• Aids e prevenção do HIV entre adolescentes e jovens em seis municípios brasileiros Dossiê

    Knauth, Daniela Riva; Pilecco, Flávia Bulegon

    Resumo em Português:

    Resumo A ausência de um debate mais amplo sobre prevenção do HIV e o recrudescimento do conservadorismo, nos últimos anos, podem ter impactado nas concepções e nas práticas dos jovens em relação ao HIV/aids. Entrevistas semiestruturadas conduzidas com 194 jovens, de 16 a 24 anos, em quatro capitais e duas cidades do interior do Brasil, revelaram que, para eles, a aids é percebida como uma “doença que não tem cara”, sendo impossível identificar quem tem HIV. As concepções sobre o HIV oscilam entre o medo e a percepção de que é tratável. O risco foi percebido como algo abstrato, que não é central nas preocupações cotidianas, cujo foco é evitar uma gravidez. O uso do preservativo é visto como uma estratégia temporária de prevenção, rapidamente substituído pela confiança na parceria sexual. As tecnologias de informação disponíveis parecem não ter sido capazes de fazer frente ao aumento do conservadorismo e à carência de políticas de prevenção do HIV entre os jovens. Essas políticas devem passar pela melhora na provisão de informações de qualidade, adaptadas aos interesses dos jovens, pela ampliação da oferta dos diferentes insumos de prevenção, e também devem trazer as IST e o HIV de volta para a arena de discussões.

    Resumo em Inglês:

    Abstract The lack of a broader debate on HIV prevention and the resurgence of conservatism in recent years may have influenced the perceptions and practices of young people regarding HIV/AIDS. Semi-structured interviews conducted with 194 young individuals, aged 16 to 24, in four state capitals and two small municipalities in Brazil, revealed that they perceive AIDS as a “faceless disease,” making it impossible to identify who has HIV. Conceptions about HIV oscillate between fear and the perception that it is treatable. The risk was perceived as abstract, something that is not central to daily concerns, with the primary focus being in preventing pregnancy. Condom use is seen as a temporary prevention strategy, quickly replaced by trust in the sexual partnership. Available information technology appears unable to address the rise in conservatism and the lack of HIV prevention policies among young people. These policies should improve the provision of quality information tailored to the interest of young people, expand the availability of various prevention resources, and bring STIs and HIV back into the discussion arena.
Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo. Associação Paulista de Saúde Pública. SP - Brazil
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