Resumo em Português:
Resumo: A inteligência artificial pode detectar manifestações de ideação suicida em textos. Estudos demonstram que os modelos baseados em BERT alcançam melhor desempenho em testes de classificação de texto. Os grandes modelos de linguagem (LLMs - large language models) respondem a consultas de texto livre sem serem especificamente treinados. Este trabalho tem como objetivo comparar o desempenho de três variações de modelos BERT e LLMs (Google Bard, Microsoft Bing/GPT-4 e OpenAI ChatGPT-3.5) para identificar ideação suicida a partir de textos não clínicos escritos em Português brasileiro. Foi usado um conjunto de dados rotulado por psicólogos composto por 2.691 sentenças sem ideação suicida e 1.097 com ideação suicida, das quais 100 sentenças foram selecionadas para o processo de teste. Técnicas de pré-processamento de dados, otimização de hiperparâmetros e validação cruzada holdout foram aplicadas para treinar e testar os modelos BERT. Ao avaliar LLMs, usamos comandos de disparo zero. Cada frase de teste foi rotulada com base na presença de ideação suicida, de acordo com a resposta do chatbot. O Bing/GPT-4 alcançou o melhor desempenho, demonstrando 98% em todas as métricas. Os modelos BERT ajustados superaram os outros LLMs: o BERTimbau-Large teve o melhor desempenho, demonstrando 96% de acurácia, seguido pelo BERTimbau-Base com 94% e pelo BERT-Multilingual com 87%. O Bard teve o pior desempenho, apontando 62% de acurácia, enquanto o ChatGPT-3.5 alcançou 81%. O alto recall dos modelos indica uma baixa taxa de falsos negativos de pacientes em risco, o que é crucial para evitar intervenções profissionais desnecessárias. No entanto, apesar de seu potencial no suporte à detecção de ideação suicida, esses modelos não foram validados em um ambiente clínico de monitoramento de pacientes. Portanto, recomenda-se cautela ao empregar esses modelos como ferramentas para auxiliar profissionais de saúde na detecção de ideação suicida.Resumo em Espanhol:
Resumen: La inteligencia artificial puede detectar manifestaciones de ideación suicida en textos. Los estudios demuestran que los modelos basados en BERT logran un mejor rendimiento en las pruebas de clasificación de textos. Los grandes modelos de lenguaje (LLMs, large language models) responden a consultas de texto libre sin estar específicamente capacitados. Este trabajo tiene como objetivo comparar el rendimiento de tres variaciones de modelos BERT y LLMs (Google Bard, Microsoft Bing/GPT-4 y OpenAI ChatGPT-3.5) para identificar ideación suicida con base en textos no clínicos escritos en Portugués brasileño. Se utilizó un conjunto de datos etiquetados por psicólogos que constaba de 2.691 sentencias sin ideación suicida y 1.097 con ideación suicida, de las cuales se seleccionaron 100 sentencias para el proceso de prueba. Técnicas de preprocesamiento de datos, optimización de hiperparámetros y validación cruzada holdout se aplicaron para entrenar y probar modelos BERT. Al evaluar los LLM, utilizamos comandos de disparo cero. Cada frase de prueba fue etiquetada con base en la presencia de ideación suicida, según la respuesta del chatbot. Bing/GPT-4 logró el mejor rendimiento, demostrando un 98% en todas las métricas. Los modelos BERT ajustados superaron a los otros LLM: BERTimbau-Large obtuvo el mejor rendimiento, demostrando un 96% de accuracy, seguido de BERTimbau-Base con un 94% y de BERT-Multilingual con un 87%. Bard tuvo el peor rendimiento, logrando un 62% de accuracy, mientras que ChatGPT-3.5 logró un 81%. El alto recall de los modelos indica una baja tasa de falsos negativos de pacientes en riesgo, lo cual es crucial para evitar intervenciones profesionales innecesarias. Sin embargo, a pesar de su potencial para respaldar la detección de ideación suicida, estos modelos no se han validado en un entorno clínico de seguimiento de pacientes. Por lo tanto, se recomienda precaución al emplear estos modelos como herramientas para ayudar a los profesionales de la salud a detectar ideación suicida.Resumo em Inglês:
Abstract: Artificial intelligence can detect suicidal ideation manifestations in texts. Studies demonstrate that BERT-based models achieve better performance in text classification problems. Large language models (LLMs) answer free-text queries without being specifically trained. This work aims to compare the performance of three variations of BERT models and LLMs (Google Bard, Microsoft Bing/GPT-4, and OpenAI ChatGPT-3.5) for identifying suicidal ideation from nonclinical texts written in Brazilian Portuguese. A dataset labeled by psychologists consisted of 2,691 sentences without suicidal ideation and 1,097 with suicidal ideation, of which 100 sentences were selected for testing. We applied data preprocessing techniques, hyperparameter optimization, and hold-out cross-validation for training and testing BERT models. When evaluating LLMs, we used zero-shot prompting engineering. Each test sentence was labeled if it contained suicidal ideation, according to the chatbot’s response. Bing/GPT-4 achieved the best performance, with 98% across all metrics. Fine-tuned BERT models outperformed the other LLMs: BERTimbau-Large performed the best with a 96% accuracy, followed by BERTimbau-Base with 94%, and BERT-Multilingual with 87%. Bard performed the worst with 62% accuracy, whereas ChatGPT-3.5 achieved 81%. The high recall capacity of the models suggests a low misclassification rate of at-risk patients, which is crucial to prevent missed interventions by professionals. However, despite their potential in supporting suicidal ideation detection, these models have not been validated in a patient monitoring clinical setting. Therefore, caution is advised when using the evaluated models as tools to assist healthcare professionals in detecting suicidal ideation.Resumo em Português:
Resumo: Comportamento suicida e autolesões não suicida em grupos vulneráveis e minorias populacionais representam um desafio para a suicidologia, complexificando a universalidade do suicídio. Neste artigo, objetivou-se analisar a vida de jovens periféricas considerando suas experiências com a suicidalidade e seus horizontes relacionais e violentos. Nove mulheres participantes da quinta onda de uma coorte sobre saúde mental e violência (2005-2022) em São Gonçalo, Rio de Janeiro, Brasil, foram entrevistadas (2022) sobre os contextos que as mantiveram à margem do suicídio, apesar de importante sofrimento emocional, da infância à juventude. A partir da técnica de análise de conteúdo, modalidade temática, três categorias se destacaram e podem colaborar para uma abordagem interseccional, decolonial e socialmente relevante para prevenção do comportamento autodestrutivo. Na primeira, as visões sobre a violência autoinflingida, mais bem explicadas pelos núcleos “pecado” e “doença”, e menos pelas violências experimentadas em geral. Na segunda, o quase dito sobre comportamento autolesivo, em que se reconheceu como o uso de palavras marginais sobre o tema reflete não apenas o tabu, mas o silenciamento e a discriminação contra minorias. Na terceira, as camadas de proteção e pontos de virada, onde “espiritualidade”, “ofício” e “maternidade” foram interpretados como as principais associações entre fatores de proteção e resiliência nas trajetórias de vida e cotidiano dessas jovens. Estreitar olhares, reconhecendo a humanidade, os direitos e o sofrimento psíquico de grupos violentados e discriminados, não apenas qualifica o cuidado e a prevenção do comportamento suicida, mas amplia o entendimento desse fenômeno humano e universal.Resumo em Espanhol:
Resumen: El comportamiento suicida y las autolesiones no suicida en grupos vulnerables y poblaciones minoritarias representan un desafío para la suicidología, lo que hace complexa la universalidad del suicidio. En este artículo, el objetivo fue analizar la vida de jóvenes de la periferia, considerando sus experiencias con el suicidio y sus horizontes relacionales y violentos. Nueve mujeres que participaron en la quinta ola de una cohorte sobre salud mental y violencia (2005-2022) en São Gonçalo, Estado de Río de Janeiro, Brasil, fueron entrevistadas (2022) sobre los contextos que las alejaron del suicidio, a pesar del importante sufrimiento emocional, desde la infancia hasta la juventud. Utilizando la técnica de análisis de contenido, modalidad temática, se destacaron tres categorías que pueden contribuir a un enfoque interseccional, decolonial y socialmente relevante para prevenir conductas autodestructivas. En el primero, opiniones sobre la violencia autoinfligida, mejor explicada por los núcleos “pecado” y “enfermedad”, y menos por la violencia vivida en general. En el segundo, lo casi dicho sobre las conductas autolesivas, en que se reconoció cómo el uso de palabras marginales sobre el tema refleja no solo el tabú, sino el silenciamiento y la discriminación contra las minorías. En el tercero, los niveles de protección y puntos de inflexión, donde la “espiritualidad”, el “trabajo” y la “maternidad” se interpretaron como las principales asociaciones entre los factores de protección y resiliencia en las trayectorias de vida y la vida cotidiana de estas jóvenes. Estrechar perspectivas, reconocer la humanidad, los derechos y el sufrimiento psicológico de grupos que han sido violados y discriminados, no solo califica el cuidado y la prevención de la conducta suicida, sino que amplía la comprensión de este fenómeno humano y universal.Resumo em Inglês:
Abstract: Suicidal behavior and non-suicidal self-harm in vulnerable groups and population minorities pose a challenge for suicidology, complicating the universality of suicide. The goal of this paper is to analyze the lives of young women from marginalized communities, considering their experiences with suicidality and their relational and violent horizons. Nine women who took part in the fifth wave of a cohort on mental health and violence (2005-2022) in São Gonçalo, Rio de Janeiro State, Brazil, were interviewed (2022) about the contexts that kept them from committing suicide despite significant emotional distress from childhood through youth. From theme-based content analysis, three categories stood out and may contribute to an intersectional, decolonial and socially relevant approach to preventing self-destructive behavior. In the first, views on self-inflicted violence, better explained by the cores concepts of “sin” and “illness” than by the general violence they experienced. In the second, indirect references to self-harm behavior, where it was recognized that the use of euphemisms reflects not only the taboo but also the silencing of and discrimination against minorities. In the third, layers of protection and turning points, where “spirituality”, “occupation” and “motherhood” were interpreted as the main associations between factors of protection and resilience in the trajectories and daily lives of these young women. A closer look that acknowledges the humanity, rights and psychological distress of groups subjected to violence and discrimination not only enhances care and prevention of suicidal behavior but also deepens understanding of this human and universal phenomenon.Resumo em Português:
Resumo: O Brasil é marcado por uma agenda inacabada em relação às desigualdades na saúde, impactando os problemas de saúde da infância. O objetivo deste estudo foi avaliar as desigualdades socioeconômicas relacionadas aos problemas de saúde da primeira infância. Este é um estudo prospectivo com base na coorte de nascimentos realizado na cidade de Pelotas (Rio Grande do Sul, Brasil) em 2015. Os desfechos foram problemas de saúde apresentados aos 12 e 24 meses de idade: tosse, dificuldade para respirar, diarreia, dor de ouvido, pneumonia, infecção urinária, hospitalização e outros problemas de saúde. As desigualdades socioeconômicas foram aferidas usando o índice de desigualdade absoluta (SII, acrônimo em inglês) e o índice de concentração (CIX, acrônimo em inglês), considerando o índice de riqueza e escolaridade materna como variáveis socioeconômicas. A regressão de Poisson foi utilizada para avaliar as desigualdades no número de problemas de saúde. Um total de 4.275 crianças foram incluídas na análise. Aos 12 e 24 meses, aproximadamente 74% e 44% apresentaram 1 ou mais e 2 ou mais problemas de saúde, respectivamente. Para todo o período, o número médio de problemas de saúde foi de 2,9 (desvio padrão = 2.0). Maiores frequências foram observadas para crianças no quintil de renda mais baixa e com menor escolaridade materna, exceto para 1 ou mais problemas de saúde aos 24 meses. A maior desigualdade absoluta e relativa foi observada para 2 ou mais problemas de saúde aos 12 meses (SII: -0,23, IC95%: -0,29; -0,18 e CIX: -0,19, IC95%: -0,25; -0,14). Com base nos modelos ajustados, foi encontrada uma relação dose-resposta oposta para o acúmulo de problemas de saúde com base na escolaridade materna (1,07, IC95%: 1,04; 1,09) e nas categorias de riqueza (1,03, IC95%: 1,01; 1,04). Portanto, o estudo confirma as desigualdades relacionadas aos problemas de saúde em crianças brasileiras, especialmente no primeiro ano de vida.Resumo em Espanhol:
Resumen: Las desigualdades sanitarias en Brasil afectan a la salud infantil. El objetivo de este estudio fue evaluar las desigualdades socioeconómicas de los problemas sanitarios de la primera infancia. Este es un estudio prospectivo de una cohorte de nacimientos realizada en la ciudad de Pelotas (Rio Grande do Sul, Brasil) en 2015. Los desenlaces fueron problemas sanitarios de niños de 12 y 24 meses de edad como tos, dificultad para respirar, diarrea, dolor de oído, neumonía, infección del tracto urinario, hospitalización, entre otros problemas. Las desigualdades socioeconómicas se midieron con el índice de desigualdad absoluta (SII, por sus siglas en inglés) y el índice de concentración (CIX, por sus siglas en inglés). El índice de ingresos y nivel educativo de la madre fueron las variables socioeconómicas. Las desigualdades en el número de problemas sanitarios se evaluaron mediante la regresión de Poisson. La muestra perinatal fue conformada por 4.275 niños. A los 12 y 24 meses, aproximadamente el 74% y el 44% de los niños tenían uno o más y dos o más problemas de salud, respectivamente. Durante el período, el número promedio de problemas sanitarios fue de 2,9 (desviación estandar = 2.0). Se observaron frecuencias más altas para los niños pertenecientes al quintil de ingresos más pobres y con el nivel educativo de la madre más bajo, a excepción de uno o más problemas de salud a los 24 meses. La mayor desigualdad absoluta y relativa se observó en dos o más problemas sanitarios a los 12 meses (SII: -0,23, IC95%: -0,29; -0,18 e CIX: -0,19, IC95%: -0,25; -0,14). Con base en los modelos ajustados, se encontró una relación dosis-respuesta opuesta para la acumulación de problemas sanitarios en cuanto al nivel educativo de la madre (1,07, IC95%: 1,04; 1,09) y a los ingresos (1,03, IC95%: 1,01; 1,04). Este estudio confirma las desigualdades por problemas sanitarios de niños brasileños, especialmente en el primer año de vida.Resumo em Inglês:
Abstract: Brazil is characterized by an unfinished agenda of health inequalities, which impact health problems in the childhood. This study aimed to evaluate the socioeconomic inequalities of health problems in the early childhood. This is a prospective study, using data from the birth cohort carried out in the city of Pelotas (Rio Grande do Sul State, Brazil) in 2015. The outcomes were health problems presented at 12 and 24 months: cough, breathing difficulty, diarrhea, ear pain, pneumonia, urinary infection, hospitalization, and other health problems. Socioeconomic inequalities were measured applying the slope index of inequality (SII) and the concentration index (CIX), with wealth index and maternal schooling being the socioeconomic variables. The inequalities in the number of health problems were evaluated by Poisson regression. The perinatal sample comprised 4,275 children. At 12 months approximately 74% of the children presented 1 or more health problems, while at 24 months, approximately 44% presented 2 or more health problems. For all period, the mean number of health problems was 2.9 (standard deviation = 2.0). Higher frequencies were observed for children belonging to the poorest income quintile and with lower maternal education, except for 1 or more health problems at 24 months. The greatest absolute and relative inequality was observed for 2 or more health problems at 12 months (SII: -0.23, 95%CI: -0.29; -0.18 and CIX: -0.19, 95%CI: -0.25; -0.14). There is an opposite dose-response relation for the risk of accumulation of health problems according to maternal schooling (1.07, 95%CI: 1.04; 1.09) and wealth categories (1.03, 95%CI: 1.01; 1.04), in the full adjusted models. The study confirms inequalities due to health problems in Brazilian children, especially in the first year of life.