Resumo em Português:
Resumo: A pesquisa sobre violência em comunidades indígenas se refere a práticas tradicionais de disputa por bens escassos e confrontos com outras populações pela posse de seus territórios. A violência contra crianças ainda não foi descrita, e alguns estudos afirmam uma tradição de bom tratamento em relação a elas. O estudo mostra que a situação já mudou, e que novas formas de violência estão afetando 725.000 habitantes de 51 grupos indígenas na Venezuela, especialmente contra crianças e adolescentes. O método utilizado teve como base entrevistas com informantes-chave e acesso a dados censitários e de fontes da sociedade civil, além de relatos de jornalistas. Os resultados descrevem a existência de quatro tipos violência: (a) violência estrutural, derivada da escassez de alimentos e medicamentos, que provoca mortes devido à desnutrição e à falta de atendimento médico; prostituição e tráfico de meninas, além de emigração forçada; (b) violência praticada pelo crime organizado, com o controle da mineração ilegal e que afeta os povos Yanomami e Pemón, como força de trabalho na produção de coca e no tráfico de drogas no povo Yupka e o contrabando de gasolina no povo Wayúu; (c) violência doméstica em função de mudanças culturais derivadas dos novos padrões de consumo de álcool ou do uso de castigo físico de crianças, entre os povos Piaroa e Yekuana; e (d) violência ilegal praticada pelo estado pela imposição da mineração no povo Pemón ou com a repressão de protestos pelos povos Warao e Inga. O artigo mostra a grande diferença entre o discurso oficial da proteção dos indígenas e a realidade de violência, exploração criminosa e violação dos direitos das crianças e adolescentes indígenas na Venezuela.Resumo em Espanhol:
Resumen: La investigación sobre la violencia en las comunidades indígenas se refiere a las prácticas tradicionales de competencia por los bienes escasos y enfrentamientos con otras poblaciones por sus territorios. La violencia contra los niños no se ha conocido, y algunos estudios afirman la existencia de una tradición de buen trato hacia ellos. Este estudio muestra que la situación cambió y que nuevas formas de violencia están afectando a 725.000 habitantes de los 51 grupos indígenas de Venezuela, especialmente niños y adolescentes. El método utilizado fue entrevistas con informantes clave, un censo secundario, así como datos de la sociedad civil e informes de periodistas. Los resultados describen la existencia de cuatro tipos de violencia: (a) violencia estructural, derivada de la escasez de comida y medicinas, que ha causado muertes debido a la malnutrición y falta de atención médica; prostitución, tráfico de niñas y emigración forzosa; (b) la violencia del crimen organizado, que ejerce el control de la minería ilegal y afecta a los Yanomami y Pemón, como fuerza de trabajo para la producción de coca y tráfico de drogas en el caso de los Yupka; además de contrabando de gasolina con los Wayúu; (c) la violencia doméstica, debido a los cambios culturales, derivada de nuevos patrones de consumo de alcohol o la aplicación del castigo físico de niños entre los Piaroa y Yekuana; y (d) la violencia ilegal del estado para la imposición de la minería con los Pemón o la represión de las protestas con los Warao e Inga. El artículo expone la gran diferencia entre el discurso oficial de protección a los indígenas y las realidades de violencia, explotación criminal y violación de los derechos sufridos por los niños y adolescentes indígenas.Resumo em Inglês:
Abstract: Research on violence in indigenous communities refers to traditional practices of competition for scarce goods and clashes with other populations over their territories. Violence against children is not described, and authors of some studies state a tradition of good treatment towards them. In our study we shows that the situation has changed and new forms of violence are affecting 725,000 inhabitants from 51 indigenous groups of Venezuela, especially those composed of children and adolescents. The method used was interviews with key informants and for secondary census, civil society data and journalists’ reports. Results describe the existence of four types of violence: (a) structural violence, derived from the shortage of food and medicines that have caused deaths due to malnutrition and lack of medical attention, prostitution, girl trafficking and forced emigration; (b) violence of organized crime, which exercise control of illegal mining and affect the Yanomami and Pemón peoples, as workforce for the production of coca and drug trafficking with the Yupka people; and contraband of gasoline in the Wayúu people; (c) domestic violence due to cultural changes derived from new patterns of alcohol consumption or the use of physical punishment of children between Piaroa and Yekuana peoples; and (d) the illegal violence of the State for the imposition of mining with the Pemón people or the repression for the protests with the Warao and Inga peoples. In the article we show the great difference between the official discourse of protection of indigenous peoples and the realities of violence, criminal exploitation and violation of rights suffered by indigenous children and adolescents.