Revista Brasileira de Epidemiologia, Volume: 24 Suplemento 2, Publicado: 2021
  • Prevalência e fatores associados a violência por parceiro íntimo contra mulheres adultas no Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Vasconcelos, Nádia Machado de; Andrade, Fabiana Martins Dias de; Gomes, Crizian Saar; Pinto, Isabella Vitral; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência da violência por parceiro íntimo sofrida por mulheres adultas no país e os fatores associados a ela. Métodos: Estudo epidemiológico transversal quantitativo utilizando base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019. Foram calculadas as prevalências e razões de prevalência bruta e ajustada da violência por parceiro íntimo nos últimos 12 meses segundo características sociodemográficas. Resultados: A violência por parceiro íntimo foi relatada por 7,60% das mulheres brasileiras de 18–59 anos, com maior prevalência entre as mais jovens (8,96%), aquelas que se autodeclararam pretas (9,05%), com menor escolaridade (8,55%) e baixa renda (8,68%). Após análise ajustada, permaneceram associadas à violência por parceiro íntimo as faixas etárias 18–24 anos (RPa: 1,41) e 25–39 anos (RPa: 1,42) e renda menor que um salário mínimo (RPa: 1,55). Conclusões: A violência por parceiro íntimo se associou às mulheres mais jovens e com pior renda. Esses resultados apontam a necessidade de desenvolvimento de políticas intersetoriais, especialmente as relacionadas à redução das desigualdades sociais e para o enfrentamento da violência por parceiro íntimo entre mulheres adultas.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To estimate the prevalence and factors associated with intimate partner violence against adult women in Brazil. Methods: Quantitative cross-sectional epidemiological study using the database of the National Survey of Health 2019. The prevalence in the last 12 months and crude and adjusted prevalence ratios of intimate partner violence were calculated, stratified by sociodemographic characteristics. Results: Intimate partner violence was reported by 7.60% of Brazilian women aged from 18 to 59 years, with higher prevalence among younger women (8.96%), black women (9.05%), those with lower education level (8.55%) and low income (8.68%). After adjusted analysis, the age groups of 18–24 years old (PRadj: 1.41) and 25–39 years old (PRadj: 1.42) and income lower than one minimum wage (PRadj: 1.55) remained associated with intimate partner violence. Conclusions: Intimate partner violence was associated with younger and poorest women. This result points to the need to develop intersectoral policies, especially those aimed at reducing social inequalities and at the coping with intimate partner violence among adult women.
  • Desigualdades socioeconômicas relacionadas às doenças crônicas não transmissíveis e suas limitações: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Malta, Deborah Carvalho; Bernal, Regina Tomie Ivata; Lima, Margareth Guimaraes; Silva, Alanna Gomes da; Szwarcwald, Célia Landmann; Barros, Marilisa Berti de Azevedo

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Analisar as desigualdades socioeconômicas na prevalência autorreferida de doenças crônicas não transmissíveis e suas limitações na população adulta brasileira. Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019. Calcularam-se as prevalências autorreferidas de indivíduos com alguma doença crônica não transmissível, segundo características sociodemográficas, e as prevalências e a razão de prevalência dessas doenças e seus graus de limitações, segundo escolaridade e posse de plano de saúde privado. Resultados: 47,6% da população relatou ter pelo menos uma doença crônica não transmissível. As doenças crônicas não transmissíveis aumentaram progressivamente com a idade e foram mais prevalentes nas mulheres (RP 1,13; IC95% 1,10–1,15), nos indivíduos pretos (RP 1,04; IC95% 1,01–1,06) ou pardos (RP 1,05; IC95% 1,01–1,09), analfabetos ou com ensino fundamental incompleto (RP 1,12; IC95% 1,08–1,16), nos moradores das regiões Sudeste (RP 1,10; IC95% 1,05–1,14) e Sul (RP 1,07; IC95% 1,03–1,12) e entre os indivíduos que não possuem plano de saúde privado (RP 1,02; IC95% 1,00–1,05). Para a maioria das doenças crônicas não transmissíveis investigadas, a maior prevalência do relato de limitação esteve entre aqueles com baixa escolaridade e sem plano de saúde. Conclusão: Adultos com menor escolaridade e sem planos de saúde privados apresentam maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e maior grau de limitação. É importante avaliar os indicadores de saúde ante as diferentes populações e desigualdades, a fim de diagnosticar e monitorar as iniquidades em saúde.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: to analyze socioeconomic inequalities in the self-reported prevalence of NonCommunicable Diseases (NCDs) and their disabilities in the Brazilian adult population. Methods: Cross-sectional study with data from the National Health Survey carried out in 2019. The self-reported prevalences of individuals with some noncommunicable diseases were calculated, according to sociodemographic characteristics; and the prevalence and prevalence ratio of these diseases and degrees of disability, according to education and possession of a private health plan. Results: 47.6% of the population reported having at least one noncommunicable diseases. Noncommunicable diseases increased progressively with age and were more prevalent in women (PR 1.13; 95%CI 1.1–1.15), in black (PR 1.04; 95%CI 1.01–1, 06) or brown individuals (PR 1.05; 95%CI 1.01–1.09), illiterate or with incomplete elementary education (PR 1.12; 95%CI 1.08–1.16), in the Southeast (PR 1.10; 95%CI 1.05–1.14) and the South (PR 1.07; 95%CI 1.03–1.12) and among individuals who do not have private health insurance (PR 1.02; 95%CI 1.0–1.05). For the majority of noncommunicable diseases investigated, the highest reports of disabilities were among those with low education and without health insurance. Conclusion: adults with less education and without private health plans have a higher prevalence of noncommunicable diseases and a higher degree of disability. Thus, it is important to analyze health indicators in the face of different populations and disparities, in order to understand and monitor health inequalities.
  • Adoção dos comportamentos saudáveis e recomendações recebidas nos atendimentos de saúde entre hipertensos e diabéticos no Brasil, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Szwarcwald, Célia Landmann; Souza Júnior, Paulo Roberto Borges de; Damacena, Giseli Nogueira; Stopa, Sheila Rizzato; Barros, Marilisa Berti de Azevedo; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar as prevalências dos comportamentos saudáveis entre os indivíduos de 30 anos ou mais com diagnóstico de hipertensão arterial e diabetes mellitus utilizando as informações da Pesquisa Nacional de Saúde, 2019. Métodos: Estudo corte-transversal com amostragem por conglomerados e amostra aleatória simples nos três estágios. Os indivíduos foram agregados segundo as seguintes condições: ter hipertensão arterial; ter apenas hipertensão arterial; ter diabetes mellitus; ter apenas diabetes mellitus; ter apenas hipertensão arterial e diabetes mellitus; não ter doença crônica não transmissível. Foram utilizados modelos de regressão de Poisson e razões de prevalências brutas e ajustadas por sexo, grupo de idade e grau de escolaridade. As proporções de recomendações recebidas entre os hipertensos e diabéticos foram estimadas por tipo de atendimento (público/privado). Resultados: Foram analisados 69.285 indivíduos com 30 anos ou mais. Comparados aos indivíduos sem doença crônica não transmissível, as prevalências de consumo de frutas e hortaliças ≥5 dias na semana foram significativamente maiores entre os hipertensos, 39,9% (intervalo de confiança — IC95% 38,8–41,0) e diabéticos, 42,8% (IC95% 40,7–44,9). Contudo, as de não ter consumido alimento ultraprocessado foram baixas, 19,7% (IC95% 18,9–20,6) e 21,9% (IC95% 20,3–23,5), respectivamente. As prevalências de não fumar alcançaram valores próximos a 90% e razões de prevalência significativas, enquanto a prática de atividade física teve níveis inferiores a 30% e razões de prevalências não significativas. As proporções de recomendações recebidas para alimentação saudável alcançaram 90%, mas foram próximas a 70% para não fumar. Conclusões: É preciso estimular a prática dos estilos de vida saudáveis e prover informações sobre os benefícios da atividade física e os efeitos nocivos da alimentação não saudável para o bem-estar e o envelhecimento com qualidade.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To estimate prevalence of healthy behaviors among individuals aged 30 years or more, diagnosed with arterial hypertension and diabetes mellitus, using information from the National Health Survey, 2019. Methods: Cross-sectional study with cluster sampling and simple random sampling in three stages. Individuals were aggregated according the following conditions: having arterial hypertension; arterial hypertension only; diabetes mellitus; diabetes mellitus only; arterial hypertension and diabetes mellitus only; without chronic non-communicable diseases. Poisson regression models and crude and adjusted prevalence ratios for sex, age group, and schooling were used. The proportion of recommendations received by patients with arterial hypertension and diabetes mellitus was estimated by type of care (public/private). Results: A total of 69,285 individuals aged 30 years or more was analyzed. Compared to individuals without non-communicable diseases, prevalence of consumption of fruits and vegetables ≥5 days a week was significantly higher among individuals with arterial hypertension (39.9% - 95%CI 38.8–41.0) and those with diabetes mellitus (42.8% - 95%CI 40.7–44.9). However, estimates of not having consumed ultra-processed food were low, 19.7% (95%CI 18.9–20.6) and 21.9% (95%CI 20,3–23.5), respectively. Prevalence of not smoking reached values close to 90% and significant prevalence ratios, whereas the practice of physical activity had levels below 30% and non-significant prevalence ratios. The proportion of healthy eating recommendations reached 90%, but it was close to 70% for not smoking. Conclusions: It is necessary to encourage the practice of healthy lifestyles and provide information about the benefits of physical activity and the harmful effects of unhealthy eating for well-being and aging with quality.
  • Fatores associados às doenças cardiovasculares na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Gomes, Crizian Saar; Gonçalves, Renata Patrícia Fonseca; Silva, Alanna Gomes da; Sá, Ana Carolina Micheletti Gomide Nogueira de; Alves, Francielle Thalita Almeida; Ribeiro, Antonio Luiz Pinho; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência e investigar os fatores sociodemográficos, de saúde e estilo de vida associados ao diagnóstico autorreferido de doença cardiovascular na população adulta brasileira. Métodos: Analisaram-se dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2019). A presença de doença cardiovascular foi autorreferida por meio da pergunta: “Algum médico já lhe deu o diagnóstico de uma doença do coração?”. Avaliaram-se fatores sociodemográficos, condições de saúde e estilo de vida. Para analisar os dados, utilizou-se a regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: 5,3% (IC95% 5,04–5,57) dos adultos brasileiros referiram doença cardiovascular, destes, 29,08% (IC95% 27,04–31,21) realizaram cirurgia de revascularização miocárdica ou angioplastia coronariana e 8,26% (IC95% 7,09–9,60) relataram limitação intensa nas atividades habituais pela doença cardiovascular. Os fatores associados à doença cardiovascular foram idade avançada; ser do sexo masculino; raça/cor branca; ter ensino fundamental completo e médio incompleto; possuir plano de saúde; autoavaliar a saúde como regular ou ruim/muito ruim; autorrelatar hipertensão, colesterol alto e diabetes; ser ex-fumante; consumir frutas e hortaliças conforme o recomendado; não consumir álcool de forma abusiva; não praticar atividade física no lazer. Conclusões: A doença cardiovascular está associada a fatores sociodemográficos, de saúde e estilos de vida. Torna-se importante apoiar políticas públicas, programas e metas para reduzir doenças cardiovasculares no Brasil, especialmente nos grupos mais vulneráveis.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: to estimate the prevalence and investigate the sociodemographic, health, and lifestyle factors associated with the self-reported diagnosis of Cardiovascular Disease (CVD) in the adult Brazilian population. Methods: Data from the National Health Survey (PNS 2019) were analyzed. The presence of CVD was self-reported through the question: “Has any doctor ever given you a diagnosis of heart disease?”. Sociodemographic factors, health conditions, and lifestyle were evaluated. For data analysis, Poisson Regression with robust variance was used. Results: 5.3% (95%CI 5.04–5.57) of Brazilian adults reported CVD, of which, 29.08% (95%CI 27.04–31.21) underwent coronary artery bypass surgery or angioplasty and 8.26% (95%CI 7.09–9.6) reported severe limitation in usual activities due to CVD. The factors associated with CVD were advanced age; being male; white race/color; complete middle school and incomplete high school education; have health insurance; self-assessing health as regular or bad/very bad; self-reported hypertension, high cholesterol, and diabetes; being a former smoker; consuming fruits and vegetables as recommended; not consuming alcohol in excess; and not practicing leisure-time physical activity. Conclusions: CVD is associated with sociodemographic, health, and lifestyle factors. It is important to support public policies, programs, and goals for the reduction of cardiovascular diseases in Brazil, especially in the most vulnerable groups.
  • Condições do domicílio e cobertura da Estratégia Saúde da Família no Brasil: uma comparação dos resultados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 e 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Almeida, Wanessa da Silva de; Szwarcwald, Célia Landmann; Souza Júnior, Paulo Roberto Borges de

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: este estudo buscou avaliar as informações referentes às características dos domicílios e de cobertura da Estratégia Saúde da Família produzidas na Pesquisa Nacional de Saúde e descrever as mudanças ocorridas no período entre 2013 e 2019. Métodos: utilizaram-se as informações sobre domicílios e sobre cobertura da Estratégia Saúde da Família das duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde (2013 e 2019). Avaliaram-se as diferenças entre as proporções encontradas nas duas edições relacionadas à disponibilidade de serviços básicos de abastecimento e saneamento, bem como à adequação dos materiais utilizados na construção do domicílio e à distribuição da adequação dos domicílios e da cobertura da Estratégia Saúde da Família segundo regiões e situação censitária. Para a análise, foi considerado o desenho complexo de amostragem e utilizado o teste-t para amostras independentes para avaliar a significância estatística da diferença entre as proporções encontradas em 2013 e 2019. Resultados: foram observados aumentos no percentual de domicílios com acabamento adequado, bem como no percentual de domicílios com água canalizada em pelo menos um cômodo e com saneamento básico (esgoto e lixo) adequado. A cobertura da Estratégia Saúde da Família também mostrou aumento no período. Prevalecem as diferenças regionais e segundo a situação urbana ou rural dos domicílios. Conclusão: apesar dos incrementos observados tanto na adequação dos domicílios quanto na disponibilidade de serviços básicos e abastecimento de água e saneamento, e no acesso à assistência primária de saúde, muitos desafios persistem, principalmente para garantir que esses serviços cheguem aos locais mais vulneráveis.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: This study sought to evaluate information about the characteristics of households and coverage of the Family Health Strategy (FHS), produced in the National Health Survey, and to describe the changes occurred between 2013 and 2019. Methods: Information on households and FHS coverage from the two editions of the National Health Survey (2013 and 2019) was used. Differences between proportions found were assessed, relating to the availability of basic supply and sanitation services, as well as the adequacy of materials used in the building of households, distribution of households’ adequacy, and coverage by the FHS according to regions and census situation. The complex sampling design was considered in the analysis, so the t-test for independent samples was used to assess the statistical significance of differences between the proportions found in 2013 and 2019. Results: Upward trends were observed in the percentage of households with adequate finishing, as well as of households with piped water in at least one room, and with adequate basic sanitation (sewage and garbage). The FHS coverage also increased in the period. Regional differences prevail according to urban or rural situation of households. Conclusion: Despite the increases observed both in the adequacy of households, in the availability of basic services and water/sanitation supply and in access to primary health care, many challenges still persist when it comes to ensuring that such services reach the most vulnerable places.
  • Ocorrência e desigualdades por escolaridade em multimorbidade em adultos brasileiros entre 2013 e 2019: evidências da Pesquisa Nacional de Saúde ORIGINAL ARTICLE

    Delpino, Felipe Mendes; Wendt, Andrea; Crespo, Pedro Augusto; Blumenberg, Cauane; Teixeira, Doralice Severo da Cruz; Batista, Sandro Rodrigues; Malta, Deborah Carvalho; Miranda, Jaime; Flores, Thaynã Ramos; Nunes, Bruno Pereira; Wehrmeister, Fernando César

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivos: Os objetivos do presente estudo foram: 1) estimar a prevalência de multimorbidade nos anos de 2013 e 2019 em adultos de 18 a 59 anos; 2) avaliar as desigualdades na prevalência de multimorbidade em 2013 e 2019, de acordo com a escolaridade. Métodos: Foram utilizados dados de dois inquéritos transversais da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 e 2019. A multimorbidade foi avaliada a partir de 14 morbidades autorreferidas a partir de diagnóstico médico na vida (exceto problema na coluna) e definida usando-se o ponto de corte de ≥ 2 doenças. As prevalências de multimorbidade e morbidades individuais foram descritas de acordo com sexo, idade, cor da pele e escolaridade. Desigualdades brutas e relativas nas prevalências conforme a escolaridade foram calculadas utilizando-se o Slope Index of Inequality e o Concentration Index, respectivamente. Resultados: A prevalência de multimorbidade aumentou de 18,7% (IC95% 18,0–19,3), em 2013, para 22,3% (IC95% 21,7–22,9), em 2019, sendo maior entre mulheres e adultos entre 30 e 59 anos em ambos os períodos. Asma/bronquite, depressão e problemas na coluna foram as condições que mais aumentaram no período. Desigualdades absolutas e relativas foram observadas, com prevalências superiores entre os menos escolarizados e sem diferença entre os anos. Conclusões: A prevalência de multimorbidade aumentou no período de 2013 a 2019. Desigualdades na prevalência de multimorbidade foram observadas de acordo com a escolaridade.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: The aims of this study were: 1) to estimate the prevalence of multimorbidity in 2013 and 2019 in adults aged 20–59 years; 2) to assess inequalities in the prevalence of multimorbidity in 2013 and 2019 according to educational level. Methods: Data from two cross-sectional surveys from the Brazilian National Health Survey in 2013 and 2019 were used. Multimorbidity was assessed from 14 lifetime self-reported morbidities (except back problems) and defined using the cutoff point of ≥2 diseases. The prevalence of multimorbidity and individual morbidities were described according to gender, age, skin color, and education. For education, crude, and relative inequalities in prevalence of multimorbidity were calculated using the Slope Index of Inequality and the Concentration Index, respectively. Results: The prevalence of multimorbidity increased from 18.7% (95%CI 18.0–19.3) in 2013 to 22.3% (95%CI 21.7–22.9) in 2019, being higher among women and adults between 30–59 years in both periods. Asthma/bronchitis, depression, and back problems were the conditions that increased the most in the study period. Absolute and relative inequalities by education status were observed in the study period, with worse multimorbidity profiles among the less educated. Conclusion: The prevalence of multimorbidity increased between 2013 and 2019. Inequalities in the prevalence of multimorbidity were observed according to educational level.
  • Prevalência de exposição à violência entre adultos – Brasil, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Mascarenhas, Márcio Dênis Medeiros; Melo, Ariel de Sousa; Rodrigues, Malvina Thais Pacheco; Bahia, Camila Alves; Lima, Cheila Marina; Corassa, Rafael Bello; Andrade, Fabiana Martins Dias de; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência de exposição à violência, caracterizando sua magnitude, tipos e ocorrência na população adulta do Brasil. Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019. Estimou-se a prevalência de violência nos últimos 12 meses e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) segundo variáveis sociodemográficas. Razões de prevalência bruta foram estimadas por regressão de Poisson. Resultados: A prevalência de exposição à violência entre adultos no Brasil foi de 18,3% (IC95% 17,8–18,8), com frequência significativamente maior entre as mulheres (19,4%; IC95% 18,7–20,0), no grupo de 18–29 anos (27,0%; IC95% 25,7–28,4), nas pessoas autodeclaradas pretas (20,6%; IC95% 19,3–21,9) e pardas (19,3%; IC95% 18,6–20,1) e entre habitantes da região Nordeste (18,7%; IC95% 18,0–19,5). Entre as vítimas de violência, 15,6% (IC95% 14,2–17,0) procuraram atendimento de saúde, das quais 91,2% (IC95% 88,1–93,6) o receberam. Os tipos de violência mais relatados foram: psicológica (17,4%; IC95% 16,9–17,9), física (4,1%; IC95% 3,9–4,4) e sexual (0,8%; IC95% 0,7–0,9). Os homens foram mais expostos à violência com uso de arma de fogo ou objetivos cortantes, enquanto as mulheres foram as vítimas predominantes para todos os demais tipos e mecanismos de violência. O agressor mais citado foi o/a parceiro/a íntimo/a, e os locais mais frequentes de ocorrência da violência foram residência, vias e locais públicos. Conclusão: No Brasil, a violência afetou um a cada cinco adultos. Mulheres, jovens e pessoas de pele negra foram os segmentos populacionais mais expostos à violência e devem ser prioritários nas ações de prevenção.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: To estimate the prevalence of exposure to violence, characterizing its magnitude, types and occurrence in the adult population in Brazil. Methods: Cross-sectional study with data from the National Health Survey conducted in 2019. The prevalence of violence in the last 12 months and respective 95% confidence intervals (95%CI) were estimated according to sociodemographic variables. Crude prevalence ratios were estimated by Poisson regression. Results: The prevalence of exposure to violence among adults in Brazil was 18.3% (95%CI 17.8–18.8), with a significantly higher frequency among women (19.4%; 95%CI 18.7–20.0), in the 18–29 age group (27.0%; 95%CI 25.7–28.4), in self-declared black people (20.6%; 95%CI 19.3–21.9) and mixed race (19.3%; 95%CI 18.6–20.1) and among inhabitants of the Northeast region (18.7%; 95%CI 18.0–19.5). Among the victims of violence, 15.6% (95%CI 14.2–17.0) sought health care, of which (91.2%; 95%CI 88.1–93.6) were attended. The most reported types of violence were: psychological (17.4%; 95%CI 16.9–17.9), physical (4.1%; 95%CI 3.9–4.4) and sexual (0.8%; 95%CI 0.7–0.9). Men were more exposed to violence with the use of firearms or sharp targets, while women were the predominant victims for all other types and mechanisms of violence. The aggressor most cited was the intimate partner, the most frequent place of occurrence of violence being the residence and public streets/places. Conclusion: In Brazil, violence affected one in five adults. Women, young people and people with black skin were the population segments most exposed to violence, which should be a priority in prevention actions.
  • Associação entre comportamentos de saúde e depressão: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Barros, Marilisa Berti de Azevedo; Medina, Lhais de Paula Barbosa; Lima, Margareth Guimarães; Azevedo, Renata Cruz Soares de; Sousa, Neuciani Ferreira da Silva; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Analisar a associação da depressão com comportamentos de saúde e verificar se as associações diferem segundo sexo e renda. Métodos: Estudo transversal com dados de 65.803 adultos brasileiros (18–59 anos) da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019. A presença de depressão foi avaliada com o uso do Patient Health Questionnaire-9 (PHQ-9). As prevalências de tabagismo, consumo de álcool, atividade física, sedentarismo e indicadores de alimentação foram estimadas segundo a presença de depressão. Foram desenvolvidas análises estratificadas por sexo e renda e estimadas as razões de prevalência com a regressão de Poisson. Resultados: Verificou-se associação significativa da depressão com todos os indicadores estudados, exceto com o consumo eventual de álcool. Apenas nas mulheres a depressão se mostrou associada com heavy episodic drinking e com o consumo insuficiente de frutas, legumes e verduras. Nos homens, as razões de prevalência das associações de depressão com sedentarismo e com ser ex-fumante foram mais elevadas de que nas mulheres e apenas nos homens o consumo eventual de álcool foi mais prevalente naqueles sem depressão. A análise estratificada segundo a renda mostrou que a associação da depressão com a inatividade física foi mais forte no segmento de renda superior e a associação com heavy episodic drinking só foi significativa no estrato de renda inferior. Conclusão: Os resultados apontam a necessidade de considerar a saúde mental nos programas que visam à redução de comportamentos nocivos à saúde e também de levar em conta as especificidades dessas associações nos diferentes estratos sociodemográficos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To analyze the association of depression with various health behaviors and to verify if they differ according to gender or income. Methods: This is a cross-sectional study based on data of 65,803 Brazilian adults (18–59 years old) interviewed in the National Health Survey, conducted in 2019. Presence or absence of depression was evaluated using the Patient Health Questionnaire (PHQ)-9. The prevalence of smoking, alcohol consumption, physical activity, sedentary lifestyle and food indicators were estimated according to the presence of depression. Stratified analyses were made according to sex and income, and prevalence ratios were estimated using the Poisson Regression. Results: We found a significant association between depression and all indicators studied, except occasional alcohol consumption. Depression was associated with heavy episodic drinking and insufficient consumption of fruits and vegetables only in women. In men, the associations of depression with sedentary lifestyle and with being a former smoker were stronger than in women. The occasional consumption of alcohol was more prevalent only in men without depression. The analysis stratified by income showed that the association of depression with physical inactivity is stronger in the higher-income group, while with heavy episodic drinking is only significant in the lower-income stratum. Conclusion: The results point to the need to consider mental health in programs aimed at reducing harmful health behaviors and the specificity of sociodemographic groups.
  • Desigualdades na utilização de serviços de saúde por adultos e idosos com e sem doenças crônicas no Brasil, Pesquisa Nacional de Saúde 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Malta, Deborah Carvalho; Bernal, Regina Tomie Ivata; Gomes, Crizian Saar; Cardoso, Laís Santos de Magalhães; Lima, Margareth Guimarães; Barros, Marilisa Berti de Azevedo

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Investigar a utilização de serviços de saúde e a limitação das atividades habituais entre adultos e idosos com e sem doenças crônicas não transmissíveis, segundo estratos sociodemográficos. Métodos: Estudo transversal, no qual foram analisados dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. A amostra final correspondeu a 88.531 domicílios, com entrevistas referentes a indivíduos maiores de 18 anos. As prevalências de uso de serviços pela população com doenças crônicas não transmissíveis foram comparadas às da população sem essas patologias e estratificadas por variáveis socioeconômicas e demográficas. Razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% foram calculados. Resultados: Em 2019, 47,6% (IC95% 47,0-48,3) da população referiu ter uma ou mais doenças crônicas não transmissíveis. A população com registro dessas patologias realizou mais consulta médica nos últimos 12 meses (RPaj=1,21; IC95% 1,20-1,23), utilizou mais o serviço de saúde nas duas últimas semanas (RPaj=2,01; IC95% 1,91-2,11), referiu mais internações (RPaj=2,11; IC95% 1,89-2,36) e mais limitação da realização de atividades (RPaj=2,52 vezes; IC95% 2,30-2,76) em comparação com a população isenta desse tipo de registro. Observou-se gradiente dose-resposta positivo entre número de comorbidades e uso de serviços. Em todos os estratos socioeconômicos e demográficos, a prevalência dos indicadores foi mais elevada em pessoas com doenças crônicas não transmissíveis. Conclusão: A presença dessas doenças associou-se à maior frequência de uso de serviços de saúde (consulta médica, uso de serviços de saúde e internação) e da restrição das atividades habituais em todos os estratos socioeconômicos e demográficos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: The objective of this study was to investigate the use of health services and limitations in performing usual activities by adults and elderly people with and without noncommunicable chronic diseases (NCDs), according to sociodemographic strata. Methods: This is a cross-sectional study in which data from the 2019 National Health Survey were analyzed. The final sample corresponded to 88,531 households with interviews carried out, referring to individuals aged 18 years and above. The prevalence of use of services by the population with NCDs was compared with that of the population without NCDs and stratified by socioeconomic and demographic variables. Prevalence ratios (PRs) and 95% confidence intervals (95%CI) were calculated. Results: In 2019, 47.6% (95%CI 47.0–48.3) of the population reported having one or more NCDs. Population with NCDs had more medical consultations in the last 12 months (adjusted PR [APR]=1.21; 95%CI 1.20–1.23), used more health services in the last 2 weeks (APR=2.01; 95%CI 1.91–2.11), were referred to more hospitalization (APR=2.11; 95%CI 1.89–2.36), and had more limitations in performing usual activities (APR=2.52; 95%CI 2.30–2.76), compared with the population without NCDs. A positive dose–response gradient was observed between the number of comorbidities and the use of services. In all socioeconomic and demographic strata, the prevalence of indicators was higher in people with NCDs. Conclusion: The presence of NCDs was associated with a higher frequency of use of health services (i.e., consultation, use of services, and hospitalization) and the restriction of usual activities in all socioeconomic and demographic strata.
  • Aumento nas prevalências de obesidade entre 2013 e 2019 e fatores associados no Brasil ORIGINAL ARTICLE

    Ferreira, Arthur Pate de Souza; Szwarcwald, Célia Landmann; Damacena, Giseli Nogueira; Souza Júnior, Paulo Roberto Borges de

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Investigar as variações de indicadores antropométricos entre 2013 e 2019 e os fatores associados à obesidade no Brasil, utilizando as informações da Pesquisa Nacional de Saúde. Métodos: Estudo transversal com amostra por conglomerados e seleção aleatória simples nos três estágios. Foram usadas as medidas aferidas de peso e altura em 2013 (n=59.592) e em 2019 (n=6.672). As diferenças nas prevalências de obesidade entre 2013 e 2019 foram testadas pelo teste t de Student para amostras independentes. Para identificar os fatores sociodemográficos e os problemas de saúde associados à obesidade, utilizaram-se modelos de regressão de Poisson com variância robusta e razões de prevalência brutas e ajustadas por faixa etária para testar as associações. Resultados: De 2013 a 2019, a prevalência de obesidade aumentou significativamente, de 20,8 para 25,9%. Entre os homens, os maiores aumentos ocorreram no grupo etário 40–59 anos (9,1%) e na faixa de renda mediana (8,3%), e, entre as mulheres, as de baixa escolaridade (8,7%) e não brancas (6,0%). Para ambos os sexos, os fatores associados à obesidade foram idade, viver com companheiro e escolaridade, diretamente entre homens e inversamente entre mulheres. Em 2019, para o sexo masculino, as razões de prevalência brutas e ajustadas foram significativas para colesterol alto, hipertensão arterial e alguma doença crônica não transmissível, e, para o feminino, para autoavaliação de saúde não boa, hipertensão arterial, diabetes, alguma doença crônica não transmissível. Conclusões: É preciso implementar políticas intersetoriais para promover mudanças nos hábitos de alimentação e incentivar a prática de atividade física, levando em consideração os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: To investigate the variation of anthropometric indicators from 2013 to 2019 and the factors associated with obesity in Brazil, using information from the National Health Survey. Methods: Cross-sectional study with cluster sampling and simple random sampling in the three stages. Measurements of weight and height among participants in 2013 (n=59,592) and in 2019 (n=6,672) were used. Differences in obesity prevalence were tested by Student’s t test for independent samples. To identify the sociodemographic factors and health problems associated with obesity, we used Poisson regression models with robust variance and crude and age-adjusted prevalence ratios to test the associations. Results: From 2013 to 2019, prevalence of obesity increased significantly, from 20.8 to 25.9%. Among men, the greatest increases were found in the 40-59 age group (9.1%) and in the median income category (8.3%). Among women, the greatest rises were found among those with low education (8.7%) and non-white ones (6.0%). For both males and females, factors associated with obesity were age, to live with a partner, level of instruction directly associated among men, and inversely associated among women. In 2019, for males, the crude and adjusted prevalence ratios were significant for high cholesterol, high blood pressure and at least one chronic non-communicable disease and, for females, for poor self-rated health, high blood pressure, diabetes, and at least one chronic non-communicable. Conclusion: It is necessary to implement intersectoral policies to promote changes in eating habits and encourage the practice of physical activity, taking into account economic, social, cultural, and environmental aspects.
  • Prevalência e fatores associados da angina do peito na população adulta do Brasil: Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Malta, Deborah Carvalho; Pinheiro, Pedro Cisalpino; Vasconcelos, Nádia Machado de; Stopa, Sheila Rizzato; Vieira, Maria Lúcia França Pontes; Lotufo, Paulo Andrade

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência e fatores associados à angina do peito na população adulta brasileira e por unidades federadas. Métodos: Estudo transversal descritivo, que analisou os dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2019 e avaliou a angina na população brasileira. A angina foi definida como dor ou desconforto no peito ao subir ladeiras ou um lance de escadas, ou ao caminhar rapidamente no plano (angina I) ou em velocidade normal no plano (angina II). Foram calculadas as prevalências, razão de prevalência bruta e ajustada, com intervalo de confiança de 95%, segundo características sociodemográficas (sexo, faixa etária, raça/cor da pele autodeclarada e região de moradia) e unidades federativas. Resultados: A prevalência de angina leve (grau I) foi de 8,1% e da angina moderada/grave (grau II), 4,5%, ambas mais prevalentes em mulheres (9,8 e 5,5%, respectivamente). As prevalências aumentaram progressivamente com o avanço da idade e foram inversas aos anos de estudo formal. Angina grau I foi mais elevada em indivíduos da raça/cor da pele autodeclarada preta e residentes em Sergipe (10,4%). A angina II foi mais prevalente em pessoas de raça/cor da pele autodeclarada parda, que vivem no Amazonas (6,3%). Conclusão: A angina afeta mais de 10% da população brasileira acima de 18 anos, com maior prevalência em estados do Norte e do Nordeste. É um agravo que atinge de forma desigual as populações mais vulneráveis, revelando a importância da doença coronariana como problema de saúde pública e a necessidade de pensar em políticas públicas voltadas para esses estratos da população.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: to estimate the prevalence and factors associated with angina pectoris in the Brazilian adult population and per federated units. Methods: Cross-sectional descriptive study that analyzed data from the National Survey of Health 2019 and assessed the prevalence of angina in the Brazilian population. Angina was defined as chest pain or discomfort when climbing hills or stairs, or when walking fast on flat terrain (angina I) or when walking at normal speed on flat terrain (angina II). Prevalence, crude and adjusted prevalence ratios were calculated, with a 95% confidence interval, according to sociodemographic characteristics (sex, age group, self-reported race/skin color and region of residence) and federative units. Results: The prevalence of mild angina (grade I) was 8.1% and of moderate/severe angina (grade II) was 4.5%, being both more prevalent in women (9.8 and 5.5%, respectively). The prevalence increased progressively with age and was inversely proportional to years of formal study. Grade I angina was higher in individuals self-reportedly black and residents of Sergipe (10,4%). Angina II was more prevalent in people self-reportedly brown and living in Amazonas (6.3%). Conclusion: Angina affects more than 10% of the Brazilian population aged 18 years old and more, with higher prevalence in states in the North and Northeast. This is a problem that affects the most vulnerable populations unequally, which places coronary heart disease as a public health problem and points to the need to think about public policies aimed at these strata of the population.
  • Atividade física de lazer na população adulta brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde 2013 e 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Mielke, Gregore Iven; Stopa, Sheila Rizzato; Gomes, Crizian Saar; Silva, Alanna Gomes da; Alves, Francielle Thalita Almeida; Vieira, Maria Lúcia França Pontes; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Analisar a prática de atividade física no lazer, de 2013 e 2019, na população adulta brasileira e segundo características sociodemográficas. Métodos: Análise da base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde, comparando-se o indicador de atividade física no lazer na Pesquisa Nacional de Saúde 2013 e 2019. A prevalência de atividade física no lazer (150+ minutos por semana em atividades físicas) foi calculada de acordo com sexo, idade, escolaridade, raça/cor da pele, unidades federativas e regiões do Brasil em 2013 e 2019. Análises de regressão de Poisson e intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram utilizados para comparação da atividade física no lazer de diferentes grupos populacionais em 2013 e 2019. Resultados: A proporção de adultos brasileiros ativos no lazer aumentou de 22,7% (IC95% 22,06–23,34), em 2013, para 30,1% (IC95% 29,44–30,67), em 2019. A prevalência de atividade física no lazer aumentou entre 2013 e 2019 em 23 das 27 unidades federativas do Brasil. Tanto em 2013 quanto em 2019, a proporção de ativos no lazer foi maior em homens, jovens, com alta escolaridade e indivíduos com cor da pele branca. De forma geral, a magnitude da diferença na prática de atividade física entre grupos sociodemográficos observada em 2013 diminuiu ligeiramente em 2019. Conclusões: Apesar do aumento na prevalência de atividade física no lazer em adultos brasileiros nos últimos seis anos, marcadas desigualdades sociodemográficas ainda persistem. O sucesso de futuras políticas públicas de promoção da atividade física no lazer deve ser avaliado sob a óptica dos determinantes sociais de saúde e da redução de desigualdades na prática de atividade física.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: The aim of this study was to analyze the prevalence of leisure-time physical activity in 2013 and 2019 according to sociodemographic characteristics in Brazilian adults. Methods: We analyzed data from the National Health Surveys conducted in 2013 and 2019. Prevalence of leisure-time physical activity (150+ minutes per week in physical activities) was calculated according to gender, age, education, race/skin color, Federative Units, and regions of Brazil in 2013 and 2019. Poisson regression models and 95% confidence intervals (95%CI) were used to compare leisure-time physical activity across different groups in 2013 and 2019. Results: The proportion of Brazilian adults active in leisure-time increased from 22.7% (95%CI 22.06–23.34) in 2013 to 30.1% (95%CI 29.44–30.67) in 2019. The prevalence of leisure-time physical activity increased between 2013 and 2019 in 23 of the 27 Federative Units in Brazil. Both in 2013 and in 2019, the proportion of active people during leisure time was higher in men, young people, with a high level of education and individuals with white skin color. Overall, the magnitude of the observed differences in leisure-time physical activity between sociodemographic groups slightly decreased from 2013 to 2019. Conclusions: Despite the increase in the prevalence of leisure-time physical activity among Brazilian adults in the last six years, marked sociodemographic inequalities persist. The success of future public policies to promote physical activity in leisure must be evaluated from the perspective of social determinants of health and the reduction of inequalities in the practice of physical activity.
  • Prevalência de uso de dispositivos eletrônicos para fumar e de uso de narguilé no Brasil: para onde estamos caminhando? ORIGINAL ARTICLE

    Bertoni, Neilane; Cavalcante, Tania Maria; Souza, Mirian Carvalho de; Szklo, Andre Salem

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Descrever as prevalências de uso de dispositivos eletrônicos para fumar e de narguilé no Brasil, por subgrupos populacionais, e avaliar tendências entre 2013 e 2019. Métodos: Os dados principais analisados são da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Estimaram-se prevalências de uso na vida e atual de dispositivos eletrônicos para fumar e de uso atual de narguilé segundo características sociocomportamentais. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde-2019 sobre dispositivos eletrônicos para fumar foram comparados aos do III Levantamento Nacional sobre Uso de Drogas pela População Brasileira e os dados sobre narguilé comparados aos da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Resultados: Para 2019, estimou-se a prevalência de uso atual de dispositivos eletrônicos para fumar em 0,64% (∼1 milhão de pessoas), dos quais ∼70% tinham 15–24 anos. A maior prevalência está na região Centro-Oeste, mas o Sudeste concentra metade absoluta desses usuários. Quase 90% são não fumantes, e maiores prevalências foram encontradas entre quem usa também narguilé e álcool abusivo. Observou-se aumento nas estimativas de uso de dispositivos eletrônicos para fumar entre 2015 e 2019, especialmente entre os mais jovens. A prevalência de uso atual de narguilé em 2019 foi estimada em 0,47% (∼800 mil indivíduos), dos quais ∼80% tinham 15–24 anos. Houve aumento na prevalência de uso atual de narguilé entre 2013 e 2019, e entre jovens o aumento foi de ∼300%. Conclusões: No Brasil os dispositivos eletrônicos para fumar têm sido utilizados majoritariamente por jovens e por nunca fumantes de cigarros industrializados. O uso de dispositivos eletrônicos para fumar e de narguilé vem aumentando, mesmo com as restrições regulatórias do país, podendo comprometer o exitoso histórico da política de controle do tabagismo.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective To describe the prevalence of use of electronic nicotine delivery systems (ENDS) and waterpipe in Brazil, by population subgroups, and to evaluate the trend between 2013 and 2019. Methods We used data from the 2019 National Health Survey to estimate the prevalence of lifetime and current use of ENDS and current use of waterpipes by socio-behavioral characteristics. Differences in prevalence over time were calculated using data from the III Brazilian Household Survey on Substance Use-2015 and the National Health Survey-2013. Results For 2019, the prevalence of current use of ENDS was estimated at 0.64% (∼1 million people), of which ∼70% were in the age group of 15–24 years old. The highest prevalence was observed in the Midwest region, but the Southeast region concentrates half of these users. Almost 90% are non-smokers, with high prevalence among those who also use waterpipe and abuse alcohol. There was an increase in ENDS use between 2015 and 2019, particularly among younger people. The prevalence of current waterpipe use in 2019 was estimated at 0.47% (∼800,000 individuals), of which ∼80% were 15–24 years old. There was an increase in the prevalence of current waterpipe use between 2013 and 2019, and among young people the increase was ∼300%. Conclusions In Brazil, ENDS have been used mostly by young people, and by never smokers of manufactured cigarettes. The use of ENDS and waterpipe has been increasing even with the country’s regulatory restrictions, which may compromise the successful history of the tobacco control policy.
  • Análise da demanda e acesso aos serviços nas duas semanas anteriores à Pesquisa Nacional de Saúde 2013 e 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Malta, Deborah Carvalho; Gomes, Crizian Saar; Prates, Elton Junio Sady; Santos, Fausto Pereira dos; Almeida, Wanessa da Silva de; Stopa, Sheila Rizzato; Pereira, Cimar Azeredo; Szwarcwald, Célia Landmann

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Comparar a procura e a utilização dos serviços de saúde entre 2013 e 2019, e analisar as variáveis sociodemográficas e de saúde associadas em 2019. Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013 e 2019. Foram estimados a prevalência e os intervalos de confiança de 95% (IC95%) referentes à procura e à utilização dos serviços de saúde. Em 2019, analisaram-se as diferenças dos indicadores segundo variáveis sociodemográficas e foram estimadas as razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas por sexo e idade. Resultados: Ocorreu aumento de 22% na procura por atendimento de saúde nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa, passando de 15,3% (IC95% 15,0–15,7) em 2013 para 18,6% (IC95% 18,3–19,0) em 2019. Houve redução da utilização, nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa, de 97% (IC95% 96,6–97,4) em 2013 para 86,1% (IC95% 85,4–86,8) em 2019, o que foi observado para a maioria das Unidades da Federação. Em 2019, a procura de atendimento foi maior entre mulheres, idosos, pessoas com elevada escolaridade, indivíduos que apresentam plano de saúde e com autoavaliação ruim da saúde. Obtiveram maior acesso aos serviços de saúde nos 15 dias anteriores à pesquisa: homens, crianças ou adolescentes até 17 anos, pessoas com plano de saúde e com autoavaliação ruim da saúde. Conclusão: Cresceu a demanda por serviços de saúde e reduziu o acesso entre 2013 e 2019. Essas diferenças podem ter sido agravadas pelas medidas de austeridade implantadas no país.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective Compare the demand and use of health services between 2013 and 2019, and analyze the associated sociodemographic and health variables in 2019. Methods: Cross-sectional study with data from the National Health Survey (PNS) 2013 and 2019. The prevalence and 95% confidence intervals (95% CI) for the demand and use of health services were estimated. In 2019, the differences in the indicators were analyzed according to sociodemographic variables and the crude and adjusted by sex and age prevalence ratios (RP) were estimated. Results: There was an increase of 22% in the demand for health care in the last two weeks, going from 15.3% (95%CI 15.0–15.7) in 2013 to 18.6% (95%CI 18.3–19.0) in 2019. There was a reduction in use in the last two weeks, from 97% (95%CI 96.6–97.4) in 2013 to 86.1% (95%CI 85.4–86.8) in 2019, which was observed for most Federation Units. In 2019, the demand for care was greater among women, the elderly, those with high schooling, individuals with health insurance and poor self-rated health. They obtained greater access to health services in the fifteen days prior to the survey: men, children or adolescents up to 17 years of age, people with health insurance and poor health self-assessment. Conclusion: The demand for health services has grown and reduced access in the last 15 days between 2013 and 2019. These differences may have been exacerbated by the austerity measures implemented in the country.
  • Desigualdades socioeconômicas no uso de serviços odontológicos no Brasil: uma análise da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Fagundes, Maria Laura Braccini; Bastos, Lucelen Fontoura; Amaral Júnior, Orlando Luiz do; Menegazzo, Gabriele Rissotto; Cunha, Amanda Ramos da; Stein, Caroline; Abreu, Lucas Guimarães; Hugo, Fernando Neves; Giordani, Jessye Melgarejo do Amaral; Malta, Deborah Carvalho; Iser, Betine Pinto Moehlecke

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Descrever a prevalência do uso de serviços odontológicos no Brasil segundo as Unidades Federadas, sua relação com variáveis socioeconômicas e tipos de serviços, com base na Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Métodos: Trata-se de um estudo transversal de base populacional com dados da PNS 2019, que incluiu 88.531 participantes de 18 anos ou mais. Foram analisadas variáveis referentes ao uso de serviços de saúde bucal, segundo características sociodemográficas e comportamentais, por meio de análise multivariada, utilizando modelo regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: A utilização de serviços odontológicos no ano anterior à entrevista foi maior entre os adultos (53,2%, intervalo de confiança — IC95% 52,5–53,9) do que entre os idosos (34,3%, IC95% 33,2–34,4). Na análise multivariada, o uso de serviços odontológicos foi maior em pessoas com maior nível educacional (razão de prevalência — RP=2,02, IC95% 1,87–2,18) e maior renda (RP=1,54, IC95% 1,45–1,64). Os estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul apresentaram as maiores porcentagens de indivíduos que consultaram um dentista no último ano, entre 49,0 e 57,6% da população. Conclusão: Desigualdades no uso dos serviços de saúde bucal foram observadas na população adulta e idosa, com diferenças entre as regiões do país; foi identificado maior uso entre mulheres, indivíduos mais jovens, escolarizados e de maior renda, entre a população com melhores comportamentos relacionados à sua saúde, melhor percepção do seu estado de saúde, e aqueles que pagaram pelo último atendimento odontológico.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: To describe the prevalence of use of dental services in Brazil according to states and the Federal District and its relationship with socioeconomic variables and types of services, based on the 2019 National Health Survey. Methods: This is a cross-sectional population-based study using data from the 2019 National Health Survey, which included 88,531 participants aged 18 or older. We assessed variables related to the use of dental health services according to sociodemographic and behavioral characteristics through multivariate analysis, using a Poisson regression model with robust variance. Results: The use of dental services in the year prior to the interview was higher among adults (53.2%, confidence interval — 95%CI 52.5–53.9) than older adults (34.3%, 95%CI 33.2–34.4). The multivariate analysis revealed that the use of dental services was greater in people with better schooling (prevalence ratio — PR=2.02, 95%CI 1.87–2.18) and higher income (PR=1.54, 95%CI 1.45–1.64). States from the Southeast, Midwest, and South regions presented the highest percentages of individuals who visited a dentist in the previous year — between 49.0 and 57.6% of the population. Conclusion: Inequalities were found in the use of dental health services among the adult and older adult population, with regional differences; the use was higher among women, younger individuals, those with better schooling, higher income, healthier behaviors, better self-perceived oral health status, and who paid for their last dental treatment.
  • Multimorbidade e uso de serviços de saúde em idosos muito idosos no Brasil ORIGINAL ARTICLE

    Francisco, Priscila Maria Stolses Bergamo; Assumpção, Daniela de; Bacurau, Aldiane Gomes de Macedo; Silva, Diego Salvador Muniz da; Malta, Deborah Carvalho; Borim, Flávia Silva Arbex

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Estimar a prevalência de multimorbidade em idosos longevos brasileiros (idade ≥80 anos) e relacioná-la com o uso de serviços de saúde. Métodos: Estudo transversal de base populacional com dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (n=6.098). Foram estimadas as frequências de uso de serviços nos idosos com multimorbidade e segundo sexo, posse de plano de saúde médico e autoavaliação de saúde. Calcularam-se as prevalências e razões de prevalência brutas e ajustadas e respectivos intervalos de confiança de 95%. Resultados: A média de idade dos idosos foi de 85 anos e cerca de 62% eram mulheres; a prevalência de multimorbidade foi de 57,1%, maior nas mulheres, naqueles com plano de saúde e nos residentes na região Sul do país (p<0,05). Nos muito idosos com multimorbidade, o uso de serviços nos últimos 15 dias alcançou 64,6%, e mais de 70% estiveram internados no último ano ou deixaram de realizar atividades nas duas semanas anteriores por motivo de saúde. Observaram-se diferenças para os indicadores de uso de serviços em relação ao sexo, posse de plano de saúde médico e autoavaliação de saúde, segundo multimorbidade. Conclusão: Os indicadores de uso de serviços de saúde foram mais elevados nos idosos que acumulavam duas ou mais doenças crônicas, independentemente das condições sociodemográficas e da autoavaliação de saúde, o que denota o impacto da multimorbidade per se na determinação do uso de serviços entre os idosos mais velhos.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To estimate the prevalence of multimorbidity in long-lived Brazilian individuals (age ≥80 years) and to associated it with the use of health services. Methods: Cross-sectional population-based study with data from the 2019 National Survey of Health (n=6,098). Frequencies of use of services were estimated for older people with multimorbidity and according to sex, health insurance ownership, and self-rated health. The prevalence rates, crude and adjusted prevalence ratios, and the respective 95% confidence intervals were calculated. Results: The average age of the older adults was 85 years and about 62% were women; the prevalence of multimorbidity was 57.1%, higher in women, in those who have health insurance, and who reside in the southern region of the country (p<0.05). In the oldest old with multimorbidity, the use of services in the last 15 days reached 64.6%, and more than 70% were hospitalized in the last year or did not carry out activities in the previous two weeks for health reasons. Differences were observed for the indicators of service use in relation to sex, health insurance ownership, and self-rated health, according to multimorbidity. Conclusion: Indicators for the use of health services were higher in older individuals who have two or more chronic diseases, regardless of sociodemographic conditions and self-rated health, showing the impact of multimorbidity per se in determining the use of services among the oldest old.
  • Uso, cessação, fumo passivo e exposição à mídia do tabaco no Brasil: resultados das Pesquisas Nacionais de Saúde 2013 e 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Malta, Deborah Carvalho; Gomes, Crizian Saar; Andrade, Fabiana Martins Dias de; Prates, Elton Junio Sady; Alves, Francielle Thalita Almeida; Oliveira, Patrícia Pereira Vasconcelos de; Freitas, Paula Carvalho de; Pereira, Cimar Azeredo; Caixeta, Roberta de Betânia

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Comparar indicadores de uso do tabaco, fumo passivo, cessação e exposição à mídia pró e antitabaco em 2013 e 2019 e descrever esses indicadores segundo variáveis sociodemográficas em 2019. Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde. Avaliaram-se os indicadores de uso, fumo passivo, cessação e exposição à mídia relacionada ao tabaco. Estimaram-se as prevalências e intervalos de confiança (IC95%) para a população total em 2013 e 2019 e segundo variáveis sociodemográficas para 2019. Para avaliar diferenças nas prevalências, usou-se a regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: Houve melhoria dos indicadores de uso do tabaco; aumento de ex-fumantes e redução do fumo passivo e da tentativa de parar de fumar. Todos os indicadores de exposição à mídia pró e contra o tabaco diminuíram. Ao se considerarem as prevalências segundo características sociodemográficas em 2019, 43,8% (IC95% 41,6–46,0) dos homens e 50,8% (IC95% 48,5–53,2) das mulheres tentaram parar de fumar. O fumo passivo no domicílio foi maior nas mulheres (10,2%; IC95% 9,7–10,8). Entre os que pensaram em parar de fumar por causa das advertências, a proporção foi maior nas mulheres (48,0%; IC95% 45,3–50,6). O uso do tabaco foi mais elevado nos homens (43,8%; IC95% 41,6–46,0), na população de 40–59 anos (14,9%; IC95% 14,2–15,6) e naquela com menor nível de instrução (17,6%; IC95% 16,8–18,4). Conclusão: O estudo mostrou melhoria dos indicadores relacionados ao tabaco entre os anos estudados. Ressalta-se que esse avanço foi menor em relação a outros períodos analisados previamente, e, portanto, torna-se necessário maiores investimentos em políticas públicas de enfrentamento e controle do tabagismo no Brasil.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: To compare indicators of tobacco use, secondhand smoke, cessation and exposure to pro- and anti-tobacco media in 2013 and 2019, and to describe these indicators according to sociodemographic variables in 2019. Methods: Cross-sectional study with data from the National Health Survey. The indicators of use, secondhand smoke, cessation and exposure to tobacco-related media were evaluated. Prevalence and confidence intervals (95%CI) were estimated for the total population in 2013 and 2019 and according to sociodemographic variables for 2019. Poisson regression with robust variance was used to assess differences in prevalence. Results: There was an improvement in most of the indicators studied: an increase in ex-smokers, a reduction in secondhand smoke and attempts to quit smoking. All pro- and anti-tobacco media exposure indicators declined. When considering the prevalence according to sociodemographic characteristics in 2019, 43.8% (95%CI 41.6–46.0) of men tried to quit smoking, and 50.8% (95%CI 48.5–53.2) of women. Secondhand smoke at home was higher among women (10.2%; 95%CI 9.7–10.8). Among those who thought about quitting smoking because of warnings, the proportion was higher among women (48.0%; 95%CI 45.3–50.6). Tobacco use was higher among men (43.8%; 95%CI 41.6–46.0), in the population aged 40 to 59 years (14.9%; 95%CI 14.2–15.6), with a lower level of education (17.6%; 95%CI 16.8–18.4). Conclusion: The study showed improvement in tobacco-related indicators between the years studied. It is noteworthy that this advance was smaller in relation to the other periods previously analyzed, and therefore, greater investments in public policies to combat and control smoking in Brazil are necessary.
  • Associação do transtorno depressivo maior com doenças crônicas e multimorbidade em adultos brasileiros, estratificada por sexo: Pesquisa Nacional de Saúde 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Sousa, Neuciani Ferreira da Silva; Barros, Marilisa Berti de Azevedo; Medina, Lhais de Paula Barbosa; Malta, Deborah Carvalho; Szwarcwald, Celia Landmann

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: Analisar a associação do transtorno depressivo maior com a presença de doenças crônicas não transmissíveis e multimorbidade em adultos brasileiros, estratificada por sexo, e examinar a interação entre sexo e doenças crônicas não transmissíveis na associação com o transtorno depressivo maior. Métodos: Com base em amostra de 65.803 adultos da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 foram estimadas as prevalências de transtorno depressivo maior (≥10 pontos do instrumento Patient Health Questionnaire) segundo a presença de doenças crônicas não transmissíveis e multimorbidade (≥2 doenças crônicas). As razões de prevalência e os respectivos intervalos de confiança foram estimados por meio da regressão de Poisson, e os termos de interação multiplicativa foram utilizados para avaliar o papel do sexo nas associações. Resultados: A prevalência de transtorno depressivo maior entre adultos brasileiros (18–59 anos) foi estimada em 10,9%, com diferença estatisticamente significante entre homens (6,0%) e mulheres (15,4%) (p<0,001). Entre os indivíduos com quaisquer doenças crônicas não transmissíveis e multimorbidade foram observadas prevalências mais elevadas de transtorno depressivo maior, tanto na população geral como em cada sexo. Entretanto, a associação do transtorno depressivo maior com as doenças crônicas não transmissíveis tendeu a ser mais forte entre os homens. Os dados também mostraram interação entre sexo masculino e multimorbidade ou doenças específicas como artrite ou reumatismo, doença cardíaca e insuficiência renal crônica na associação com o transtorno depressivo maior. Conclusão: Os resultados revelam expressiva associação entre transtorno depressivo maior e doenças crônicas não transmissíveis, em ambos os sexos, e levantam a hipótese de que o efeito da multimorbidade e de certas doenças pode ser maior na saúde mental dos homens.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT: Objective: To analyze the association of major depressive disorder with chronic non-communicable diseases and multimorbidity in Brazilian adults, stratified by gender, as well as examine the interaction between gender and chronic non-communicable diseases in association with major depressive disorder. Methods: Based on a sample of 65,803 adults from the 2019 National Health Survey, we estimated the prevalence of major depressive disorder (≥10 points in the Patient Health Questionnaire) according to the presence of chronic non-communicable diseases and multimorbidity (≥2 chronic diseases). Prevalence ratios and their respective confidence intervals were calculated by Poisson regression, and multiplicative interaction terms were used to assess the role of gender in the associations. Results: The prevalence of major depressive disorder among Brazilian adults (18–59 years) was 10.9%, with a statistically significant difference between men (6.0%) and women (15.4%) (p<0.001). Individuals with any chronic non-communicable disease and multimorbidity showed a higher prevalence of major depressive disorder, both in the general population and in each gender. However, the association of major depressive disorder with chronic non-communicable diseases tended to be stronger among men. Data also showed an interaction between the male gender and multimorbidity or specific diseases, such as arthritis or rheumatism, heart disease, and chronic kidney disease, in association with major depressive disorder. Conclusion: The results reveal a significant association between major depressive disorder and chronic non-communicable diseases in both genders and raise the hypothesis that the effects of multimorbidity and certain diseases may be greater on the mental health of men.
  • Comportamento sexual e uso de preservativos na população brasileira: análise da Pesquisa Nacional de Saúde, 2019 ORIGINAL ARTICLE

    Felisbino-Mendes, Mariana Santos; Araújo, Fernanda Gontijo; Oliveira, Laís Vanessa Assunção; Vasconcelos, Nádia Machado de; Vieira, Maria Lúcia França Pontes; Malta, Deborah Carvalho

    Resumo em Português:

    RESUMO: Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi descrever os comportamentos relacionados à atividade sexual e ao uso de preservativos na população brasileira. Métodos: Trata-se de estudo transversal, descritivo, que utilizou dados de 88.531 indivíduos com 18 anos ou mais que responderam à segunda edição da Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2019. Foram estimadas as prevalências, com os respectivos intervalos de 95% de confiança, para cada indicador relativo ao comportamento sexual e ao uso de preservativos de acordo com sexo, idade, raça/cor, nível de escolaridade e região de moradia. Resultados: A maioria da população brasileira já teve relação sexual alguma vez na vida (93,9%), e a idade média de iniciação foi de 17,3 anos. A prevalência do uso consistente de preservativos foi de apenas 22,8% e ainda menor entre as mulheres (20,9%). Ainda, 59% da população referiu não ter usado preservativo nenhuma vez nos últimos 12 meses, sendo o principal motivo do não uso confiar no parceiro (73,4%). O uso dos serviços de saúde para obter preservativos foi de apenas 10,7%. Observou-se que mulheres, indivíduos com faixa etária maior, com menor escolaridade e renda apresentaram piores resultados em relação aos indicadores analisados, além das disparidades regionais. Conclusão: Observou-se baixa prevalência do uso de preservativos na população brasileira, além de importantes disparidades socioeconômicas e demográficas, o que aponta a necessidade de revisitar, fortalecer e ampliar as políticas públicas no campo da saúde sexual e reprodutiva com vistas à prevenção de comportamentos sexuais de risco e à promoção abrangente do uso do preservativo, incluindo a dupla proteção.

    Resumo em Inglês:

    ABSTRACT Objective: The objective of this research was to describe the sexual behaviors and condom use in the Brazilian population. Methods: This is a cross-sectional, descriptive study, which used data from 88,531 individuals aged 18 years old or older, who answered the second edition of the National Health Survey carried out in 2019. Prevalence was estimated with the respective 95% confidence intervals for each sexual behavior indicator and condom use according to gender, age, race/skin color, educational level, and region of residence. Results: The majority of the Brazilian population has had sexual intercourse at some point in their lives (93.9%). Mean age of initiation was 17.3 years. Prevalence of consistent condom use was only 22.8%, being even lower among women (20.9%). Moreover, 59% of the population reported not having used a condom in the past 12 months, the main reason being trusting their partner (73.4%). The use of health services to obtain condoms was only 10.7%. It was observed that women, individuals with a higher age group, less education, and income had worse results in relation to the analyzed indicators, in addition to regional disparities. Conclusion: Low prevalence of condom use was observed in the Brazilian population. In addition, important socioeconomic and demographic disparities were observed, pointing out the need to revisit, strengthen and expand public policies in the sexual and reproductive health field in order to prevent risky sexual behaviors and promote condom use, including double protection.
Associação Brasileira de Pós -Graduação em Saúde Coletiva São Paulo - SP - Brazil
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