• Diversidade alimentar mínima e o consumo de alimentos ultraprocessados em crianças brasileiras de 6-23 meses Article

    Lacerda, Elisa Maria de Aquino; Bertoni, Neilane; Alves-Santos, Nadya Helena; Carneiro, Letícia B. Vertulli; Schincaglia, Raquel Machado; Boccolini, Cristiano Siqueira; Castro, Inês Rugani Ribeiro de; Anjos, Luiz Antonio dos; Berti, Talita Lelis; Kac, Gilberto; Rodrigues Farias, Dayana; de Freitas, Maiara Brusco; Normando, Paula; Andrade, Pedro Gomes

    Resumo em Português:

    Resumo: O objetivo do estudo foi estimar a prevalência de diversidade alimentar mínima (DAM) e consumo de alimentos ultraprocessados em crianças de 6-23 meses de acordo com variáveis sociodemográficas. Três indicadores de alimentação complementar de 4.354 crianças do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) foram construídos com base em um questionário sobre o consumo alimentar do dia anterior à entrevista: DAM, consumo de alimentos ultraprocessados e DAM sem consumo de alimentos ultraprocessados. Foram calculadas as prevalências e IC95%, estratificados por macrorregião; raça/cor da pele, escolaridade e situação profissional da mãe ou cuidador; inscrição no Programa Bolsa Família; segurança alimentar do domicílio; saneamento; e matrícula da criança em creche/escola. A prevalência geral de DAM foi de 63,4%, com menores prevalências entre crianças que residiam na Região Norte (54,8%), cujas maẽs ou cuidadores tinham de 0-7 anos de estudo (50,6%) e entre aquelas que viviam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave (52,6%). Os alimentos ultraprocessados foram consumidos por 80,5% das crianças, com maior prevalência na Região Norte (84,5%). A prevalência de DAM sem alimentos ultraprocessados foi de 8,4%, sendo menos prevalente entre crianças cuja mãe ou cuidador era negro (3,6%) e entre aquelas cuja mãe ou cuidador tinha 8-10 anos de estudo (3,6%). Os grupos de alimentos do indicador DAM mais consumidos foram os cereais, raizes e tubérculos (90,2%), os derivados do leite (81%) e os dos alimentos ultraprocessados foram os biscoitos (51,3%) e os cereais instantâneos (41,4%). A onipresença de alimentos ultraprocessados na alimentação das crianças brasileiras e a baixa frequência de diversidade alimentar, especialmente entre as populações mais vulneráveis, indicam a necessidade de fortalecer políticas e programas para garantir uma nutrição infantil adequada e saudável.

    Resumo em Espanhol:

    Resumen: El objetivo del estudio fue estimar la prevalencia de diversidad alimentaria mínima (DDM) y consumo de alimentos ultraprocesados en niños de 6-23 meses según variables sociodemográficas. Se construyeron tres indicadores de alimentación complementaria de 4.354 niños de el Estudio Nacional de Alimentación y Nutrición Infantil (ENANI-2019) a partir de un cuestionario sobre el consumo de alimentos el día anterior a la entrevista: DDM, consumo de alimentos ultraprocesados y DDM sin consumo de alimentos ultraprocesados. Se calcularon la prevalencia y los IC95%, estratificados por macrorregión; raza/color de piel, situación educativa y laboral de la madre o cuidador; inscripción al Programa Bolsa Familia; seguridad alimentaria del hogar; saneamiento; e inscripción de niños en guarderías/escuelas. La prevalencia general de DDM fue del 63,4%, con prevalencias menores entre los niños que vivían en la Región Norte (54,8%), cuyas madres o cuidadores tenían entre 0-7 años de escolaridad (50.6%) y los que vivían en inseguridad alimentaria moderada o grave (52,6%). Los alimentos ultraprocesados fueron consumidos por el 80,5% de los niños, con mayor prevalencia en la Región Norte (84,5%). La prevalencia de DDM sin alimentos ultraprocesados fue del 8,4%, siendo menos prevalente entre niños de padres negros (3,6%) y con 8-10 años de escolaridad (3,6%). Los grupos de alimentos más consumidos del indicador DDM fueron los granos, raíces y tubérculos (90,2%), y los productos lácteos (81%) y los de alimentos ultraprocesados fueron las galletas (51,3%) y los cereales instantáneos (41,4%). La presencia ubicua de alimentos ultraprocesados en las dietas de los niños brasileños y la baja frecuencia diversidad dietética, especialmente entre las poblaciones más vulnerables, indican la necesidad de fortalecer políticas y programas para garantizar una nutrición infantil adecuada y saludable.

    Resumo em Inglês:

    Abstract: The study aimed to estimate the prevalence of minimum dietary diversity (MDD) and consumption of ultra-processed foods in children 6-23 months of age according to sociodemographic variables. Three indicators of complementary feeding of 4,354 children from the Brazilian National Survey on Child Nutrition (ENANI-2019) were built based on a questionnaire about food consumption on the day before the interview: MDD, consumption of ultra-processed foods, and MDD without the consumption of ultra-processed foods. The prevalence and 95%CI were calculated, stratified by macroregion; race/skin color, education and work status of the mother or caregiver; enrollment in the Brazilian Income Transfer Program; household food security; sanitation; and child enrollment in daycare/school. The overall prevalence of MDD was 63.4%, with lower prevalences among children who lived in the North Region (54.8%), whose mothers or caregivers had 0-7 years of education (50.6%), and lived under moderate or severe food insecurity (52.6%). Ultra-processed foods were consumed by 80.5% of the children, with the highest prevalence in the North Region (84.5%). The prevalence of MDD without ultra-processed foods was 8.4% and less prevalent among children with black mothers or caregivers (3.6%) and among those whose mother or caregiver had 8-10 years of education (3.6%). The most frequently consumed food groups from the MDD indicator were grains, roots and tubers (90.2%), dairy products (81%) and those from ultra-processed food were sweet or salty cookies/crackers (51.3%) and instant flours (41.4%). The ubiquitous presence of ultra-processed foods in the diets of Brazilian children and the low frequency of diversified foods, especially among the most vulnerable populations, indicate the need to strengthen policies and programs to ensure adequate and healthy infant nutrition.
  • Amamentação cruzada e a doação de leite no Brasil Article

    Boccolini, Cristiano Siqueira; Reis, Neilane Bertoni dos; Farias, Dayana Rodrigues; Berti, Talita Lelis; Lacerda, Elisa Maria de Aquino; Castro, Inês Rugani Ribeiro de; Kac, Gilberto; Vertulli Carneiro, Letícia B.; dos Anjos, Luiz Antonio; Alves-Santos, Nadya Helena; de Freitas, Maiara Brusco; Normando, Paula; Andrade, Pedro Gomes; Schincaglia, Raquel Machado

    Resumo em Português:

    Resumo: O objetivo deste estudo foi descrever a frequência de amamentação cruzada, doação de leite humano para bancos de leite humano e recepção de leite humano dos bancos de leite humano, além de investigar a interseção entre práticas de amamentação cruzada e a doação de leite materno. Este estudo utilizou dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019), uma pesquisa populacional de base domiciliar que coletou informações de 14.558 crianças < 5 anos entre fevereiro de 2019 e março de 2020. Dados de 5.831 mães biológicas que relataram ter amamentado seu filho com menos de dois anos de idade pelo menos uma vez e que responderam às perguntas sobre amamentação cruzada, doação e recepção de leite humano nos bancos de leite humano foram inclusos. Foram estimados as prevalências e os intervalos de 95% de confiança (IC95%) para cada estratificador, considerando o desenho amostral complexo do estudo. Entre as mães de crianças com menos de dois anos que amamentaram o filho pelo menos uma vez, 21,1% praticaram a amamentação cruzada. Amamentar outra criança foi mais frequente (15,6%) do que permitir que a sua criança fosse amamentada por outra mulher (11,2%). Entre essas mulheres, 4,8% doaram leite humano para um bancos de leite humano e 3,6% relataram que seus filhos receberam leite humano doado. A doação de leite humano é uma prática recomendada pelo Ministério da Saúde e tem o potencial de salvar milhares de recém-nascidos em todo o Brasil. Em contraste, a amamentação cruzada é contraindicada devido ao risco potencial de transmissão do HIV. Há necessidade de um amplo debate sobre essas práticas no Brasil e no mundo.

    Resumo em Espanhol:

    Resumen: El objetivo de este estudio fue describir la frecuencia de lactancia materna cruzada, la donación de leche humana a los bancos de leche humana y la recepción de leche humana de los bancos de leche humana, además de investigar la intersección entre las prácticas de lactancia materna cruzada y la donación de leche materna. Este estudio utilizó datos del Estudio Nacional de Alimentación y Nutrición Infantil (ENANI-2019), una encuesta nacional de hogares que recopiló información de 14.558 niños < 5 años, en el periodo entre febrero de 2019 y marzo de 2020. Se incluyeron datos de 5.831 madres biológicas que reportaron haber amamantado a su hijo < 2 años, al menos una vez, y que respondieron preguntas sobre lactancia cruzada, donación y recepción de leche humana en los bancos de leche humana. Se estimaron prevalencias y los intervalos de 95% de confianza (IC95%) para cada estrato, considerando el diseño muestral complejo del estudio. Entre las madres de niños < 2 años que amamantaron a su hijo al menos una vez, el 21,1% practicaba la lactancia cruzada. Amamantar a otro hijo fue más frecuente (15,6%) que dejar que su hijo sea amamantado por otra mujer (11,2%). Entre estas mujeres, el 4,8% donó leche humana a un bancos de leche humana y el 3,6% informó que sus hijos recibieron leche humana donada. La donación de leche humana es una práctica recomendada por el Ministerio de Salud brasileño y puede salvar muchos recién nacidos en todo Brasil. Por el contrario, la lactancia cruzada está contraindicada debido al potencial riesgo de transmisión del VIH. Es necesario un amplio debate sobre estas prácticas en Brasil y en el mundo.

    Resumo em Inglês:

    Abstract: The objective of this study was to describe the frequency of cross-breastfeeding, human milk donation to human milk banks and reception of human milk from human milk banks, and to investigate the intersection between cross-breastfeeding and breast milk donation practices. This study used data from the national household-based survey Brazilian National Survey on Child Nutrition (ENANI-2019), which collected information from 14,558 children < 5 years old between February 2019 and March 2020. The present study included data from 5,831 biological mothers who reported having breastfed their child < 2 years old at least once and replied questions about cross-breastfeeding, donation and recaption of human milk to human milk banks. Prevalence and 95% confidence intervals (95%CI) were estimated for each stratifier, considering the study complex sample design. Among mothers of children < 2 years old who breastfed their child at least once, 21.1% practiced cross-breastfeeding; breastfeeding another child was more frequent (15.6%) than allowing a child to be breastfed by another woman (11.2%). Among this population, 4.8% of women donated human milk to a human milk bank, and 3.6% reported that their children had received donated human milk. The donation of human milk is a practice recommended by the Brazilian Ministry of Health and has the potential to save thousands of newborns throughout Brazil. In contrast, cross-breastfeeding is contraindicated due to the potential risk of transmitting HIV. There is a need for a broad debate on these practices in Brazil and worldwide.
  • Má nutrição em díades mãe-filho no Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) Article

    Farias, Dayana Rodrigues; Anjos, Luiz Antonio dos; Freitas, Maiara Brusco de; Berti, Talita Lelis; Andrade, Pedro Gomes; Alves-Santos, Nadya Helena; Leite, Maria Alvim; Raymundo, Carlos Eduardo; Lacerda, Elisa Maria de Aquino; Boccolini, Cristiano Siqueira; Castro, Inês Rugani Ribeiro de; Kac, Gilberto; Vertulli Carneiro, Letícia B.; Bertoni, Neilane; Normando, Paula; Machado Schincaglia, Raquel

    Resumo em Português:

    Resumo: A má nutrição afeta bilhões de indivíduos em todo o mundo e representa um desafio de saúde global. Este estudo teve como objetivo determinar a prevalência de má nutrição (desnutrição ou excesso de peso) entre díades mãe-filho em crianças menores de cinco anos no Brasil em 2019 e estimar as mudanças nessa prevalência de 2006 a 2019. Foram analisados dados individuais do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) e da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher realizada em 2006 (PNDS 2006). Os desfechos de má nutrição incluíram mãe e filho com excesso de peso, mãe e filho desnutridos e a dupla carga de má nutrição, ou seja, mãe com excesso de peso e filho com qualquer forma de desnutrição (défict de crescimento, magreza ou baixo peso). Foram estimadas a prevalência e os intervalos de 95% de confiança (IC95%). A maioria das mulheres (58,2%) e 9,7% das crianças estavam acima do peso, 6,9% apresentaram déficit de crescimento e 3,1% das mães e 2,9% das crianças estavam abaixo do peso. A prevalência de excesso de peso na díade mãe-filho foi de 7,8% e foi estatisticamente maior no Sul do Brasil (9,7%; IC95%: 7,5; 11,9) do que no Centro-oeste (5,4%; IC95%: 4,3; 6,6). A prevalência de mãe com sobrepeso e filho com déficit de crescimento foi de 3,5%, com uma diferença estatisticamente significante entre os extremos de escolaridade materna [(0-7 vs. ≥ 12 anos de estudo), 4,8% (IC95%: 3,2; 6,5) and 2,1% (IC95%: 1,2; 3,0), respectivamente]. O excesso de peso na díade aumentou de 5,2% para 7,8% e a dupla carga de má nutrição aumentou de 2,7% para 5,2% desde 2006. A má nutrição nas díades mãe-filho brasileiras parece ser um problema crescente, sendo as mais vulneráveis aquelas com menor escolaridade e maior idade materna e residentes na Região Sul do Brasil.

    Resumo em Espanhol:

    Resumen: La malnutrición afecta a muchas personas en todo el mundo y representa un desafío para la salud mundial. Este estudio tuvo como objetivo determinar la prevalencia de malnutrición (desnutrición o sobrepeso) entre díadas madre-hijo en niños menores de cinco años en Brasil en 2019 y estimar cambios en esta prevalencia de 2006 a 2019. Se analizaron datos individuales del Estudio Nacional de Alimentación y Nutrición Infantil (ENANI-2019) y de la Encuesta Nacional de Demografía y Salud del Niño y de la Mujer de 2006 (PNDS 2006). Los resultados de la malnutrición incluyeron a madre e hijo con sobrepeso, madre e hijo desnutridos y la doble carga de mala nutrición, es decir, madre con sobrepeso e hijo con cualquier forma de desnutrición (retardo en el crecimiento, emaciación o bajo peso). Se calcularon prevalencias y los intervalos de 95% de confianza (IC95%). La mayoría de las mujeres (58,2%) y el 9,7% de los niños tenían sobrepeso, el 6,9% de los niños presentaban retraso en el crecimiento, y el 3,1% de las madres y el 2,9% de los niños, bajo peso. La prevalencia de sobrepeso en la díada madre-hijo fue del 7,8%, estadísticamente mayor en el Sur de Brasil (9,7%; IC95%: 7,5; 11,9) que en el Centro-Oeste (5,4%; IC95%: 4,3; 6,6). La prevalencia de madres con sobrepeso y de niños con retraso del crecimiento fue del 3,5%, con una diferencia estadísticamente significativa entre los extremos de nivel educativo de la madre [(0-7 vs. ≥ 12 años de nivel educativo), 4,8% (IC95%: 3,2; 6,5) y 2,1% (IC95%: 1,2; 3,0), respectivamente]. El sobrepeso en la díada tuvo un aumento del 5,2% al 7,8%, y la doble carga de mala nutrición aumentó del 2,7% al 5,2% desde 2006. La malnutrición en la díada madre-hijo brasileña resulta ser un problema creciente, siendo las más vulnerables aquellas con menor escolaridad y mayor edad materna y residentes en la Región Sur de Brasil.

    Resumo em Inglês:

    Abstract: Malnutrition affects billions of individuals worldwide and represents a global health challenge. This study aimed to determine the prevalence of malnutrition (undernutrition or overweight) among mother-child dyads in children under 5 years old in Brazil in 2019 and to estimate changes in this prevalence from 2006 to 2019. Individual-level data from the Brazilian National Survey on Child Nutrition (ENANI-2019) and the Brazilian National Survey of Demography and Health of Women and Children carried out in 2006 (PNDS 2006) were analyzed. Malnutrition outcomes in mother-child dyads included overweight mother and child, undernourished mother and child, and the double burden of malnutrition, i.e., overweight mother and child having any form of undernourishment (stunting, wasting, or underweight). Prevalence and 95% confidence intervals (95%CI) were estimated. Most women (58.2%) and 9.7% of the children were overweight, 6.9% were stunted, and 3.1% of mothers and 2.9% of the children were underweight. The prevalence of overweight in the mother-child dyad was 7.8% and was statistically higher in Southern Brazil (9.7%; 95%CI: 7.5; 11.9) than in the Central-West (5.4%; 95%CI: 4.3; 6.6). The prevalence of overweight mother and stunted child was 3.5%, with statistically significant difference between the extremes of the mother’s education [0-7 vs. ≥ 12 years, 4.8% (95%CI: 3.2; 6.5) and 2.1%, (95%CI: 1.2; 3.0), respectively]. Overweight in the dyad increased from 5.2% to 7.8%, and the double burden of malnutrition increased from 2.7% to 5.2% since 2006. Malnutrition in Brazilian mother-child dyads seems to be a growing problem, and dyads with lower formal education, higher maternal age, and from the South Region of Brazil were more vulnerable.
  • Fatores associados à anemia e deficiência de vitamina A em crianças brasileiras menores de cinco anos: Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) Article

    Castro, Inês Rugani Ribeiro de; Normando, Paula; Farias, Dayana Rodrigues; Berti, Talita Lelis; Schincaglia, Raquel Machado; Andrade, Pedro Gomes; Bertoni, Neilane; Lacerda, Elisa Maria de Aquino; Anjos, Luiz Antonio dos; Boccolini, Cristiano Siqueira; Reis, Marta Citelli dos; Bezerra, Flávia Fioruci; Pedrosa, Lucia Fatima Campos; Jordão Junior, Alceu Afonso; Lira, Pedro Israel Cabral de; Kac, Gilberto; Vertulli Carneiro, Letícia B.; Alves-Santos, Nadya Helena

    Resumo em Português:

    Resumo: Fatores associados a anemia e deficiência de vitamina A foram investigados em 7.716 crianças de 6-59 meses de idade parte da Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019). Adotamos uma abordagem hierárquica baseada em um modelo teórico do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com três níveis estratificados por idade (6-23; 24-59 meses). Foram estimadas razões de prevalência (RP) e intervalos de 95% de confiança (IC95%). Determinantes habilitadores: observamos maior prevalência de anemia em crianças de 6-23 meses de idade cujas mães tinham ≤ 7 anos de escolaridade (RP = 1,92; IC95%: 1,10; 3,34), < 20 anos de idade (RP = 2,47; IC95%: 1,34; 4,56) ou 20-30 anos de idade (RP = 1,95; IC95%: 1,11; 3,44), cor parda (RP = 1,57; IC95%: 1,06; 2,23); e em crianças de 24-59 meses de idade na Região Norte (RP = 3,11; IC95%: 1,58; 6,13). Encontramos maior prevalência de deficiência de vitamina A em crianças de 6-23 meses de idade no Centro-oeste (RP = 2,32; IC95%: 1,33; 4,05) e em crianças de 24-59 meses de idade residentes nas regiões Norte (RP = 1,96; IC95%: 1,16; 3,30), Sul (RP = 3,07; IC95%: 1,89; 5,01) e Centro-oeste (RP = 1,91; IC95%: 1,12; 3,25) cujas mães tinham entre 20-34 anos de idade (RP = 1,62; IC95%: 1,11; 2,35). Determinantes subjacentes: a presença de mais de uma criança < 5 anos de idade no domicílio se associou a maior prevalência de anemia (RP = 1,61; IC95%: 1,15; 2,25) e deficiência de vitamina A (RP = 1,82; IC95%: 1,09; 3,05) em crianças de 6-23 meses de idade. Determinantes imediatos: o consumo de 1-2 grupos de alimentos ultraprocessados em crianças de 24-59 meses de idade (RP = 0,44; IC95%: 0,25; 0,81) e o não aleitamento materno no dia anterior em crianças de 6-23 meses de idade (RP = 0,56; IC95%: 0,36; 0,95) foram associados com a menor prevalência de anemia e deficiência de vitamina A. Políticas públicas focadas em grupos geográfica e socialmente vulneráveis são necessárias para promover equidade.

    Resumo em Espanhol:

    resumen está disponible en el texto completo

    Resumo em Inglês:

    Abstract: Factors associated with anemia and vitamin A deficiency were investigated in 7,716 children 6-59 months of age studied in the Brazilian National Survey on Child Nutrition (ENANI-2019). We adopted a hierarchical approach based on a United Nations Children’s Fund (UNICEF) theoretical model with three levels, stratifying by age (6-23; 24-59 months). Prevalence ratio (PR) and 95% confidence interval (95%CI) were estimated. Enabling determinants: a higher prevalence of anemia was observed in children 6-23 months whose mothers had ≤ 7 years of schooling (PR = 1.92; 95%CI: 1.10; 3.34), < 20 years old (PR = 2.47; 95%CI: 1.34; 4.56) or 20-30 years old (PR = 1.95; 95%CI: 1.11; 3.44), mixed-race (PR = 1.57; 95%CI: 1.06; 2.23); and in children 24-59 months in the North Region (PR = 3.11; 95%CI: 1.58; 6.13). A higher prevalence for vitamin A deficiency was observed in children 6-23 months from Central-West (PR = 2.32; 95%CI: 1.33; 4.05), and in children 24-59 months living in the North (PR = 1.96; 95%CI: 1.16; 3.30), South (PR = 3.07; 95%CI: 1.89; 5.01), and Central-West (PR = 1.91; 95%CI: 1.12; 3.25) and whose mothers were 20-34 years (PR = 1.62; 95%CI: 1.11; 2.35). Underlying determinants: the presence of more than one child < 5 years old in the household was associated with a higher prevalence of anemia (PR = 1.61; 95%CI: 1.15; 2.25) and vitamin A deficiency (PR = 1.82; 95%CI: 1.09; 3.05) in children 6-23 months. Immediate determinants: consumption of 1-2 groups of ultra-processed foods in children 24-59 months (PR = 0.44; 95%CI: 0.25; 0.81) and lack of breastfeeding in the day before in children 6-23 months (PR = 0.56; 95%CI: 0.36; 0.95) were associated with lower prevalence of anemia and vitamin A deficiency. Public policies focused on geographically and socially vulnerable groups are needed to promote equity.
  • Caracterização do uso de suplementos de micronutrientes por crianças brasileiras de 6-59 meses de idade: Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019) Article

    Freitas, Maiara Brusco de; Castro, Inês Rugani Ribeiro de; Schincaglia, Raquel Machado; Carneiro, Letícia B. Vertulli; Alves-Santos, Nadya Helena; Normando, Paula; Andrade, Pedro Gomes; Kac, Gilberto

    Resumo em Português:

    O objetivo deste estudo foi caracterizar o uso de suplementos de micronutrientes entre crianças brasileiras de 6-59 meses de idade incluídas no Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019; n = 12.598). O uso de suplementos de micronutrientes no momento da entrevista e nos seis meses anteriores foi avaliado por meio de um questionário estruturado. Foram incluídos os seguintes indicadores: uso de suplemento de micronutrientes; suplementos contendo um único micronutriente; suplemento do Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF); suplementos multivitamínicos com ou sem minerais; suplementos multivitamínicos com minerais; suplementos multivitamínicos sem minerais. As estimativas pontuais e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%) foram calculados para o Brasil e de acordo com a macrorregião, a escolaridade da mãe ou cuidadora e o tipo de serviço de saúde utilizado, considerando o plano, os pesos e a calibração amostral. No Brasil, a prevalência de uso de suplemento de micronutrientes foi de 54,2% (IC95%: 50,5; 57,8), com maior prevalência na Região Norte (80,2%; IC95%: 74,9; 85,6) e entre crianças de 6-23 meses de idade (69,5%; IC95%: 65,7; 73,3). A prevalência do uso de suplementos contendo apenas ferro e apenas vitamina A no Brasil foi de 14,6% (IC95%: 13,1; 16,1) e 23,3% (IC95%: 19,4; 27,1), respectivamente. A prevalência de uso de multivitamínicos com ou sem minerais em crianças brasileiras de 6-59 meses de idade foi de 24,3% (IC95%: 21,4; 27,2). Esses resultados podem auxiliar na compreensão da prática do uso de suplementos entre crianças brasileiras e apoiar a proposta de políticas públicas nacionais de prevenção e controle de deficiências de micronutrientes.

    Resumo em Espanhol:

    El objetivo de este estudio fue caracterizar el uso de suplementos de micronutrientes entre niños brasileños con edades entre 6-59 meses incluidos en el Estudio Nacional de Alimentación y Nutrición Infantil (ENANI-2019; n = 12.598). El uso de suplementos de micronutrientes en el momento de la entrevista y en los seis meses anteriores se evaluó mediante un cuestionario estructurado. Se incluyeron los siguientes indicadores: uso de suplementos de micronutrientes; suplementos que contienen un solo micronutriente; suplemento del Programa Nacional de Suplementación con Hierro (PNSF); suplementos multivitamínicos con o sin minerales; suplementos multivitamínicos con minerales; suplementos multivitamínicos libres de minerales. Se calcularon las estimaciones puntuales para Brasil y sus respectivos intervalos del 95% de confianza (IC95%) de acuerdo con la macrorregión, el nivel educativo de la madre/cuidador y el tipo de servicio de salud utilizado, considerando el plan, los pesos y la calibración de la muestra. En Brasil, la prevalencia del uso de suplementos de micronutrientes fue del 54,2% (IC95%: 50,5; 57,8), con mayor prevalencia en la Región Norte (80,2%; IC95%: 74,9; 85,6) y entre niños con edades entre 6-23 meses (69,5%; IC95%: 65,7; 73,3). Las prevalencias del uso de suplementos que contienen solo hierro o solo vitamina A en Brasil fueron del 14,6% (IC95%: 13,1; 16,1) y del 23,3% (IC95%: 19,4; 27,1), respectivamente. La prevalencia de uso de multivitamínicos con o sin minerales en niños brasileños de 6-59 meses de edad fue del 24,3% (IC95%: 21,4; 27,2). Estos resultados pueden ayudar a comprender la práctica de uso de suplementos entre los niños brasileños y apoyar la propuesta de políticas públicas para la prevención y control de la carencia de micronutrientes.

    Resumo em Inglês:

    This study aimed to characterize micronutrient supplements use among Brazilian children 6-59 months of age included in the Brazilian National Survey on Child Nutrition (ENANI-2019; n = 12,598). Micronutrient supplements use at the time of the interview and the 6 months prior to it was evaluated using a structured questionnaire. The following indicators were included: micronutrient supplement use; supplements containing a single micronutrient; supplements of the Brazilian National Iron Supplementation Program (PNSF); multivitamin supplements with or without minerals; multivitamin supplements with minerals; multivitamin supplements without minerals. The estimates and their respective 95% confidence intervals (95%CI) were calculated for Brazil and according to macroregion, educational level of the mother or caregiver, and type of health care service used, considering the sampling plan, weights, and calibration. In Brazil, the prevalence of micronutrient supplements use was 54.2% (95%CI: 50.5; 57.8), with the highest prevalence in the North Region (80.2%; 95%CI: 74.9; 85.6) and among children 6-23 months of age (69.5%; 95%CI: 65.7; 73.3). The prevalence of the use of supplements containing exclusively iron and exclusively vitamin A in Brazil was 14.6% (95%CI: 13.1; 16.1) and 23.3% (95%CI: 19.4; 27.1), respectively. The prevalence of the use of multivitamin with or without minerals in Brazilian children 6-59 months of age was 24.3% (95%CI: 21.4; 27.2). These results may help to understand the practice of supplements use among Brazilian children and support the proposal of national public policies for the prevention and control of micronutrient deficiencies.
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: cadernos@ensp.fiocruz.br