, Morton RL, Renzaho AMN. Association of dietary intake, physical activity, and sedentary behaviours with overweight and obesity among 282,213 adolescents in 89 low and middle income to high-income countries. Int J Obes (Lond) 2021; 45(11): 2404-18. https://doi.org/10.1038/s41366-021-00908-0
https://doi.org/10.1038/s41366-021-00908... , como o desenvolvimento de doenças e agravos não transmissíveis (DANT) e o impacto psicossocial77 Santana CCA, Hill JO, Azevedo LB, Gunnarsdottir T, Prado WL. The association between obesity and academic performance in youth: a systematic review. Obes Rev 2017; 18(10): 1191-9. https://doi.org/10.1111/obr.12582
https://doi.org/10.1111/obr.12582... ,88 Pereira DBS, Santos IKS, Pastorello CCV, Mazzeti CMS, Pereira MHQ, Pereira MLAS, et al. Risk assessment of obesity-related noncommunicable diseases through body mass index trajectories in adulthood: NHANES 2007–2018. Am J Hum Biol 2024; 36(4): e24000. https://doi.org/10.1002/ajhb.24000
https://doi.org/10.1002/ajhb.24000... .
Além do sobrepeso e da obesidade, outros fatores de risco associados às DANT na vida adulta incluem características sociodemográficas, hábitos alimentares e estilo de vida99 Budreviciute A, Damiati S, Sabir DK, Onder K, Schuller-Goetzburg P, Plakys G, et al. Management and prevention strategies for non-communicable diseases (NCDs) and their risk factors. Front Public Health 2020; 8: 574111. https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.574111
https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.57411... . Dado que a adolescência é um período em que hábitos são estabelecidos e frequentemente mantidos na vida adulta, a consolidação de hábitos alimentares e de estilos de vida saudáveis nessa fase é essencial para a prevenção do sobrepeso/obesidade e, consequentemente, das DANT1010 Damascena NF, Costa PRF, Queiroz VAO, Santana MLP, Pinto EJ, Pitangueira JCD, et al. Variação temporal da ocorrência do excesso de peso e da obesidade abdominal em adolescentes da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2022; 27(8): 3203-13. https://doi.org/10.1590/1413-81232022278.22882021
https://doi.org/10.1590/1413-81232022278... ,1111 Kankaanpää A, Tolvanen A, Heikkinen A, Kaprio J, Ollikainen M, Sillanpää E. The role of adolescent lifestyle habits in biological aging: a prospective twin study. Elife 2022; 11: e80729. https://doi.org/10.7554/eLife.80729
https://doi.org/10.7554/eLife.80729... .
Entre os hábitos alimentares não saudáveis, o consumo de refrigerantes tem sido investigado tanto em adolescentes quanto em adultos em razão do crescente consumo e associação com as DANT1212 Schneider S, Schilling L, Osenbrügge N. Determinants of soft drink consumption among children and adolescents in developed countries – a systematic review. Cent Eur J Public Health 2021; 29(4): 290-300. https://doi.org/10.21101/cejph.a6755
https://doi.org/10.21101/cejph.a6755...
13 Pacheco LS, Tobias DK, Li Y, Bhupathiraju SN, Willett WC, Ludwig DS, et al. Sugar-sweetened or artificially-sweetened beverage consumption, physical activity, and risk of cardiovascular disease in adults: a prospective cohort study. Am J Clin Nutr 2024; 119(3): 669-81. https://doi.org/10.1016/j.ajcnut.2024.01.001
https://doi.org/10.1016/j.ajcnut.2024.01... -1414 Malik VS, Hu FB. The role of sugar-sweetened beverages in the global epidemics of obesity and chronic diseases. Nat Rev Endocrinol 2022; 18(4): 205-18. https://doi.org/10.1038/s41574-021-00627-6
https://doi.org/10.1038/s41574-021-00627... . Sabe-se também que o consumo excessivo de bebidas açucaradas contribui para o desenvolvimento de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e outras condições metabólicas1515 Malik VS, Hu FB. Sugar-sweetened beverages and cardiometabolic health: an update of the evidence. Nutrients 2019; 11(8): 1840. https://doi.org/10.3390/nu11081840
https://doi.org/10.3390/nu11081840... ,1616 Chaves OC, Velasquez-Melendez G, Costa DAS, Caiaffa WT. Consumo de refrigerantes e índice de massa corporal em adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180010. https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.1
https://doi.org/10.1590/1980-54972018001... .
A identificação de características e hábitos dos adolescentes com relação ao consumo de refrigerantes pode contribuir para a definição de ações de prevenção mais direcionadas a grupos específicos1616 Chaves OC, Velasquez-Melendez G, Costa DAS, Caiaffa WT. Consumo de refrigerantes e índice de massa corporal em adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180010. https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.1
https://doi.org/10.1590/1980-54972018001... ,1717 Beal T, Morris SS, Tumilowicz A. Global patterns of adolescent fruit, vegetable, carbonated soft drink, and fast-food consumption: a meta-analysis of global school-based student health surveys. Food Nutr Bull 2019; 40(4): 444-59. https://doi.org/10.1177/0379572119848287
https://doi.org/10.1177/0379572119848287... . Assim, o objetivo deste trabalho foi traçar o perfil dos adolescentes brasileiros com relação ao consumo de refrigerantes e verificar possíveis associações do consumo regular de refrigerantes com características sociodemográficas, hábitos alimentares e estilo de vida.
MÉTODOS
Delineamento e população do estudo
Trata-se de um estudo transversal em que foram analisados os microdados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) da edição de 2019. Este inquérito de base escolar com representatividade nacional foi realizado nos anos de 2009, 2012, 2015 e a edição mais recente, em 2019. A pesquisa consiste em um questionário eletrônico autopreenchido por adolescentes matriculados e que frequentam regularmente do sétimo ao nono ano do Ensino Fundamental e da primeira à terceira série do Ensino Médio (turnos matutino, vespertino e noturno) de escolas públicas e privadas. Na edição de 2019, foram coletados dados de 4.253 escolas de 1.288 municípios e questionários de 160.721 alunos, totalizando 159.245 questionários válidos (em que o adolescente registrou que gostaria de participar da pesquisa, além de informar o sexo e a idade, em turmas que atingiram requisitos mínimos para aproveitamento)1818 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): 2019. Rio de Janeiro: IBGE; 2021.. Em nosso estudo, foram incluídos adolescentes de 13 a 17 anos e excluídos aqueles com dados faltantes nas variáveis de interesse. O fluxograma das exclusões realizadas até a obtenção da amostra estudada está descrito na Figura 1.
A edição de 2019 da PeNSE foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com parecer n° 3.249.268, de 8 de abril de 2019.
Definição das variáveis analisadas
A variável dependente em estudo foi o consumo de refrigerantes, avaliada por meio da pergunta: "Nos últimos sete dias, em quantos deles você tomou refrigerante?". As respostas foram categorizadas em: consumo esporádico, definido como o consumo em menos de cinco dias na última semana, e consumo regular, definido como o consumo em cinco ou mais dias na última semana1919 Leal MABF, Lima CEB, Mascarenhas MDM, Rodrigues MTP, Paiva SSC, Sousa CRO, et al. Associação entre fatores sociodemográficos e comportamentos de risco à saúde cardiovascular de adolescentes brasileiros com 13 a 17 anos: dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Epidemiol Serv Saúde 2019; 28(3): e2018315. https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000300008
https://doi.org/10.5123/S1679-4974201900... . As variáveis independentes analisadas compreendem características sociodemográficas, de hábitos alimentares e de estilo de vida.
As variáveis sociodemográficas selecionadas foram região de residência (Nordeste; Norte; Sudeste; Sul; Centro-Oeste), sexo (feminino; masculino), faixa etária (13 a 15 anos; 16 a 17 anos), cor ou raça (parda; branca; preta; amarela; indígena), escolaridade (ensino fundamental; ensino médio) e tipo de escola (pública; particular).
As questões sobre os hábitos alimentares incluíram: fazer a refeição acompanhado de um adulto, fazer a refeição com o uso de tela (TV, computador ou celular) e consumo de café da manhã. Foram considerados o hábito ("Você costuma…") e a frequência (vezes por semana). Essas variáveis foram categorizadas em consumo regular, se consumido em cinco ou mais dias na semana, ou consumo esporádico, se consumido em menos de cinco dias na semana. Ainda com relação aos hábitos alimentares, foram feitas questões sobre o consumo nos últimos sete dias de: feijão, legumes ou verduras, guloseimas doces (exemplificado na questão como: balas, confeitos, chocolates, chicletes, bombons, pirulitos e outros), frutas frescas ou salada de frutas. O consumo regular desses alimentos foi definido como cinco ou mais dias nos últimos sete dias, ou consumo esporádico, se ocorreu em menos de cinco dias na última semana1818 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): 2019. Rio de Janeiro: IBGE; 2021.,2020 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.. O consumo frequente de fast food foi considerado como três ou mais dias, definido por meio da questão: "Nos últimos sete dias, em quantos deles você comeu em lanchonetes, barracas de cachorro-quente, pizzaria, fast food etc.?". Menos de três dias foi definido como consumo esporádico para essa variável2121 Ellwood P, Asher MI, García-Marcos L, Williams H, Keil U, Robertson C, et al. Do fast foods cause asthma, rhinoconjunctivitis and eczema? Global findings from the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) phase three. Thorax 2013; 68(4): 351-60. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2012-202285
https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2012-2... .
Com relação ao estilo de vida, foram avaliadas as variáveis de atividades físicas e sedentárias, uso de cigarro e álcool. A prática de atividade física foi medida pelo tempo total na última semana, incluindo o tempo gasto em deslocamento, aulas de educação física e no lazer. Esse tempo total foi categorizado em abaixo do recomendado (menos de 300 minutos por semana) ou recomendado (maior ou igual a 300 minutos por semana)2222 Hallal PC, Knuth AG, Cruz DKA, Mendes MI, Malta DC. Prática de atividade física em adolescentes brasileiros. Ciênc Saúde Coletiva 2010; 15(suppl 2): 3035-42. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000800008
https://doi.org/10.1590/S1413-8123201000... . O tempo diário de atividades sedentárias (assistir à televisão, jogar videogame, usar celular ou computador e outras atividades sentado), sem considerar sábado e domingo e tempo sentado na escola, foi perguntado com relação ao hábito ("Quantas horas por dia você costuma…?") e dicotomizado como mais de três horas ou três horas ou menos por dia2323 Soares CAM, Leão OAA, Freitas MP, Hallal PC, Wagner MB. Tendência temporal de atividade física em adolescentes brasileiros: análise da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2009 a 2019. Cad Saúde Pública 2023; 39(10): e00063423. https://doi.org/10.1590/0102-311xpt063423
https://doi.org/10.1590/0102-311xpt06342... . O uso de cigarro foi dicotomizado em ‘sim’ para aqueles que responderam que fumaram um ou mais cigarros nos últimos 30 dias e ‘não’ caso contrário2424 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. A situação do tabagismo no Brasil : dados dos inquéritos do Sistema Internacional de Vigilância, da Organização Mundial da Saúde, realizados no Brasil, entre 2002 e 2009. Rio de Janeiro: INCA; 2011.. Para o uso de álcool, não foram identificados pontos de corte para o consumo de adolescentes, portanto foi considerado o critério para a definição de binge drinking (beber pesado episódico) da Organização Mundial da Saúde para adultos, categorizando-se as respostas em ‘sim’ se o adolescente relatou que consumiu quatro ou mais doses em pelo menos uma ocasião ou ‘não’ se consumiu menos de quatro doses nos últimos 30 dias2525 Andrade AG. Álcool e a saúde dos brasileiros: panorama 2019. São Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool; 2019.. As informações de todas as variáveis analisadas foram autorreferidas.
Análises estatísticas
Foram realizadas análises descritivas para todas as variáveis incluídas no estudo. A prevalência ponderada e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados para as variáveis categóricas. Para comparações entre cada variável de exposição e o consumo regular de refrigerantes utilizamos o teste χ2 de Rao-Scott, que considera o delineamento amostral do estudo. Um modelo de regressão de Poisson foi elaborado para verificar possíveis associações entre o consumo regular de refrigerantes e as variáveis independentes. No modelo final foram incluídas apenas as variáveis que foram estatisticamente significativas na análise bivariada. As análises foram realizadas no SAS on Demand for Academics, versão 3.81, considerando-se o desenho amostral de pesquisa complexa. Foi considerado p<0,05 como estatisticamente significativo.
RESULTADOS
A frequência do consumo regular de refrigerantes entre os adolescentes foi de 17,3% (IC95% 16,7–18,0%). As análises bivariadas mostraram que houve associação entre a prevalência de consumo regular de refrigerantes com a região de residência do adolescente, sexo e cor ou raça. Observou-se maior prevalência em adolescentes do sexo masculino (18,2%) quando comparados com as adolescentes do sexo feminino (16,5%) (Tabela 1).
Prevalência do consumo de refrigerantes por adolescentes, de acordo com variáveis sociodemográficas. PeNSE, 2019.
Na análise não ajustada das variáveis de hábitos alimentares foi observada maior prevalência de consumo regular de refrigerantes entre os adolescentes que fazem as refeições com o uso de tela (20,4%), aqueles que consomem café da manhã esporadicamente (20,2%), aqueles que consomem guloseimas doces (30,0%) regularmente e entre os adolescentes que consomem fast food frequentemente (39,2%) (Tabela 2).
Prevalência do consumo de refrigerantes por adolescentes, de acordo com hábitos alimentares. PeNSE, 2019.
Com relação ao estilo de vida, os adolescentes que relataram tempo de atividades sedentárias superior a três horas por dia apresentaram maior prevalência de consumo regular de refrigerantes (20,5%). O uso de cigarro e álcool também foram associados a uma maior prevalência no consumo regular de refrigerantes, com frequências de 28,2 e 27,7%, respectivamente (Tabela 3).
Prevalência do consumo de refrigerantes em adolescentes, de acordo com o estilo de vida. PeNSE, 2019.
Na análise multivariada, observou-se maior chance de consumo regular de refrigerantes nos adolescentes moradores das Regiões Norte (razão de prevalência —RP=1,13; IC95% 1,04–1,23), Sudeste (RP=1,49; IC95% 1,40–1,60), Sul (RP=1,31; IC95% 1,20–1,41) e Centro-Oeste (RP=1,50; IC95% 1,41–1,59) quando comparados aos moradores do nordeste. Além disso, o consumo regular de refrigerantes foi mais frequente entre os adolescentes do sexo masculino (RP=1,22; IC95% 1,16–1,29). Com relação aos hábitos alimentares, os adolescentes que relataram fazer refeição com uso de tela apresentaram maior chance de consumo regular de refrigerantes (RP=1,20; IC95% 1,13–1,27). Do mesmo modo, aqueles que responderam tomar café da manhã esporadicamente (RP=1,14; IC95% 1,08–1,21) e consumir guloseimas doces regularmente (RP=2,16; IC95% 2,03–2,29) também mostraram maior chance de consumo regular de refrigerantes. Os adolescentes que relataram consumir fast food frequentemente tiveram 2,28 vezes a chance de ter consumo regular de refrigerantes quando comparados aos que consumiram fast food esporadicamente (RP=2,28; IC95% 2,16–2,41). O consumo regular de refrigerantes foi 18% maior entre adolescentes com atividades sedentárias em mais de três horas por dia (RP=1,18; IC95% 1,12–1,25). Além disso, o consumo regular de refrigerantes foi mais de 20% maior entre aqueles que relataram o uso de cigarro (RP=1,22; IC95% 1,11–1,33) e binge drinking (RP=1,21; IC95% 1,12–1,30) (Tabela 4).
Regressão logística múltipla da associação entre o consumo regular de refrigerantes e variáveis sociodemográficas, de hábitos alimentares e de estilo de vida. PeNSE, 2019.
DISCUSSÃO
Os resultados do presente estudo apontam o perfil de consumo regular de refrigerantes entre adolescentes brasileiros, com variações regionais, por cor ou raça e maior nos adolescentes do sexo masculino. Com relação aos hábitos alimentares, o consumo regular de refrigerantes foi associado ao uso de telas durante as refeições, à omissão do café da manhã em cinco ou mais dias da semana e ao consumo frequente de guloseimas doces e fast food. Estilos de vida com tempo prolongado em atividades sedentárias, uso de cigarro e binge drinking também foram associados ao consumo regular de refrigerantes.
A prevalência do consumo regular de refrigerantes observada em nosso estudo foi bastante inferior ao valor de 42,8% (IC95% 32,4–50,7%) estimado em metanálise global, que considerou o consumo diário1717 Beal T, Morris SS, Tumilowicz A. Global patterns of adolescent fruit, vegetable, carbonated soft drink, and fast-food consumption: a meta-analysis of global school-based student health surveys. Food Nutr Bull 2019; 40(4): 444-59. https://doi.org/10.1177/0379572119848287
https://doi.org/10.1177/0379572119848287... . No entanto, comparando-se nossos dados de adolescentes com dados de outros inquéritos nacionais, notamos uma prevalência sutilmente superior. Dados da Pesquisa Nacional de Orçamentos Familiares (POF) de 2017–2018 mostram prevalência de 15,4%2626 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa de orçamentos familiares: 2017-2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020. na população total, e um estudo com dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) identificou redução expressiva na frequência de consumo regular de refrigerantes ou sucos artificiais pela população das capitais estaduais e do Distrito Federal, de 26,4% em 2008 para 15,0% em 20192727 Crepaldi BVC, Okada LM, Rauber F, Levy RB, Azeredo CM. Social inequality in food consumption between 2008 and 2019 in Brazil. Public Health Nutr 2022; 25(2): 214-24. https://doi.org/10.1017/S1368980021002950
https://doi.org/10.1017/S136898002100295... .
As variações regionais encontradas em nosso estudo apontam para maior prevalência do consumo regular de refrigerantes nos adolescentes residentes nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, seguidas pela Região Sul e menores prevalências no norte e nordeste. Essas prevalências diferem dos resultados da POF 2017–2018, em que a Região Sul se destaca com o maior consumo regular de refrigerantes2626 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa de orçamentos familiares: 2017-2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020.. A maior prevalência de consumo regular de refrigerantes encontrada para os adolescentes do sexo masculino também foi observada em outros estudos1212 Schneider S, Schilling L, Osenbrügge N. Determinants of soft drink consumption among children and adolescents in developed countries – a systematic review. Cent Eur J Public Health 2021; 29(4): 290-300. https://doi.org/10.21101/cejph.a6755
https://doi.org/10.21101/cejph.a6755... ,1616 Chaves OC, Velasquez-Melendez G, Costa DAS, Caiaffa WT. Consumo de refrigerantes e índice de massa corporal em adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180010. https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.1
https://doi.org/10.1590/1980-54972018001... .
Neste trabalho, achado relevante foi a associação positiva entre consumo regular de refrigerantes e hábitos alimentares marcadores de alimentação não saudável, bastante comuns em adolescentes, como fazer a refeição com o uso de tela, a omissão do café da manhã e o consumo de guloseimas doces e fast food.
O tempo excessivo de uso de telas é frequentemente estudado em adolescentes2828 Maia EG, Silva LES, Santos MAS, Barufaldi LA, Silva SU, Claro RM. Padrões alimentares, características sociodemográficas e comportamentais entre adolescentes brasileiros. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180009. https://doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1
https://doi.org/10.1590/1980-54972018000... ,2929 Jensen ML, Carpentier FRD, Corvalán C, Popkin BM, Evenson KR, Adair L, et al. Television viewing and using screens while eating: associations with dietary intake in children and adolescents. Appetite 2022; 168: 105670. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670
https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105... , e o uso de telas durante as refeições pode acarretar perda da percepção da alimentação, interferindo nos sinais fisiológicos de fome e saciedade2929 Jensen ML, Carpentier FRD, Corvalán C, Popkin BM, Evenson KR, Adair L, et al. Television viewing and using screens while eating: associations with dietary intake in children and adolescents. Appetite 2022; 168: 105670. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670
https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105... ,3030 Oliveira JS, Barufaldi LA, Abreu GA, Leal VS, Brunken GS, Vasconcelos SML, et al. ERICA: use of screens and consumption of meals and snacks by Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 7s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006680
https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016... . Dados do estudo ERICA mostraram que aproximadamente 60,0% dos adolescentes realizavam as refeições quase sempre ou sempre em frente à televisão, hábito que mostrou associação com o consumo regular de refrigerantes em nosso estudo3030 Oliveira JS, Barufaldi LA, Abreu GA, Leal VS, Brunken GS, Vasconcelos SML, et al. ERICA: use of screens and consumption of meals and snacks by Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 7s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006680
https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016... . Pesquisa realizada no Chile mostrou que mais de 85% dos adolescentes usavam telas durante as refeições, consumindo 42,3% das calorias diárias enquanto assistiam à TV. No entanto, não houve diferenças significativas no perfil de nutrientes entre refeições com e sem telas, mas o maior tempo de tela semanal foi associado a uma dieta menos saudável, que incluiu maior consumo de bebidas adoçadas dos adolescentes chilenos2929 Jensen ML, Carpentier FRD, Corvalán C, Popkin BM, Evenson KR, Adair L, et al. Television viewing and using screens while eating: associations with dietary intake in children and adolescents. Appetite 2022; 168: 105670. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670
https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105... .
Em um estudo com adolescentes do Espírito Santo, o comportamento sedentário foi associado a hábitos alimentares inadequados e pior qualidade da dieta3131 Fontes PAS, Siqueira JH, Martins HX, Oliosa PR, Zaniqueli D, Mill JG, et al. Comportamento sedentário, hábitos alimentares e risco cardiometabólico em crianças e adolescentes fisicamente ativos. Arq Bras Cardiol 2023; 120(2): e20220357. https://doi.org/10.36660/abc.20220357
https://doi.org/10.36660/abc.20220357... . Sabe-se que hábitos alimentares inadequados associados ao sedentarismo na infância podem desencadear o aparecimento de doenças cardiometabólicas no futuro3131 Fontes PAS, Siqueira JH, Martins HX, Oliosa PR, Zaniqueli D, Mill JG, et al. Comportamento sedentário, hábitos alimentares e risco cardiometabólico em crianças e adolescentes fisicamente ativos. Arq Bras Cardiol 2023; 120(2): e20220357. https://doi.org/10.36660/abc.20220357
https://doi.org/10.36660/abc.20220357... ,3232 Hobbs M, Pearson N, Foster PJ, Biddle SJH. Sedentary behaviour and diet across the lifespan: an updated systematic review. Br J Sports Med 2015; 49(18): 1179-88. https://doi.org/10.1136/bjsports-2014-093754
https://doi.org/10.1136/bjsports-2014-09... .
O uso de álcool na adolescência tende a ocorrer em conjunto com outros comportamentos de risco à saúde, como o tabagismo3333 Coutinho ESF, França-Santos D, Magliano ES, Bloch KV, Barufaldi LA, Cunha CF, et al. ERICA: patterns of alcohol consumption in Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 8s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006684
https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016... . A análise dos dados obtidos neste estudo mostra associação de consumo de álcool, tabaco e consumo regular de refrigerante por adolescentes. Estudo longitudinal com adolescentes realizado na Finlândia observou que o uso de álcool na adolescência aumenta o risco de tabagismo na vida adulta3434 Paavola M, Vartiainen E, Haukkala A. Smoking, alcohol use, and physical activity: A 13-year longitudinal study ranging from adolescence into adulthood. J Adolesc Health 2004; 35(3): 238-44. https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2003.12.004
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.200... . No Brasil, o ERICA detectou que 21% dos adolescentes entrevistados haviam consumido bebida alcoólica nos 30 dias anteriores à entrevista3333 Coutinho ESF, França-Santos D, Magliano ES, Bloch KV, Barufaldi LA, Cunha CF, et al. ERICA: patterns of alcohol consumption in Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 8s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006684
https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016... . O consumo de álcool por esse grupo é preocupante pela maior tendência à impulsividade nessa faixa etária, pelo prejuízo ao desenvolvimento cerebral na infância e na adolescência causado pelo álcool e por comportamentos de risco na faixa etária da adolescência poderem perdurar na vida adulta, influenciando no desenvolvimento de outros hábitos3535 Zappe JG, Alves CF, Dell’Aglio DD. Comportamentos de risco na adolescência: Revisão sistemática de estudos empíricos. Psicologia em Revista 2018; 24(1): 79-100. https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n1p79-100
https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018... .
Entre as limitações do presente estudo, deve-se destacar que os dados obtidos se basearam no relato dos adolescentes, podendo acarretar viés de informação. No entanto, ressaltamos que inquéritos populacionais realizados em vários países também adotam essa metodologia para coletar dados em grandes amostras33 Jones P, Yala JA, Knight KN, Song JM, Adkins SML, Battaglia-Hoffman G, et al. Unifying public health surveillance: a scoping review of global use of the youth risk behavior survey. J Adolesc Health 2024; 75(3): 383-91. https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2024.03.001
https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.202... ,44 Hashemi-Aghdam MR, Shafiee G, Ebrahimi M, Ejtahed HS, Yaseri M, Motlagh ME, et al. Trend of passive smoking and associated factors in Iranian children and adolescents: the CASPIAN studies. BMC Public Health 2022; 22(1): 603. https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045-8
https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045... ,3030 Oliveira JS, Barufaldi LA, Abreu GA, Leal VS, Brunken GS, Vasconcelos SML, et al. ERICA: use of screens and consumption of meals and snacks by Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 7s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006680
https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016... . Além disso, não foi possível estimar a quantidade de refrigerante consumida pelos participantes da PeNSE de 2019 por conta da inexistência de informações, no entanto a opção pela variável de consumo regular de refrigerantes se mostrou adequada, visto que analisamos os hábitos dos adolescentes.
A redução do consumo de alimentos ultraprocessados, incluindo o de refrigerantes, é uma das recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira, tendo em vista que eles estão associados ao consumo excessivo de calorias e ao maior de risco de obesidade3636 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.. Os dados do nosso estudo ressaltam a necessidade de intervenções específicas, reconhecendo o perfil dos adolescentes para promover hábitos alimentares e de estilo de vida mais saudáveis. Essas intervenções devem considerar uma abordagem integrada, atuando não apenas na redução de consumo de refrigerantes, mas também nos fatores associados a esse consumo regular, como o consumo de guloseimas doces e fast food. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) atua nas escolas públicas, filantrópicas e em entidades comunitárias nesse sentido, promovendo hábitos alimentares saudáveis e o desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional3737 Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Nacional de Alimentação Escolar 2024 [Internet]. 2024 [cited on Sept. 12, 2024]. Available at: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/pnae
https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-i... .
O incentivo para fazer as refeições sem o uso de tela, tomar café da manhã diariamente, reduzir o tempo de atividades sedentárias e evitar o uso de cigarro e álcool exige, além de políticas públicas, uma conscientização da família para esses aspectos. Essas medidas são essenciais para proteger a saúde dos adolescentes e reduzir o ônus das doenças relacionadas ao consumo regular de refrigerantes.
FONTE DE FINANCIAMENTO:
nenhuma.
Referências bibliográficas
- 1Braga RAM, Bezerra IN, Nogueira MDA, Souza AM, Martins GS, Almondes KGS, et al. Cardiometabolic risk assessment: a school-based study in Brazilian adolescent. Nutr Metab Cardiovasc Dis 2024; 34(4): 1069-79. https://doi.org/10.1016/j.numecd.2023.12.016
» https://doi.org/10.1016/j.numecd.2023.12.016 - 2Malta DC, Morais EAH, Silva AG, Souza JB, Gomes CS, Santos FM, et al. Mudanças no uso do tabaco entre adolescentes brasileiros e fatores associados: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Ciênc Saúde Coletiva 2024; 29(9): e08252023. https://doi.org/10.1590/1413-81232024299.08252023
» https://doi.org/10.1590/1413-81232024299.08252023 - 3Jones P, Yala JA, Knight KN, Song JM, Adkins SML, Battaglia-Hoffman G, et al. Unifying public health surveillance: a scoping review of global use of the youth risk behavior survey. J Adolesc Health 2024; 75(3): 383-91. https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2024.03.001
» https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2024.03.001 - 4Hashemi-Aghdam MR, Shafiee G, Ebrahimi M, Ejtahed HS, Yaseri M, Motlagh ME, et al. Trend of passive smoking and associated factors in Iranian children and adolescents: the CASPIAN studies. BMC Public Health 2022; 22(1): 603. https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045-8
» https://doi.org/10.1186/s12889-022-13045-8 - 5Hu H, Song J, MacGregor GA, He FJ. Consumption of soft drinks and overweight and obesity among adolescents in 107 countries and regions. JAMA Netw Open 2023; 6(7): e2325158. https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2023.25158
» https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2023.25158 - 6Mahumud RA, Sahle BW, Owusu-Addo E, Chen W, Morton RL, Renzaho AMN. Association of dietary intake, physical activity, and sedentary behaviours with overweight and obesity among 282,213 adolescents in 89 low and middle income to high-income countries. Int J Obes (Lond) 2021; 45(11): 2404-18. https://doi.org/10.1038/s41366-021-00908-0
» https://doi.org/10.1038/s41366-021-00908-0 - 7Santana CCA, Hill JO, Azevedo LB, Gunnarsdottir T, Prado WL. The association between obesity and academic performance in youth: a systematic review. Obes Rev 2017; 18(10): 1191-9. https://doi.org/10.1111/obr.12582
» https://doi.org/10.1111/obr.12582 - 8Pereira DBS, Santos IKS, Pastorello CCV, Mazzeti CMS, Pereira MHQ, Pereira MLAS, et al. Risk assessment of obesity-related noncommunicable diseases through body mass index trajectories in adulthood: NHANES 2007–2018. Am J Hum Biol 2024; 36(4): e24000. https://doi.org/10.1002/ajhb.24000
» https://doi.org/10.1002/ajhb.24000 - 9Budreviciute A, Damiati S, Sabir DK, Onder K, Schuller-Goetzburg P, Plakys G, et al. Management and prevention strategies for non-communicable diseases (NCDs) and their risk factors. Front Public Health 2020; 8: 574111. https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.574111
» https://doi.org/10.3389/fpubh.2020.574111 - 10Damascena NF, Costa PRF, Queiroz VAO, Santana MLP, Pinto EJ, Pitangueira JCD, et al. Variação temporal da ocorrência do excesso de peso e da obesidade abdominal em adolescentes da cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 2022; 27(8): 3203-13. https://doi.org/10.1590/1413-81232022278.22882021
» https://doi.org/10.1590/1413-81232022278.22882021 - 11Kankaanpää A, Tolvanen A, Heikkinen A, Kaprio J, Ollikainen M, Sillanpää E. The role of adolescent lifestyle habits in biological aging: a prospective twin study. Elife 2022; 11: e80729. https://doi.org/10.7554/eLife.80729
» https://doi.org/10.7554/eLife.80729 - 12Schneider S, Schilling L, Osenbrügge N. Determinants of soft drink consumption among children and adolescents in developed countries – a systematic review. Cent Eur J Public Health 2021; 29(4): 290-300. https://doi.org/10.21101/cejph.a6755
» https://doi.org/10.21101/cejph.a6755 - 13Pacheco LS, Tobias DK, Li Y, Bhupathiraju SN, Willett WC, Ludwig DS, et al. Sugar-sweetened or artificially-sweetened beverage consumption, physical activity, and risk of cardiovascular disease in adults: a prospective cohort study. Am J Clin Nutr 2024; 119(3): 669-81. https://doi.org/10.1016/j.ajcnut.2024.01.001
» https://doi.org/10.1016/j.ajcnut.2024.01.001 - 14Malik VS, Hu FB. The role of sugar-sweetened beverages in the global epidemics of obesity and chronic diseases. Nat Rev Endocrinol 2022; 18(4): 205-18. https://doi.org/10.1038/s41574-021-00627-6
» https://doi.org/10.1038/s41574-021-00627-6 - 15Malik VS, Hu FB. Sugar-sweetened beverages and cardiometabolic health: an update of the evidence. Nutrients 2019; 11(8): 1840. https://doi.org/10.3390/nu11081840
» https://doi.org/10.3390/nu11081840 - 16Chaves OC, Velasquez-Melendez G, Costa DAS, Caiaffa WT. Consumo de refrigerantes e índice de massa corporal em adolescentes brasileiros: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180010. https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.1
» https://doi.org/10.1590/1980-549720180010.supl.1 - 17Beal T, Morris SS, Tumilowicz A. Global patterns of adolescent fruit, vegetable, carbonated soft drink, and fast-food consumption: a meta-analysis of global school-based student health surveys. Food Nutr Bull 2019; 40(4): 444-59. https://doi.org/10.1177/0379572119848287
» https://doi.org/10.1177/0379572119848287 - 18Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): 2019. Rio de Janeiro: IBGE; 2021.
- 19Leal MABF, Lima CEB, Mascarenhas MDM, Rodrigues MTP, Paiva SSC, Sousa CRO, et al. Associação entre fatores sociodemográficos e comportamentos de risco à saúde cardiovascular de adolescentes brasileiros com 13 a 17 anos: dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. Epidemiol Serv Saúde 2019; 28(3): e2018315. https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000300008
» https://doi.org/10.5123/S1679-49742019000300008 - 20Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações para avaliação de marcadores de consumo alimentar na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
- 21Ellwood P, Asher MI, García-Marcos L, Williams H, Keil U, Robertson C, et al. Do fast foods cause asthma, rhinoconjunctivitis and eczema? Global findings from the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) phase three. Thorax 2013; 68(4): 351-60. https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2012-202285
» https://doi.org/10.1136/thoraxjnl-2012-202285 - 22Hallal PC, Knuth AG, Cruz DKA, Mendes MI, Malta DC. Prática de atividade física em adolescentes brasileiros. Ciênc Saúde Coletiva 2010; 15(suppl 2): 3035-42. https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000800008
» https://doi.org/10.1590/S1413-81232010000800008 - 23Soares CAM, Leão OAA, Freitas MP, Hallal PC, Wagner MB. Tendência temporal de atividade física em adolescentes brasileiros: análise da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar de 2009 a 2019. Cad Saúde Pública 2023; 39(10): e00063423. https://doi.org/10.1590/0102-311xpt063423
» https://doi.org/10.1590/0102-311xpt063423 - 24Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. A situação do tabagismo no Brasil : dados dos inquéritos do Sistema Internacional de Vigilância, da Organização Mundial da Saúde, realizados no Brasil, entre 2002 e 2009. Rio de Janeiro: INCA; 2011.
- 25Andrade AG. Álcool e a saúde dos brasileiros: panorama 2019. São Paulo: Centro de Informações sobre Saúde e Álcool; 2019.
- 26Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Pesquisa de orçamentos familiares: 2017-2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020.
- 27Crepaldi BVC, Okada LM, Rauber F, Levy RB, Azeredo CM. Social inequality in food consumption between 2008 and 2019 in Brazil. Public Health Nutr 2022; 25(2): 214-24. https://doi.org/10.1017/S1368980021002950
» https://doi.org/10.1017/S1368980021002950 - 28Maia EG, Silva LES, Santos MAS, Barufaldi LA, Silva SU, Claro RM. Padrões alimentares, características sociodemográficas e comportamentais entre adolescentes brasileiros. Rev Bras Epidemiol 2018; 21(suppl 1): E180009. https://doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1
» https://doi.org/10.1590/1980-549720180009.supl.1 - 29Jensen ML, Carpentier FRD, Corvalán C, Popkin BM, Evenson KR, Adair L, et al. Television viewing and using screens while eating: associations with dietary intake in children and adolescents. Appetite 2022; 168: 105670. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670
» https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105670 - 30Oliveira JS, Barufaldi LA, Abreu GA, Leal VS, Brunken GS, Vasconcelos SML, et al. ERICA: use of screens and consumption of meals and snacks by Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 7s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006680
» https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006680 - 31Fontes PAS, Siqueira JH, Martins HX, Oliosa PR, Zaniqueli D, Mill JG, et al. Comportamento sedentário, hábitos alimentares e risco cardiometabólico em crianças e adolescentes fisicamente ativos. Arq Bras Cardiol 2023; 120(2): e20220357. https://doi.org/10.36660/abc.20220357
» https://doi.org/10.36660/abc.20220357 - 32Hobbs M, Pearson N, Foster PJ, Biddle SJH. Sedentary behaviour and diet across the lifespan: an updated systematic review. Br J Sports Med 2015; 49(18): 1179-88. https://doi.org/10.1136/bjsports-2014-093754
» https://doi.org/10.1136/bjsports-2014-093754 - 33Coutinho ESF, França-Santos D, Magliano ES, Bloch KV, Barufaldi LA, Cunha CF, et al. ERICA: patterns of alcohol consumption in Brazilian adolescents. Rev Saude Publica 2016; 50(Suppl 1): 8s. https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006684
» https://doi.org/10.1590/s01518-8787.2016050006684 - 34Paavola M, Vartiainen E, Haukkala A. Smoking, alcohol use, and physical activity: A 13-year longitudinal study ranging from adolescence into adulthood. J Adolesc Health 2004; 35(3): 238-44. https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2003.12.004
» https://doi.org/10.1016/j.jadohealth.2003.12.004 - 35Zappe JG, Alves CF, Dell’Aglio DD. Comportamentos de risco na adolescência: Revisão sistemática de estudos empíricos. Psicologia em Revista 2018; 24(1): 79-100. https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n1p79-100
» https://doi.org/10.5752/P.1678-9563.2018v24n1p79-100 - 36Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
- 37Brasil. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Programa Nacional de Alimentação Escolar 2024 [Internet]. 2024 [cited on Sept. 12, 2024]. Available at: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/pnae
» https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/pnae